Um salvador que se entregou na cruz - Mc 15.33-39

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Handout

introdução

Quando você pensa em biografias de pessoas importantes, quer artistas, atletas, cientistas ou políticos, nunca há qualquer sugestão de que eles nasceram para morrer.
Se a pessoa não está viva, há sem dúvida alguma menção de sua morte, que pode ser heroica ou comum, demorada ou rápida, acidental ou resultante de envelhecimento - pode ser todos os tipos de coisas.
Mas nunca falamos de alguém nascer para morrer. Isso é verdade no que diz respeito a Maomé. É verdade no que diz respeito a Buda.
Há histórias sobre a morte deles, mas nenhuma sugere que o propósito do seu nascimento tenha sido morrer.
Todas as grandes biografias narram os feitos dos seus heróis em vida.
Porém, quando lemos os evangelhos, e podemos enquadra-los como a grande biografia de Jesus, que mostra sua vida, mas em grande parte, aponta para a necessidade de sua morte.
A grande obra de Cristo, não está somente em sua vida, mas em como ele entrega voluntariamente sua alma a morte.
O texto diante de nós narra as últimas horas de Jesus em profundo sofrimento e ao mesmo tempo, obediência ao pai e amor pelos eleitos, a sua santa igreja que ele veio salvar.

Desenvolvimento

A narrativa começa aqui no verso 34.
Mark 15:33 NAA
33 Chegado o meio-dia, houve trevas sobre toda a terra até as três horas da tarde.
Nós estamos aqui na sexta-feira, Jesus foi crucificado as 9 horas da manhã, e agora chegou meio-dia, e Jesus vai dar seu último suspiro as 3 da tarde.
Nestas três horas, algo assustadoramente terrível acontece nos céus.
Meio dia o sol deveria estar à pique, alto e forte como num dia típico na região do oriente médio.
Mas acontece aqui algo atípico, porém, conhecido dos judeus, uma cena que já vimos acontecer na história bíblica.
Quando Deus estava por libertar seu povo da escravidão do Egito em uma sucessão de pragas, a penúltima praga que assolou o Egito antes da morte do cordeiro cujo o sangue foi aspergido nos umbrais das portas, foi três dias de densas trevas (Ex 10.22-23).
Aqui, antes de nosso cordeiro pascal, ser imolado e morto na cruz, três horas de densas trevas tomam conta da cena.
Alguém disse que:
No nascimento de Jesus, a meia noite houve luz no céu, e na sua morte ao meio dia, houve densas trevas.
O que esta escuridade representa?
Podemos entender que Cristo está sob o tribunal de Deus sendo julgado em nosso lugar, a ira de Deus está consumindo nosso Senhor, a fim de que ele como nosso perfeito substituto sofra em nosso lugar.
A agonia mais extenuante, a aflição mais indescritível e o desamparo mais cruel e terrível, está sendo experimentado por Jesus.
O comentarista Willian Hendriksen diz:
Marcos A Escuridão

O inferno veio ao Calvário naquele dia e o Salvador desceu até ele, sofreu sua mais intensa agonia e suportou seus horrores em nosso lugar.

Amos 8:9 NAA
9 “Naquele dia”, diz o Senhor Deus, “farei com que o sol se ponha ao meio-dia e com que a terra se cubra de trevas em pleno dia.
Estas trevas só podem sinalizar a ausência de Deus, a face carrancuda de Deus julgando em seu filho os nossos pecados.
Jesus sofre sozinho o que eu e você deveríamos sofrer, o desamparo, a ira de Deus, a morte e o inferno, tudo de uma só vez, por amor a você.
Essa cena pesa tanto sobre Jesus, a agonia sentida no Getsêmani, é experimentada em toda sua intensidade ali no alto daquela cruz.
O verso 34 expressa a profundidade do que Jesus sente.
Mark 15:34 NAA
34 E às três horas, Jesus clamou em alta voz: — Eloí, Eloí, lemá sabactani? — Isso quer dizer: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
O que dizer destas três duras horas, o que sabemos é que:
Jesus sofreu agonias indescritíveis.
Ele estava sendo “feito pecado” por nós (2Co 5.21), “uma maldição” (Gl 3.13). Ele estava sendo “ferido por nossas transgressões e machucado por nossas iniquidades”.
Deus estava colocando sobre ele “a iniquidade de nós todos”, etc. (Is 53).
E isso leva Jesus a clamar, e Marcos registra isso na língua original, o aramaico, talvez para mostrar a intensidade de seu clamor.
Na trajetória de Jesus, pudemos ver que nada o intimidava, a lepra não o intimidou; as tempestades não O assustavam; os demônios não causavam pavor, os exércitos que o prenderam não o perturbaram.
A única coisa que aterrorizava nosso Senhor era estar fora da comunhão com Seu Pai.
E quando Aquele que não conheceu pecado se tornou pecado por nós, foi exatamente isso que aconteceu.
Como nos acostumamos a não ter contato com Deus, as coisas que nos apavoram são outras:
São cheques sem fundos, não conseguir uma promoção, uma namorada terminar conosco.
O que nos apavora, é a reserva financeira acabar, é não tirarmos notas boas na escola ou faculdade, é não conseguirmos agradar quem amamos.
Jesus, por outro lado, confiou plenamente no Pai diante de todas as situações , mas foi aterrorizado por aquilo que mal notamos.
Em outras palavras, estamos muito preocupados em viver nossas conquistar, de ter proximidade de pessoas que podem elevar na carreira, queremos viver o melhor da vida.
Mas não nos aterrorizamos com o afastamento que temos de Deus por causa do pecado.
Notamos quando alguém se afasta de nós, por palavras que dissemos, ficamos tristes, choramos.
Mas mal notamos nossa frieza espiritual, nosso apego ao pecado, e como isso abre um abismo em nossa comunhão com Deus, não notamos isso.
Isso não nos atemoriza.
Achamos que Deus nos desempara por não fazer as nossas vontades, e nem sequer consideramos que são os nossos pecados que fazem separação entre nós e Deus.
Cristo sofreu na cruz todo o desamparo, para que por meio do desamparo dele, possamos viver em intima relação com Deus, em intima relação com as escrituras, e intima relação com nossos irmãos.
Jesus ao clamar que se vê desemparado, nos ensina que não podemos negligenciar nossa espiritualidade.
A ponto de achar normal nos distanciarmos do Pai, da comunhão por meio da oração, da leitura bíblica, do culto, da vida comunitária.
A importância que Jesus dá a comunhão com o pai e a palavra fica tão evidente no texto, que ao clamar ao Pai, Jesus ora a palavra.
Psalm 22:1 NAA
1 Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu gemido?
Mas os que o ouvem, continuam a zombar do nosso Salvador.
Mark 15:35–36 NAA
35 E alguns dos que estavam ali, ouvindo isto, diziam: — Vejam! Ele chama por Elias! 36 E um deles correu para embeber uma esponja em vinagre e, colocando-a na ponta de um caniço, deu-lhe de beber, dizendo: — Esperem! Vejamos se Elias vem tirá-lo!
Se aqueles na cena da cruz tivessem atentos, eles teriam reconhecido as palavras de Jesus como o início do Salmo 22.
Um salmo messiânico que descreve a crucificação em grande detalhe séculos antes de ser concebida como pena capital pelos romanos.
Em vez disso, alguns na multidão pensaram que Ele estava chamando Elias.
Havia naquela época uma crença de que Elias, pelo fato de não ter morrido, mas sim levado aos céus, ele ajudava as pessoas em situações difíceis, por isso eles acham que Jesus está clamando por Elias.
O verso 36 relata isso, e como o vinagre era usado como droga para aliviar um pouco a dor, eles oferecem a Jesus para sustentar a vida de Jesus por tempo suficiente para ver se Elias realmente viria salvá-lo.
Mark 15:37 NAA
37 Mas Jesus, dando um forte grito, expirou.
Marcos não nos faz saber o que continha no grito, mas quer nos fazer perceber que o fim da vida de Jesus chegou, ele se entregou ao Pai por amor a nós.
Os demais evangelistas registram a fala de Jesus.
Luke 23:46 NAA
46 Então Jesus clamou em alta voz: — Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou.
John 19:30 NAA
30 Quando Jesus tomou o vinagre, disse: — Está consumado! E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
O clamor de Jesus foi composto pelas duas maiores palavras ditas na história da humanidade: “Está consumado”.
Desde o dia de Seu nascimento até o dia em que Ele morreu, o Inimigo veio contra Jesus implacavelmente, tentando desviá-lo do seu propósito, destruí-lo, impedi-lo de fornecer a salvação.
Mas o Inimigo falhou quando Jesus terminou a obra de redenção no Calvário.
Assim, Seu grito não foi de agonia, mas de vitória. Etstá consumado!
Jesus sabia exatamente o que estava fazendo quando se ofereceu como um sacrifício voluntário.
Está consumado, significando que a obra que o Pai lhe tinha dado a fazer estava sendo agora realizada; que agora ele tinha dado a sua vida em resgate por muitos. (Mc 10.45).
Lucas narra: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46), provando que ele retomou totalmente a consciência da presença amorosa do Pai e estava entregando seu espírito ao cuidado amoroso do Pai.
Jesus estava consumando sua obra, esmagando a cabeça da serpente, triunfando sobre Satanás e seus demônios, vencendo o pecado e comprando-nos para Deus.
Por mais difícil que tenha sido este tempo da crucificação até o último suspiro, é na humilhação e morte de Cristo que ele venceu, sua morte faz dele um vencedor.
As trevas acabaram no exato momento que Jesus entrega sua vida, a morte perde sua força na morte de Jesus, o diabo é derrotado na morte do filho de Deus.
O resultado da morte de Cristo é descrito no que acontece na sequência no templo.
Mark 15:38 NAA
38 E o véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo.
Lembre-se de que o véu do santuário não era uma simples cortina como de nossa casa; pelo contrário, era espesso e pesado, quase tão consistente quanto uma parede.
Ele fazia a separação entre o lugar santo e o lugar santíssimo, onde habitava a glória de Deus - separava o povo da presença de Deus.
E lembre-se também de que somente o homem mais santo, o sumo sacerdote, proveniente da nação mais santa, a nação dos judeus, podia entrar no lugar santíssimo - e somente no dia mais sagrado do ano, o Yom Kippur, e para isso tinha que trazer um sacrifício de sangue para expiação dos pecados.
O véu deixava claro, em alto e bom som, que era impossível para qualquer pecador - para qualquer pecador entrar na presença de Deus.
Entretanto, com o rasgar-se do véu do templo, o caminho à presença de Deus é aberto a todos, pois o sangue derramado de Jesus Cristo fez pagamento final e perfeito pelo pecado.
Hebrews 10:19–22 NAA
19 Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, 20 pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne, 21 e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22 aproximemo-nos com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura.
Não precisamos mais da mediação de animais e de sacerdotes; não precisamos mais de rituais repetidos.
A ira de Deus foi finalmente e para sempre afastada do povo da nova aliança, aqueles que pela graça, mediante a fé, se achegam a Jesus.
O rasgar-se do véu clama em exultante testemunho do sucesso da obra da cruz de Cristo. O Pai acolheu seu perfeito sacrifício.
O véu rasgou-se de alto a baixo, justamente para deixar claro quem fizera aquilo. Foi o modo de Deus dizer: "Esse sacrifício acaba com todos os demais, e o acesso a Deus agora está livre.
Agora, depois da morte de Cristo, todo aquele que nele crer pode ver a Deus, relacionar-se com ele. A barreira que nos separava de Deus caiu por terra.
Nossa trajetória foi reorientada para Deus, de forma permanente.
E isso somente é possível porque Jesus pagou o preço por nosso pecado. Todo aquele que crê agora pode entrar.
Mark 15:39 NAA
39 O centurião que estava em frente de Jesus, vendo que assim havia expirado, disse: — Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.
O véu rasgado para acessar a presença de Deus, não se deu só no véu do templo se rasgando, mas no véu do coração e dos olhos do soldado.
Agora ele não só viu em Cristo o Salvador, mas creu em Cristo como seu pessoal salvador.
A cruz não está posta na história para te despertar um misto de sentimentos e pensar em Jesus como um coitado, mas para gerar em você arrependimento e fé, naquele que na cruz morreu como salvador vitorioso.
Naquela cruz podemos comemorar a morte da morte na morte de Cristo.
Foi na morte do Senhor que o centurião encontrou a vida. Foi no tempo da escuridão que ele viu a luz.
Só procura a luz, quem sabe que está em trevas, e quão densas sao as trevas do nosso pecado, mas Cristo é a luz do mundo.
Essa cena é o escândalo da cruz.

Conclusão

Lucas ao narrar a crucificação, ele narra a oração de Jesus ao pai diante dos mal feitores.
Luke 23:34 NAA
34 Mas Jesus dizia: — Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, para repartir as roupas dele, lançaram sortes.
Na figura do centurião estão todos nós, pois este centurião liderou toda a via crucis e crucificação de Jesus, ele executou as chibatadas, a humilhação, ele de forma prática demonstrou como eu e você não amamos a Deus e seu filho.
Mas mesmo assim, Jesus oferece perdão, foram os teus e meus pecados que fizeram Jesus sofrer, sangrar e morrer na cruz.
O centurião representou a demonstração do nossa ódio a Jesus e nosso afastamento dele, ainda assim, em sua graça Jesus prove em sua morte, perdão dos nossos pecados.
Essa é a loucura da cruz, a Cruz mostra que merecemos sofrer e morrer, mas ao mesmo tempo, mostra que Jesus decidiu nos polpar disso pra prover em si perdão, salvação e acesso ao Pai.
Acesso a presença do Pai por sua graça.
Hebrews 4:16 NAA
16 Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno.
Este centurião foi ganho, salvo, convertido não porque era fez ago para limpar sua barra diante de Deus.
Mas porque o véu do seu coração foi rasgado diante do Salvador que se entregou na cruz.
O verso 39 não é só o testemunho de um soldado que creu, mas é um ato que todos deveriam imitar, ao depositar sua fé unicamente no Filho de Deus que por meio do vexame da cruz, salva todo aquele que crê.
Mesmo em meio a um mundo que nos faz desconfiar cada vez mais das pessoas, e de Deus por causa das pessoas que representam mal a Deus.
Uma coisa é certa, você pode se lançar a Jesus, você pode confiar em Jesus, Você pode crer em Jesus como o centurião.
Pois não há ninguém mais confiável, amável e digno de todo o seu ser e sua devoção, do que um Deus que sofreu, sangrou e morreu por você.
Venha a Cristo, entregue-se a Cristo, renovo sua devoção se voltando a Cristo.
Ele é um salvador que se entregou na cruz, por amor a você.
SDG
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