Jesus e as crianças
A Missão do Rei • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
No último domingo falamos sobre uma aliança indissolúvel, como as verdades do evangelho se refletem na vida conjugal. Hoje continuaremos falando sobre um outro tema que tem a ver com família, a relação de Jesus com as crianças. O início do capítulo 10 divide-se em duas seções: Jesus ensina sobre o casamento nos versículos 1-12 e sobre os filhos nos versículos 13-16.
13 Então trouxeram algumas crianças a Jesus para que as abençoasse, mas os discípulos os repreendiam. 14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes:
— Deixem que os pequeninos venham a mim; não os impeçam, porque dos tais é o Reino de Deus. 15 Em verdade lhes digo: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.
16 Então, tomando as crianças nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.
O fato que lemos aqui ocorre enquanto Jesus estava a caminho de Jerusalém, isso significa que Jesus estava na parte final do seu ministério terreno. Mais de dois anos já tinham passado, e isso significa que aquela viagem era a viagem para a cruz, uma caminhada dramática e dolorosa, mas que não o tornou indiferente a atender as crianças. Ele encontrou tempo e dedicou atenção para crianças.
Talvez você esteja falando, mas quem não pararia para dar atenção as crianças? Pois é, o contexto que Jesus se encontrava era bem diferente do nosso, as crianças não percebidas como em nossa cultura. Vocês se lembram das multiplicações de pães e peixes? Lembra que mulheres e crianças não eram contados? As crianças não entravam nem no senso. Não havia uma compreensão de dignidade como nós temos, as crianças eram apenas uma posse. Por isso, é até um pouco compreensível a atitude dos discípulos em de alguma forma tentar impedir a aproximação das crianças. Porém, Jesus realmente ama as criancinhas do mundo. Infelizmente, muitas pessoas não compartilham o amor de Jesus. Nos dias de Jesus, os filhos muitas vezes eram vistos como uma responsabilidade até que pudessem contribuir para a sociedade. Algumas pessoas hoje tratam as crianças como pouco mais que uma mercadoria a ser usada e descartada.
Ao longo da história, o valor intrínseco das crianças tem sido muitas vezes ignorado. Exemplos bíblicos de crianças desonradas como portadoras da imagem de Deus incluem a morte de bebês por Herodes durante os dias de Jesus, espelhando o Faraó no Êxodo. Em geral, as crianças não eram muito estimadas pelos romanos. Na época de Jesus, os romanos tinham uma pilha de lixo ao lado de muitas casas onde as pessoas podiam deixar crianças indesejadas. Se outras pessoas quisessem as crianças, elas iriam buscá-las. Às vezes, essas crianças eram criadas para serem prostitutas, gladiadoras ou escravas.
Nos dias de hoje, as crianças também sofrem em uma sociedade que não se importa com elas. Sem considerar os abortos espontâneos e o genocídio do aborto, as estatísticas de hoje em dia são dolorosas. Catorze mil crianças que chegam à nascer morrem todos os dias antes dos cinco anos de idade (mais de cinco milhões por ano). Dessas mortes, dois terços morrem de cinco doenças: metade desses dois terços de diarréia; 30% de sarampo, tétano e coqueluche; e cerca de 20%de infecções respiratórias, principalmente pneumonia. A maioria destes poderia ser salva por simples terapias de reidratação oral para a diarreia; uma vacina para sarampo, tétano e coqueluche; e um simples antibiótico para problemas respiratórios. . . .
Vivemos em um país que é extremamente violento com suas crianças. Só na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro o primeiro trimestre de 2023 registrou mais morte de crianças por bala perdida do que em todo ano de 2022 (8 contra 10). Um numero enorme de crianças que vivem em estado de extrema pobreza e desnutrição aguda, um numero crescente de crianças abusadas diáriamente, possivelmente até 30% de todos os retardos mentais podem ser devidos à síndrome alcoólica fetal; além de um número enorme de gestações onde as mães usaram drogas ilícitas durante a gravidez.
Por outro lado, na nossa cultura e até mesmo em lares cristãos, as crianças podem ser transformadas em ídolos para serem mimadas. Crianças que tem suas vontades feitas pelos seus pais com as mais variadas justificativas, mas que crescem em uma realidade que desconhecem limites e o que é autoridade. Eles são colocados no centro de um universo que ocuparão com prazer. Cada vez mais pais que aderem a teorias humanistas que colocam a criança no centro da família, do casamento, crianças que não podem ser contrariadas pelos seus pais, que não podem ser biblicamente disciplinadas e ao mesmo tempo cada vez mais vemos uma geração cada vez mais rebelde de crianças e pais sem nenhuma autoridade. Pais, exerçam autoridade sobre seus filhos de forma sadia, dê limites aos seus filhos, porque a partir da autoridade que vocês estabelece em casa, elas compreenderão a autoridade de Deus. Um Deus que nos dá liberdade, mas impõe limites para o osso próprio bem, um Deus que mesmo podendo nos dar todas as coisas, nunca vai nos dar tudo que queremos.
A única maneira de ter uma visão equilibrada dos filhos é ter uma visão bíblica, vê-los como Deus os vê: eles são Seus presentes para os pais (Sl 127:3-5); eles fornecem uma ilustração de como entramos no reino de Deus (Marcos 9:14-15). As crianças podem e devem ser trazidas a Cristo. Na cultura grega e judaica, as crianças não recebiam o valor devido, mas no Reino de Deus elas não apenas são acolhidas, mas também são tratadas como modelo para aqueles que querem entrar.
Adolf Pohl corretamente interpreta o ensino de Jesus, quando afirma:
Não deixe as crianças esperar; não hesite em trazê-las para as mãos de Jesus; não conte com “mais tarde”: mais tarde, quando você for maior, quando entender mais a Bíblia, quando for batizado etc. As crianças podem ser trazidas com muita confiança no poder salvador de Jesus. O reinado de Deus rompe a barreira da idade assim como a barreira sexual (o evangelho para mulheres), da profissão (para cobradores de impostos), do corpo (para doentes), da vontade pessoal (para endemoninhados) e da nacionalidade (para gentios). Portanto, também as crianças podem ser trazidas dos seus cantos para que Jesus as abençoe.
Devemos Levar as Crianças a Jesus
Devemos Levar as Crianças a Jesus
Marcos 10:13-14
Jesus tinha uma afeição especial por crianças. Iaso contrasta com a atitude dos discípulos. Jesus ama as crianças por quem elas são: uma obra de Seu Pai soberano. Ele também os ama pelo que ensinam: como alguém entra no reino de Deus. Seria difícil encontrar na literatura antiga uma preocupação com as crianças comparável àquela mostrada por Jesus. O texto diz: “Eles estavam trazendo crianças para Jesus”. “Eles” pode significar tanto pai quanto mãe, e também parentes e amigos. Eles queriam que esses pequeninos conhecessem Jesus e fossem “tocados por Ele”. Em contraste, os discípulos pensaram que era uma perda de tempo e os “repreendeu”. Como “manipuladores políticos” de Jesus, eles procuraram restringir o acesso daqueles que amam crianças a Jesus. Suas atitudes e ações são uma repetição de seu exclusivismo e elitismo como a postura deles em relação ao exorcista.
Essa atitude de Jesus, nos leva a seguinte rflexão:
Você é como aqueles que querem amar os filhos de Jesus, ou você é como os discípulos que não têm tempo para cuidar de crianças? Você valoriza o trabalho no ministério infantil com crianças em idade pré-escolar, com crianças em idade escolar, ou em uma EBF, ou com atividades recreativas da igreja? Da mesma forma, você se levanta sobre os males do aborto, tráfico sexual e pobreza infantil? Você amará as crianças como Cristo ama?
O encorajamento era para os pais das crianças e para as próprias crianças, embora a palavra tenha sido dirigida aos discípulos: Deixai vir a mim os pequeninos, não os impeçam, porque dos tais é o reino de Deus (10.14). Jesus manda abrir o caminho de acesso a ele para que as crianças possam vir. Algumas verdades são enfatizadas aqui:
Em primeiro lugar, a afeição de Jesus às crianças (10.14). Em segundo lugar, o convite de Jesus para os pais trazerem os filhos (10.14). Jesus encoraja os pais ou qualquer outra pessoa a trazer as crianças a ele. As crianças podem crer em Cristo e são exemplo para aqueles que creem. Levar as crianças a Cristo é a coisa mais importante que podemos fazer por elas.
Em terceiro lugar, a repreensão para que os discípulos não impeçam, pelo contrário, facilitem o acesso das crianças a Jesus. Jesus já havia se indignado com seus inimigos, mas agora fica indignado com os discípulos. É a única vez que o desgosto de Jesus se direcionou aos próprios discípulos, quando eles se tornaram estorvo em vez de bênção, quando eles levantaram muros em vez de construir pontes. James Edwards diz: “O objeto da indignação de uma pessoa revela muito sobre a pessoa. O desagrado de Jesus aqui revela sua compaixão e defesa dos desamparados, vulneráveis e impotentes”. Jesus está afirmando que as crianças valem o Seu tempo e devem valer o nosso tempo!
John Charles Ryle diz que devemos aprender com essa passagem a grande atenção que as crianças devem receber da igreja de Cristo. Nenhuma igreja pode ser considerada saudável se não acolhe bem as crianças. Jesus, o Senhor da igreja, encontrou tempo para dedicar-se às crianças. Ele demonstrou que o cuidado com as crianças, esse é um ministério de grande valor.
Em terceiro lugar, o convite de Jesus para as crianças virem a ele (10.14). As crianças de colo precisam ser trazidas a Cristo, mas outras poderiam ir por si mesmas. Elas não deveriam ser vistas como impossibilitadas nem impedidas de virem a Cristo. Na religião judaica, somente depois dos 13 anos uma criança poderia iniciar-se no estudo da Lei. Contudo, Jesus revela que as crianças devem vir a ele indiscriminadamente para receberem o seu amor e a sua graça. Jesus se indignou quando viu que os discípulos afastaram as pessoas em vez de aproximá-las a ele. Esse é o único lugar nos evangelhos onde Jesus dirige sua indignação aos discípulos, exatamente quando eles demonstram preconceito com as crianças. Jesus fica indignado quando a igreja fecha a porta em vez de abri-la às crianças.
A indignação de Jesus aconteceu concomitantemente com o seu amor. A razão pela qual ele se indignou com os seus discípulos foi o seu amor profundo e compassivo para com os pequeninos, e todos os que os trouxeram. Ao choque para os pais, no entanto, segue um choque para os discípulos. Uma ordem dupla reverte as medidas deles: Deixai vir a mim os pequeninos, não os impeça.
Os discípulos demonstraram zelo sem entendimento. Eles queriam blindar Jesus, protegendo-o de desgastes desnecessários, especialmente naquela hora de grande tensão, quando Jesus estava indo para Jerusalém para ser preso. Porém, Jesus revela seu grande apreço às crianças e para sua jornada para abençoar as crianças e repreender os discípulos.
Eles não devem ser impedidos de vir a Cristo. Receber uma criança em nome de Jesus é receber a Jesus. A criança não apenas deve vir a Cristo, mas constitui-se em modelo para os que creem. Quando uma criança é salva, ela pode dedicar toda sua vida a Cristo.
Como as crianças são impedidas de virem a Jesus? Podemos listar algumas formas:
Quando deixamos de ensiná-las a Palavra de Deus. Timóteo aprendeu as sagradas letras que o tornaram sábio para a salvação desde sua infância (2Tm 3.15). A Bíblia diz: Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele (Pv 22.6) - Isso é o que geralmente acontece, sem anular a soberania de Deus e a responsabilidade humana, não é uma garantia, mas uma responsabilidade que pais precisam ter sem anular a soberania de Deus e descansar na graça Dele. Você deve ser um instrumento do Redentor para o seu filho, e não o redentor deles.
Está na moda hoje em dia a abolição do serviço de culto infantil específico para crianças. Não julgo errado as igrejas locais que aderem esse costume, porém é muito perigoso o pensamento que esse é um imperativo de Deus alegando que naquela época as crianças participavam do culto a Deus. Observe, nessa passagem Jesus está quebrando uma barreira de ensino do Evangelho para todas as crianças. De fato as crianças participavam do culto, porém na cultura judaica apenas após aos 13 anos elas podiam compreender a Lei de Deus. Logo, a presença de crianças menores de 13 anos no culto não era uma inclusão, mas uma exclusão, porque elas eram completamente ignoradas.
Pensando no processo de aprendizagem e nas diferentes fases, até que ponto ignorar essa realidade não é criar barreiras para que essas crianças cheguem a Jesus? Se o próprio Jesus falando com adultos contextualizou a sua comunicação para melhor compreensão dos ouvines… Não estou dizendo que as igrejas que manêm as crianças no salão de culto junto com os adultos durente a pregação não o façam, até porque alguns amigos meus que aderiram essa prática fazem aplicações para as crianças durante o sermão. Porém, eu entendo que por mais aplicações que eu faça existem temas sensíveis que devem ser ensinado aos adultos que seja uma barreira com as crianças no auditório. Além de entender que dividir as faixas etárias, de acordo com a sua fase de aprendizagem torna essa comunicação muito mais eficaz.
Quando deixamos de dar exemplo a elas. Ensinamos as crianças não só com palavras, mas, sobretudo, com exemplo. Influenciamos as crianças sempre, seja para o bem ou para o mal.
Quando julgamos que as crianças não merecem a nossa maior atenção. Os discípulos julgaram que aquela não era causa tão importante a ponto de ocupar um lugar na agenda de Jesus. Eles, na intenção de poupar Jesus e administrar sua agenda, revelaram seu preconceito contra as crianças e sua escala de valores desprovida de discernimento espiritual.
Devemos Aprender com as Crianças Sobre o Reino de Deus
Devemos Aprender com as Crianças Sobre o Reino de Deus
Há algo sobre uma criança que é essencial para a entrada no reino de Deus. Não é a inocência deles, pois eles não são inocentes! Eles são pequenos pecadores assim como nós somos grandes pecadores. Nem é a sua pureza ou doçura. Mais uma vez, eles são pecadores com o DNA de Adão e Eva e seu e meu DNA correndo por todo o seu ser. Jesus então é enfático, quando afirma: […] porque dos tais é o reino de Deus (10.14). Isso tem a ver com a natureza do reino de Deus. O que Jesus NÃO quis dizer com essa expressão?
Em primeiro lugar, que as crianças são criaturas inocentes. O pecado original atingiu toda a raça. Somos concebidos em pecado e nos desviamos desde a concepção. A inclinação do nosso coração é para o mal e as crianças não são salvas por serem crianças inocentes. Elas, também, precisam nascer de novo e crer no Senhor Jesus. Adolf Pohl diz que no Novo Testamento as crianças não são anjinhos. Elas são briguentas (1Co 3.1–3), imaturas (1Co 3.11; Hb 5.13), fáceis de seduzir (6.4), imprudentes (1Co 14.20), volúveis (Ef 4.14) e dependentes (Gl 4.1,2). A grande ameaça para os seus filhos não estádo lado de fora, mas no coração pecador deles. Somente Jesus pode redmir seu filho, você não tem poder para ser o salvador do seu filho.
Em segundo lugar, as crianças estão salvas pelo simples fato de serem crianças. A salvação não tem a ver com faixa etária. Nenhuma pessoa é salva por ser criança ou velha, mas por crer no Senhor Jesus. Nenhuma pessoa é salva pelos seus próprios méritos, adultos e crianças entram no céu pelos méritos de Cristo.
Ainda assim, por alguma razão, Jesus diz que as crianças são um exemplo melhor de como entrar no reino do que os adultos. “Dizemos às crianças que se comportem como adultos, mas Jesus diz aos adultos que se moldem às crianças”! Vejamos agora o que Jesus quis dizer, quando disse que às crianças pertence o reino de Deus:
Quando Jesus diz que devemos ser como crianças, primeiramente eles está falando que as crianças vêm a Cristo com total confiança. Elas creem e confiam. Elas se entregam e descansam. Devemosconfiar em Jesus com uma fé simples e sincera. Eles não sabem tudo o que precisam, mas sabem que precisam e de onde vem a provisão. Assim como as crianças descansam na provisão que os pais lhes oferecem, devemos também descansar na obra de Cristo, na providência do Pai e no poder do Espírito. Eles se vêm pequenos, indefesos e impotentes. Eles não têm influência ou posição e trazem nada além de mãos vazias. Isso é importante, porque apenas mãos vazias podem ser preenchidas! Jesus está dizendo que o reino de Deus não pertence aos que dele se acham “dignos”, ao contrário, é um presente aos que são “tais” como crianças, isto é, pequenos e dependentes. Não porque merecem recebê-lo, mas porque Deus deseja savá-los. Os que reivindicam seus méritos não entrarão nele, pois Deus dá o seu reino àqueles que dele nada podem reivindicar.
Jesus diz que o reino de Deus é recebido, não ganho. É recebido como uma criança pequena, ou não é recebido de forma alguma. Por sua demonstração de confiança e absoluta dependência do outro, os filhos indicam o caminho para a entrada no reino de Deus. Eles vivem pela fé e dependência. Eles devem confiar em outro para sobreviver.
Conclusão
Conclusão
Hoje, vimos como Jesus valorizava e amava as crianças e como elas eram bem-vindas em seu reino. As crianças nos ensinam lições importantes sobre humildade, fé e confiança em Deus. isso nos ensina que devemos ter um coração simples e confiante como o delas. E que possamos sempre seguir o exemplo de Jesus, recebendo a todos com amor e graça.. Que imagem da incrível graça do evangelho! Ele é amoroso e gracioso com aqueles que nada Lhe trazem senão suas necessidades. Isso nos lembra que a salvação é um dom de Deus, recebido pela fé, não pelos nossos próprios méritos. O calvário e a cruz dizem tudo.