Deus me livre.
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Infelizmente encontramos diversas formas de justificar uma vida vivida aos nosso próprios desejos. Hoje fica evidente o quanto o ser humano internalizou na busca de um existencialismo que não se importa com nada que esteja fora dele. Nossa identidade a partir de sentimentos.
É difícil a gente compreender que não é tão simples olharmos para quem somos e tentar entender os desdobramentos que influenciam toda a nossa vida.
Ficar no raso, no clichê e no superficial é mais fácil.
Uma clara evidencia do quanto estamos em um momento complicado é pessoas acreditarem que apenas Deus pode me julgar, e falar uma frase dessa sem temor algum, sem compreensão do quanto o Deus verdadeiro tem entre seus atributos, a justiça como cetro do seu trono. O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de justiça é o cetro do teu reino. 7 Amas a justiça e odeias a iniquidade;
Nesta demonstração percebemos a distancia que mundo está da realidade de Deus, e inclusive por vezes nos encontramos no mesmo lugar.
O apóstolo Paulo tratar conosco nossa imperfeição, não hipócrita, mas honesta e sobre o quanto precisamos compreender nossa constituição e as lutas que guerreiam dentro de nós. Forças essas que se degladiam, rendição e rebelião, amor e ódio contra ao Criador.
Para isso vamos fazer um mergulho rápido em Romanos para abrir nosso entendimento.
Introdução e saudação (Romanos 1:1-17): Paulo inicia a carta se apresentando como servo de Jesus Cristo e expressa seu desejo de visitar os cristãos em Roma. Ele também declara que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todos que creem.
O pecado e a necessidade da salvação (Romanos 1:18-3:20): Paulo argumenta que toda a humanidade é pecadora e está separada de Deus. Ele mostra como as pessoas rejeitaram a verdade de Deus e se envolveram em idolatria e imoralidade. Todos são culpados e precisam da salvação.
A justificação pela fé (Romanos 3:21-5:21): Paulo ensina que a justificação, ou seja, ser declarado justo diante de Deus, não é alcançada pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo. É pela graça de Deus que somos salvos, não por mérito próprio.
A vida em Cristo (Romanos 6:1-8:39): Paulo aborda a questão da santificação e explica que, por meio da morte e ressurreição de Jesus, os crentes foram libertados do poder do pecado. Ele enfatiza a necessidade de uma vida transformada pelo Espírito Santo e a vitória sobre a carne.
A soberania de Deus e a eleição (Romanos 9:1-11:36): Paulo trata do papel de Israel na história da salvação e da soberania de Deus na eleição de seu povo. Ele explica que nem todos os descendentes de Israel são verdadeiros israelitas, mas que a salvação está disponível para todos, judeus e gentios, que creem em Jesus.
Exortações práticas (Romanos 12:1-15:13): Paulo apresenta uma série de orientações práticas para a vida cristã. Ele fala sobre a importância do amor, do serviço, da submissão às autoridades e da convivência pacífica entre os crentes.
Conclusão e saudações finais (Romanos 15:14-16:27): Paulo conclui a carta com palavras de encorajamento e envia saudações a várias pessoas em Roma.
Em primeiro lugar, ele condena toda a humanidade, desde os tempos da criação do mundo, por sua ingratidão, visto que não há quem reconheça o Supremo Artífice na incomensurável excelência de suas obras.
Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da Lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado.
Romanos 7:24 é um verso bíblico que faz parte da carta de Paulo aos Romanos e está relacionado com a luta do apóstolo Paulo contra o pecado e a natureza humana. O verso em questão diz: "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7:24, NVI).
Romanos: Comentário Bíblico (24)
“Desventurado homem que sou!” O senso de miséria subentendido nesta exclamação nos causará surpresa, se não apreciarmos a contradição e a frustração apresentadas nos versículos anteriores. O senso de miséria é a reação inevitável ao conflito e seu resultado.
Seremos carentes de entendimento, se não possuirmos a sensibilidade e o discernimento exemplificados pelo apóstolo. Este não se isenta do cativeiro que a lei do pecado conseguia impor-lhe; isto se refletia em sua consciência, mediante aquilo que Gifford denominou de “clamor de angústia”.
A dificuldade que reside neste versículo diz respeito ao significado da pergunta: “Quem me livrará do corpo desta morte?”“Corpo desta morte” são palavras que poderiam ser traduzidas por “este corpo de morte”. Neste caso, a ênfase recairia sobre o corpo caracterizado pela morte. Entretanto, o contexto parece sugerir que a ênfase recai sobre o vocábulo “morte”, isto é, sobre a morte que é intrínseca ou que flui do cativeiro à lei do pecado. Trata-se da morte pertencente a esse cativeiro, e, portanto, é muito mais exequível considerarmos que o pronome demonstrativo “deste” está vinculado à morte, e não ao corpo.
A pergunta, então, é: o que significa o “corpo desta morte”? “Corpo” tem sido interpretado como indicação de “totalidade”; e corpo de morte seria “a totalidade do pecado”.
Portanto, somos constrangidos a pensar, nesta instância, sobre o corpo físico. Como, pois, se pode concebê-lo como o “corpo desta morte”? A morte, já verificamos, deve ser entendida como alusão àquela morte que resulta do cativeiro à lei do pecado (v.23). Mas esta lei do pecado manifesta-se em nossos membros físicos. É deste modo que o corpo pode ser reputado como corpo desta morte — os membros do corpo são a esfera sobre a qual atua a lei do pecado, levando-nos à morte, que é o salário do pecado.“Quem me livrará?” O livramento desejado, conforme veremos, que fatalmente ocorrerá é o livramento daquele cativeiro referido no versículo anterior. Temos aqui um clamor por libertação do corpo desta morte, porque o corpo é o instrumento e a esfera de operação da lei do pecado, que conduz ao cativeiro ao qual o apóstolo estava consignado. Esta orientação nos prepara para a ação de graças do versículo seguinte.25 —
“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.”19 Esta é a resposta à pergunta do versículo 24 e expressa a certeza triunfante do livramento final do corpo desta morte e do cativeiro à lei do pecado, que havia provocado a angústia daquela lamentação. O “clamor de rasgar o coração”,20 pois, não pode ser entendido como um grito de desespero; nunca pode ser dissociado da esperança confiante que o acompanha. O que está em foco nesta expressão de agradecimento? Se “o corpo desta morte” se refere ao corpo físico, mediante o qual a lei do pecado leva avante a sua batalha, nenhuma outra interpretação, além da certeza da ressurreição, se adapta de maneira tão adequada ou relevante aos ter-mos da própria ação de graças ou à analogia dos ensinamentos de Paulo. O fato de que esta ação de graças se trata de uma expressão paralela a 1 Coríntios 15.57, onde a esperança da ressurreição brilha de modo indubitável, de forma alguma é uma suposição sem base. E, além da certeza do livramento que acontecerá quando o corpo de nossa humilhação for transformado segundo a semelhança da glória do corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21), pelo que o crente geme e espera (Rm 8.23), o que poderia ser mais relevante à angústia expressa nesta exclamação e à consideração de que o corpo é o corpo da morte?Paulo não anelava pela morte em si, como se esta constituísse a bendita esperança; ele almejava o livramento proporcionado quando o corpo corruptível for revestido de incorruptibilidade e o que é mortal for absorvido pela imortalidade (1 Co 15.54; 2 Co 5.4). A brevidade da ação de graças de modo algum se mostra inadequada como fórmula de esperança escatológica, mas ressalta o poder, a graça de Deus e a mediação de Cristo, os elementos que compõem a essência da esperança por vir. E confirma a interpretação de que, na última parte do versículo 25, o apóstolo nos oferece um sumário que reitera a vida de conflito e contradição que foi desdobrada em detalhes nos versículos 14 a 24.Esta repetição indica que a triunfante ação de graças, no início do versículo, por si mesma não acaba o conflito delineado. Antes, a esperança entra em cena, mostrando-se exultante e prorrompendo em ação de graças. No entanto, a sua concretização não se verifica por enquanto, pois aquilo que o homem vê, como o esperaria ainda? Mas, com paciência, ele o aguarda (cf. 8.24,25). Por conseguinte, Paulo acrescentou: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado”. A batalha continua, mas o apóstolo é sustentado nessa luta pela certeza de que, finalmente, ser-lhe-á dada a libertação completa.Nesta última parte do versículo, os elementos da antítese são postos nos termos do contexto anterior, a lei de Deus (cf. vv.14,16,22) versus a lei do pecado (cf. v.23)21, a mente (cf. v.23) versus a carne (cf. v.18). A mente, neste caso, tem de ser considerada como um sinônimo de homem interior (v.22) e, portanto, como aquilo que é mais profundo e central no apóstolo. Em face de consentir ele com a lei de Deus (v.16) e deleitar-se nela (v.22), o serviço prestado à lei subentende que a lealdade envolvida neste serviço é na forma de obediência espontânea e de todo o coração. Este conceito de serviço indica que a devoção prestada não é meramente aquela que provém da vontade resoluta, mas também de uma ação frutífera — a vontade determinante resulta no serviço, por parte do apóstolo. A “carne”, por outro lado, deve ser identificada com o pecado que habitava nele (vv.17,20), ao que ele chamou de “minha carne” (v.18), na qual não reside bem algum. Assim como a mente presta serviço à lei de Deus, a carne serve à lei do pecado. O mais significativo aspecto desta descrição final é o modo como o apóstolo se identifica enfaticamente como o agente, em ambos os casos. Ele não afirma que a mente serve à lei de Deus e que a carne, à lei do pecado; mas, antes, diz: “Eu, de mim mesmo”, relativamente à mente e à carne. Isto é conclusivo quanto ao fato de que o apóstolo reconhecia sua própria responsabilidade e agência no serviço à lei do pecado, corrigindo a impressão que, porventura, extraíssemos dos versículos 17 a 20.22 Inteiramente à parte do versículo 25, seríamos compelidos a julgar que o apóstolo não se isolara do pecado cometido, conforme os versículos 17 e 20 poderiam dar a entender. No versículo 14, Paulo diz: “Eu… sou carnal”; e, assim, nos mais claros termos possíveis, ele acusa a si mesmo, baseado na carne, que mais adiante chamaria de sua própria (v.18). Portanto, quando se caracteriza como quem fazia aquilo que não desejava, ele se apresenta como o agente (vv.15,16,19). Porém, a mais conclusiva evidência de que Paulo se identificou com o pecado cometido e não renegou a sua responsabilidade é o fato de que as palavras “eu, de mim mesmo” servem de sujeito para ambos os tipos de serviço mencionados no versículo 25. A exclamação de miséria não pode ser destituída de avaliação ética — por igual modo, ela é autodenunciatória.Há uma questão que exige melhor esclarecimento, antes de deixarmos esta passagem (vv.14–25). É aquilo que poderíamos intitular de questão psicológica. É evidente que a expressão “o que prefiro” (vv.15,19; cf. vv.18,21), à qual o apóstolo se refere com frequência, significa a vontade resoluta de praticar o bem. Esta vontade de fazer o bem é que se via frustrada, com o resultado de que ele praticava as coisas que detestava (vv.16,19,20). A questão é se o mal praticado em contravenção à sua vontade resoluta era praticado sem qualquer determinação de sua parte. Se este era o caso, o apóstolo seria a vítima voluntária e impotente de algum poder estranho, totalmente extrínseco à sua responsabilidade e à sua agência voluntária; e ele ficaria aliviado de toda responsabilidade moral quanto a isso. A ação estaria fora da esfera de sua própria agência moral responsável. Trata-se de sua suposição.Conforme já verificamos, o apóstolo não exclui do mal que praticava a sua própria agência pessoal. Ele censurou a si mesmo por isso, caracterizando-se como “carnal”. Reconheceu que praticava o mal e, por fim, afirmou sem equívocos: “Eu, de mim mesmo… com a minha carne, sirvo à lei do pecado”. Portanto, o sine qua non da ação responsável, ou seja, a volição, precisava estar presente nas ações praticadas, ações pelas quais ele condenou a si mesmo e por causa das quais expressou sua lamentação: “Desventurado homem que sou!” (v.24) Como devemos interpretar as reiteradas afirmações do apóstolo declarando praticar as coisas que não desejava, ao invés das que preferia (vv.15,16,19,20)? Uma solução seria dizer que a palavra traduzida por “querer” significa apenas “desejar” ou “anelar” e que o mal praticado pelo apóstolo era contrário ao seu desejo ou anelo.Contudo, do ponto de vista psicológico, isto não soluciona, em última análise, o problema. Algum prazer ou satisfação precisa ser obtido da realização do pecado; de outro modo, não haveria qualquer volição. Além disso, não me contento com a ideia de que a palavra “querer”, em discussão, pode ser trazida ao nível de mero desejo ou anelo. Teremos de supor a vigorosa ideia de vontade resoluta. Qual é, pois, a solução? Parece que, em toda a passagem, ao falar tanto do que ele fazia quanto do que não conseguia realizar, o apóstolo estava utilizando o verbo “querer” no sentido mais restrito de vontade resoluta para fazer o bem, em harmonia com a vontade de Deus, o que caracterizava seu “eu” mais profundo e interior, a vontade do “homem interior” (v.22).A carne e o pecado que habitavam nele frustavam esta vontade. E, quando o apóstolo praticava o mal, ele fazia aquilo que não era vontade de seu “eu” verdadeiro e íntimo, o homem interior. Isto explica ambas as afirmações: o que ele queria, não o fazia; e o que ele não queria, isto ele fazia. Reconhecer este sentido restrito e específico da palavra “querer” significa que o apóstolo não deve ser entendido como se estivesse dizendo que a vontade, no sentido psicológico do termo, não estava presente nas ações e realizações que ele mesmo censurou como más e que estavam em contravenção à sua vontade resoluta, no sentido mais específico.Outro aspecto merece uma palavra de consideração. Quando o apóstolo afirmou que não praticava aquilo que preferia (v.15), não precisamos supor que sua vontade resoluta para fazer o bem não conseguiu qualquer resultado na prática. Isto seria universalizar a linguagem do apóstolo acima dos limites racionais. Neste caso particular, onde Paulo estava abordando a contradição que surge da presença do pecado e da carne, era suficiente que ele declarasse e deplorasse a frustração de sua vontade resoluta em fazer o bem, sem apresentar-nos um relato histórico dos resultados.
“Desventurado homem que sou!” O senso de miséria subentendido nesta exclamação nos causará surpresa, se não apreciarmos a contradição e a frustração apresentadas nos versículos anteriores. O senso de miséria é a reação inevitável ao conflito e seu resultado. Seremos carentes de entendimento, se não possuirmos a sensibilidade e o discernimento exemplificados pelo apóstolo. Este não se isenta do cativeiro que a lei do pecado conseguia impor-lhe; isto se refletia em sua consciência, mediante aquilo que Gifford denominou de “clamor de angústia”. A dificuldade que reside neste versículo diz respeito ao significado da pergunta: “Quem me livrará do corpo desta morte?”
“Corpo desta morte” são palavras que poderiam ser traduzidas por “este corpo de morte”. Neste caso, a ênfase recairia sobre o corpo caracterizado pela morte. Entretanto, o contexto parece sugerir que a ênfase recai sobre o vocábulo “morte”, isto é, sobre a morte que é intrínseca ou que flui do cativeiro à lei do pecado. Trata-se da morte pertencente a esse cativeiro, e, portanto, é muito mais exequível considerarmos que o pronome demonstrativo “deste” está vinculado à morte, e não ao corpo. A pergunta, então, é: o que significa o “corpo desta morte”? “Corpo” tem sido interpretado como indicação de “totalidade”; e corpo de morte seria “a totalidade do pecado”.18 Logo, Paulo anelava ser livre do pecado em todos os aspectos e consequências. Sem dúvida, este era o anelo do apóstolo e está implícito tanto na pergunta quanto na lamentação que a precede. Todavia, não parece haver base sólida para interpretarmos a expressão desta maneira. No vocabulário de Paulo, conforme vimos em Romanos 6.6, “corpo” se refere ao corpo físico, não havendo qualquer evidência para apoiar a ideia de que tal vocábulo foi usado figuradamente. Portanto, somos constrangidos a pensar, nesta instância, sobre o corpo físico. Como, pois, se pode concebê-lo como o “corpo desta morte”? A morte, já verificamos, deve ser entendida como alusão àquela morte que resulta do cativeiro à lei do pecado (v.23). Mas esta lei do pecado manifesta-se em nossos membros físicos. É deste modo que o corpo pode ser reputado como corpo desta morte — os membros do corpo são a esfera sobre a qual atua a lei do pecado, levando-nos à morte, que é o salário do pecado.
“Quem me livrará?” O livramento desejado, conforme veremos, que fatalmente ocorrerá é o livramento daquele cativeiro referido no versículo anterior. Temos aqui um clamor por libertação do corpo desta morte, porque o corpo é o instrumento e a esfera de operação da lei do pecado, que conduz ao cativeiro ao qual o apóstolo estava consignado. Esta orientação nos prepara para a ação de graças do versículo seguinte.
25 — “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.”19 Esta é a resposta à pergunta do versículo 24 e expressa a certeza triunfante do livramento final do corpo desta morte e do cativeiro à lei do pecado, que havia provocado a angústia daquela lamentação. O “clamor de rasgar o coração”,20 pois, não pode ser entendido como um grito de desespero; nunca pode ser dissociado da esperança confiante que o acompanha. O que está em foco nesta expressão de agradecimento? Se “o corpo desta morte” se refere ao corpo físico, mediante o qual a lei do pecado leva avante a sua batalha, nenhuma outra interpretação, além da certeza da ressurreição, se adapta de maneira tão adequada ou relevante aos ter-mos da própria ação de graças ou à analogia dos ensinamentos de Paulo. O fato de que esta ação de graças se trata de uma expressão paralela a 1 Coríntios 15.57, onde a esperança da ressurreição brilha de modo indubitável, de forma alguma é uma suposição sem base. E, além da certeza do livramento que acontecerá quando o corpo de nossa humilhação for transformado segundo a semelhança da glória do corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21), pelo que o crente geme e espera (Rm 8.23), o que poderia ser mais relevante à angústia expressa nesta exclamação e à consideração de que o corpo é o corpo da morte?
Paulo não anelava pela morte em si, como se esta constituísse a bendita esperança; ele almejava o livramento proporcionado quando o corpo corruptível for revestido de incorruptibilidade e o que é mortal for absorvido pela imortalidade (1 Co 15.54; 2 Co 5.4). A brevidade da ação de graças de modo algum se mostra inadequada como fórmula de esperança escatológica, mas ressalta o poder, a graça de Deus e a mediação de Cristo, os elementos que compõem a essência da esperança por vir. E confirma a interpretação de que, na última parte do versículo 25, o apóstolo nos oferece um sumário que reitera a vida de conflito e contradição que foi desdobrada em detalhes nos versículos 14 a 24.
Esta repetição indica que a triunfante ação de graças, no início do versículo, por si mesma não acaba o conflito delineado. Antes, a esperança entra em cena, mostrando-se exultante e prorrompendo em ação de graças. No entanto, a sua concretização não se verifica por enquanto, pois aquilo que o homem vê, como o esperaria ainda? Mas, com paciência, ele o aguarda (cf. 8.24,25). Por conseguinte, Paulo acrescentou: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado”. A batalha continua, mas o apóstolo é sustentado nessa luta pela certeza de que, finalmente, ser-lhe-á dada a libertação completa.
Nesta última parte do versículo, os elementos da antítese são postos nos termos do contexto anterior, a lei de Deus (cf. vv.14,16,22) versus a lei do pecado (cf. v.23)21, a mente (cf. v.23) versus a carne (cf. v.18). A mente, neste caso, tem de ser considerada como um sinônimo de homem interior (v.22) e, portanto, como aquilo que é mais profundo e central no apóstolo. Em face de consentir ele com a lei de Deus (v.16) e deleitar-se nela (v.22), o serviço prestado à lei subentende que a lealdade envolvida neste serviço é na forma de obediência espontânea e de todo o coração. Este conceito de serviço indica que a devoção prestada não é meramente aquela que provém da vontade resoluta, mas também de uma ação frutífera — a vontade determinante resulta no serviço, por parte do apóstolo. A “carne”, por outro lado, deve ser identificada com o pecado que habitava nele (vv.17,20), ao que ele chamou de “minha carne” (v.18), na qual não reside bem algum. Assim como a mente presta serviço à lei de Deus, a carne serve à lei do pecado. O mais significativo aspecto desta descrição final é o modo como o apóstolo se identifica enfaticamente como o agente, em ambos os casos. Ele não afirma que a mente serve à lei de Deus e que a carne, à lei do pecado; mas, antes, diz: “Eu, de mim mesmo”, relativamente à mente e à carne. Isto é conclusivo quanto ao fato de que o apóstolo reconhecia sua própria responsabilidade e agência no serviço à lei do pecado, corrigindo a impressão que, porventura, extraíssemos dos versículos 17 a 20.22 Inteiramente à parte do versículo 25, seríamos compelidos a julgar que o apóstolo não se isolara do pecado cometido, conforme os versículos 17 e 20 poderiam dar a entender. No versículo 14, Paulo diz: “Eu… sou carnal”; e, assim, nos mais claros termos possíveis, ele acusa a si mesmo, baseado na carne, que mais adiante chamaria de sua própria (v.18). Portanto, quando se caracteriza como quem fazia aquilo que não desejava, ele se apresenta como o agente (vv.15,16,19). Porém, a mais conclusiva evidência de que Paulo se identificou com o pecado cometido e não renegou a sua responsabilidade é o fato de que as palavras “eu, de mim mesmo” servem de sujeito para ambos os tipos de serviço mencionados no versículo 25. A exclamação de miséria não pode ser destituída de avaliação ética — por igual modo, ela é autodenunciatória.
Há uma questão que exige melhor esclarecimento, antes de deixarmos esta passagem (vv.14–25). É aquilo que poderíamos intitular de questão psicológica. É evidente que a expressão “o que prefiro” (vv.15,19; cf. vv.18,21), à qual o apóstolo se refere com frequência, significa a vontade resoluta de praticar o bem. Esta vontade de fazer o bem é que se via frustrada, com o resultado de que ele praticava as coisas que detestava (vv.16,19,20). A questão é se o mal praticado em contravenção à sua vontade resoluta era praticado sem qualquer determinação de sua parte. Se este era o caso, o apóstolo seria a vítima voluntária e impotente de algum poder estranho, totalmente extrínseco à sua responsabilidade e à sua agência voluntária; e ele ficaria aliviado de toda responsabilidade moral quanto a isso. A ação estaria fora da esfera de sua própria agência moral responsável. Trata-se de sua suposição.
Conforme já verificamos, o apóstolo não exclui do mal que praticava a sua própria agência pessoal. Ele censurou a si mesmo por isso, caracterizando-se como “carnal”. Reconheceu que praticava o mal e, por fim, afirmou sem equívocos: “Eu, de mim mesmo… com a minha carne, sirvo à lei do pecado”. Portanto, o sine qua non da ação responsável, ou seja, a volição, precisava estar presente nas ações praticadas, ações pelas quais ele condenou a si mesmo e por causa das quais expressou sua lamentação: “Desventurado homem que sou!” (v.24) Como devemos interpretar as reiteradas afirmações do apóstolo declarando praticar as coisas que não desejava, ao invés das que preferia (vv.15,16,19,20)? Uma solução seria dizer que a palavra traduzida por “querer” significa apenas “desejar” ou “anelar” e que o mal praticado pelo apóstolo era contrário ao seu desejo ou anelo.
Contudo, do ponto de vista psicológico, isto não soluciona, em última análise, o problema. Algum prazer ou satisfação precisa ser obtido da realização do pecado; de outro modo, não haveria qualquer volição. Além disso, não me contento com a ideia de que a palavra “querer”, em discussão, pode ser trazida ao nível de mero desejo ou anelo. Teremos de supor a vigorosa ideia de vontade resoluta. Qual é, pois, a solução? Parece que, em toda a passagem, ao falar tanto do que ele fazia quanto do que não conseguia realizar, o apóstolo estava utilizando o verbo “querer” no sentido mais restrito de vontade resoluta para fazer o bem, em harmonia com a vontade de Deus, o que caracterizava seu “eu” mais profundo e interior, a vontade do “homem interior” (v.22).
A carne e o pecado que habitavam nele frustavam esta vontade. E, quando o apóstolo praticava o mal, ele fazia aquilo que não era vontade de seu “eu” verdadeiro e íntimo, o homem interior. Isto explica ambas as afirmações: o que ele queria, não o fazia; e o que ele não queria, isto ele fazia. Reconhecer este sentido restrito e específico da palavra “querer” significa que o apóstolo não deve ser entendido como se estivesse dizendo que a vontade, no sentido psicológico do termo, não estava presente nas ações e realizações que ele mesmo censurou como más e que estavam em contravenção à sua vontade resoluta, no sentido mais específico.
Outro aspecto merece uma palavra de consideração. Quando o apóstolo afirmou que não praticava aquilo que preferia (v.15), não precisamos supor que sua vontade resoluta para fazer o bem não conseguiu qualquer resultado na prática. Isto seria universalizar a linguagem do apóstolo acima dos limites racionais. Neste caso particular, onde Paulo estava abordando a contradição que surge da presença do pecado e da carne, era suficiente que ele declarasse e deplorasse a frustração de sua vontade resoluta em fazer o bem, sem apresentar-nos um relato histórico dos resultados.
18 Calvino, op. cit., ad loc.; cf. também aqueles comentadores citados em Romanos 6.6, que entendem do mesmo modo a expressão “corpo do pecado”.
19 As formas variantes na fórmula da ação de graças têm a mesma força. Quanto às evidências externas, parece que a preferência recai entre εὐχαριστῶ τῷ θεῷ e χάρις τῷ θεῷ. A primeira é apoiada por א*, A e pela maioria dos manucritos cursivos; e a segunda, por B.
20 Esta expressão pertence a Sanday e Headlam, op. cit., ad 7.24. Mas está longe de significar “das profundezas do desespero”, conforme eles alegam.
21 “Tanto a ‘lei de Deus’ quanto a ‘lei do pecado’ foram mencionadas anteriormente, nos versículos 22 e 23, com seu artigo definido; aqui os artigos são omitidos, a fim de mostrar mais claramente em que consiste cada lei, em sua natureza e qualidade, sendo a primeira ‘uma lei de Deus’, e a outra, ‘uma lei do pecado’ ” (Gifford, op. cit., ad loc.).
22 Com certeza, Gifford se afasta do assunto ao dizer: “Se Cristo é meu libertador, fica implícito que ‘eu mesmo’, sem Cristo, não posso ir além do estado de desvio e contradição que fora descrito nos versículos 14–23” (op. cit., ad loc.). Pois é somente em Cristo que a experiência descrita pode tornar-se uma realidade, e não devemos esquecer que “eu, de mim mesmo” é o sujeito de “com a mente, sou escravo da lei de Deus”, uma condição que não pode concretizar-se à parte de nossa união com Cristo.
John Murray, Romanos: Comentário Bíblico, ed. Tiago J. Santos Filho, trans. João Bentes, 2a Edição. (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2016), 332–337.A expressão "corpo desta morte" usada por Paulo não está relacionada especificamente a um castigo romano ou a qualquer prática física de carregar um cadáver nas costas. Na verdade, é uma metáfora que Paulo usa para descrever a natureza pecaminosa e a luta interna que ele sente em relação ao pecado.
Paulo está descrevendo a frustração que ele sente como um crente que deseja fazer o bem, mas muitas vezes se vê sucumbindo ao pecado. Ele usa a expressão "corpo desta morte" para ilustrar a influência do pecado em sua vida e sua necessidade desesperada de ser liberto dele. Ele reconhece que, por si mesmo, ele é incapaz de se livrar desse fardo do pecado.
O verso seguinte, em Romanos 7:25, traz a resposta de Paulo à sua própria pergunta: "Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!" Ele reconhece que é por meio de Jesus Cristo que ele encontra a libertação do poder do pecado e a esperança de uma vida transformada.
Portanto, ao interpretar Romanos 7:24, é importante entender o contexto teológico e a ênfase de Paulo na necessidade da salvação em Jesus Cristo e na vitória sobre o pecado, em vez de associar diretamente com uma prática de punição romana específica.