PROVIDÊNCIA

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Romanos 8.28 NAA
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Uma das maneiras pelas quais a mentalidade secular tem penetrado na comunidade cristã é pela cosmovisão que presume que tudo acontece de acordo com causas naturais fixas, e Deus, se ele realmente existe, está acima e além de tudo. Ele é apenas um espectador que do céu olha para baixo, talvez nos incentivando, mas sem exercer qualquer controle imediato sobre o que acontece na terra.

Uma das mais antigas afirmações da igreja antiga resume a essência do relacionamento entre Deus e seu povo: Deus pro nobis. Significa “Deus por nós”. Isso é a essência da doutrina da providência. É Deus sendo por seu povo.

Romanos 8.29–31 NAA
Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Que diremos, então, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?

A palavra latina provideo, da qual obtemos nossa palavra providência, significa “ver de antemão, uma visão antecipada, uma previsão”. Mas os teólogos fazem uma distinção entre a presciência de Deus e a providência de Deus. Ainda que a palavra providência signifique etimologicamente a mesma coisa que a palavra presciência, o conceito abrange significativamente muito mais terreno do que a ideia de presciência. De fato, a coisa mais próxima desta palavra latina é a palavra provisão.

Quando lemos a narrativa da criação em Gênesis, afirmando que Deus criou todas as coisas, a palavra hebraica traduzida por “criou”, bara, significa mais do que Deus apenas fazendo as coisas e se retirando do cenário. Significa que o que Deus cria e traz à existência ele sustenta e preserva. Portanto, somos dependentes de Deus não somente quanto à nossa origem, mas também quanto à nossa existência a cada momento.

Nossa cultura tem sido influenciada grandemente pela opinião pagã de que a natureza age de acordo com leis fixas independentes, como se o universo fosse uma máquina impessoal que, de algum modo, foi montada por acaso. Há a lei da gravidade, as leis da termodinâmica e outros poderes que mantêm tudo em operação; há uma infraestrutura no universo que o faz continuar. No entanto, o ponto de vista bíblico é que não poderia haver um universo sem o ato divino de criação, e, quando Deus criou o universo, ele não saiu de cena e o deixou a funcionar sozinho. O que chamamos de “leis da natureza” apenas reflete a maneira normal pela qual Deus sustenta ou governa o mundo natural. Talvez o conceito mais ímpio que tem cativado a mente de pessoas modernas seja a crença de que o universo opera por acaso. Isso é o extremo da tolice

O conhecimento da providência divina traz consolo em nosso sofrimento. Deus está no controle não somente do universo e de seu funcionamento, mas também da história. A Bíblia nos diz que Deus levanta reinos e os abate, e nossa situação individual na vida esta relacionada, em última análise, com o que Deus ordenou para nós em sua providência. Nossa vida está em suas mãos, nossa vocação está em suas mãos, como o estão nossa prosperidade e nossa pobreza – ele governa todas estas coisas em sua sabedoria e bondade.

Talvez um dos aspectos mais difíceis da providência seja a doutrina da simultaneidade, que, em um sentido, é o fato de que todas as coisas que acontecem, até o nosso pecado, é a vontade de Deus. Quando dizemos isso, podemos ser culpados de tornar Deus o autor de mal e de culpá-lo por nossa impiedade. Deus não é autor de pecado, embora todo pecado seja cometido sob a autoridade soberana de Deus.

Esse é o grande mistério da providência – uma simultaneidade. No mistério da providência divina, Deus realiza a sua vontade até por meio de nossas decisões intencionais.

Quando José disse: “Vós intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem”, ele queria dizer que, embora seus irmãos houvessem intencionado algo mau, a boa providência de Deus estava por trás daquilo, e Deus estava agindo, por meio da impiedade deles, para o bem do povo. Vemos a mesma coisa no Novo Testamento, quando consideramos Judas. Visando ao mal, Judas traiu a Jesus, mas Deus estava usando o pecado de Judas para realizar a nossa salvação.

Esse é o grande consolo da doutrina da providência, o fato de que Deus está sobre todas as coisas e as realiza conjuntamente para o bem de seu povo (Rm 8.28). Ele é a fonte suprema de nosso consolo.

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