Coração idólatra
Notes
Transcript
Handout
Introdução
Introdução
Atos 1.8, Conversão de Paulo, Tempo de Preparo, Viagens missionárias
Continuando nossa série de mensagens no livro de Atos, chegamos a terceira parte do versículo principal do livro, que é o 1.8. Onde Jesus comissiona os discípulos a serem suas testemunhas em Jerusalém, Samaria, Judéia e até os confins da terra. No nosso último encontro aqui vimos a passagem de Filipe o “Evangelista”, que passou por Samaria e também encontrou o etíope eunuco. Agora vamos chegar “aos confins da terra”, e o personagem principal do livro de Atos e provavelmente de todo o N.T em levar o Evangelho de Cristo para os confins da Terra é ele, Paulo.
Paulo, que era Saulo o perseguidor de cristãos, responsável por espalhar os cristãos através da perseguição, tem um encontro com Cristo, um encontro bem “dramático”, como a própria revista da EBD classifica, se converte, passa um bom tempo em preparação, que não é citado no livro, mas entre a conversão e o início do ministério missionário de Paulo existem de 13 a 15 anos de preparo espiritual e também aceitação e compreensão dos outros sobre a sua pessoa. Paulo realiza algumas grandes viagens missionárias, 3 são destacadas no livro de Atos e provavelmente existiu uma quarta que é a que ele é preso em Roma e posteriormente morto. A passagem que veremos hoje ocorre durante a sua segunda viagem missionária, provavelmente por volta de 50 d.C.
Ida a Tessalônica e Bereia - Perseguição o faz ir para Atenas.
A passagem de hoje encontra-se no capítulo 17.16-34 e fala sobre a viagem de Paulo a Atenas.
Porém antes de chegar em Atenas, no início do capítulo 17 Paulo e Silas passam em Tessalônica, como de costume pregam na sinagoga, porém ali se revoltam contra eles e um grupo de baderneiros tentam capturá-los para prende-los e espancá-los quem sabe. Até vão na casa do homem que os havia hospedado o prendem, liberando-o apenas após o pagamento de fiança. Com isso arrumam para Paulo e Silas fugirem de lá de noite, escondidos e ele partem para Beréia. Em Beréia temos um povo que os recebem bem até na Sinagoga, que comparam com as Escrituras tudo o que eles pregam para saber se era verdade ou não, porém aqueles baderneiros que os perseguiram em Tessalônica os seguem até Beréia e mais uma vez Paulo tem que fugir, só que dessa vez sozinho e vai para a Grécia, chegando em Atenas.
Chegada a Atenas Grécia - Centro religioso, educacional e filosófico da época. Classe social mais alta, pessoas com o QI mais elevado, que gostavam de discutir.
Comparação com Paulista (financeiro), Universidades, Brasília (político), São Caetano (alto IDH).
Atenas naquela época era uma grande cidade e provavelmente ainda era o centro religioso e principalmente educacional e filosófico que existia. Apesar de o império que dominava não era mais o grego, que havia dominado mais durante o período inter-bíblico, com “Alexandre o Grande”, Atenas ainda tinha muita importância, principalmente pelas questões intelectuais. Ou seja, o público de Atenas era um público mais gabaritado, que frequentava universidades, que gostava de filosofar, de pensar a respeito da vida. Uma classe social mais alta do que Paulo estava acostumado a encontrar. Assemelha-se a locais como as universidades de hoje, os centros financeiros (Paulista), os centros políticos (Brasília), cidades de IDH alto (São Caetano). Normalmente esses locais são solo mais árido para a pregação do Evangelho, no projeto por exemplo sempre buscamos locais carentes, para levarmos o social e junto com ele o Evangelho, são pessoas normalmente mais abertas. Já nesses outros locais normalmente a recepção é mais fechada, e como muitos de nós estamos envolvidos com esse público, é muito importante observarmos a atitude de Paulo.
Idolatria em Atenas At 17.16–34
Idolatria em Atenas At 17.16–34
O que Paulo encontrou? Uma cidade entregue a idolatria
30 mil estátuas espalhadas - Era mais fácil encontrar um ídolo do que um homem
Quando chega a Atenas Paulo se revolta com a idolatria encontrada naquela cidade. A idolatria era tamanha, que o termo grego no original usado aqui para descrever aparece somente aqui em toda a Bíblia e da a entender não que haviam ídolos na cidade, mas sim que a cidade estava sob os ídolos. Estudiosos antigos afirmam que nessa época Atenas estava ornamentada com mais de 30 mil estátuas públicas para seus deuses e ídolos. Petrônio, um escritor, diz que era mais fácil encontrar um deus do que um homem em Atenas.
O que é um ídolo? Um substituto de Deus, algo que ocupe o local que Deus deveria ocupar em nossas vidas. Pode ser até algo bom (celular, hobby, família, filhos, igreja, ministério)
E o que é um ídolo? Um ídolo pode ser uma estátua como na Grécia antiga, como pode ser também uma coisa muito mais moderna e sofisticada. Um ídolo pode ser até mesmo uma coisa que em sua natureza é boa, mas a sua devoção aquilo a torna ruim. Um ídolo é um substituto de Deus, é qualquer coisa que ocupe o lugar que Deus deveria ocupar em nossas vidas. Pode ser um celular, um vício, um hobby, a família, o namorado, os filhos, até mesmo a igreja pode se tornar um ídolo em nossas vidas. O que tem se tornado nossos ídolos modernos?
Paulo se revoltou e nós? O que nos leva a criarmos ídolos? Porque tendemos a sempre idolatrar algo?
Paulo se revoltou com a idolatria de Atenas, nós temos nos revoltado com as idolatrias modernas que praticamos? E agora faço uma pergunta ainda mais profunda para você e quero que pensemos nisso nessa segunda parte, o que nos faz idolatrar algo? O que nos faz criarmos ídolos para nós? Porque sempre buscamos ídolos ou coisas que ocupem o lugar de Deus para nossas vidas mesmo sem querermos?
Para quem Paulo pregou?
Para quem Paulo pregou?
Para respondermos essa pergunta, precisamos olhar para o que Paulo fez e nos colocarmos no lugar daqueles que ouviram a pregação de Paulo ali.
Paulo prega em todos os locais - Sinagoga, Ágora (praça pública) e Aerópago (local em que lideranças discutiam)
Coragem necessária - Exemplo Chico Mendes
A primeira coisa que vemos Paulo fazer é pregar o Evangelho sem se importar para quem e nem o local. Normalmente ele costumava ir até as sinagogas das cidades em que passava, e primeiramente ele faz isso. Mas não para por aí, ele também vai até a Ágora, que era a grande praça de Atenas, e onde tinha o mercado e ocorriam diversas discussões políticas e filosóficas. A sinagoga era como se fosse a igreja hoje em dia, já a Ágora, era o shopping, a escola, a universidade, o refeitório da empresa, os locais mais movimentados em que você tem acesso. Depois de pregar ali, ele é levado ao Areópago, que é o local onde as autoridades discutiam sobre essas coisas, e ali também prega sem medo, com convicção daquilo que cria. Ou seja, precisamos ter coragem para pregar em todos os locais. (Exemplo Chico Mendes.)
Lucas cita 2 tipos de filósofos com os quais Paulo debateu, os Epicureus e os Estoicos. E lembra da pergunta sobre o que nos faz criar ídolos para nós? Vamos responder ela agora entendendo um pouco do que criam esses filósofos.
Epicureus - Viviam para o próprio prazer, se importavam apenas com a vida terrena. Comamos e bebamos porque amanhã morreremos!
Os epicureus não acreditavam na vida após a morte e nem em julgamento final, criam que a vida do homem tinha o fim aqui na terra mesmo e por isso o que mais importava era o prazer. O lema deles era: comamos e bebamos porque amanhã morreremos. Uma visão muito hedonista, que busca o próprio prazer independente do que o leve aquilo.
- Vivemos em uma sociedade que nos incentiva a mesma prática
Sexo, drogas lícitas e ilícitas, hobby, prática de exercício físico, um imóvel no campo ou na praia
Buscamos ídolos pois fomos criados para viver a plenitude da vida ao lado de Deus e o pecado nos tirou isso
Enquanto vivermos no mundo caído, sempre buscaremos preencher o espaço que nos falta, que é ocupado pelo pecado
Apenas Deus pode preencher esse espaço e é o dono desse lugar. Somente na eternidade teremos essa plenitude
Vivemos em uma sociedade que possui muito desses traços, somos constantemente tentados a viver em busca do nosso próprio prazer, sem importar com o que aquilo cause. A busca pelo sexo fora do casamento, no namoro ou adultério, a busca por drogas lícitas ou ilícitas que nos tragam sensações e experiências prazerosas, até mesmo uma prática de um hobby que gostemos, um jogo de futebol, a prática de exercício físico, uma chácara para cuidar, uma comida que gostamos de comer. Tudo isso alimenta o nosso prazer, algumas coisas sem nenhum pecado momentaneamente, outras sendo pecado logo de cara. O problema se torna quando começamos a alimentar demais essa busca por qualquer um desses prazeres esquecendo que não fomos criados para os prazeres aqui dessa terra e sim para o prazer da eternidade com Cristo. E aqui aparece a resposta para a pergunta, buscamos e criamos ídolos pois somos seres criados a imagem e semelhança de Deus, mas que devido ao pecado tivemos a separação da eternidade, do prazer completo. Fomos criados para viver na plenitude do prazer e felicidade celestial ao lado de Deus. Quando vivemos no mundo caído, nosso ser automaticamente busca o prazer, pois foi criado para isso, porém nunca encontraremos a plenitude aqui, e isso nos faz buscarmos prazeres terrenos e transformarmos eles em ídolos, substituindo o lugar do Criador em nossas vidas. Somente em Deus, nos céus, encontraremos a plenitude de vida, por aqui é só ilusão, é só correr atrás do vento, como disse Salomão.
Estóicos eram materialistas, panteístas (viam Deus em todas as coisas), mas era um Deus que criou tudo e não interagia, que tinha destinado tudo ao acaso.
“Eu nasci assim eu cresci assim vou morrer assim”
Deus interage e se faz acessível, basta buscarmos, sempre podemos melhorar
Já os estóicos eram materialistas e panteístas, viam Deus em todas as coisas e também acreditavam em uma visão cíclica da história, ou seja, tudo que fosse acontecer já estava pré-determinado e aconteceria de qualquer forma, então não adianta lutar contra nada, não adianta tentar melhorar, pois o que esta determinado já irá acontecer. Isso causava um desleixo com a vida, uma falta de motivação. Enquanto os epicureus diziam “Aproveite a vida!” ou estoicos diziam “Aguente a vida!”.
A pregação
A pregação
Nessas duas visões filosóficas, Paulo identifica a falta de compreensão de quem realmente era Deus. Por isso ele prega exatamente sobre isso e quando entendemos quem realmente Deus é, deixamos os ídolos de lado para buscá-lo como prioridade!
Necessidade de mostrar quem é Deus
Linguaguem e abordagem da cultura local - Deus desconhecido e citou autores locais
Primeiro Paulo faz a conexão com a linguagem e cultura que aquelas pessoas estavam acostumadas ao começar classificando Deus com “O Deus desconhecido” que eles adoravam. Paulo podia ter começado logo de cara falando que idolatria era pecado e que tudo aquilo estava errado, mas para conseguir a atenção e conexão com eles, inicia elogiando-os e aproveitando o altar que possuíam para iniciar a pregação. Depois durante a pregação ainda veremos Paulo citando autores e poetas da cultura local (v 28), tudo para que sua mensagem ficasse mais clara para eles.
- Deus Soberano, Criador, que não habita em templos humanos e que não precisa de adoração humana. Deus não pode ser preso em uma caixinha.
- Deus transcendente, mas imanente - Está atento a todas as nossas atitudes e se importa com elas.
A partir do verso 24 Paulo apresenta Deus com 2 grandes características. A primeira é um Deus Soberano, o Criador de todas as coisas. O Deus que Paulo apresentava não era o Deus que não existia e não se importava com o que era feito dos epicureus e nem o Deus que entregou tudo ao acaso e não intervia como criam os estóicos. O Deus que cremos é um Deus soberano que está no controle de nossas vidas e se importa e preocupa com aquilo que fazemos, sobre onde buscamos o prazer, sobre como estamos vivendo o nosso dia a dia. Também é um Deus que além de transcendente, é imanente, está próximo. Que podemos ter acesso a Ele diretamente através do Espírito, que responde as nossas orações, não precisamos de ídolos ara encontrá-lo. É um Deus soberano mas que se faz acessível, se preocupa e interage com a sua criação.
Deus juiz e salvador - Irá julgar a todos sem exceção
Ordena que todos se arrependam, largue seus ídolos e o coloquem no lugar de destaque da sua vida
Por fim Paulo apresenta Deus como juiz e salvador. Deixa claro que esse mesmo Deus que criou tudo e se faz acessível a todos, também destinará consequências a partir das escolhas de cada um deles. Deus ordena que todos se arrependam de seus pecados e vivam da maneira que Ele deseja. Deus ordena que todos nós deixemos nossos ídolos e voltemos nossa adoração para aquele que é digno de toda adoração. Deus ordena que deixemos a busca pelos nossos próprios prazeres ou o desleixo, a desmotivação com essa vida para viver para adorá-lo!
Consequências da atitude de Paulo
Consequências da atitude de Paulo
- 3 reações possíveis - Recusar (manter ídolos na frente de Deus), Esperar (não sabemos o dia de amanhã) e Aceitar (Dionísio), buscar a comunhão com Deus, sabendo que plenitude de vida encontraremos apenas nos céus com Ele.
As reações para a pregação de Paulo foram 3. Tivemos aqueles que zombaram e se recusaram a aceitar. Tivemos aqueles que disseram que esperariam, que não era o momento, que depois pensariam no assunto, porém sabemos que não temos controle do dia de amanhã. E tivemos aqueles que creram, dentre eles um homem que fazia parte do Aerópago, Dionísio. Toda vez que escutamos a Palavra de Deus temos essas 3 opções, podemos recusar e ir contra o que Deus claramente ordena para nós e você pode fazer isso hoje, recusar o que Deus tem te mostrado para largar, para diminuir, para tirar da frente de Deus. Mas com essa escolha você estará desobedecendo o juiz. Você pode esperar mais um pouco, porém não sabemos o que vai acontecer amanhã, ou você pode se juntar a Paulo e largar seus ídolos e viver para Deus.
Deus abençoe a todos