Transfiguração
A Missão do Rei • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
Nos últimos meses nos dedicamos a exposição dos oito primeiros capítulos do evangelho de Marcos, onde aprendemos sobre a identidade de Jesus. Hoje, estamos começando uma nova série que é a continuação do evangelho de Marcos, mas agora falando sobre o propósito da vinda de Cristo. Para entendermos o que Jesus veio fazer, precisamos entender verdadeiramente o tipo de Messias que Ele é. Jesus não veio para ser um reformador social, ou um reformador do judaísmo, um pregador moral, nem muito menos um libertador político. Jesus veio para salvar pecadores através da sua vida perfeita de obediência ao Pai, sua morte em nosso lugar e Sua ressureição.
Hoje daremos continuação a exposição de Marcos, a partir do capítulo nove, mas em uma nova série, a missão do Rei.
1 Dizia-lhes ainda:
— Em verdade lhes digo que, dos que aqui se encontram, existem alguns que não passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o Reino de Deus.
2 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou, em particular, a sós, a um alto monte. E Jesus foi transfigurado diante deles. 3 As suas roupas se tornaram resplandecentes, de um branco muito intenso, como nenhum lavandeiro no mundo as poderia alvejar. 4 E lhes apareceu Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus. 5 Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus:
— Mestre, bom é estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias.
6 Pois não sabia o que dizer, por estarem eles apavorados. 7 A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela veio uma voz que dizia:
— Este é o meu Filho amado; escutem o que ele diz!
8 E, de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém com eles, a não ser Jesus.
9 Ao descerem do monte, Jesus lhes ordenou que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. 10 Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros o que seria esse ressuscitar dentre os mortos. 11 Então perguntaram a Jesus:
— Por que os escribas dizem ser necessário que Elias venha primeiro?
12 Jesus respondeu:
— Elias, vindo primeiro, restaurará todas as coisas. Como, então, está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será desprezado? 13 Eu, porém, lhes digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como está escrito a respeito dele.
As coisas nem sempre são como parecem." “As aparências enganam.” Nunca isso foi mais verdadeiro do que quando o Filho de Deus deixou o céu e veio à terra, quando “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14), quando a plenitude da divindade veio e habitou em um corpo ( Colossenses 2:9), quando a essência de Deus “não considerou a igualdade com Deus como algo a ser usado para sua própria vantagem. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo, assumindo a semelhança dos homens” (Fp 2:6-7). A transfiguração de Jesus confirma que, apesar de ter a aparência externa de um mero homem mortal, Jesus de Nazaré é em Sua natureza e essência Deus – Jesus é Deus vestido em um corpo humano.
Embora Ele não seja o tipo de Messias Salvador que a nação de Israel esperava, Ele é exatamente o Messias Salvador de que eles precisavam. Ele parece derrotado, mas na verdade é vitorioso. Ele morre e é sepultado pelos homens, mas será ressuscitado e exaltado por Deus. Ele parece um cara normal, mas na verdade Ele é Deus!
A transfiguração é algo como “uma prévia das próximas coisas”, ela é subsequente a grande confissão de Pedro (Marcos 8:27-30), a predição de Jesus sobre Sua morte (8:31-33), Seu chamado ao discipulado radical (8:34-38) e Sua promessa em Marcos 9:1. Esses eventos estão relacionados. O povo de Israel até então tinha em Moisés o seu grande libertador. Mas agora eles estavam diante de um Moisés maior, um êxodo maior e uma salvação maior.
2 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou, em particular, a sós, a um alto monte. E Jesus foi transfigurado diante deles. 3 As suas roupas se tornaram resplandecentes, de um branco muito intenso, como nenhum lavandeiro no mundo as poderia alvejar. 4 E lhes apareceu Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus.
Este evento ocorre em um monte, onde não só Marcos, mas Lucas e Mateus também não especificam qual. A tradição diz que foi no monte Tabor, mas muitos teólogos acreditam ter ocorrido no monte Carmelo. O local não é o que mais importa, mas o que aconteceu. Vemos Jesus levando três dos seus discípulos para viver esse momento. Priemiramente vemos o texto bíblico falando que o rosto de Jesus é transfigurado, é transformado e as suas vestes se tornam brancas e brilhantes de uma forma que nenhuma pessoa conseguiria limpar. Isso me lembra um antigo hino:
"Bendito seja o cordeiro; Que na cruz por nós padeceu; Bendito seja o seu sangue; Que por nós ali Ele verteu; E eis nesse sangue lavados; Com roupas que tão alvas são; Os pecadores remidos; Que perante seu Deus já estão..."
Sim é sobre isso que esse hino fala, enquanto tem alguns desocupados tentando aparecer distorcendo o que se trata e ganhar fama a partir disso...
Vemos aqui um evento milagroso e espetacular, um texto que para muitos é complicado, mas que na verdade é essencial na história da redenção. O evento que ocorre aqui é o que chamamos na teologia de tofania. Um evento muito similar é descrito no livro do Êxodo em relação a Moisés no monte Sinai.
O texto não traz mais detalhes sobre essa transfiguração, porém deixa claro que foi algo espetacular e milagroso. A bíblia fala que foi uma ação ativa do Pai em relação ao Filho, e isso tudo diante dos olhos dos três discípulos. “Ele foi transformado na frente deles.” “Transformado” significa “mudado”, e aqui fala de uma transfiguração radical que revela Sua verdadeira essência em uma manifestação externa visível. Enquanto Sua glória está sendo exibida em luz brilhante, Elias e Moisés aparecem, conversando com Jesus. Lucas diz em Lucas 9:31 que eles “falavam de Sua morte”. A palavra para “morte” no texto grego é “êxodo”! Jesus conduziria o povo de Deus para fora da escravidão do pecado em um novo êxodo por meio de Sua morte (uma nova Páscoa está sendo inaugurada) e ressurreição, e Ele constituiria um novo povo chamado igreja. Elias e Moisés representam a Lei e os Profetas. Ambos eram grandes libertadores. Juntos, eles representam a tradição profética que aponta para Jesus, o Messias. Com o seu aparecimento, a Lei e os Profetas são assinalados como cumpridos na vinda do Messias que fez chegar o reino de Deus.A aparição de Moisés e Elias falando com Jesus não dá base para comunicação entre vivos e mortos, até porque os dois homens de Deus do Antigo Testamento não falam com os discípulos, apenas com Jesus enquanto estava transfigurado.
Estea não é uma repetição do Monte Sinai onde Deus deu a Moisés os dez mandamentos. Esta é a montanha do evangelho, não uma montanha da lei. Aqui a lei de Deus e a graça de Deus convergem naquele que é Deus encarnado e o cumprimento de tudo o que o Antigo Testamento prometeu.
5 Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus:
— Mestre, bom é estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias.
6 Pois não sabia o que dizer, por estarem eles apavorados. 7 A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela veio uma voz que dizia:
— Este é o meu Filho amado; escutem o que ele diz!
8 E, de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém com eles, a não ser Jesus.
Nestes versículos apenas duas pessoas falam: Pedro e Deus Pai. Jesus não diz uma palavra. Ele não precisa! As palavras de Pedro podemos deixar de lado e até mesmo desculpar à luz de seu medo (v. 6) e de ser repentinamente acordado de um cochilo (Lucas 9:32). O versículo oito termina com o desaparecimento de Moisés e Elias, ficando apenas Jesus. Além da visão do Cristo glorificado, este evento nos ensina que nenhum santo do passado é necessário para nós, que somente Cristo é suficiente, ele é o cumprimento da Lei em nosso lugar e também o cumprimento da profecia que anunciava o salvador. Toda a história escrita por Deus na Antiga Aliança estava se cumprindo em Cristo, e uma Nova Aliança estava se constituindo onde somente Cristo é necessário.
9 Ao descerem do monte, Jesus lhes ordenou que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. 10 Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros o que seria esse ressuscitar dentre os mortos. 11 Então perguntaram a Jesus:
— Por que os escribas dizem ser necessário que Elias venha primeiro?
12 Jesus respondeu:
— Elias, vindo primeiro, restaurará todas as coisas. Como, então, está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será desprezado? 13 Eu, porém, lhes digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como está escrito a respeito dele.
Nos versículos seguintes vemos uma ordem expressa de Jesus, que só falassem o que viram após a sua ressureição. Interessante que foi uma proibição com prazo de validade, após a ressureição essa notícia deveria se tornar a principal a ser divulgada. Afinal de contas, aqueles três discípulos foram testemunhas oculares da majestade de Cristo. Esses homens observaram diligentemente a ordem que Jesus tinha dado a eles. Mas apesar de obedecerem, eles perguntavam entre si o que significava isso. Eles estavam totalmente confusos. Como se a própria ideia de o Messias sendo atormentado e mesmo levado à morte não fosse suficientemente desesperadora, suas mentes agora estavam lidando com mais este enigma: o mesmo Messias ressuscitando! Talvez suas perguntas fossem mais ou menos desta natureza: “Pedro, o que você acha que o Mestre quis dizer?” “João, você acha que ele estava se referindo à ressurreição do último dia?” “Tiago, por que o Mestre morrerá, se ele vai ressuscitar?” Outra pergunta pode ter sido: “Ele estava se referindo a uma ressurreição física?” Mas isso são meras conjecturas.
Jesus acabou de predizer sua ressurreição dos mortos, implicando sua morte iminente. O que incomoda os discípulos é que essa morte parece deixar as profecias messiânicas sem cumprimento. Afinal de contas os escribas diziam que Elias viria antes do Messias, como é descrito em Malaquias:
5 — Eis que eu lhes enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor. 6 Ele converterá o coração dos pais aos seus filhos e o coração dos filhos aos seus pais, para que eu não venha e castigue a terra com maldição.
Em sua resposta, Jesus, em primeiro lugar, declara que os escribas estavam certos ao dizer que a vinda de Elias precederia a do Messias. No versículo 13, Jesus adiciona que Elias, na realidade, já veio.
Isso, todavia, produz outro problema na mente dos discípulos, como Marcos indica. Admitindo que isso era verdade, a saber, que os escribas estavam certos sobre a vinda do Messias ser precedida pela de Elias, que restaura todas as coisas, então onde a ideia de um Cristo que sofre e morre se encaixa? Jesus indica que isso, também, foi profetizado. Ele, então, continua: e, no entanto, como é (que está) escrito sobre o Filho do homem que ele precisa sofrer muitas coisas e ser tratado com desprezo? Isso, diz Jesus, é uma profecia muito importante que não pode ser ignorada. Jesus não cita uma profecia em particular, mas alertando para o fato que profecisas como Isaias 53 e passagens como os salmos 22; 69 e 118, foram ignoradas.
Jesus conclui sua resposta no versículo 13. Então os discípulos entenderam que ele tinha lhes falado sobre João Batista”. Na sua grande maioria, as pessoas não tinham guardado no coração o que João Batista pregava, mas não o reconheceram como o cumprimento de uma profecia. Os líderes religiosos dos judeus se voltaram contra ele (21.25). Sob instigação da ímpia Herodias, Herodes Antipas matou João (14.3,10). Em vez de perguntarem: “Como Deus quer que tratemos João Batista?”, fizeram com ele o que quiseram. E a mesma combinação de fatores estava prestes a matar Jesus. Elias, João Batista e Jesus, de modo geral, nenhum deles foi aceito; todos foram tratados com desprezo.
Então, quais aplicações nós podemos tirar para nossas próprias vidas a partir desse evento tão importante da transfiguração?
Olhe para a Glória do Filho de Deus
Olhe para a Glória do Filho de Deus
Aqueles três discípulos foram testemunhas oculares da majestade de Jesus, mostrando não somente a eles mas a mim e a você, que somente através de Jesus podemos ver a Deus. Tem uma música que eu gosto muito que diz assim:
"O Eterno andou no tempo, o criador da vida sofreu por te amar, a palavra se fez carne, pra que você olhasse o FIlho e visse o Pai...".
A trasnfiguração é um convite para você: Olhe para Jesus e creia em Seu evangelho, Ele é Deus vestido em corpo humano.
A segunda aplicação é:
Ouça a voz do Pai
Ouça a voz do Pai
Pedro ao ver Elias e Moisés com Jesus logo fala, sugerindo construir três tendas. Compreensivelmente eles estavam maravilhados e aterrorizados e Pedro sente a necessidade de falar alguma coisa. Mas o Pai diz do alto "Pedro, calma, fica quieto, você está diante do meu Filho, ouça-o". Precisamos ouvir o a voz do Pai, porque muitas vezes as nossas perspectivas são tolas.
A mente de Pedro sólcançaria as palavras de Jesus totalmente após a cruz e a ressurreição. Nunca entenderemos a pessoa e a obra de Cristo sem a cruz e a ressurreição. Deixe-os de fora e Ele será, na melhor das hipóteses, um moralista e, na pior, um tolo autodestrutivo. Deixe de lado a cruz e não haverá expiação. Deixe de lado a ressurreição e não haverá vitória sobre o pecado. Pedro em sua fraqueza pecaminosa, evitaria a cruz, ficaria confortável na montanha. Em contraste, Jesus abraça a cruz, sube ao Calvário e bebe o cálice do sofrimento cheio da ira de Deus em nosso lugar. A perspectiva divina é o que precisamos.
A declaração lembra o batismo de Jesus (1:11). Isso lembra Deuteronômio 18:15, onde Moisés diz que Deus enviará Seu profeta e “Você deve ouvi-lo”. Este é o Filho amado e único de Deus. Devemos ouvi-lo e somente a ele. Quando a nuvem desaparece, Elias e Moisés desaparecem, e “somente Jesus” permanece. Moisés e Elias foram grandes reveladores da verdade junto com todos os outros profetas, mas a voz de Deus nos ordena a ouvir Seu Filho, Jesus. Dê a Ele seus ouvidos. Tenha olhos somente para Ele (Hb 12:2). Ele pode lhe dar o que nem Moisés nem Elias jamais poderiam dar. Esta é a perspectiva de Deus! Devemos ouvir as palavras do Pai e atendê-las. Nossa vida espiritual depende disso.
Aprenda com o sofrimento dos servos de Deus
Aprenda com o sofrimento dos servos de Deus
Os três discípulos aprenderam que, apesar de Sua aparência terrena, Jesus é Deus. A transfiguração provou isso além de qualquer dúvida razoável.
Mas a transfiguração poderia significar que Jesus poderia triunfar sem a cruz? O Messias poderia entrar em Sua glória e estabelecer Seu reino em poder agora, dada a exibição de tirar o fôlego que eles acabaram de testemunhar?
Quem disse que a cruz deve vir antes da coroa? Jesus faz isso. O que Ele acabou de experimentar não enfraqueceu Sua determinação de ir ao Calvário. Isso O encorajou a ir e beber a última gota do cálice da ira divina no lugar de pecadores indignos e indefesos como eu e você. O Filho de Deus, Jesus, foi crucificado, mas ressuscitou dos mortos. Que a perseguição e sofrimento de Elias e João Batista anunciavam que Jesus também sofreria.
No entanto, todos essas perseguições foram divinamente planejadas – e isso nos traz muito conforto diante dos nossos sofrimentos. Isso mostra que, sem anular a responsabilidade e a culpa humana no sofrimento, no final, então, Deus sempre triunfa. Sua verdade é sempre vitoriosa.
Conclusão
Conclusão
A transfiguração é a segurança que temos em Jesus como cumprimento da Lei (Moisés) e dos Profetas (Elias), como a revelação final, completa e culminante de Deus. Foi para nos ensinar que o Messias que foi crucificado é o mesmo Messias que reinará em Seu reino em glória. A trasnfiguração também reafirmou o amor e o deleite do Pai em Seu Filho, e isso nos ensina que o Pai também se alegra de nós quando estamos escondidos em Cristo somente e que nossas realizações pessoais não tem nenhuma capacidade de impressionar a Deus. A transfiguração nos chama a confiar e seguir o Filho Unigênito que é “a imagem do Deus invisível”, que é o “resplendor da glória de Deus”. Em Jesus e somente em Jesus podemos contemplar a glória e a grandeza de Deus e viver!
Gostaria de concluir, citando o pregador britânico Martyn Lloyd-Jones quando disse: “O Filho de Deus tornou-se homem para que os filhos dos homens se tornassem filhos de Deus”. Jesus Cristo é o herói da Bíblia - é Deus vestido em um corpo humano, o Salvador dos pecadores, o sacrifício final e a glória de Deus feito carne. Ele levou os três discípulos a uma montanha para um vislumbre da glória. Ele quer levar você e eu para o céu para a glória para sempre. Você O seguirá? Você vai confiar nele? Que eu e você possamos contemplar Jesus agora e para sempre.