A14 - Justificação, tornado justo

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Alvo da lição: entender a doutrina da justificação e suas implicações práticas.
Texto básico: Rm 5.1-11
Romans 5:1–11 ARA
1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; 2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. 3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; 4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. 6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. 8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; 11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.
Pergunta Inicial: Quando se fala em justificação, quais ideias são mais presentes em nossa mente?
No decorrer da história, as pessoas sempre acharam difícil conhecer a Deus. Elas sempre tiveram um desejo forte de conhecê-Lo e estar em paz com Ele, mas sentem que, de alguma maneira, Ele lhes está oculto.
As pessoas têm proposto muitos motivos para esse problema. Algumas têm dito que é o nosso corpo físico que nos mantêm afastados de Deus. Se pudéssemos escapar para um reino não-físico, transcendental, conheceríamos a Deus. Outras acreditam que o problema é a ignorância. Se pelo menos pudéssemos descobrir coisas suficientes a respeito de Deus, então nossos problemas acabariam.
A Bíblia, por outro lado, declara que a causa radical do nosso problema é o pecado. Em vez de apresentar uma teoria ou uma filosofia sobre a origem do mal, a Bíblia conta uma história: a história de como Adão e Eva abandonaram o relacionamento perfeito que tinham com Deus. Gênesis 2-3 aponta para um acontecimento bem no início de nossa existência na terra, e o apóstolo Paulo, em Romanos 5.12, confirma-o declarando: "Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte".
Houve muitas outras consequências do ato original de rebeldia, mas o centro do problema humano é essa separação de Deus, provocada pelo pecado. A Bíblia conta como Deus tratou da culpa humana e como reconciliou novamente o homem com Ele e com a Sua justiça. A essa doutrina chamamos justificação.
Uma visão correta da justificação é crucial à fé cristã. Uma visão verdadeira sobre a justificação é a linha divisória entre o evangelho bíblico da salvação e todos os falsos evangelhos baseados nas boas obras.

1. O que é justificação

O que é justificação? O uso, na Bíblia, da palavra justificar indica que a justificação é uma declaração legal da parte de Deus.
No Novo Testamento, o verbo justificar tem uma variedade de significados, mas um sentido comum é "declarar justo".
Justificação, portanto, é o ato de Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê em Cristo Jesus.
Conforme o Concílio de Trento, a justificação é alguma coisa que nos transforma e nos torna mais santos internamente. Esse Concílio promulgou que a justificação é algo que Deus faz dentro de nós quando somos batizados e quando professamos a fé católica. Além disso, ensinam que a pessoa pode experimentar uma variedade de graus de justificação. Lemos: "o grau da graça justificante não é idêntico em todos os justos" e "a graça pode ser aumentada pelas boas obras".
A consequência da visão católica da justificação é que não apenas ela confunde regeneração com justificação, mas ensina que a nossa vida eterna com Deus não é baseada exclusivamente na graça de Deus, mas em nossos méritos também.
O que exatamente está envolvido na justificação? Na verdade, a justificação envolve dois aspectos fundamentais.

1. A remissão da penalidade do pecado

Genesis 2:16–17 ARA
16 E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, 17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
Romans 5:12–14 ARA
12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. 13 Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. 14 Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
Romans 6:23 ARA
23 porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Justificação significa que Deus declara que não temos penalidade a pagar pelo pecado, incluindo os pecados do presente, do passado e do futuro.
Isso significa que nós não estamos sujeitos a nenhuma acusação ou condenação (Rm 4.6-8; 8.1,33). Justificação é o oposto da condenação.
Condenar alguém é declarar uma pessoa culpada, e justificar significa declarar inocente. Não é algo operado no homem, mas sim algo declarado sobre o homem. Enquanto a regeneração é um ato de Deus em nós, a justificação é algo externo, é o julgamento de Deus a nosso respeito.

2. A imputação da justiça de Cristo

Psalm 32:2 ARA
2 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo.
Romans 1:17 ARA
17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
2 Corinthians 5:21 ARA
21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
Perdão dos pecados é uma parte da justificação. A outra, igualmente importante, é a imputação da justiça de Cristo a nós. Essa é a veste nupcial de Mateus 22.11-12.
Matthew 22:11–12 ARA
11 Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste nupcial 12 e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu.
Isso significa que Deus considera a justiça de Cristo como pertencente a nós. Deus nos veste com a pureza de Cristo.
Romans 4:3 ARA
3 Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
Romans 5:17 ARA
17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
Assim como quando Adão pecou sua culpa foi imputada a nós, Deus a viu como pertencente a nós, agora também a justiça de Cristo é imputada a nós. Paulo sabe que a justiça que ele tem diante de Deus não é algo que vem de seu próprio agir; é a justiça de Deus que vem através de Jesus Cristo (Rm 3.21-22).
Romans 3:21–22 ARA
21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; 22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção,
Relembrando: Justificação, portanto, é o ato de Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê em Cristo Jesus. Isso significa que Deus declara que não temos penalidade a pagar pelo pecado, incluindo os pecados do presente, do passado e do futuro. E, da mesma forma que, quando Adão pecou, sua culpa foi imputada a nós, agora, também, a justiça de Cristo é imputada a nós.

II. O método da justificação

A justificação chega a nós por dois meios.

1. Através da graça de Deus

Job 25:4 ARA
4 Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher?
Psalm 143:2 ARA
2 Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente.
Galatians 2:16 ARA
16 sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.
Romans 3:24 ARA
24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
Titus 3:5 ARA
5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,
Titus 3:7 ARA
7 a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.
A Bíblia ensina que a justificação é totalmente pela graça. Não pela graça e mais algum mérito de nossa parte.
Isso é o que Martinho Lutero e outros reformadores viram tão claramente e que deu grande motivação à Reforma Protestante. Mas, na verdade, isso foi simplesmente um restabelecimento do evangelho original, que declara que "o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.23).

2. Por meio de nossa fé nos méritos de Cristo

Galatians 2:16 ARA
16 sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.
Romans 3:25–26 ARA
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; 26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.
As Escrituras nunca dizem que somos justificados por causa de nossa bondade ou por causa das nossas boas obras. Antes, as Escrituras dizem que somos justificados "mediante" nossa fé nos méritos de Cristo.
Fé é aquela atitude oposta do depender de si mesmo. O homem de fé não olha para dentro, mas para fora, não conta consigo mesmo ou com qualquer mérito próprio, mas espera totalmente em Deus.
Nós estamos totalmente fora de condições de sermos justos por nós mesmos, como disse o profeta Isaías: "nossa justiça não passa de trapos de imundícia". Só o homem justificado por Deus, ou seja, aquele que recebe a justiça que procede de Deus, em Cristo, pode ter absoluta certeza de estar livre da condenação divina.
O homem não é perdoado no sentido de Deus ter deixado impune seu pecado. O pecado foi pago no sofrimento e morte de Cristo. Ele tomou sobre Si a pena, o castigo (Is 53). Essa é a base de nossa justificação.

III. Os resultados da justificação

Depois de estudarmos o significado de justificação e os meios pelos quais somos justificados, vamos agora descrever os frutos da justificação ou suas bem-aventuradas consequências. O capítulo 5 de Romanos faz seis afirmações com referência àqueles a quem Deus justificou.

1. Temos paz com Deus (Rm 5.1)

Romans 5:1 ARA
1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
O homem justificado tem as mesmas limitações do homem sem Deus, padece das mesmas enfermidades e tribulações, todavia, tem um privilégio: usufrui a paz com Deus.
Paz com Deus é mais do que um agradável sentimento de felicidade. Significa que o homem justificado não está mais em estado de guerra com Deus. Foi celebrado um pacto de paz, de modo que Deus e o crente estão agora em um relacionamento estreito de amizade.

2. Fomos trazidos para um estado de graça, no qual estamos firmes (Rm 5.2)

Romans 5:2 ARA
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
Deus nos introduziu no Seu santuário, à sua presença. Como mostra o dr. John Stott: "não se trata de simples aproximação periódica de Deus. Nós temos o privilégio de viver no templo e no palácio ... é relação contínua com Deus; uma relação permanente e segura. Nós estamos firmes nessa relação com Deus e nada pode separar-nos de Deus e do Seu amor (Rm 8.38-39)".

3. Podemos nos alegrar na esperança da glória de Deus (Rm 5.2)

Romans 5:2 ARA
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
Os seres humanos redimidos, que foram criados para a glória de Deus, mas que, por causa do pecado, foram destituídos dessa glória (Rm 3.23), irão finalmente participar plenamente de Sua glória (Rm 8.17). Devido à justificação já podemos nos alegrar na certeza dessa glorificação final!

4. Também nos alegramos nas próprias tribulações (Rm 5.3-8)

Romans 5:3–8 ARA
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; 4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. 6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. 8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
Para o dr. Stott, as tribulações mencionadas neste texto não são aquelas derivadas de nossa existência terrena. A palavra usada literalmente quer dizer pressões e refere-se especificamente à oposição e perseguição por parte de um mundo hostil.
Qual é a atitude que se espera do cristão face a essas pressões? Que ele reaja com atitude positiva de regozijo, em vez de murmurar ou apenas suportá-la.
"Ter alegria em Deus quando nada justifica essa alegria, é a glória dos que estão justificados pela fé" (K. Barth). Na verdade, sofremos agora tanto quanto antes, mas já não há mais o desespero venenoso, destrutivo que sobrevém à alma do homem não justificado. As pressões só nos enrijecem e nos tornam mais resistentes e pacientes. Afinal, sem sofrer, nunca aprenderíamos a ser perseverantes, pois sem sofrimento não haveria nada para suportar. O homem justificado, portanto, pode se alegrar, mesmo na tribulação, porque sua esperança não depende de criatura alguma, mas está fundamentada em Deus e no Seu inabalável amor.
Mas como ter certeza do amor de Deus? O versículo 8 responde: "Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores"

5. Seremos salvos da ira divina (Rm 5.9-10)

Romans 5:9–10 ARA
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
Os versículos 9 e 10 atribuem a nossa reconciliação e nossa salvação à morte do Filho de Deus. Está claro: só Cristo pode nos salvar e nos livrar da ira vindoura, ninguém mais.

6. Alegramo-nos no próprio Deus (Rm 5.11)

Romans 5:11 ARA
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.
Para o homem justificado, todo o motivo de vanglória é excluído, conforme Romanos 3.27. Se ele quer se gloriar, vai se gloriar em Deus. Mas essa exultação não pode ser aquela atitude de se orgulhar como se Deus fosse propriedade exclusiva nossa, como faziam os judeus. Pelo contrário, como diz o dr. Stott: "A exultação cristã em Deus começa com o tímido reconhecimento de que nós não temos o mínimo direito sobre ele... exultar em Deus é gloriar-se ... não no fato de que ele nos pertence, mas porque nós lhe pertencemos".

OS RESULTADOS DA JUSTIFICAÇÃO

Temos paz com Deus (Rm 5.1)
Fomos trazidos para um estado de graça, no qual estamos firmes (Rm 5.2)
Podemos nos alegrar na esperança da glória de Deus (Rm 5.2)
Também nos alegramos nas próprias tribulações (Rm 5.3-8)
Seremos salvos da ira divina (Rm 5.9-10)
Alegramo-nos no próprio Deus (Rm 5.11)

Aplicação: Somos justificados: eficientemente, por graça; meritoriamente, por Cristo; instrumentalmente, pela fé.

Sugestão Final

1. Será que temos usufruído dos frutos da justificação, conforme a lição nos apresenta no tópico III?
2. Temos tido paz e uma relação contínua com Deus?
3. Temos certeza de que vamos participar plenamente da glória de Deus?
4. Temos sido pacientes e esperançosos diante das pressões, do sofrimento e das tribulações que nos afetam?
Peça que leiam juntos Romanos 5.11.

Conclusão

Conclusão: Aprendemos hoje que a justificação é a parte legal da salvação. Não é algo feito no crente, mas é algo declarado sobre o crente. Os homens não são salvos por "fazerem o melhor que podem", mas são salvos por "crerem Naquele que fez o melhor". Somos justificados: eficientemente, por graça; meritoriamente, por Cristo; instrumentalmente, pela fé.
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