Emoções: com elas; não por elas

O Caminho da Cruz  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
0 ratings
· 1 view
Notes
Transcript

Introdução

Já vimos que o caminho da cruz começa onde estamos e vai na direção de Jesus. Portanto, reconhecer nosso ponto de partida é muito importante nessa caminhada. Isso significa que precisamos ser honestos, com a gente e com Deus, sobre o quanto ele faz parte ou não de nossas vidas.
Vimos depois como o legalismo é capaz de nos desviar do caminho da cruz e nos levar a confiar em nós mesmos, rejeitando a graça de Deus. Por isso precisamos recuperar o entendimento sobre nossas limitação, incompetência e corrupção; ao mesmo tempo precisamos abraçar o amor gracioso de Deus por nós, pecadores.
Em seguida vimos os estragos que a culpa pode fazer em nossa jornada pelo caminho da cruz. Ela amarra sobre nossos ombros pesados fardos e roubando-nos a alegria de viver. Em contrapartida, reconhecemos a maravilhosa provisão de Deus para os culpados: PERDÃO. Aprendemos um caminho para lidar com a culpa: (1) evitar tratar tratá-la com promessas religiosas, (2) admitir e confessar nosso pecado, (3) pedir perdão e receber integralmente o amor gracioso de Deus por nós.
Hoje vamos concluir essa série de mensagens sobre o Caminho da Cruz com um alerta sobre o perigo de nos tornarmos súdito no reino da emoção e a provisão de Deus através de suas promessas.

Pingos nos “is”

De começo, quero afirmar minha crença de que Deus nos criou seres indissolúveis, multidimensionais e harmônicos. Didaticamente falamos sobre essas dimensões nos referindo ao corpo, à mente ou alma e ao espírito. Para ressaltar essa unicidade do ser humano, dizemos que não temos um corpo, uma mente ou um espírito, mas que somos corpo, mente e espírito.
Embora haja um discussão teológica extensa sobre esse assunto, dividindo os pensadores entre dicotomistas (corpo e mente/alma) e tricotomistas (corpo, mente/alma e espírito). Essas divisões são meramente didáticas e pretendem falar sobre como as dimensões humanas interagem entre si do ponto de vista de cada grupo.
Para os dois grupos, à dimensão física do corpo, a mais visível, se juntam as emoções, a vontade e a capacidade de relacionamento com o Eterno, formando a integralidade do ser conhecido como humano.
Deus lida conosco considerando todas essas dimensões, de maneira que nenhuma delas deve ser esquecida ou privilegiada diante das demais.
No entanto, olhando para a história da humanidade, pode-se verificar que esse equilíbrio nem sempre aconteceu. Nas épocas antigas o corpo teve seu destaque, durante a idade moderna viveu-se o reinado da mente e da vontade colocando a lógica e o racionalidade no comando do mundo. Nesses tempos pós-modernos em que nos encontramos, o cetro mudou de mão: agora são emoções que dão as cartas.

O coração

Na Bíblia, o órgão mais usado para representar a sede do pensamento, da vontade e das emoções é o coração.
Ao contrário da ideia comum dos nossos dias, que considera o coração humano puro e digno de confiança, o profeta Jeremias faz uma afirmação contundente a respeito das forças interiores que nos movem.
Jeremiah 17:9 NVI
9 O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?
J. C. Ryle, pastor anglicano, afirmou certa vez que...
Mal entendemos nossos próprios corações. Não é de se admirar que não possamos ler o coração dos outros.
J. C. Ryle
Quando falamos sobre emoções, é certo que não podemos nem devemos desprezá-las, descartá-los ou mesmo evitá-las. Elas são imprescindíveis para sermos quem somos. Por outro lado, o profeta nos alerta de que elas não são tão confiáveis assim. O coração é enganoso, ora sente uma coisa, ora sente outra oposta. Quem o conhecerá?
Quero apresentar duas situações, vividas por Moisés e Paulo, em que a inconstância do coração é apresentada como uma com uma condição humana com a qual precisamos aprender a lidar, por causa ameaça que ela representa às decisões que precisamos tomar.

Moisés, Gade e Rúben

Numbers 32:1–9 NVI
1 As tribos de Rúben e de Gade, donas de numerosos rebanhos, viram que as terras de Jazar e de Gileade eram próprias para a criação de gado. 2 Por isso foram a Moisés, ao sacerdote Eleazar e aos líderes da comunidade, e disseram: 3 “Atarote, Dibom, Jazar, Ninra, Hesbom, Eleale, Sebã, Nebo e Beom, 4 terras que o Senhor subjugou perante a comunidade de Israel, são próprias para a criação de gado, e os seus servos possuem gado”. 5 E acrescentaram: “Se podemos contar com o favor de vocês, deixem que essa terra seja dada a estes seus servos como herança. Não nos façam atravessar o Jordão”. 6 Moisés respondeu aos homens de Gade e de Rúben: “E os seus compatriotas irão à guerra enquanto vocês ficam aqui? 7 Por que vocês desencorajam os israelitas de entrar na terra que o Senhor lhes deu? 8 Foi isso que os pais de vocês fizeram quando os enviei de Cades-Barnéia para verem a terra. 9 Depois de subirem ao vale de Escol e examinarem a terra, desencorajaram os israelitas de entrar na terra que o Senhor lhes tinha dado.
Essa era a segunda vez que Moisés e o povo liberto do Egito caminhava em direção à terra prometida por Deus. Os descendentes de Rúben e Gade (filhos de Jacó, que eram criadores de gado) viram que a terra que eles acabavam de conquistar era boa para pasto e pediram a Moisés para ficar ali mesmo. O pedido era justo, mas o momento era muito ruim.
Moisés não questionou o direito à terra, mas alertou as duas tribos de que a atitude deles desanimaria o coração dos demais para enfrentar as batalhas que ainda viriam. Ele lembrou-se de que na primeira vez havia acontecido algo semelhante, quando o povo havia sido desencorajado pelos espias, que voltaram falando da altura dos soldados e da fortificação das cidades.
Perceba a inconstância das emoções e o poder que elas têm sobre nossas decisões.
O coração destemido rapidamente pode se transformar em um coração temeroso. Os sentimentos positivos se transformam em sentimentos negativos e, de repente, a certeza pode tornar-se dúvida.
Moisés já havia sofrido com a volatilidade do coração do povo. A situação agora era diferente dos espias, mas o risco era o mesmo, de não avançar para terra prometida por que o coração se enchera de medo.

Paulo e Ágabo

Acts 21:10–13 NVI
10 Depois de passarmos ali vários dias, desceu da Judéia um profeta chamado Ágabo. 11 Vindo ao nosso encontro, tomou o cinto de Paulo e, amarrando as suas próprias mãos e pés, disse: “Assim diz o Espírito Santo: ‘Desta maneira os judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém e o entregarão aos gentios’ ”. 12 Quando ouvimos isso, nós e o povo dali rogamos a Paulo que não subisse para Jerusalém. 13 Então Paulo respondeu: “Por que vocês estão chorando e partindo o meu coração? Estou pronto não apenas para ser amarrado, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”.
Agora estamos nos primeiros passos dados pela igreja de Cristo. Saulo o perseguidor dos cristãos havia-se convertido ao Jesus a quem ele perseguira. Então, ele recebe um aviso dado por um profeta de Deus. A profecia foi entregue em forma de dramatização. Paulo seria preso pelos judeus em Jerusalém.
Depois de assistirem e ouvirem a profecia, os irmãos começaram a pedir que Paulo não fosse para Jerusalém. Eles ficaram muito abalados imaginando Paulo sendo preso e se deixaram conduzir pelas emoções que borbulhavam dentre deles. A comoção era tanta que Paulo também foi afetado por tudo aquilo.
Há muitas lições aqui, e uma delas é que as emoções são volúveis e podem nos desviar do caminho preparado por Deus para nós. Paulo percebeu que o medo daqueles irmãos, de que algo lhe acontecesse, estava mudando seus sentimentos (partindo meu coração), mas reafirmou sua disposição de seguir o caminho da cruz.

Movidos pela confiança

O que há de comum entre as experiências de Moisés e de Paulo? Entre outras coisas, eles não permitiram que seus sentimentos conduzissem suas decisões, mas apegaram-se à clareza que tinham sobre qual era o projeto de Deus.
Isso nos ensina que o caminho da cruz é trilhado pela estabilidade da confiança, não pela inconstância das emoções.
Durante a sua caminhada com Jesus o seu humor vai mudar, mas isso não desviar desviar você de seu destino: a Cruz de Cristo.
Hora você vai estar triste, hora vai estar alegre; está tudo certo.
Hora você vai ter vontade de pular e saltar cantando louvores a Deus, hora você vai querer ficar no fundo de uma rede;
Hora os irmãos serão presentes de Deus para você, hora eles serão insuportáveis;
Hora você vai desejar que tenha culto todos os dias da semana, hora você vai querer que seja de mês em mês;
Hora o sermão vai tocar profundamente em sua vida, hora ele vai parecer meio água com açúcar;
Hora a Bíblia vai ser lida com sorriso nos lábios, hora você vai chorar porque não tem vontade de ler;
Hora vai ser um prazer fazer o bem ao outros, hora você só vai pensar em si mesmo.
Situações assim fazem parte de nossa condição humana. No entanto, pra seguir o caminho da cruz, devemos avançar para além de nossas inconstâncias emocionais e entrar na dimensão da confiança em Deus.
Tiago toca nesse assunto quando explica o tipo de relacionamento com Deus que está disponível para nós:
James 1:5–6 NVI
5 Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida. 6 Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento.
Precisamos confiar que há uma Palavra Eterna pronunciada sobre nós, há uma Verdade Vitoriosa sobre nossa existência, há um Deus Todo Poderoso no universo e há Poder na Cruz de Cristo. Essas são coisas estabelecidas por Deus e não dependem de nossas emoções.

A âncora das promessas

No caminho da cruz, suas emoções vão com você, mas não devem guiá-lo à inconstância. E para não ser levado para cima e para baixo junto com elas, você precisa estar seguro nas promessas que Ele faz em sua Palavra. Ela é a âncora que nos mantém firmes quando as emoções balançam o barco da vida.
Quando você se sentir fraco, você lembrará que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza;
Quando você não se sentir salvo, você lembrará que ninguém pode arrebatá-lo das mãos de cristo;
Quando você se sentir abatido, você lembrará que os que esperam no senhor não se cansarão e voarão como as águias;
Quando você se sentir desamparado, você lembrará que o Senhor é o seu pastor, nada vai lhe faltar;
Quando você se sentir um pecador, você lembrará que o sangue de Jesus lhe purificou de todo o pecado.
Quando você sentir que está longe do Senhor, você lembrará que nem a morte poderá lhe separar do amor de Deus;
Quando você estiver cansado e sobrecarregado, você lembrar que Cristo aliviará a sua carga;
Quando você sentir que não tem mais solução, você lembrará que para o homem pode ser impossível, mas para Deus tudo é possível;

Conclusão

Começamos nossa reflexão hoje com uma palavra contundente do profeta Jeremias sobre a fragilidade do coração humano.
Então quero concluir com outra palavra do profeta Jeremias, essa de esperança e ânimo. Porque ao sair daqui hoje esta em suas mãos a chance de permitir que o Espírito de Deus o encha de esperança e ânimo.
Não percam a coragem, nem fiquem com medo das notícias que ouvirem. Cada ano se espalha uma notícia (…) lembrem-se do Senhor. Jr. 51.46,50
Related Media
See more
Related Sermons
See more