Há esperança aos religiosos (Lucas 10.25-37)

Histórias que revolucionaram o mundo  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

O significado de religião —> deriva do latim religare, religar, voltar a ligar
Como você vê alguém religioso? Essa pergunta nos faz adentrar nesse universo da religião. Tenho certeza que você já teve contato com bons e maus religiosos. Pessoas que te inspiraram, outras que você nem sequer deseja estar próximo.
Segundo "World Christian Encyclopedia" - Existem mais de 33.000 denominações cristãs e mais de 13.000 religiões não-cristãs. esses números podem ser imprecisos ou subestimados, pois muitas religiões são praticadas sem serem registradas oficialmente ou não são reconhecidas por outras religiões ou governos. E nas pesquisas que fiz durante a preparação, mesmo que a contra gosto dos nossos tempos pós-modernos, a religião tem crescido. Pessoas estão cada vez mais interessadas em uma religião (algo que a conecte com um ser/energia/espírito/universo que seja transcendênte).
Há um anseio no coração humano chamado religião
Eclesiastes 3.11 NVI
11 Ele fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.
Deus se revelou
Através da sua criação (Gn 1-2)
Por meio de um povo (Israel - AT)
Por meio do seu filho (Jesus - NT)
Decidiu registrar em um livro —> Bíblia
Registrou em um livro a história de como Ele veio até nós. A história das histórias de como Deus veio até nós.
Hoje, nós veremos a história de um religioso que teve a oportunidade de conhecer a própria revelação impressa de Deus. Jesus querendo traçar a grandeza dessa revelação, conta-lhe uma história muito famosa, e muito profunda…

Párabola do Bom Samaritano (Lc 10.30-35) —> Leitura do texto

Lucas 10.30–35 NVI
30 Em resposta, disse Jesus: “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. 31 Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. 32 E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. 34 Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. 35 No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: ‘Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’.

Um diálogo sobre religião —> Contexto

Um perito da Lei - homem estudioso, conhecer da Lei de Deus, provavelmente um mestre que ensinava também a outros. Chega diante do Mestre, Jesus.
levantou-se (provavelmente diante de um público)
Pôr Jesus a prova - Intenções não bem claras, deseja conhecer qual é a visão do Mestre Jesus sobre uma questão fundamental: religião.

O desenrolar da história

Ele levanta a questão. O que EU FAÇO. Ele acessou ao ponto alto da religião, como posso me reconectar com a realidade de Deus, e desfrutar dela? Como você, Mestre, entende essa realidade?
Lucas 10.25 (NVI) 25 “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”
Jesus o questiona com uma pergunta: Como você a lê?
Lucas 10.26 NVI
26 “O que está escrito na Lei?”, respondeu Jesus. “Como você a lê?”
O homem o responde citando 2 textos do AT que resumiam a Lei.
Lucas 10.27 NVI
27 Ele respondeu: “ ‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”.
Jesus dá uma pequena cutucada nesse estudioso, trazendo-o para a realidade. Sua teoria está certa, agora vai, e faz isso. Encene a realidade que você alcançou. Execute isso e sua salvação está garantida. Você acessará os portões do conhecimento de Deus, conhecerá a realidade de Deus.
Lucas 10.28 NVI
28 Disse Jesus: “Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá”.
Porém, o mestre da Lei deseja justificar-se, porque ele sabia que o padrão era bem elevado. Imaginando que estaria pegando Jesus, questiona-o:
Lucas 10.29 NVI
29 Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: “E quem é o meu próximo?”
Sobre isso havia uma grande variedade de opiniões entre os judeus. 1) Havia quem pervertia o mandamento de Levítico 19.18, fazendo-o dizer: “Amará ao seu próximo e aborrecerá ao seu inimigo”. Jesus refuta essa interpretação em Mateus 5.43–48. 2) Um ponto de vista amplamente aceito parece ter sido este: “Ame ao seu próximo, o israelita”. Não obstante, os fariseus restringiam isso muito mais, ou seja: “Ame ao seu próximo, o fariseu”. Eles arrazoavam assim: “Essa plebe que não conhece a lei é maldita” (Jo 7.49). 3) E os habitantes de Qumran declaravam que todo aquele que não pertencesse ao seu pequeno grupo era um “filho das trevas”, e devia ser odiado. (William Hendriksen, Lucas, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição., vol. 2, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014), 84.)
Jesus então conta uma parábola. Esta que acabamos de ler. É uma parábola tão conhecida, que até criou um termo para aquelas pessoas que fazem o bem ao próximo: “olha, ele é um bom samaritano”. “Está agindo como um bom samaritano”. Tamanha a dimensão desta parábola.
Todavia, Jesus não está ensinando sobre sermos bons com pessoas que estão necessitando. Ele está tratando a pergunta fundamental de TODOS OS SERES HUMANOS. A história é uma resposta a justificativa do Mestre da Lei.
Enquanto o estudioso judeu apresentou um argumento bem fundamentado e detalhado da Lei, Jesus apresenta uma história que encena muito além do que é seguir a Deus. E pega desprevinido um estudioso que na prática não sabia como chegar-se a Deus. Versado de conhecimento, que não estava o conduzindo a Deus. Porque não temos como chegar a Deus, Ele precisa vir até nós!

O Percurso de um homem

A Bíblia não revela quem era esse homem, mas provavelmente pelo percurso, seria um homem judeu.
A estrada de Jerusalém a Jericó era muito sinuosa e muito perigosa, pois havia pouco movimento, e muitos locais para que assaltantes criassem emboscadas
Lucas, Volumes 1 e 2 B. A Parábola

Esse homem, pois, estava descendo de Jerusalém, cerca de 900m. acima do nível do mar, para Jericó, mais de 300m. abaixo do nível do Mar Mediterrâneo. Visto a distância entre Jerusalém e Jericó (ao oriente) ser de cerca de 27 quilômetros, é imediatamente óbvio que o declive é bastante íngreme. Como mostra uma foto de parte dessa estrada (nº 351, na p. 123 do Atlas of the Bible de Grollenberg), essa rota passa por território montanhoso. É escarpado e rochoso, e durante os dias da peregrinação de Cristo na terra – e de fato até bem recentemente –, era perigoso para se viajar, margeado como era por muitas covas ou buracos, o que facilitava a fuga dos ladrões e outros criminosos.

Este sofreu um ataque de assaltantes, deixando-o praticamente morto. Se não fosse acudido por alguém, este provavelmente não sobreviveria.

Uma oportunidade de ajuda

Um sacerdote, responsável por conduzir o povo em adoração a Deus estava descendo pela mesma estrada
Provavelmente, retornando do templo. Talvez este estava adorando a Deus e conduzindo o povo em adoração antes mesmo de seguir viagem. Essa era a sua função. Um homem de Deus que conduzia o povo a Deus através das práticas religiosas do templo.
Ao ver o homem, desviou dele e seguiu viagem normalmente
Este homem, olha o homem praticamente morto, e literalmente segue na direção contrária, como um total desprezo
O que dizia a Lei? Miqueias 6.8 . Era requerido dos israelitas que fossem misericordioso até mesmo para com os estrangeiros (Lv 19.34) e inimigos (Êx 23.4,5; 2Rs 6.8–23), então seguramente também em prol dos irmãos israelitas! (William Hendriksen, Lucas, p. 85–86.)

Primeira verdade

Denominar-se religioso não é suficiente. Aqueles que eram responsáveis por cuidar do seu próprio compatriota, deixam-no morrer. Desta forma, a história está recheada de religiosos denominados que fizeram as maiores barbaridades. A história das nações
Muitas guerras no passado foram fundamentadas em motivos dos religiosos
Nações cresceram outras minguaram por meio da influência direta de religiosos
O problema do ser humano não está em associar-se a uma religião, mas está em seus amores. Muitos religiosos associados a uma religião foram apenas levados por uma transformação externa, superficial e muitas vezes de aparência… Enquanto o coração continuava longe, perdido e intocável diante da realidade…
“Meus amores foram automatizados por rituais que nem percebi serem liturgias - James K.A. Smith
Nos tornamos aqueles que são automatizados. A realidade de que nós fomos criados, está completamente distante de como temos vivido. Exemplo:
Na era da tecnologia que nasceu para conectar, estamos desconectados e distantes.
Na era da informação e do diálogo, estamos polarizados e cada vez menos dados a discordar de maneira amorosa dos outros.
Na era da globalização, somos mais e mais individualistas e frios com aqueles que estão necessitados de amor
Por meio de rituais que nem percebi serem liturgias
Práticas de grande cunho religioso. Somos seres religiosos, buscando responder a realidade a partir de adoração. E ao nosso redor temos muitos meios que nos pedem adoração.
Uma busca desenfreada ao sucesso nos leva a adorar rituais de produtividade, que nos pedem algumas ações rotineiras, liturgias. (Faça isso e você viverá)
Uma busca desenfreada ao prazer nos leva a adorar rituais de promiscuidade. E essa, não tem limites, pois na realidade são atos litúrgicos. O que fazemos reflete o refrão de Jesus (Faça isso e você Viverá). Sem isso, sem esses rituais litúrgicos, não somos nada, não temos nada.
Denominar-se religioso não é suficiente
Há um problema maior no coração onde práticas e regras não tem poder de transformar os nossos amores. E muitos dos nossos amores não são radicalmente renovados, porque imaginamos que uma prática ou uma regra terá condição de transformar-nos.
“Mesmo que nós não passemos para o outro lado da rua sempre que virmos uma pessoa necessitada, todos nós falhamos muitas vezes nessa obrigação, de modo que todos nós somos culpados perante a lei com exigência de perfeição. Jesus transmite essa mensagem de modo inequívoco ao apresentar-nos o bom samaritano.” (MACARTHUR, John. Parábolas de Jesus, p. 106)
Esse é o choque da história de Jesus, ao perito da Lei, que imaginava que estava pegando Jesus em uma armadilha, mas agora será impactado por uma realidade completamente diferente… Praticamente todas as religiões pregam um amor, que na realidade, são vivido por um mínima porcentagem dos seus fiéis.

A ajuda inesperada

Quem vem para ajudá-lo? Um Samaritano. Este teve uma postura diferente.
Os samaritanos evitavam a todo custo viajar por aquela estrada. Havia uma enorme hostilidade entre judeus e samaritanos. Uma briga histórica devido a divisão acontecida no exílio do reino do Norte. Quando os judeus retornaram, foram colocados junto com outras nações, eles casaram entre si, gerando uma “mistura ética”, que levou o povo de Samaria a não adorar mais ao Senhor. Isso aconteceu em 722 a.C. E as consequências eram visíveis até aquele momento e até hoje.
Os viajantes judeus a caminho da Galileia usavam a estrada de Jerusalém para Jericó justamente porque não queriam passar pela Samaria. Era uma rota mais longa e difícil, porque não passaria por Samaria.
Os judeus não queriam apesar ignorar os Samaritanos em suas viagens, mas eles expunham em suas falas um ódio muito grande. Em dado momentos, enquanto Jesus estava em um de seus debates públicos, Jesus foi chamado de Samaritano e endemoniado (Jo 8.48).
A postura foi bem diferente (Generosidade extravagante e um amor sem medidas)
Viu ele,
Teve piedade: O termo é usado no NT apenas para Jesus, e aparece em três parábolas (senhor misericordioso, o pai dos dois filhos e o bom samaritano) a ideia é misericórdia, ser compelido pelas entranhas! significa totalidade da misericórdia divina para a qual a compaixão humana é uma resposta apropriada.
Aproximou-se,
Enfaixou as feridas (Óleo e Vinho) - O samaritano estava usando suas próprias provisões, pois o óleo seria usado para cozinhar e o vinho para se hidratar. Ele generosamente trata as feridas daquele homem moribundo.
Colocou sobre seu animal
Levou a uma hospedaria e pagou por tudo - Dois denários são 2 dias de trabalho. John MacArthur disse que pela média das hospedagens, esse pagamento seria suficiente para 2 meses de hospedagem na beira da estrada (MACARTHUR, John. Parábolas de Jesus, p. 110)

Segunda verdade

Existe alguém neste mundo, que você faz todas as coisas, não tem limites para o seu despreendimento e amor: você mesmo! “Dê-me tudo que eu preciso. Chame o melhor médico. Leve-me para o melhor hospital. Contrate os melhores cuidados disponíveis. Cuide de mim enquanto for necessário. Me paparique. Não esqueça de nenhuma comodidade.” ((MACARTHUR, John. Parábolas de Jesus, p. 111)
A atitude do samaritano não é uma exceção, mas a regra
Rm 2.13 “13 Porque não são os que ouvem a Lei que são justos aos olhos de Deus; mas os que obedecem à Lei, estes serão declarados justos.”
Rm 2.21-23 “21 E então? Você, que ensina os outros, não ensina a si mesmo? Você, que prega contra o furto, furta? 22 Você, que diz que não se deve adulterar, adultera? Você, que detesta ídolos, rouba-lhes os templos? 23 Você, que se orgulha da Lei, desonra a Deus, desobedecendo à Lei?”
Tg 1.22 “22 Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.” Tg 1.27 “27 A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.”
Nós amamos a nós mesmos, e por nós corremos o mundo para satisfazer nossas necessidades. Esse é o padrão do Criador. E este é o desafio. Viver uma vida moral e ética de amar ao próximo, na essência do Samaritano, é diário, incondicional e deve ser por completo. Se não há esse tipo de amor. Não é suficiente. Obediênca parcial não é completa.

A grande questão

Lucas 10.36 NVI
36 “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
É preciso observar a forma exata da expressão. O experto na lei perguntara: “E quem é o meu próximo?” Jesus então lhe pergunta: “Qual dos três provou ser [ou: era] o próximo desse homem …?” O que Jesus está enfatizando é isto: “A pergunta não é: Quem é o meu próximo?”, mas: Eu estou me comportando como próximo das pessoas necessitadas que o Senhor põe em meu caminho? (William Hendriksen, p.87.)

A postura do Mestre da Lei

Sequer citou que era o Samaritano, compreendeu a realidade que Jesus quis trazer. Provavelmente saindo com o rabo entre as pernas, envergonhado pela lição pública tomada por Jesus.

Vá e faça o mesmo

Se não for esse o padrão, não vale. Essa é a proposta da religião. Siga, faça, execute. Essa foi a mesma resposta para o Jovem rico (Mc 10). Jesus mostrou-lhe as exigências da Lei, e diante do espelho da Lei, nenhum dos dois passava. Se você se considera um religioso, amante de práticas e costumes, buscando de alguma forma viver uma vida moral diante de Deus, saiba que há esperança pra você.

Conclusão - Há uma esperança aos religiosos.

A mesma esperança para todos, nós não conseguimos chegar até Deus… Essa era a mensagem de Jesus aqueles que tinham ouvidos para ouvir. A vida eterna, esse anseio religioso que Deus plantou em nós, não é suprido por hábitos/regras e méritos. É uma herança gracioso dada por Deus.
A cruz é a costura que nos liga a Deus e concerta todos os nossos amores. Somente quando depositamos nossa fé naquele que foi perfeito, passamos a conhecer a Deus como pai. A maneira como o bom samaritano cuidou do viajante, é a maneira como Deus ama os pecadores. Na realidade, o amor de Deus é infinitamente mais profundo e mais maravilhoso do que isso (MACARTHUR, John. Parábolas de Jesus, p. 112).
O que Cristo fez foi muito maior do que vimos nesta história. Ele veio em direção a nós, morrendo em uma cruz no lugar de nós, os amantes deste mundo, amantes de tudo aquilo que não é o que Deus ama e nos criou a amar. E quando somos restaurados e o seu amor encontra o nosso coração, nossos amores são concertados e restaurados!
Perceba a linda canção de Marco Telles:
E aquele fio que se rompeu
Da minha alma até à Deus
O sangue santo costurou
Cristo e suas linhas de amor
E agora um homem feito eu
Pode no homem ver a Deus
Ter paz, viver, andar e ser
Me fez amigo em seu verter
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