O coração do problema - Mc 7.1-23
Encontros com Jesus • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
Marcos vem nos ensinando que depois da primeira pregação de Jesus dois movimentos vão se formando, daqueles que o seguem, e daqueles que se opõem a Ele.
Um destes movimentos de oposição é dos mestres da lei, ou seja, a elite religiosa.
Aqueles que tinham todo o conhecimento das leis, poderiam ser aqueles que primeiramente deveriam se abrir para receber o Messias, mas estavam cegados pelos escrúpulos de sua religião.
O que temos visto até aqui e na maioria dos diálogos deles com Jesus é tentar achar algo que encurrale o mestre.
Os vemos fazer isso agora, ao verem os discípulos de Jesus comerem sem os ritos de purificação.
O que temos em vista aqui, não tem de ver com higiene propriamente dito, mas com impureza ritualística exterior.
De acordo com as leis da época, quem tocasse em um animal, ser humano morto, quem tivesse uma doença infecciosa de pele, como furúnculos, erupções cutâneas ou feridas, quem tivesse contato com objetos de um cadáver (em roupas, artigos domésticos ou na própria casa), quem tivesse de animal considerado impuro era considerado ritualmente impuro, qualquer tipo de fluxo que saísse do corpo ou quem comesse carne manchado, contaminado, se tornava imundo.
Isso significava que a pessoa não poderia entrar no templo e, portanto, não poderia adorar a Deus junto com a comunidade.
Tais limites tão rigorosos nos parecem severos demais, mas, se pensarmos um pouco a respeito, eles não parecerão tão estranhos assim.
Ao longo dos séculos, as pessoas se abstinham de alimento durante períodos de oração. É um recurso para que se desenvolva uma fome espiritual por Deus.
Notamos também que pessoas de diferentes fés se ajoelham para orar.
Ainda que orar ajoelhado seja um pouco desconfortável. Mas é um recurso para que se desenvolva uma atitude de humildade espiritual.
Assim, os rituais de purificação e os esforços para permanecer limpo e livre de contaminação por impurezas e doenças, usados pelas pessoas religiosas do tempo de Jesus, eram recursos visuais que os possibilitavam reconhecer que estavam espiritualmente e moralmente impuros e, portanto, não poderiam entrar na presença de Deus, a menos que passassem por algum tipo de ritual de purificação espiritual.
Quando vamos nos encontrar com alguém importante para nós, ou algum encontro especial ou uma entrevista de emprego —, tomamos banho, escovamos os dentes e nos penteamos com cuidado.
O que estamos fazendo com isso? Ficando livres da sujeira, é claro.
Ninguém quer comparecer a esses encontros com manchas de sujeira ou cheirando mal. As leis de limpeza ritual seguiam a mesma ideia.
Se a pessoa não estivesse limpa em termos espiritual e moral, não poderia estar na presença de um Deus perfeito e santo.
Jesus não poderia estar mais de acordo com os líderes religiosos de sua época sobre o fato de que somos impuros diante de Deus, inadequados para estar na presença dele, mas Jesus discordava deles a respeito da fonte dessa impureza.
Para os mestres da lei e religiosos ser espiritualmente limpo era ser ritualmente minucioso. Como se a santidade fosse resumida e vista à mesa, e a falta de cuidado com a comida era um sinal de falta de fé.
Jesus ao respondê-los não os responde nas minúcias dos rituais, mas sobre a fonte e origem do problema da impureza.
É possível cumprir regras ao mesmo tempo que se constrói indiferença ao princípio que as originou.
Jesus sabe que a verdadeira correção para que possamos chegar diante de Deus está no coração.
Ter um procedimento sem olhar para o princípio, para Jesus tem um nome específico hipocrisia. v.6
No grego, “hypocrites” era o ator que se escondia atrás de uma máscara.
Do mesmo modo, todas as regras e rituais de purificação como vimos citadas no verso 4-5. Serviam para os religiosos como um escudo protetor para o que estava imundo internamente.
Ao irem no mercado, os fariseus tomavam um banho completo para se purificarem e com isso remediarem uma possibilidade de estarem impuros, por outro lado eram incapazes de se abrirem para um profunda e real purificação.
É por isso que Jesus os persuade bem no alvo do problema.
6 Jesus respondeu: — Bem profetizou Isaías a respeito de vocês, hipócritas, como está escrito: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
O religioso legalista é o típico bom ator, encena bem sua santidade, tem a boca lavada, mas a alma imunda.
A citação vem do profeta Isaías, exemplo de que o Senhor fundamenta sua resposta a eles pelas escrituras.
Assim, Jesus, em cada discussão que parte dos textos sagrados, anuncia que a mensagem que ele prega não deveria ser novidade para os seus adversários, já que estão tão acostumados com a lei de Deus.
O problema, é que os fariseus encenam sua santidade criando uma doutrina errado, em cima de um princípio correto.
7 E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.”
E quando, a partir do bom princípio de adorar a Deus, construímos doutrinas que são nossas, acabamos por não adorar a Deus, mas qualquer outra coisa, e no caso dos fariseus, adoravam a si mesmos.
O que Jesus está fazendo é isso, denunciando que a tradição dos homens, criadas para terem a certeza de obedecer a Deus, só os levou a adorar a si mesmos.
Uma doutrina errada nunca nos levará a adoração certa.
O conjunto de regras criadas por estes homens alimenta uma visão distorcida de Deus e da impureza.
Afinal, os rituais de purificação não eram construídos a partir de afeição por Deus, mas a partir da afeição por si próprios quando alcançavam tais padrões.
Os fariseus não queriam quebrar a lei, por isso criavam tantos outros preceitos para garantir que cumprissem, porém, o que faziam no fim os protegia de cumprir a lei, o que era a eles e a nós impossível.
Pois o papel da lei sempre foi anunciar que somos pecadores, e incapazes de cumprí-la.
19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz é dito aos que vivem sob a lei, para que toda boca se cale, e todo o mundo seja culpável diante de Deus. 20 Porque ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei, pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
Neste caso, vemos que há modos de tentar cumprir a lei, ou melhor, encenar seu cumprimento, ainda sim estando com o coração profundamente distante do grande Legislador.
E é isso que esta imagem de santidade encenada que Jesus visa desfazer na presença dos fariseus.
8 — Rejeitando o mandamento de Deus, vocês guardam a tradição humana. 9 E disse-lhes ainda: — Vocês sempre encontram uma maneira de rejeitar o mandamento de Deus para guardarem a própria tradição.
Jesus traz à tona um exemplo prático de como os fariseus burlam a lei para seu bem, longe de adorarem a Deus.
A partir do quinto mandamento.
Pois Moisés disse: “Honre o seu pai e a sua mãe.” E: “Quem maldisser o seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.” Vocês, porém, dizem que, se alguém disser ao seu pai ou à sua mãe: “A ajuda que você poderia receber de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor”, então vocês o dispensam de fazer qualquer coisa em favor do seu pai ou da sua mãe, invalidando a palavra de Deus por meio da tradição que vocês mesmos passam de pai para filho. E fazem muitas outras coisas semelhantes.
Os fariseus faziam uso de um pretexto de oferta a Deus para deixar de cumprir o quinto mandamento, honrar pai e mãe, ou seja, ficavam na cabeça deles isentos de ajudar os próprios pais.
Nisso vemos que o legalismo era mesmo um grande teatro, pois usando o pretexto de ofertar a Deus deixavam de ajudar os pais.
Suas tradições eram como um escudo para se protegerem de Deus, ao invés de obedecê-lo, eles eram mascarados.
Eram bons personagens diante do povo, mas diante de Jesus não resistiam ao seu ensino e sua sabedoria que penetra corações.
Jesus continua a desmascarar os fariseus dando dois esclarecimentos:
i. O primeiro, é que um ritual, por mais bem-intencionado que seja, é inútil quando desligado do coração.
ii. O segundo, é que, na realidade, os fariseus e escribas partiam do seu estatuto de autoridade religiosa para impor regras que não eram legítimas.
Tradições de homens, desaprovadas por Deus.
Agora, os vemos sair de cena com um título que é levado em conta até o fim, hipócritas.
Temos de cuidar com a maneira como lidamos com as escrituras diante de nossa devoção com Jesus, pois ele pode nos desmascarar frente ao nosso excesso de zelo mascarado de religiosidade e tradição.
Agora, Jesus chama a multidão e pede atenção:
14 E, convocando outra vez a multidão, Jesus disse: — Escutem todos e entendam:
Jesus da continuidade e aproveita a oposição para gerar ensino e clareza.
15 Não existe nada fora da pessoa que, entrando nela, possa contaminá-la; mas o que sai da pessoa é o que a contamina. 16 [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]
Jesus com uma simples parábola, parece encerrar o assunto a pedir reflexão da multidão.
Mas sabemos que seus discípulos não foram capazes de entender essa simples parábola e pedem ao mestre explicação.
Jesus censura em alguma medida seus discípulos pela dificuldade de entender, mas talvez o assunto seja para eles de difícil compreensão.
Saber que o mal não vem de fora, mas de dentro é de certa forma um assunto desconcertante até para aqueles que seguem Jesus de perto, e que pensam que por seguir a Jesus, o coração pode ficar como está.
A religião é como o espelho do filme da branca de neve, que sempre respondia a rainha má, o quanto ela era bela, quando na verdade ela era horrível.
Não é apenas para os fariseus e escribas que é chocante ouvir que a verdadeira fé em Deus não depende daquilo que fazemos, ou de quanto conseguimos nos purificar.
Se o que Jesus disse, jogou ao chão a fé dos fariseus e dos discípulos.
Talvez ele queira nos chamar a refletir hoje aqui.
Nossos ritmos e rotinas da fé, servem para que sejamos purificados, ou, por sermos purificados é que nos voltamos a adorar a Deus e serví-lo em comunidade?
Se o que entra não contamina, logo, todos os alimentos podem ser consumidos sem problemas.
18 Jesus lhes disse: — Então vocês também não entendem? Não compreendem que tudo o que está fora da pessoa, entrando nela, não a pode contaminar, 19 porque não entra no coração dela, mas no estômago, e depois é eliminado? E, assim, Jesus considerou puros todos os alimentos.
Jesus está para mostrar a ineficácia da lei em purificar o coração humano e justificar o homem diante de Deus, (Grande tema de Paulo aos Romanos).
O raciocínio é simples e lógico:
A comida entra, mas fica no ventre, na barriga, não há ligação com o coração. Pelo contrário, é eliminada pelo aparelho digestivo excretor.
E isso sim que é sujo, Os alimentos entram bons, saborosos, e tudo que deles não presta é deitado fora.
A palavra para eliminado é a palavra “latrina”, e que a verdadeira latrina onde reside toda a imundícia e impureza está no coração humano.
E Jesus expressa a força de seu argumento através de uma lista de treze pecados.
Porque de dentro, do coração das pessoas, é que procedem os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as maldades, o engano, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, o orgulho, a falta de juízo. Todos estes males vêm de dentro e contaminam a pessoa.
Essa lista mostra que nossa criatividade em pecar é imensa, e que a única maneira de nos livrarmos do pecado não é encenando uma boa religião, por meio de regras de purificação, mas sermos afetados no coração onde habita toda impureza.
Tentar ser justificado pela religião, é como deitar em uma mesa de cirurgia para fazer uma cirurgia de coração.
O médico abre seu coração, e começa a encontrar lá (Mc 7.21-23) Ler os pecados.
Ele retira cada pecado, porém percebe que o coração ainda está sujo e doente, logo, ele se depara com a realidade de que toda a matéria do coração está contaminada, não há cirurgia que resolta, nõa há transplante que te salve.
Você precisa de um coração, porém, isso só muda, se nascer de novo.
Jesus não está apenas elaborando um quadro de pecados, mas deseja reforçar o argumento de que não há um único pecado que seja praticado que não tenha origem no coração do homem.
Neste sentido, Jesus assevera que o coração do problema é o próprio coração, e que a maldade pode ser escondida em práticas religiosos, mas para resolvê-la, precisa de uma mudança de coração.
Neste sentido, qualquer esforço para esconder a impureza é na verdade um esforço em asseverar o quão mal somos.
Pois só os maus que pressupõem que são bons é que encontram mecanismos para esconder sua maldade.
A maldade humana não é um fator de influência externa, mas de natureza interna, o mal se vê por dentro.
O Evangelho atua nas camadas internas, por isso precisamos de confessar que somos maus e pecadores, para que então possamos nos apegar a boa notícia de que Jesus salva aqueles que conhecem a maldade de seus corações e desejam abandoná-la.
Neste caso, as coisas que fazemos externamente para refrear nossa maldade são apenas encenar que somos bons.
Ainda que em toda a igreja moderna haja um palco, uma microfone e luzes direcionadas, aqui não é um teatro onde devemos encenar santidade.
Deixe isso com os atores, aqui, diante do evangelho, é lugar de morrer para a tentativa de nos salvarmos a n[os mesmos.
Aqui, é onde pela fé, você confessa que seu coração é imundo, e crê em Jesus para sua limpeza e salvação.
Precisamos de um milagre no coração, precisamos de Cristo Jesus a nos regenerar.
Porque, como disse certo autor:
“A linha que separa o bem do mal, não atravessa estados, classes sociais ou partidos políticos, mas atravessa diretamente cada coração humano.”
Conclusão
Conclusão
i. Que entendamos de uma vez por todos, que se temos uma agenda religiosa e meramente religiosa, ela serve apenas para nos assemelhar aos mestres da lei, que cumpriam regras com o coração distante do Senhor, neste caso, foram denunciados de hipocrisia.
ii.A medida que lemos a palavra, somos mais convencidos pelas verdades das escrituras, sobre termos um mal coração, e de que somente Cristo, pelo poder do Espírito Santo pode nos dar um coração novo.
iii.Pensemos no exemplo familiar usado por Jesus sobre o quinto mandamento. Que tipo de insensibilidade podemos alimentar em relação a nossa família da casa e nossa família da fé, usando truques religiosos para justificar nossa falta de compaixão e obediência.
iv. Ninguém de fato é discípulo de Jesus por ser bom, mas por causa da operação de Jesus em retirar a impureza do coração. Isso ele faz por graça, mediante a fé, e isso não vem de nós, mas nos é concedido pelo Senhor.
v. É urgente ter uma compreensão do que o pecado é e de como ele nos afeta.
A religião arrogante dos fariseus e escribas resulta de uma ignorância de sua real miséria espiritual disfarçada de rituais de purificação.
O mesmo funciona para nós.
É um mau sinal se formos muito bons em montar esquemas para nos purificar e mostrar que somos santos e, depois com tempo nos esquecermos que somos pecadores e carentes da salvação em Cristo Jesus.
A Santidade levada à serio é aquela consciente do pecado e da luta diária contra a impureza que nos assola.
A graça de Jesus não só é maravilhosa, mas também poderosa, até sobre o mal entranhado em nosso coração, Jesus é capaz de lançar luz.
Neste sentido, seguir a Jesus é ter seu pecado exposto a luz de sua graça, para perdão e salvação.
O coração do problema é que somos profundamente pecadores e nada que façamos externamente pode mudar nossa natureza, a não ser que Cristo opere em nós e nos acheguemos a ele em arrependimento e fé.
Que o Senhor opere em nós o milagre do novo nascimento e por conseguinte a santificação, para que cresçamos em sermos parecidos com Jesus.
SDG