O casamento diante da cruz

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O casamento diante da cruz

No domingo ouvimos sobre a importância de olhar para Jesus antes de olhar para nossas famílias.
Que o reino dos céus deve vir em primeiro lugar.
Mas é fato que isso não quer dizer que o casamento não tenha importância. Pelo contrário. Quando olharmos para Cristo da maneira correta, olharemos para nossa família da maneira correta. E é isso que pretendemos fazer nessa manhã em relação ao casamento.
O casamento diante da cruz.
Efésios 5.21–27 NVI
21 Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. 22 Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, 23 pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. 24 Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos. 25 Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela 26 para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, 27 e para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável.
Os cristãos entendem com razão que Efésios 5 é crucial para a compreensão do casamento, mesmo quando discordam do que exatamente a passagem significa para maridos e mulheres. É por isso que os versículos desse capítulo são lidos em cerimônias de casamento. O que não entendemos de imediato é que esse capítulo diz respeito a muito mais que o casamento e, na verdade, é bem mais amplo que uma simples referência a homens e mulheres.
Parte de nossa confusão provém do fato de estarmos acostumados com a leitura da Bíblia em capítulos e versículos. Essa estrutura é útil e permite, por exemplo, que eu faça uma referência rápida a um versículo e você o encontre logo em seguida. No entanto, a carta lida em Éfeso não estava cortada em capítulos e versículos. Efésios não foi escrito em forma de "episódios". Na verdade, a carta inteira consiste em um só argumento, sobre aquilo que o apóstolo chamou de "o mistério de Cristo", a chave para entender o sentido do mundo. Nessa carta, Deus está revelando algo monumental, que Paulo disse ter permanecido oculto das gerações anteriores e agora viera à tona. O mistério é o seguinte: que os propósitos divinos são vistos em Cristo. "E o plano é este: no devido tempo, ele reunirá sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos céus e na terra" (Ef1.9-10). Esse mistério é mais bem explicado na constituição e missão da igreja: "Tanto os gentios como os judeus que creem nas boas-novas participam igualmente das riquezas herdadas pelos filhos de Deus" (Ef3.6).
Assim se tudas as coisas que aconteceram para revelar a glória de Deus em Cristo Jesus, isso mostra que a cruz não foi uma solução encontrada às pressas para resolver o "problema imprevisto" do pecado. A cruz foi idealizada por Deus e assumida por Jesus desde a eternidade, como Pedro nos lembra sobre o cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo. Por isso tudo o que acontece do momento da criação em diante é fruto desse mistério de Cristo, que nos revela a glória de Deus.
Aos Efésios lemos que as divisões entre cristãos judeus e gentios não eram apenas uma forma terrível de viver juntos; essas divisões pregavam um evangelho alternativo. A reconciliação de judeus e gentios revela o mistério do plano de Deus para salvar e unir seu povo em Cristo. E Paulo falou dessa reconciliação não apenas a partir de diferenças religiosas, mas também dentro do casamento e, portanto, como homens e mulheres deveriam se relacionar uns com os outros.
O casamento significa algo para o restante da igreja e para o mundo. Os textos que nos falam sobre casamento nas escrituas não simplesmente orientações para termos relacionamentos mais felizes e saudáveis. Há muito mais que isso.
Paulo revelou que o mistério de Cristo explica por que Gênesis orienta o homem a deixar pai e mãe e se unir à mulher, de modo que os dois se tornam uma só carne (Ef 5.31).
Existe algo que garante que de geração em geração homens e mulheres se relacionem. Apesar da rebeldia da sociedade aos padrões tradicionais da família, temos motivos para crer que sempre haverão aqueles que deixarão seus pais para se unir à sua mulher ou ao seu marido. O desejo sexual existe em todas as culturas.
Ainda que diferentes culturas ao longo de milhares de anos tiveram noções diferentes de como o casamento deve ser, a formação de casais humanos e heterossexuais são uma obviedade. Todas as culturas têm músicas de amor. Fica claro que há um grande "mistério" em atuação.
Em nossos dias, muitos explicam esse "mistério" com base no ímpeto evolucionista pela seleção natural. Já a Bíblia dá uma explicação diferente: "Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja." (Ef 5.32).
Todo mundo sabe "o que é" casamento. Mas somente o texto bíblico nos ensina duas coisas: "quem" idealizou e o "porquê" de tudo isso.
Se a cruz foi pensada por Deus e assumida por Cristo desde a eternidade, isso significa que desde o princípio a ideia da cruz já estava lá. Inclusive quando Deus de maneira sábia faz o homem e o deixa sozinho por um tempo, sem alguém que o correspondesse, para que Adão tivesse a alegria que deve ao ver Eva pela primeira vez. "Essa sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne".
Esse amor e desejo que são expressos no casamento apontam para algo maior, apontam para o mistério: o amor de Cristo por sua noiva.
Muitas vezes quando lemos sobre o casamento de Cristo e a igreja lemos como se isso fosse uma ilustração do casamento entre homens e mulheres. Mas Cristo e a igreja não deve ser uma ilustração do casamento humano. É nosso casamento que serve de ilustração para o casamento de Cristo e a igreja.
Sabe aquelas pessoas que não vem pra igreja porque querem se santificar antes de seguir a Jesus? Existe um problema de ordem aí. A gente não se santifica para vir até Jesus. A gente vem para ser santificado por Ele.
Da mesma forma, o casamento de Cristo e a igreja não ilustram o casamento do homem e da mulher. É o casamento do homem e da mulher que ilustra o casamento de Cristo e a igreja.
Irmãos, a criação de Genesis 1 é a criação de uma noiva para o filho de Deus. E em apocalipse nós lemos acerca da festa de casamento que acontecerá quando Cristo vier buscar sua igreja.
A primeira história da bíblia é uma história de amor porque é isso que é toda a história.
Deus não coloca esse tipo de "união em uma só carne" na natureza simplesmente para que a humanidade continuasse a existir. Na sua infinita criatividade Ele poderia, afinal, ter nos projetado como as amebas, que se multiplicam sem qualquer relação amorosa. Mas não. Ele escolhe o amor conjugal como aquilo que dará continuidade aos seres humanos. Isso tudo para apontar para a verdadeira relação de "uma só carne".
Por isso irmãos, Paulo não está fragmentando sua carta aos efésios, falando sobre a cruz de Cristo e depois simplesmente dando comentários acerca de diversos assuntos. Ele está aplicando o que Cristo fez na cruz em nossas vidas. Inclusive em nossos relacionamentos conjugais, pois eles são ilustrações do casamento verdadeiro de Cristo com sua noiva.
Quando olhamos para a relação entre Cristo e a igreja a primeira coisa que fica clara são suas diferenças. Toda estrutura de Genesis 1 é pensada para transmitir distinções. Luz e trevas. Céu e terra. Água e porção seca. Dia e noite. Domésticos e selvagens. Homem e mulher.
Quando Deus faz essa distinção ele está deixando claro que possuimos características diferentes entre nós. Homens e mulheres não são a mesma coisa. Possuímos papéis diferentes entre nós, a partir da criação distintiva do próprio Deus. Isso pode ser controverso em alguns círculos, mas não deveria. Por mais que um bebê nasça da relação de um pai e de uma mãe, ninguém é capaz de ignorar a diferença que existe em ser pai e em ser mãe, por uma simples questão biológica. Nós somos distintos, pois Cristo é distinto de sua noiva.
E é por isso que relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo são pecado contra Deus. Os relacionamentos não são fim em si mesmos, mas devem apontar para Cristo. Não é mero desejo humano, não é mera vontade. É na verdade uma pintura que aponta para a paisagem real.
E essa diferença entre o homem e a mulher é fundamental porque as coisas em Gênesis se complementam.
O dia tem sua função na natureza e a noite também. Os animais domésticos tem utilidades que os selvagens não tem e vice e versa. Da mesma forma Deus tem expectativas que o homem e a mulher se complementam.
Para que o homem e a mulher cumpram o mandamento de crescer e se multiplicar eles precisam um do outro. O homem com suas características e a mulher com as suas características.
É por isso que a Bíblia se refere à primeira mulher como uma "auxiliadora" do homem. Temos a tendência de entender isso no sentido corporativo moderno, como se a mulher estivesse na parte de baixo da hierarquia de uma empresa, com cargo equivalente a uma assistente do gerente regional. Contudo, não era nada disso. Ela é sua auxiliadora não por estar abaixo dele, mas sim porque ele não seria capaz de cumprir sozinho a missão à sua frente. Precisa que alguém se una a ele, alguém que vem de sua lateral. E então vem a mulher! Igual o suficiente para se criar identificação, mas diferente o suficiente para somar, para que a uma só carne fruto dessa união seja melhor que cada um sozinho.
Mas existe algo que essa distinção entre ambos não quer dizer: não quer dizer que um seja melhor que o outro. O homem não é melhor por ter vindo primeiro. Nem a mulher por ter vindo depois, como se Deus tivesse caprichado mais. Mas apesar das distinções claras que Deus estabelece, homem e mulher permanecem igualmente imagem e semelhança de Deus e portanto possuem igual valor e importância.
Dessa forma é que Paulo orienta os Efésios quanto às suas submissões no casamento.
Primeiro dizendo que todos na igreja devem ser sujeitos uns aos outros, Ef 5.21 baseados na maneira como Cristo sendo nosso Senhor se sujeitou à morte por amor a nós.
Efésios 5.21 NVI
21 Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo.
E então ele começa a definir como isso funciona dentro da igreja, e ele inicia falando sobre o casamento.
Efésios 5.22–24 NVI
22 Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, 23 pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. 24 Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.
Perceba que o modelo que Paulo usa é o modelo de Cristo e a igreja.
A mulher deve se sujeitar ao marido, mas perceba que a expectativa de Paulo é que todos na igreja devem se sujeitar uns aos outros! Mas o que é contracultural aqui em Efésios é que as mulheres como um todo deveriam se sujeitar aos homens como um todo naquela época. Mas Paulo ensina algo libertador aqui. As mulheres devem estar sujeitas aos seus maridos, não a qualquer homem. Essa sujeição caberia ao casamento e não a qualquer tipo de relação.
Assim como a igreja não deve se sujeitar a qualquer um, mas a Cristo.
E na sequência Paulo explica sobre a sujeição do homem para a mulher, dizendo Ef 5.25-27
Efésios 5.25–27 NVI
25 Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela 26 para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, 27 e para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável.
O modelo Cristo e igreja volta, e somos então agora orientados a nos doar intensamente por nossas esposas. Entregar nossa própria vida se preciso for.
Paulo usa aqui um argumento muito comum naquele tempo que é extrapolar um ponto para incluir ali tudo o que for menor que aquilo.
Como se ele dissesse assim: você deve estar disposto a morrer por sua esposa, e obviamente deve estar disposto para fazer o que custa menos que sua morte.
É muito comum entre nós cristãos os homens se verem dispostos a entrar na frente de uma bala por sua mulher. Mas a gente tem muita dificuldade de bloquear o celular para ouvir o que ela tem a dizer no fim do dia.
Percebe? Paulo diz que as mulheres devem se sujeitar aos seus maridos, mas os maridos de igual forma devem amar suas esposas como Cristo amou sua igreja. E o amor de Cristo foi um amor desapegado de todo o resto e até de si mesmo, para que sua esposa fosse purificada.
Existe beleza nos casamentos, meus irmãos. Mas essa beleza não é por nossa estética. Por nossos bens. Por nossas conquistas ou sonhos realizados. A beleza do casamento está em refletir a glória de Deus revelada em Cristo Jesus. Se nossos casamentos não apontarem para Cristo e a igreja nós estaremos falhando.
As pessoas devem ter um gosto do que acontecerá por toda a eternidade ao olhar para nós. Seu casamento é uma atecipação da vinda de Cristo. Que nós possamos viver nossa vida a dois sabendo que idealizou esse negócio e qual a razão disso.
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