Todos anseiam um rei - Juízes 19-21

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Introdução

O período de Juízes - Aproximadamente 300 anos de história (1350-1050 a.C)
A história deuteronomista (Josué - 2Reis)
“Esses livros constituem a história teológica escrita com a perspectiva de Deuteronômio e do quanto Israel (e Judá) se conforma aos princípios da aliança desse livro ou se afasta deles.” (Eugene Merril, Teologia Bíblica do AT - p.401)
Uma geração fiel dá lugar a uma geração impiedosa
Jz 2.10-13 “10 Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel. 11 Então os israelitas fizeram o que o Senhor reprova e prestaram culto aos baalins. 12 Abandonaram o Senhor, o Deus dos seus antepassados, que os havia tirado do Egito, e seguiram e adoraram vários deuses dos povos ao seu redor, provocando a ira do Senhor. 13 Abandonaram o Senhor e prestaram culto a Baal e a Astarote.”
Há um enorme contraste entre a geração de Josué e a nova geração da época dos juízes
a) A geração de Josué - Foi fiel a Deus apesar das grandes dificuldades em conquistar a terra que Deus havia prometido
b) A geração de Juízes - Uma geração que ecoava o refrão do livro: "Seguir seu próprio caminho"
Há um refrão que ecoa durante todo o livro de Juízes:
Jz 4.1 “1 Depois da morte de Eúde, mais uma vez os israelitas fizeram o que o Senhor reprova.”
Qual era o problema daquela geração?
Adoravam vários deuses das nações ao seu redor
Buscaram sua própria vontade
Imaginaram que não teria problema viver assim...
Timothy Keller dá um diagnóstico:
“Qualquer coisa que nos controla se torna nosso deus [...] Quem busca poder é controlado pelo poder. Quem busca aceitação é controlado pelas pessoas a quem deseja agradar. Não controlamos a nós mesmos. Somos controlados pelo senhor de nossa vida.”
O livro de Juízes então ficou conhecido como o ciclo de falhas interminável, durante 300 anos.
O povo se rebelava
Deus se ira
Vem opressão dos inimigos
O povo levanta um clamor (arrependimento)
Deus trás libertação por meio de um juiz escolhido
Há paz na terra
O juiz morre
O povo se rebela
Jz 2.11 “11 Então os israelitas fizeram o que o Senhor reprova e prestaram culto aos baalins.”
2 e 3. Deus se ira; vem opressão dos inimigos
Jz 2.14-15 “14 A ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou nas mãos de invasores que os saquearam. Ele os entregou aos inimigos ao seu redor, aos quais já não conseguiam resistir. 15 Sempre que os israelitas saíam para a batalha, a mão do Senhor era contra eles para derrotá-los, conforme lhes havia advertido e jurado. Grande angústia os dominava.”
4. O povo levanta um clamor (arrependimento)
Jz 2.18 “18 Sempre que o Senhor lhes levantava um juiz, ele estava com o juiz e os salvava das mãos de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o Senhor tinha misericórdia por causa dos gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam.”
5. Deus trás libertação por meio de um juiz escolhido
Jz 2.16 “16 Então o Senhor levantou juízes, que os libertaram das mãos daqueles que os atacavam.”
6. Há paz na terra
Jz 3.11 “11 E a terra teve paz durante quarenta anos, até a morte de Otoniel, filho de Quenaz.”
7. O juiz morre
Jz 2.19 “19 Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado.”
Só que a estrutura de Juízes é assustadora: Cada vez que o ciclo acontece, ele revela mais e mais o erro. Há uma aspiral da maldade
Jz 2.19 “19 Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados...
O livro de Juízes mostra então, exemplos palpáveis do ciclo (Capítulo 1-2) e também um fechamento, uma conclusão da decadência (Jz 17-21). Se você leu Juízes, você pode ter percebido que parecem histórias desconexas, que fecham com o livro… Mas veremos na prática o ciclo da decadência, e o grande anseio: um rei.

A história da degradação de Israel (Jz 19-21)

[...] pessoas desprezíveis realizando coisas deploráveis
Qual é o tamanho da maldade humana?
O tamanho da adoração prestada ao seu "deus"...
A perversidade a vista de todos (Jz 19-21)
Líder responsável pela adoração, toma uma prostituta para si, é traído e retorna após 4 meses para "buscá-la" (Jz 19. 1-3)
Um levita levando sua vida de maneira leviana, toma para si uma mulher como sua “esposa”. Mas, a palavra usada dá a entender que ela apenas para o seu prazer sexual. (v.1)
Essa mulher era de Belém, onde retorna após trai-lo (uma palavra que dá duplo sentido nas traduções). (v.2)
Esse homem permanece 4 meses distantes dela, não porque estava esfriando a cabeça, muito possivelmente porque não queria mais estar com ela (v.2-3)
Chega na casa deu seu sogro, e desfruta de dias de muita festa. Muito possivelmente para que a vergonha que a filha havia gerado pudesse ser sanada. Um sogro hospitaleiro aparentemente, dá lugar a um homem buscando manter o status. (v.3)
É convencido por seu sogro após 5 dias, para seguir viagem com sua concubina até Jerusalém (Jz 19.4-10)
Após alguns dias, ele parte junto com sua esposa em direção a Jerusalém, possivelmente para adorar a Deus lá.
Durante a viagem, param em Gibeá (tribo de benjamin) onde ficam hospedados na casa de um senhor da tribo de Efraim. (Jz 19.11-20)
Poderia ter ficado na terra dos Jebuseus, onde não fazia parte do domínio Israelita. O levita não quis permanecer ali, por não se tratar de “uma cidade estrangeira (v.12)
Chegaram na cidade de Gibeá, onde ninguém os recebeu para passar a noite (como de costume). (v.15)
Um homem idoso que não era natural dali, era Efraita, os recebeu em casa, pois não era indicado que passassem a noite na praça, mesmo tendo os mantimentos necessários para pernoitar ali. (v.16-20)
Homens da cidade queriam ter relações com o levita, o dono da casa oferece sua filha e a concubina, passando a noite com elas. (Jz 19.22-25)
Enquanto estavam juntos, alguns “vadios da cidade”, cercando a casa e gritando: “traga para fora o homem que entrou em sua casa para que tenhamos relações com ele!” (v.22)
O idoso tentou de alguma forma alertar que era uma loucura, “não sejam tão perversos” (v.23)
O idoso teve a ideia de oferecer sua filha e a concubina do levita, para que eles usassem (v.24)
Então, o Levita mandou sua concubina, onde aqueles homens perversos violentaram e abusaram delas a noite toda! (v.25)
No dia seguinte, o levita pega sua concubina, parte ela em 12 pedaços e envia pedaços para as 12 tribos de Israel (Jz 19.26-29)
Após uma noite de terror, a concubina é deixada na porta da casa, no clarear do dia. (v.26)
“Quando seu senhor se levantou” veja o tratamento do homem com relação a mulher, não como um marido, mas como uma posse que essa mulher era para ele. (v.27)
Ele disse a ela: levante-se, vamos! Como um sinal claro do tratamento que estava dando a ela. Ela não lhe respondeu, ele a colocou no jumento e levou para casa (v.28)
Chegando em casa, corta a mulher em doze partes, e envia a todas as 12 tribos de Israel, mostrando o que aconteceu de fato. (v.29)
Juízes 19.30 NVI
30 Todos os que viram isso disseram: “Nunca se viu nem se fez uma coisa dessas desde o dia em que os israelitas saíram do Egito. Pensem! Reflitam! Digam o que se deve fazer!”
A maldade do povo de Israel tornou-se algo tão repugnante, tão absurda que o próprio povo estava assustado e surpreso. Quando lemos a história dos juízes, percebemos então a aspiral da maldade tomando conta, e agora, de maneira escolhida e premeditada, o autor do livro de Juízes mostra que ela tornou-se assustadoramente absurda. Uma história que nos lembra de Gênesis 19, a perversidade de Sodoma e Gomorra.
Mesmo em uma época com grandes problemas morais em Israel, parece-nos que a maldade chegou a um ponto de tornar-se insuportável. O pecado é assustador, e seu potencial de gerar desgraças realmente não tem limites. Quando há idolatria, não há limite para o poder do pecado
[...] pessoas desprezíveis realizando coisas deploráveis

As consequências

Todos os Israelitas se juntaram contra a tribo de Benjamin (Jz 20.1-11)
“Como um só homem” eles se juntaram agora para debater o que iriam fazer aos Benjamitas. Esse momento havia acontecido pela última vez, para continuar a conquista a terra, agora estão reunidos para ouvir um levita egoista, pronto a atacar seus próprios irmãos.
O relato do levita mostra a sua hostilidade, dando apenas a versão onde ele foi atacado, mas omitindo claramente a sua omissão em defender sua mulher (v.4-6). A hostilidade dos homens de Gibeá vem a tona, mas o levita sai ileso, e a sua perversidade é ignorada.
Agora esse povo estava unido em direção a uma cidade da tribo de Benjamin
Os Benjamitas não entregaram os homens perversos, e armaram-se para lutar (Jz 20.12-17)
Homens de Israel foram enviados para conversar com os moradores de Benjamin, para trazer juízo contra os homens que fizeram essa atrocidade. (v.12-13)
Quando chegam lá, os benjamitas não deram ouvidos as questões levantadas pelos seus irmãos. (v.14) Eles deveriam “eliminar esse mal de Israel”, mas agora deixaram impunes os estupradores, por serem “dos seus”.
Naquele dia, reuniram 26.700mil homens armados a espada para lutar contra seus próprios irmãos. A guerra está armada, prepare-se, teremos sangue.
Israel levantou 400mil homens para lutar contra eles.
Uma guerra civil que gerou quase a extinção de uma tribo (Jz 20.18-48)
A primeira batalha é vencida pelos benjamitas, com a morte de 22mil homens. (v.21)
A segunda batalha tem a morte de mais 18mil de Israel (v.25)
Os Israelitas consultam ao Senhor, e Deus dá o veredicto para que avancem mais uma vez (v.27) - Algo interessante é a localização proposta pelo autor, mostrando que Finéias, o neto de Arão era o sacerdote naquele momento. Esse era fiel e zeloso em levar o povo a adorar ao Senhor, onde por dois momentos - durante a peregrinação no deserto (Nm 25) e já na terra prometida, ele foi zeloso em ir contra a aparente idolatria das tribos que ficaram instaladas antes do Jordão (Js 22).
Israel adotou uma nova estratégia de guerra, ferindo agora 25,100mil Benjamitas (v.35)
Eles fizeram a fumaça subir, como uma clara referência ao que aconteceu com as cidades de Sodoma e Gomorra (v.38-39)
Atacaram as cidades e literalmente matando TUDO (v.47-48) uma chacina sem tamanho, não deixando sobrar nada. A vingança sempre será com uma medida que extrapola o fato, e foi isso que aconteceu. Vingaram o pecado.
Sobraram apenas 600 homens de Benjamin, que fugiram e se esconderam (v.47) um extermínio que quase resultou a extinção de uma tribo INTEIRA
Toda Israel dá um "jeitinho" para reconstruir a tribo com os 600 homens que sobraram (Jz 21.1-24)
O povo fez um juramento tosco diante do Senhor, que não daria nenhuma das suas mulheres aos homens de benjamin (v.1)
O povo chegou diante do Senhor, chorando alto e lamentando “por que aconteceu isso em Israel? (v.2) choraram o próprio erro, e sua insensatez diante de um juramento sem qualquer escrupulo (lembram do voto de Jefté)
Agora, ao invés de consultar ao Senhor, tentam resolver o problema que eles mesmos fizeram, com mais um problema. (v.7-24)
Mataram os moradores de Jabes-Gileade que não eram virgens, por causa de um compromisso (v.10)
Pegaram 400 virgens daquela região e levaram até os homens de benjamin (v.12-13)
E os 200 que sobraram? Uma ideia genial, durante a festa anual do Senhor, em Siló, eles deveriam roubar as mulheres que saiam para a dança, e os homens deveriam ter misericórdia desse ato (v.20-24)
O comentário final de um livro de tragédias (Jz 21.25)
“25 Naquela época não havia rei em Israel: Esse era um grito de desespero, não há quem nos guie na direção correta. Precisamos de um rei.
cada um fazia o que lhe parecia certo.” : Esse é o resultado claro daqueles que não tinham nenhum escrupulo em sua vida, seguir suas vontades e fazer o que lhe parece certo.
Esse é o quadro do povo de Deus:
Prostituição, Poder, Guerra Civil, Esquartejamento, Justiça frouxa, Perversidade, Assassinato, Estupro, Vingança, Falso Juramento, Divisão, Roubo...
Essa é a realidade do povo de Deus, no momento em que vive os ciclos de falhas em sua totalidade. Se não há uma mudança verdadeira e real, há uma aspiral da maldade até o ponto de vivenciar a história que acabamos de presenciar.

Conclusão: O que podemos aprender com isso?

“Esses capítulos retratam como as sociedades não centradas em Deus funcionam: adoram algo que não é o Deus verdadeiro; decidem o que parece correto, lógico e razoável aos próprios olhos; perguntam-se por que as coisas nunca melhoram; e finalmente argumentam que Deus, caso ele exista mesmo, não se importa como com as pessoas.” (Juízes para você - Timothy Keller (p. 203)
O ciclo da sociedade sem Deus:
Idolatria
Decisão centrada em si
Questionamento
Incredulidade

1) A idolatria nos faz viver um ciclo de falhas sem fim

Paulo, ao escrever para uma das igrejas das quais eu creio que nós mais parecemos, relembra a história do povo de Israel, mostrando que:
As histórias de Israel são um alerta (1Co 10.11-12 “11 Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos. 12 Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!”)
Porque no meio de vocês, tem imoralidade e idolatria! (1Co 5.1-2 “1 Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, ao ponto de um de vocês possuir a mulher de seu pai. 2 E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso?” )
O pecado não deve fazer parte de nossas vidas, tanto individualmente, quanto em nossa comunidade. Quando passamos a tolerar o pecado em nossas vidas, naturalmente toleramos comunitariamente, isso leva a um ciclo sem fim de falhas. Precisamos olhar para essa história desesperadora de Israel e avaliarmos a nossa vida.
Qual tem sido a sua postura com relação ao pecado?
Como você tem permitido Deus tratar seu coração?
Qual é a sua atitude quando o seu irmão peca? Tolerância, Intolerância ou tramento?

2. Deus é o único que pode resolver essa situação, e ele fez

“Por enquanto, todos nós buscamos um rei, alguém que nos governe, alguém que nos resgate. Somente uma pessoa oferece o que buscamos. Temos de buscar o Rei mais poderoso, o Juiz por excelência - ou serviremos a um rei e juiz falso.”
Se não houver uma mudança do reinado em nosso coração, passaremos a vida adorando a um Deus e juiz falso, da qual nunca resolverá as grandes crises do nosso coração. Os anseios que desejamos serão encontramos no Rei verdadeiro. A questão mais linda do fim desta história, é que ela não termina com a crise e total desesperança em Israel. Ela é um preâmbulo do que Deus estava construindo por meio do povo de Israel. Muitos comentaristas entendem que a história que lemos faz parte do que podemos chamar de:
A tríade belemita:
História 1 - Levita de Belém, neto de Moisés que desenvolve um centro de adoração ao Senhor com ídolos.
História 2 - Um levita, mas ironica­mente de Efraim que se casou com uma mulher de Belém.
História 3 - O livro de Rute, que conecta-se a partir de um crise de Belém com o Rei prometido, Davi (Rt 4)
Rt 1.1 “1 Na época dos juízes houve fome na terra. Um homem de Belém de Judá, com a mulher e os dois filhos, foi viver por algum tempo nas terras de Moabe.”
Rt 4.18-22 “18 Esta é a história dos antepassados de Davi, desde Perez: Perez gerou Hezrom; 19 Hezrom gerou Rão; Rão gerou Aminadabe; 20 Aminadabe gerou Naassom; Naassom gerou Salmom ; 21 Salmom gerou Boaz; Boaz gerou Obede; 22 Obede gerou Jessé; e Jessé gerou Davi.”
Calma, o rei virá! Aquele que será muito além de Davi. Sim, esse rei resolverá o nosso problema.
Sl 96.11-13 “11 Regozijem-se os céus e exulte a terra! Ressoe o mar e tudo o que nele existe! 12 Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria todas as árvores da floresta, 13 cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com a sua fidelidade!”
A cruz trouxe o rei vestido em sua maior realeza: Vestido não com roupas de púrpura nem rodeado de exaltação, antes com uma coroa de espinhos, roupas rasgadas e cheias de sangue. Lá, estava o rei prometido e aguardado na história de Israel, proclamado pelos salmistas e de uma vez por todas pronto a julgar a terra com justiça e fidelidade. Ele, é o rei que Israel desesperadamente precisava, e Ele é o Rei que precisa para governar o nosso coração! Todos anseiam um Rei!

Quem é o rei da sua vida?

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