Novos olhos, novo coração

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ICT: Jesus ressurreto encontra seus discípulos a caminho de Emaús, abre-lhes os olhos espirituais, devolve a esperança e os torna suas testemunhas. Tese: Em nosso encontro com Jesus ressurreto, ele nos transforma, enche-nos de esperança e nos torna suas testemunhas. PB: Missionário PE: Comunicar a igreja que a obra de Cristo nos torna capacitados a testemunhar dele mesmo a nossos amigos. Divisão: 1) A cegueira espiritual não percebe a esperança (v.13-24); 2) A pregação expositiva (v.25-27); 3) Jesus nos devolve a visão espiritual (v.28-32); 4) Transformados em testemunhas (v.33-35).

Notes
Transcript

Introdução

Teorias da conspiração são eventos muito antigos. Os mais experimentados vão se recordar da expressão “Elvis não morreu”. Elvis foi o ícone pop de seu tempo. Ele tocava, cantava, dançava e atuava. Tornou-se ídolo de milhões de pessoas ao redor do mundo. Ele morreu muito cedo, aos 42 anos, no auge da carreira.
Foi a partir de sua morte que começaram a surgir teorias conspiratórias as quais afirmavam que ele estava vivo. Dizem essas teorias que ele resolveu inventar sua morte pois não queria mais aquela vida de ídolo sem paz por causa dos assédios dos fãs e assim forjou a morte e veio morar na América do Sul, aqui do lado do Brasil, na Argentina. Ao passo que outra teoria diz que ele permaneceu morando na mesma mansão sua onde ele faleceu de ataque cardíaco fulminante, tocando no mesmo lugar onde já tocava antes, pois muitos sósias até hoje fazem shows lá e assim ele não seria reconhecido, sendo ele mesmo, mas o público pensaria se tratar de um ator.
Teorias assim não se sustentam. Elas não trazem outro significado relevante para vida. Mas parece que algo atrai muitas pessoas a gostarem dessas teorias e por determinado tempo creem nelas até que sejam desmentidas ou o senso de realidade seja mais forte. Com o advento das redes sociais na Internet, as teorias de conspiração voltaram à cena sendo chamadas de fake news.
Do mesmo modo que são disponibilizadas as fakes news, também são as notícias e informações confiáveis, mas por alguma razão, as informações falsas ou conspiratórias são mais desejáveis e se espelham com velocidade e volume muito superiores às informações verdadeiras.
O Instituto de Psiquiatria do Paraná publicou em sua página uma pequena notícia sobre isso e lá expuseram resumidamente de um artigo intitulado “A Psicologia das Teorias da Conspiração”, retirado de um jornal acadêmico, o Current Directions in Psychological Science, três principais razões pelas quais as teorias da conspiração são tão atrativas.
A primeira razão é epistemológica. As pessoas, para se sentirem seguras, desejam conhecimento. E quando algum fenômeno ou acontecimento não possui, pelo menos por determinado tempo, uma explicação, então surgem as teorias conspiratórias que trazem essa satisfação.
E nesse mesmo sentido segue-se a segunda razão, que é a existencial, pois as pessoas não gostam de não saber, elas têm a necessidade de estarem no controle, pois a sensação de impotência não é algo desejável e como essas teorias trazem informações que as tornam mais seguras, também vem a sensação de se ter o controle da situação ou de pelo menos não estarem tão impotentes diante das circunstâncias.
E por fim, a terceira razão é social, pois todos nós temos em nosso íntimo o desejo de sentirmo-nos especiais, e é isso que as teorias conspiratórias fazem, nos incluem num grupo seleto que detém informações privilegiadas, satisfazendo também nosso desejo social de pertencimento de um grupo, mas não qualquer grupo, um grupo especial por causa das informações detidas.
Assim foi tentado enquadrar os cristãos, principalmente as primeiras testemunhas de Jesus ressurreto. De forma anacrônica, pensadores mais distantes daqueles primeiros discípulos, tentaram explicar como uma crença em alguém que havia supostamente ressuscitado pudesse permanecer tão firme por tanto tempo.
A ressurreição de Jesus é um dos pontos mais proeminentes para o cristianismo, pois é nesse evento que se consuma o plano de Deus, o plano eterno de Deus que foi providenciado antes mesmo da fundação do universo. Outro ponto de muita relevância para nós cristãos é a encarnação do Deus na pessoa de Jesus Cristo. O alfa e o ômega. O princípio na encarnação e sua morte e ressurreição são os pontos mais altos. Para os cristãos orientais, a encarnação parece receber maior peso, enquanto para nós ocidentais é sem sombra de dúvidas a sua ressurreição.
Esse evento incomodou o ocidente com o advento da razão, do naturalismo e progresso científico. Como não era possível explicar por métodos naturais o milagre da ressurreição, então teorias foram levantadas, inclusive esta, de que os discípulos teriam delirado e não estavam aceitando a morte, o fim de sua esperança, assim como muitos fãs do Elvis ainda afirmam que ele não morreu.
Mas como pode uma teoria dessa permanecer até hoje? A resposta está no fato de que Jesus genuinamente ressuscitou. Não como uma ideia. Hoje se diz que Elvis não morreu, pois sua obra permanece a influenciar muitos artistas, mas aquele homem da Galileia ressurgiu corporeamente. Ele se alimentou com seus amigos. Seus amigos o tocaram. Maria Madalena e as outras Marias se prostraram e agarram seus pés em atitude adorativa. Ele, Jesus, preparou uma refeição para seus amigos após o milagre da segunda pesca. Muitos outros testemunharam a sua ressurreição, não só aqueles apóstolos mais próximos.

A cegueira espiritual não percebe a esperança (v.13-24)

Mas os evangelhos nos dizem que assim como os incrédulos da modernidade e de hoje não compreendem e não aceitam a ressurreição, assim também ocorreu em primeiro momento com os discípulos. Todos estavam tristes, desolados e de luto pela morte brutal e vexatória que Jesus foi submetido. Eles que tinham expectativa e esperança na pessoa de Jesus, viu essa esperança morrer.
Nesses dias tomei conhecimento de um fato ocorrido nos Estados Unidos no ano de 1989 em que cinco adolescentes foram acusados e presos injustamente em decorrência de preconceito racial, pois todos eram negros ou latinos e só vieram ser libertos quando o verdadeiro estuprador e assassino em 2002 confessou o crime.
Passaram-se 13 anos até que aqueles rapazes puderam experimentar a justiça realizada naquele caso. Mas todo esse tempo deve ter fulminada a esperança deles de serem libertos. Talvez eles já estivessem aceitado aquela condição injusta.
E assim ocorre em nossos corriqueiros dias. A cada dia, mais vidas são acrescentadas nesse mundo e muitas são submetidas a condições de injustiças que por sua vez as submetem a situações de indignidade humana, em que, ainda sendo portadores da imagem de Deus, este fato é totalmente ignorado por outros semelhantes seus.
Pessoas assim, de certa forma vivem desesperançadas e internalizam uma aceitação condenatória, pois já tentaram fazer algo, talvez apoiada numa esperança frágil e como diz o ditado: “a esperança é a última que morre”, mas quando morre, então só resta aceitar...
Foi assim que os discípulos de Jesus se encontravam. Jesus era a sua esperança. Jesus era a razão de terem abandonado seus ofícios e suas vidas, para viverem uma nova vida, para aprenderem mais intensamente com esse mestre que se torna tão acessível para aqueles que não tinham acesso aquele tipo de sabedoria, a sabedoria que vem do alto.
A esperança deles foi sabotadamente afligida com ferimento fatal. Mas antes de ser deflagrada e levada à óbito, essa esperança foi humilhada. Como que se todo aquele período de não só aprendizado, mas de relacionamento verdadeiro, se tornasse um desprezo e motivo de zombaria.
A esperança foi desnudada na tentativa de expô-la ao ridículo, a fim de dar uma outra forma ou conceito a ela. Talvez de transformá-la numa fraude, num fracasso humano, em mais uma dessas ideologias humanas que só possuem vigor no intelecto, mas que na vida real é algo inalcançável. Portanto a mensagem pregada na cruz para os discípulos, até então, foi: “desistam dessa esperança!”
Não se trata de exagero. Muitos discípulos tinham grandes expectativas em Jesus, como o Messias que iria, em vida, redimir Israel do julgo romano. Era ele que devolveria a Israel toda sua glória que foi experimentada uma vez no reinado de Davi e Salomão.
Volto aos miseráveis de hoje em dia. Tanto aqueles desprovidos de bens materiais e que passam fome, passam vergonha e nessa condição se entregam e aceitam uma vida desgraçada, afinal de contas, a esperança morreu e já há um bom tempo.
Mas não só estes. Também aqueles que depositam tantas expectativas em si mesmos ou quem sabe naquilo que possuem, mas vivem frustrados e quando a desesperança nasce, uma tristeza profunda lhe recai e assim se entregam a uma vida sem cor e alegria.
Você crê em Cristo? Crê na sua ressurreição? Que ele está vivo? Estes miseráveis somos nós. E mesmo que tudo nos diga que se acabou, talvez estejamos de olhos cerrados e não estamos percebendo a realidade espiritual que está escancarada bem na nossa frente. Precisamos abrir os olhos para esta realidade. A esperança vive! Ela não morreu e não morrerá. A esperança é Jesus!
Jesus havia ressuscitado. Esta passagem nos diz que foi no mesmo dia da ressurreição que Jesus apareceu a esses dois discípulos moradores do povoado de Emaús. Mas a ressurreição não era algo que os judeus esperavam neste tempo. A saber, basicamente os judeus dividem o tempo no presente e no vindouro, aquele que nós cristãos aguardamos com a volta de Cristo. Então, ressurreição não era para este tempo, mas só no vindouro.
Como era de costume, na festa da Páscoa, muitos judeus iam até Jerusalém para sua comemoração, mas naquela Páscoa específica, um grande rebuliço marcou o acontecimento. A crucificação de Jesus provocou um alvoroço e foi motivo de conversa entre esses dois discípulos no caminho de volta para casa.
Até que um estranho se aproxima e entra na conversa. Era Jesus ressurreto, mas os olhos deles estavam ou foram impedidos de reconhecê-lo. Como isso é possível? Marcos 16.12 relata assim:
Marcos 16.12 NAA
12 Depois disso, Jesus manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam a caminho do campo.
Já João relata assim quando Maria Madalena vê a Jesus ressurreto João 20.14
João 20.14 NAA
14 Depois de dizer isso, ela se virou para trás e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus.
Mateus chega a informar o seguinte: Mateus 28.17
Mateus 28.17 NAA
17 E, quando viram Jesus, o adoraram; mas alguns duvidaram.
Desses relatos, podemos dizer que Jesus não era esperado vivo por ninguém. Nem mesmo as Marias, incluindo sua mãe, porque elas tinham preparado tudo para concluir as últimas honrarias do sepultamento e preparação do corpo com os perfumes que eram de costume serem utilizados. Assim, a tristeza os abatia de forma tão intensa que ao mesmo tempo que chegou a cegá-los para este milagre, esta mesma tristeza também revelava o quanto eles amavam a Jesus.

A pregação expositiva (v.25-27)

E Jesus “puxando” assunto pra adentrar na conversa, faz aquelas perguntas que nós também fazemos, só para extrair algo de alguém. Mesmo que já saibamos de fatos ocorridos, em certas situações, fazemos as perguntas óbvias, pois a partir da fala do outro será criada oportunidade de colocarmos a nossa fala.
Assim Jesus agiu. Fez com que os discípulos falassem a ele o que ocorrera. Não que ele não soubesse, mas curiosamente parece que Deus gosta de proceder dessa forma. Lá em Gênesis vemos o Senhor consultando Adão depois de cometer o primeiro pecado, questionando o que ele havia feito. Não que não soubesse, mas era pra ouvir do próprio Adão. e então ele iniciou a sua exposição das Escrituras Sagradas que falavam de si mesmo.
Acertadamente, aqueles discípulos trouxeram a narrativa do que aconteceu a Jesus e qual era a expectativa que eles tinham a respeito de seu mestre. A saber que ele seria o Messias.
Eles só estavam enganados por um ponto: de que a esperança deles havia se esvaído com a crucificação de Jesus. Eles puseram um ponto final naquilo que era o início de uma nova realidade para eles. Mas Jesus, com a habilidade do maior mestre que há, expondo as Escrituras de Gênesis, passando pelos livros históricos, de sabedoria e fechando com os profetas, deve ter desenvolvido a hermenêutica mais excelente, a sistematização mais impecável das Escrituras.
Jesus literalmente pregou para aqueles dois. Que pregação deve ter sido… Pela distância do caminho, alguns estudiosos creem que aquela conversa deve ter durado uma hora e meia a duas horas. Tempo suficiente para o convencimento intelectual do grande plano de Deus, plano este já disposto antes mesmo da criação do universo.
Toda a lógica humana agora foi desconstruída. Talvez as mulheres que relataram ter tido visões de anjos, que anunciaram que Cristo vive, não tenha sido delírio delas, afinal de contas Pedro e João também testificaram do túmulo vazio, apesar de não terem visto nem anjos e nem a Jesus.
Agora o que era confusão estava tudo se endireitando como que num quebra-cabeça em que as peças dispostas aleatoriamente não fazem sentido, mas quando organizadas lado a lado, cada qual em seu lugar, revela a bela figura que é a misericórdia divina através do plano salvífico. Jesus trouxe ou apontou para a eles a peça que faltava do quebra-cabeça.

Jesus nos devolve a visão espiritual (v.28-32)

A exposição de Jesus não foi mera argumentação ou construção de pensamento revelativo. Ao final desta perícope, é dito que o coração desses discípulos ardiam enquanto Jesus pregava. Eles certamente já não tinham a Jesus como um estranho qualquer intrometido que estava de passagem no mesmo caminho.
Jesus sinalizou que passaria adiante quando eles chegaram a seu povoado. E aí é que aqueles dois insistem para que Jesus não prossiga, mas fique um pouco mais. Muito provavelmente Jesus além de faze arder seus corações com a exposição das Escrituras Sagradas, ganhou também a amizade daqueles homens que agora desejavam muito estar na presença do peregrino.
Insistindo para Jesus ficar com eles, argumentaram que já estava ficando tarde e o dia já estava chegando a seu fim. Talvez estivessem dizendo que seria perigoso, e de fato era, para que se caminhasse naquelas estradas à noite por causa dos salteadores que ficavam no caminho. Além disso deveriam estar com fome e se alimentar e descansar, seria bom para “recarregar as baterias” e assim continuar a jornada no dia seguinte com maior disposição.
Isso me faz pensar se quando vamos abordar pessoas desesperançadas. Será que tomamos este exemplo de Jesus pra nós? Jesus não só expôs a palavra, mas de alguma forma, não detalhada por Lucas, Cristo se fez muito próximo daqueles homens. Isso nos leva a conjecturarmos que Jesus foi empático com eles. Isso nos diz e nos questiona o quão somos empáticos em nossas relações.
Independentemente de nos relacionarmos com cristãos ou com não-cristãos, sempre essa relação deve ser de amor. Deus ama toda a criação. E se tratando de um semelhante nosso, um ser humano, devemos amar, assim como Deus ama. Antes de exercermos nossa missão (evangelizar) devemos amar as pessoas. Aproveito para trazer o que disse James Hunt em seu best seller “O monge e o executivo” quando se referiu ao amor dizendo que o amor é o que o amor faz.
Como bons judeus hospitaleiros, então eles convidam Jesus para ficar e terem uma refeição juntos. E sentar-se à mesa era um convite para se ter comunhão com outras pessoas. Desde o preparar o alimento, bem como servi-lo à mesa, se cria um ambiente de proximidade entre as pessoas. Isso não só nos tempo antigos, mas também nos dia de hoje, apesar de cada vez ser menos rotineiro.
Quando estamos à mesa, nos fazemos iguais, pois nos alimentamos e compartilhamos da mesma refeição. Ambos à mesa saciam a fome. Além do mais, não é com todo mundo que se convida à sua casa para uma refeição. Então podemos sim afirmar que Jesus ganhou não só a confiança daqueles discípulos, mas também se tornou desejável a sua presença, a tal ponto que o próprio Jesus é quem vai tomar a posição de anfitrião na mesa.
Isso aponta para um pedido e um ambiente de intimidade. E essa intimidade pode e deve ser realizada em comunidade também, não só particularmente. Foi nessa intimidade que o Senhor abriu os olhos espirituais daqueles homens. Naquele momento eles reconheceram que quem estava diante deles todo esse tempo era o seu mestre amado.
A refeição à mesa é uma forma de comunhão que foi utilizada por Jesus para comunicar sua Graça. Dom Gregório Dix, um monge anglicano da Inglaterra, numa publicação sua que em tradução livre poderia ser chamada de “O formato da liturgia”, notou e sistematizou que às vezes que Jesus se punha à mesa, quatro ações eram operadas por ele: tomar o pão, abençoar ou dar graças, partir o pão e distribuir aos da mesa.
Lucas nos relata no versículo 30: Lucas 24.30
Lucas 24.30 NAA
30 E aconteceu que, quando estavam à mesa, ele pegou o pão e o abençoou; depois, partiu o pão e o deu a eles.
Essas quatro ações também haviam sido operadas e relatadas nas duas milagrosas multiplicações de pães e peixe. Onde o Senhor Jesus recebe ou toma o alimento, abençoa ou agradece, reparte e dá. Da mesma forma como foi descrito na Santa Ceia. E agora nesta refeição com os discípulos de Emaús e também é assim narrado no “café da manhã” quando Jesus ressurreto se encontra com Pedro, João e outros discípulos na praia na segunda grande pesca que de tanto peixe quase não conseguiam puxar as redes.
Quando estabelecemos intimidade com o Senhor, é isso que acontece, uma comunhão misteriosa, semelhante a comunhão que temos quando convidamos alguém pra almoçar ou jantar e nos sentamos à mesa e comemos e bebemos, fazendo-nos próximos e amigos.
Assim como na mesa uma vida foi sacrificada para que tenhamos comunhão, também Cristo nos diz que através de seu sacrifício podemos ter comunhão com Deus. Assim como a nossa vida é alimentada por outra vida sacrificada, também Jesus nos diz que sua vida é que sustém a nossa vida, afinal de contas ele mesmo disse a respeito de si que é pão da vida.
Quando nós temos essa consciência, não nos sentamos e nos portamos mais de qualquer jeito à mesa. Podemos assumir como é feito no sacramento. Ao tomarmos nosso alimento, iremos agradecer de maneira mais especial aquele alimento, e ao repartir com outras pessoas queridas ou não, estaremos comungando vida com ela.
Também podemos abrir nossos olhos espirituais e ver que toda essa intimidade com Deus nos faz pensar em nós mesmos agora como o sacrifício agradável a Ele. Nós é quem nos ofertamos e nos entregamos ao Senhor. Não importa o que pensamos sobre nós mesmos, nem importa em que condições estamos nos achegando a ele como oferta, Jesus simplesmente nos recebe.
Não dá pra imaginar Jesus rejeitando o alimento, seja ele qual for, ele não rejeitou aqueles poucos pães e peixinhos que, segundo os discípulos, nem dariam pro buraco do dente, quanto mais para uma multidão, não , ele não rejeitou. Então ele não rejeita ninguém que responde a seu amor com viva fé. E muito mais, ele nos recebe e ainda abençoa e agradece.
Mas ele não deixa mais como estávamos. Ele nos parte. Ele nos quebra. Ela nos transforma e por fim, ele nos devolve. O que faremos ao receber o nosso novo eu? Cada um tem sua livre consciência para decidir.

Transformados em testemunhas (v.33-35)

É certo que esse novo eu agora é um novo membro do Reino da Graça. Agora um peregrino em terra estranha. Já não mais nos sentimos pertencentes à este mundo e somos impelidos a inciar ou quem sabe a retornar a jornada para nossa Jerusalém Celestial.
Mas esta peregrinação não é silenciosa. O texto nos diz que quando os olhos dos discípulos se abriram e o reconheceram, compreenderam tudo. Até então a pregação de Jesus no caminho foi apenas informação expositiva que re-codificou o pensamento a respeito do Messias em suas mentes.
Mas quando caíram em si que estavam ali se relacionando com o Jesus ressurreto, novos homens se transformaram. Claro que não foi transformação plena e instantânea. Mas foi o start de uma nova realidade, da reorientação da esperança, de um novo sentido para vida, ainda que difícil de digerir tudo aquilo que se passou naqueles instantes, mas que se tornou uma virada, um divisor de águas na vida de homens entristecidos para agora exultantes.
Os mesmos homens que na velha mentalidade argumentaram com Jesus que não seria bom continuar a jornada porque já se findava o dia, são os mesmos, porém com nova mentalidade, que não se contém e resolvem no mesmo instante voltar à Jerusalém. Pra quê? Para pregar para os demais amigos que lá ficaram? Para dizer que agora compreendem toda a escritura explicando ponto a ponto de que toda ela aponta para Jesus? Muito mais que isso. Eles foram testemunhar.
A transformação que Cristo opera nos seus discípulos é de fazê-los testemunhas. Jesus nos faz novas criaturas. Essas criaturas novas são testemunhas. Só se é testemunha de Jesus se você teve um encontro com ele ressurreto. A ressurreição é o grande trunfo no plano de Deus para restauração de sua comunhão conosco.
Aqueles discípulos ao chegarem em Jerusalém e se encontrarem com os onze apóstolos, estes já foram dizendo que também tiveram seu encontro com Jesus ressurreto.
E você? Tem ardido no seu coração quando há exposição da palavra de Deus? E seus encontros com Cristo? Como anda sua intimidade? Você tem convidado o Senhor à sua mesa? Ele tem sido o anfitrião? O que você tem ofertado ao Senhor? Você se ofertado? E depois de ter sido ofertado e quebrado pelo Senhor, tem testemunhado dele?
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