CREATIO EX NIHILO

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Os proponentes de secularismo e ateísmo têm mirado suas armas para a doutrina judaico-cristã da criação, porque, se puderem minar o conceito de criação, a cosmovisão cristã entra em colapso. Fundamental à fé judaico-cristã, é o conceito de que o mundo não surgiu por meio de um acidente cósmico; surgiu por meio da obra direta e sobrenatural de um Criador.

Gênesis 1.1 NAA
No princípio, Deus criou os céus e a terra.

Três pontos fundamentais são afirmados nessa primeira sentença da Escritura: (1) houve um princípio; (2) há um Deus; e (3) há uma criação. Poderíamos pensar que, se o primeiro ponto pode ser estabelecido firmemente, os outros dois seguem por necessidade lógica. Em outras palavras, se houve realmente um princípio para o universo, então deve haver algo ou alguém responsável por esse princípio; e, se houve um princípio, deve haver algum tipo de criação.

Os defensores da teoria do Big Bang, por exemplo, dizem que entre 15 a 18 bilhões de anos atrás o universo começou como resultado de uma explosão gigantesca. No entanto, se o universo explodiu para chegar à existência, do que ele explodiu? O universo explodiu a partir do que não existia? Essa é uma ideia absurda.

Alguém precisa existir para expor o argumento de que nada existe. Devido à verdade de que algo existe e de que há um universo, filósofos e teólogos têm perguntado no decorrer da história: “Por que existe algo, ao invés de nada?” Essa talvez seja a mais velha de todas as questões filosóficas.

A primeira opção é que o universo é autoexistente e eterno. Já notamos que a grande maioria dos secularistas acredita que o universo teve realmente um começo e não é eterno. A segunda opção é que o mundo material é autoexistente e eterno, e há aqueles que, no passado e até hoje, têm sustentado este argumento.

A terceira opção é que o universo foi autocriado. Aqueles que adotam esta opção creem que o universo veio à existência repentina e dramaticamente, por seu próprio poder, embora proponentes deste ponto de vista não usem a linguagem de autocriação, porque entendem que este conceito é um absurdo lógico.

Um dos principais aspectos do iluminismo do século XVIII foi a conjectura de que “a hipótese de Deus” não era necessária para explicar a presença do universo externo. Até aquele tempo, a igreja desfrutara de respeito no campo filosófico. Durante a Idade Média, os filósofos não foram capazes de negar a necessidade racional de uma causa primária, mas, no tempo do iluminismo, a ciência avançara a um nível tal que uma explicação alternativa podia ser usada para explicar a presença do universo sem apelar a uma causa transcendente, autoexistente e eterna ou a Deus.

A expressão usada comumente em lugar de autocriação é criação por chance, e aqui outra falácia lógica é introduzida na questão – a falácia do equívoco. A falácia do equívoco acontece quando, às vezes de modo bastante sutil, as palavras principais num argumento mudam seu significado. Isto aconteceu com a palavra chance. O vocábulo chance é útil em investigações científicas porque descreve possibilidades matemáticas.

Se pudermos eliminar totalmente este conceito, e a razão exige que façamos isso, então ficamos apenas com as duas primeiras opções: que o universo é autoexistente e eterno ou que o mundo material é autoexistente e eterno. Ambas as opções, como mencionamos, concordam em que, se algo existe agora, então algo em algum lugar tem de ser autoexistente.

Uma lei absoluta da ciência é ex nihilo nihil fit, que significa “do nada, nada vem”. Se tudo que temos é nada, isso é tudo que sempre teremos, porque nada não pode produzir algo. Se houve um tempo em que não havia absolutamente nada, então podemos ficar totalmente certos hoje, neste exato momento, de que ainda haveria absolutamente nada. Algo tem de ser autoexistente; algo precisa ter em si mesmo o poder de ser para que alguma coisa exista realmente.

Neste ponto, os materialistas argumentam que não há necessidade de um Deus transcendente para explicar o universo material, porque o núcleo de existência eterno e pulsante pode ser achado dentro do próprio universo e não fora dele, no grande além.

Quando a Bíblia fala de Deus como transcendente, não está descrevendo a localização de Deus. Não está dizendo que Deus vive em algum lugar “lá em cima” ou “lá fora”. Quando dizemos que Deus está acima e além do universo, estamos dizendo que ele está acima e além do universo no que diz respeito a seu Ser. Ele é ontologicamente transcendente. Qualquer coisa que tenha em si mesma o poder de ser, precisa ser distinguida de qualquer coisa que é derivada e dependente. Portanto, se há algo autoexistente no âmago do universo, esse algo transcende, por sua própria natureza, todas as outras coisas. Não nos preocupamos com o lugar onde Deus vive. O que nos interessa é a sua natureza, o seu ser eterno e a dependência de todo o universo em relação a ele.

O ponto de vista cristão é: “No princípio, Deus…” Deus não é nada. Deus é algo. Deus é autoexistente e eterno em seu ser, e somente ele tem a capacidade de criar coisas a partir de nada. Deus pode chamar o mundo à existência. Isto é o poder de criação em seu sentido absoluto, e somente Deus tem esse poder. Somente ele tem a capacidade de criar matéria, não apenas de moldá-la de algum material pré-existente.

Um artista pode pegar um bloco quadrado de mármore e dar-lhe a forma de uma linda estátua ou pegar uma tela plana e transformá-la por dispor pigmentos de tinta em um lindo padrão, mas não foi assim que Deus criou o universo. Deus chamou o mundo à existência, e sua criação foi absoluta no sentido de que ele simplesmente não remodelou coisas que já existiam.

A Escritura nos dá a mais breve descrição de como Deus fez isso. Achamos na Escritura o “imperativo divino” ou o “fiat divino”, pelo qual Deus criou pelo poder e autoridade de seu comando. Deus disse: “Haja luz…” e houve luz. Esse é o imperativo divino. Nada pode resistir ao comando de Deus, que trouxe à existência o mundo e tudo que nele há.

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