Jesus: O Deus e o homem

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ICT: Jesus, no tempo e na vontade de Deus Pai, ressuscitou Lázaro para que cressem nele como o Cristo e vissem a Glória de Deus. Tese: Jesus, no tempo e na vontade de Deus Pai, opera milagre em e por meio de nós para que creiam nele como o Cristo e vejam a Glória de Deus. PB: Doutrinário PE: Elucidar a igreja a respeito de nossa relação com a natureza divina e humana de Jesus. Divisão: - Jesus onisciente (v. 1-6) - Jesus obediente (v. 7-16) - Jesus é a ressurreição e a vida (v. 17-27) - Jesus é sensível (v. 28-37) - Jesus onipotente (v. 38-44)

Notes
Transcript

Introdução

O universo da Marvel e da DC Comics introduz em nossas mentes a ideia de um super herói ou de um anti-herói, de pessoas aparentemente humanas que possuem certos atributos extraordinários, como super força, visão de raio X, corpos à prova de balas, mentes que penetram outras mentes.
Pra quem não está entendendo do que estou me referindo, talvez se der o exemplo do Superman, o Clark Kent, os mais experientes devem ter visto algum filme ou lido alguma revistinha em quadrinhos desse super-herói. É disso que estou mencionando.
Existe um universo criado por mentes supercriativas que originaram esses personagens, cada qual com seu caráter, cada qual com suas virtudes, poderes e também seus vícios e fraquezas ou pontos fracos.
Essa ideia de herói remonta há muito tempo. Os Gregos, por exemplo, possuíam toda uma mitologia bem estruturada e que, diferentemente de hoje, não era algo pertencente ao universo do entretenimento, mas fazia parte de sua estrutura social, relacional e a forma como eles se utilizavam para extrair verdades e que eram aplicadas à vida cotidiana.
E podemos ir muito mais além no tempo e chegar a registros lá no início das civilizações, aquele pessoal da Suméria, os caldeus, babilônicos e afins. Enfim, desde que nos entendemos por sociedade, há essa busca por um salvador, alguém heroico.
Mas para o povo escolhido por Deus, a este foi dada a realidade da revelação, a fim de que outros povos e nações chegassem a verdade e por ela fossem libertos de suas próprias amarras criativas que distanciavam mais e mais da vontade e propósito estabelecidos por Deus.
Assim foi a nação de Israel luz como de um farol que apontava não exatamente para um herói com falhas, pecados e de caráter questionável, não obstante, apontava para um messias, um salvador, para aquele que nos libertaria de nosso dilema: pecado e santidade e que nos livraria da ira vindoura, ira essa aplicada pelo próprio Senhor.
Claro que essa revelação foi progressiva, ou seja, os israelitas ou judeus não tiveram o pleno conhecimento de como se daria essa redenção e salvação. Imagino ser muito difícil viver como judeu, pois como qualquer outro povo, ansiavam por algum redentor, mas não podiam cometer o ato da idolatria em atribuir a um ser humano aquilo que é exclusivo de Deus.
Mas como nos diz a Bíblia, chegada a plenitude dos tempos, ou seja, toda progressão revelativa se concretizara e chegara a seu ápice com a encarnação do Deus. O emanente agora também é imanente. O Emanuel proclamado há tempos no AT, o Deus conosco se fez plenamente em carne e osso conosco, mas sem deixar de ser Deus.
Gosto da expressão da possibilidade da cegueira em alguém que possui visão sem que deixe de possuir o atributo e poder da visão, por simplesmente fechar ou vendar os olhos. Assim como alguém que enxerga plenamente e perfeitamente bem, ao fechar ou atar os olhos se torna também plenamente como alguém cego, assim foi com o Deus filho que encarnado, destituiu de sua glória, mas sem abrir mão dela, tornando-se plenamente ser humano sem deixar de ser plenamente Deus.
Esta passagem revela isso. O Deus e o homem Jesus. As duas naturezas, divina e humana na mesma pessoa, não uma em detrimento da outra, mas as duas coexistentes na pessoas de Jesus, o Cristo.

Jesus onisciente (v. 1-6)

O Jesus homem tinha amigos e se relacionava em amor para com seus amigos. Três irmãos: Marta, Maria e Lázaro eram um exemplo dessa amizade que Jesus possuía na sua expressão humana. Essa amizade não era algo extraordinário, mas como Leozinho gosta de verbalizar, era algo ordinário, assim como nós possuímos belas amizades.
Possuímos amigos em diferentes níveis de amizade. Há aqueles que têm trânsito livre em nossos lares, do tipo que nem precisa avisar que está indo nos visitar e já chega abrindo a porta. Pelo menos essa experiência eu tive na minha adolescência, quando a gente já vai ganhando alguma independência de nossos pais. Então tanto faz eu ir na casa de um amigo e gritar no portão da frente por ele pra abir a porta como ele também ir na minha casa e ter o mesmo acesso.
Isso não é algo anormal e inesperado. Jesus tinha uma relação semelhante com esses três irmãos. A casa deles era como um local de parada nas andanças de Jesus, principalmente quando se ia para Jerusalém. Há algumas passagens que revelam essa intimidade entre eles. Mas o que lemos é que Jesus não estava lá perto quando Lázaro foi acometido por alguma grave doença.
Se voltarmos um pouco o texto, veremos que anteriormente Jesus estava em Jerusalém quando proferiu que ele e o Pai eram um, ou seja, ao declarar que ele é Deus, e os seus conterrâneos judeus o acusaram de blasfêmia e queriam apedrejá-lo até a morte, mas Jesus escapou se retirando para além do Jordão, onde João Batista batizava. E foi nesta região onde recebeu a informação de Lázaro estava gravemente enfermo.
E o texto nos diz que ao receber a notícia, Jesus disse que a doença não era para morte. Mas como assim? Mais à frente no texto vemos que Lázaro morreu. E se fizermos umas contas, a distância de onde Jesus estava para onde morava Lázaro, a pé, demoraria 1 dia pra se deslocar. E como Jesus passou ainda mais dois dias até ir ao vilarejo dos três irmãos, temos um total de quatro dias, ou seja, Lázaro deve ter morrido logo após a saída do mensageiro.
Fazendo uma leitura rápida, podemos dizer que Jesus se enganou, pois ao declarar que a doença não era para morte, Lázaro já estava morto. Só que não podemos perder de vista que Jesus é Deus. Deus infalível. E por isso acrescentou dizendo também que a doença era para a Glória de Deus, com a finalidade dele mesmo ser glorificado por meio dela.
O homem Jesus que havia corrido pra se livrar da morte por apedrejamento, pois não era esse o plano que Deus Pai já tinha preparado, agora expressa seu atributo divino, a onisciência, porque já saberia o que havia ocorrido e o que e para quê haveria de ocorrer.
Aos olhos humanos, podemos pensar que Jesus desdenhou da condição de Lázaro informado pelo mensageiro, pois ele ficou por mais dois dias no lugar onde estava. Mas não é esta a forma como devemos olhar para Deus. Muitas vezes nos vemos em situações que não fomos nós que provocamos, mas que faz parte de todo um conjunto de uma natureza caída, e por muitas vezes nos sentimos como rejeitados ou desprezados por Deus que não nos acolhe no momento que clamamos e pedimos por ajuda.
Devemos pensar que Deus é Deus e que em toda sua onisciência Ele está olhando para cada um de nós e cientes de nossa necessidade, haverá de fazer ou simplesmente não fazer nada, para que sejamos beneficiados em meio à dor e sofrimento. Esta certeza no poder onisciente divino é que encontramos descanso no meio de tanta tribulação, e podemos com os ouvidos espirituais escutar o mestre dizer que o mal que nos aflige não é para morte, mas para glorificá-lo. Creiamos somente, pois Deus não fará ou permitirá nada que não seja para sua glória.

Jesus obediente (v. 7-16)

Passado os dois dias, finalmente Jesus decide retornar à região da Judeia. Esse local, Betânia, onde moravam os irmãos Marta, Maria e Lázaro era bem próximo da capital Jerusalém, onde Jesus ia sendo apedrejado. E por essa razão os discípulos questionaram se de fato Jesus queria voltar ao lugar de onde sua vida estaria em ameaça.
E Cristo dá-nos grande lição. O Jesus homem traz grande ensinamento para que possamos seguir. Ele responde ao questionamento de seus discípulos fazendo referência ao tempo de um dia. O dia separado de dia e noite, possui aproximadamente doze horas de sol naquela e também na nossa região aqui.
A ideia de noite é trevas. A noite só era iluminada pela lua e estrelas lá no firmamento. Na terra só restava plena escuridão. O terreno não era asfaltado e caminhar à noite era realmente um caminhar sem enxergar os perigos que poderiam estar logo à frente, seja em terreno pedregoso, seja até por animais peçonhentos e nocivos. Quem já viveu a experiência de não se ter energia elétrica nas cidades interioranas e rurais, sabe bem desse contexto aqui colocado.
A verdade expressa por Jesus era que enquanto possuímos vida, devemos andar na luz, ou seja, devemos viver sob a luz. Jesus próprio afirmou ser a luz do mundo no capítulo 9. O andar é o viver e a luz é a vontade de Deus Pai. Jesus sendo filho, sendo homem, está revelando que devemos obedecer à vontade do Pai. O Pai ordenara que ele fosse de volta, pois ele haveria de cumprir com o seu propósito.
Jesus, ao ressuscitar Lázaro, provocou uma decisão entre os membros do sinédrio: o seu assassinato. Apesar de saber disso, Jesus disse a seus discípulos: “Olha, vou retornar porque é a vontade do Pai”. Ele não disse: “Vou retornar porque enho uma grande ideia”. Devemos ser obedientes ao ponto inclusive de arriscarmos, quem sabe, até a nossa vida, se Deus Pai assim desejar que façamos.
Mas como os discípulos não tinham conhecimento do que ocorreria, aquele que é muitas vezes mau referenciado para se dizer de alguém tem pouca fé, o discípulo Tomé, mesmo enganado, pois achava que seriam mortos junto com Jesus ao retornar para Judeia, expressa uma bela atitude de fidelidade que arrasta os demais discípulos a retornarem com Jesus.

Jesus é a ressurreição e a vida (v. 17-27)

Pode ser que esse temor de morrer apedrejado fosse bem real e factível, porque como a aldeia das irmãs enlutadas ficava próxima à Jerusalém, então certamente, pelo costume judaico, haveria uma espécie de procissão para consolarem as irmãs. Este era um ato muito meritório e havia muitas recomendações para sua realização.
Esse consolo chegava a durar 7 ou até mesmo 30 dias, então haveriam judeus presentes, não necessariamente o pessoal do sinédrio, mas pode ser que alguns que estavam em Jerusalém para apedrejar jesus também estivesse lá com as irmãs.
Mas de alguma forma, Marta soube da chegada de Jesus e prontamente foi a seu encontro. Maria não, ficando sentada em casa. Como de costume, no período de luto, as cadeiras eram viradas para paredes ou para o chão e as pessoas enlutadas sentavam-se no chão. Essa informação indica que Maria era mais sentimental e Marta seria mais “forte”.
Há outra passagem em Lucas que fala da estadia de Jesus nesse lar e descreve Marta cheia de afazeres para lá e para cá enquanto Maria está sentada aos pés de Jesus ouvindo atentamente a seus ensinamentos. Nessa passagem Marta tenta fazer com que Jesus repreenda Maria a fim de que ela ajude nos afazeres, mas quem recebe a repreensão é a Marta, pois Cristo diz que Maria escolheu o melhor.
Portanto, estamos diante de suas irmãs de personalidades bem distintas. Julgo Marta como mais racional. Ela seria como a dona da casa. Alguns comentaristas afirmam a possibilidade dela ser casada com Simão, o leproso, então Lázaro e Maria viviam com eles. Já Maria, seria mais sentimental e reflexiva, agia mais pela emoção, com maior radicalidade, como é relatado no uso do perfume caro na unção de Jesus, enxugando-lhe com os cabelos.
Então podemos julgar que Marta, mais racional, foi logo ao encontro de Jesus enquanto que Maria deveria estar muito abatida, apesar do quarto dia do falecimento de Lazaro, permanecendo em casa, como numa depressão profunda.
E ao encontrar Jesus, Marta logo declara que o irmão não teria morrido se ele estivesse junto. Também declara que sabe, que mesmo com o ocorrido, se ele pedir a Deus alguma coisa, o Pai lhe concederá.
Como já sabemos do desfecho seguinte, podemos imaginar que Marta estivesse pedindo a Jesus que ressuscitasse seu irmão, mas também é possível que ela possa estar pedindo pela condução da alma dele à vida eterna. E Jesus responde que Lazará haveria de ressurgir.
Marta em sua racionalidade logo aplica a resposta de Jesus aquilo que está em sua mente a respeito da ressurreição. A crença na ressurreição era bem aceitável pela maioria dos judeus. Essa crença era principalmente defendida entre os fariseus e os essênios. Os saduceus não criam na ressurreição, mas eles eram participantes de um segmento de menor expressão sobre a massa. Havia uma maior relevância pela proximidade com os romanos.
Então Jesus, como quem dá uma sacudida nos ombros de alguém para despertá-lo e chamar a atenção, faz uma das maiores declarações a respeito de si mesmo. Ele proclama mais uma vez o “eu sou”.
Ele já havia declarado:
Eu sou o Messias (Jo 4.26)
Eu sou o pão da vida (Jo 6.35)
Eu sou de cima (Jo 8.23)
Eu sou o eterno (Jo 8.28)
Eu sou a luz do mundo (Jo 9.5)
Eu sou a porta (Jo 10.7)
E agora declara: Eu sou a ressurreição e a vida.
Eugene Peterson, pastor presbiteriano, teólogo, professor, escritor e poeta, em sua obra intitulada Viva a ressurreição, nos diz que este evento na vida de Cristo é o elemento chave e essencial a ser vivido pelos cristãos.
Iremos rememorar mais uma vez a ressurreição de Cristo na Páscoa. O momento mais sublime que celebramos está centrado na ressurreição de Jesus. Como já disse o apóstolo Paulo, vã e sem sentido seria nossa fé se Jesus não tivesse ressuscitado.
Essa declaração de Jesus é central para nossa esperança, nossa fé, para nossa vida. Devemos viver a ressurreição a cada dia. Ela deve fazer parte de nosso cotidiano, pois é nela que encontramos a esperança e o motor que nos anima a permanecer firmes caminhando em direção ao alvo, a saber Jesus Cristo.
Essa declaração sacode nossos ombros, nos dizendo quem somos e para quê servimos. Dá-nos todo sentido de viver ou até mesmo de morrer. Porque todo aquele que crê em Jesus, ainda que morra, viverá, pois não morrerá eternamente. Você crê?
Marta respondeu que sim.

Jesus é sensível (v. 28-37)

Agora foi a vez de Maria. Marta foi discretamente avisá-la que Jesus estava aguardando, mas ela nada discreta, levantou-se apressadamente e foi a seu encontro e acabou, sem querer, levando consigo os consoladores que estavam fazendo companhia.
Maria em toda sua sensibilidade e emoção, diferentemente de sua irmã, se joga aos pés de Jesus, expressando a emoção que sentia, o desespero com a fatalidade do irmão. Ela disse a mesma coisa que sua irmã. “Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido". Sendo que ela não fez nenhuma petição e apenas chorava e os demais de sua companhia também choravam.
Toda essa cena comovente perturbou a humanidade de Jesus que se agitou em espírito. É difícil às vezes o trabalho do tradutor em não só traduzir a palavra, mas trazer todo um contexto que cultural e histórico que ela pode carregar por estar tão distante de nós. A palavra utilizada para expressar a reação de Jesus também é utilizada como alguém que bufa quando está irado, mas também para expressar profunda tristeza e melancolia.
Uma coisa é certa, apesar da divindade de Jesus e toda a sua autoridade celestial ao sacudir Marta como quem diz, “porque te preocupas se sabes que sou Deus?”, agora ele simplesmente se comove com os demais. Mas não é uma comoção teatral. Jesus de fato entristeceu-se e chorou junto com os demais.
Nosso Deus também é nosso ser humano perfeito. Ele tanto nos sacode para abrirmos nossos olhos espirituais bem como ele chora junto conosco. Ele sempre age da forma correta suprindo a necessidade de cada um de nós.
Não devemos criar expectativas sobre como o Senhor lidará com nossas necessidades. Mas podemos ter a certeza que seu pleno conhecimento de nós, nos trará o verdadeiro consolo que necessitamos em nossos lutos e perdas.

Jesus onipotente (v. 38-44)

Por outra vez João retrata a inquietação de Jesus, o agitamento de seu espírito, e ele ordena que retirem a pedra que lacrava o sepulcro. Ele estava prestes a realizar a obra que disse a seus discípulos quando recebeu o recado de que Lázaro estava muito doente. Ele haveria de revelar sua autoridade sobre a morte.
A ênfase de quatro dias já sepultado e do provável mal cheiro decorrente da decomposição, era uma forma de expressar que Jesus é Deus, o Deus do impossível, porque alguns estudiosos observam que havia uma tradição rabínica que dizia que a alma só saía do corpo após o terceiro dia. Então se essa tradição remontasse à época de Cristo, o milagre ocorrendo no quarto dia daria um ar de grandeza.
E o impossível emergiu aos olhos de todos que ali estavam. O Deus e o humano presentes na pessoa de Jesus se manifestaram marcando a vida de muitos presentes que passaram a crer. Jesus sabia que essa obra estava na agenda de Deus e que serviria para isso mesmo, para que soubessem que ele é o Cristo.
Hoje o Cristo é o mesmo. Ele é real. Ele nos deixou o seu próprio Espírito, o Espírito Santo que hoje habita em nós, nós que somos sua igreja. Onde estamos, ali está o Espírito de Deus conosco, está Cristo. E Cristo opera na agenda do Pai, sem atrasar e sem adiantar, mas no momento certo ele age em e por meio de sua igreja, realizando milagres para tão somente que outros venham a crer que ele o messias, o herói que toda sociedade anseia.
Nosso herói não é um super herói, mas é Deus. Nosso Deus não é uma ideia ou algo abstrato, mas ele é real, possui sentimentos e se relaciona conosco principalmente por meio de sua palavra e sua igreja.
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