Confiança na justiça de Cristo (Fp 3.2-11)
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INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Para os cristãos da igreja na cidade de Filipos, era fundamental que eles se lembrassem que esta vida é passageira, e que o tempo em que estamos aqui serve para vivermos de forma a anunciar a mensagem do Evangelho, de forma clara e consistente, a fim de que Cristo os havia alcançado por meio da graça.
Os filipenses eram um povo que havia se convertido e, por causa de terem se tornado cristãos, estavam sofrendo perseguição, e muitos eram orgulhosos por possuírem cidadania romana, o que lhes dava muitos direitos.
A perseguição que eles sofriam ocorria em boa parte por causa de pessoas no meio deles mesmos, ou seja, cristãos vindos do judaísmo, chamados de judaizantes, que tentavam obrigá-los a cumprir rituais dos judeus, ritos estes dos quais iremos detalhar mais adiante.
Os judeus confiavam em si mesmos e em sua própria justiça, gloriavam-se pelas obras que praticavam. Paulo, então, apresentou um alerta aos verdadeiros cristãos para se lembrarem daquilo que era essencial na vida com Cristo, o que é, também, essencial para nós nos dias de hoje.
Assim, amados irmãos, o tema que eu gostaria de falar a vocês hoje é:
Proposição: CONFIANÇA NA JUSTIÇA DE CRISTO
Iremos estudar quais foram as orientações de Paulo que servem, também, para nós atualmente. Verdades essenciais que jamais mudarão!
Dobradiça: Para que sejamos confiantes na justiça de Cristo, primeiramente, devemos lembrar sobre o:
1. CUIDADO COM OS ENGANADORES (v. 2)
1. CUIDADO COM OS ENGANADORES (v. 2)
2 Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão!
Ilustração: No ano de 2021, eu e a Maiara moramos em um apartamento que ficava na igreja em que eu servia como pastor licenciado. no jardim daquela igreja havia um cacto que dava um fruto chamado figo-da-Índia, um fruto que, se não for pego com cuidado, faz com que a gente fique com muitos espinhos nas mãos e onde mais ele encostar em nós.
É importante sempre pegar com algo que consiga espetá-lo e cortar com uma faca. Se isto não é feito na luz do dia, fica ainda mais difícil sem ficar com espinhos nas mãos.
Explicação do versículo: E o que isso tem a ver com o texto? Bem, no v. 2, quando Paulo falou acerca dos cães, ele não estava se referindo aos animais, não estava falando que eles não poderiam ter um cão em sua casa.
Estava falando dos falsos mestres e enganadores que eram considerados como cães perigosos que surgiam para atacar aos que estivessem indefesos.
Pessoas com uma mente impura em muitas situações, imprudentes, eram como os espinhos de um figo-da-Índia que só se percebia a ação maligna deles depois que já estavam inseridos no meio do povo. Paulo está alertando aos filipenses que os maus obreiros tinham pensamentos que eram apenas para destruição.
O apóstolo se referiu a eles como detentores de uma falsa circuncisão. Lembrando que a circuncisão no Antigo Testamento era, para o povo de Israel, como um sinal do compromisso com o Senhor, um penhor da aliança a fim de que o povo caminhasse íntegro diante de Deus.
Os judeus enxergavam este ritual em si como uma forma de obter justiça diante de Deus. Aquele que não fosse circuncidado não poderia fazer parte da aliança com o Senhor.
Se tornou, ao longo do tempo, como uma mutilação para aqueles que procuravam seguir apenas a lei, sem lembrar o real significado daquilo que já não era mais necessário. O sinal da nova aliança com Deus foi estabelecido por meio de Cristo, por meio do Seu precioso sangue.
Aplicações práticas: Quais são as práticas que, hoje, procuramos estabelecer diante do Senhor? O que você julga ser importante para seguir firme na intimidade e proximidade com Deus?
Fico muito incomodado por ver líderes de igrejas por aí que inventam regras, proíbem seus membros de fazerem coisas que não são, de fato, prejudiciais. Ensinam tanto as proibições e se esquecem de enxergar aquilo que se pode fazer, se esquecem do Deus gracioso. Antigamente, não se podia assistir TV, praticar esportes, ir ao cinema, tomar café, comer carne de porco, um pouco disso ainda existe hoje.
É como se estivéssemos nas práticas do Antigo Testamento. Se tudo isso é obrigatório, por que Cristo viria a morrer por nós? Ele cumpriu a Lei. Obviamente, há coisas que, feitas em excesso, podem caracterizar um pecado, como a gula.
Dedicar nosso tempo para ficarmos apenas nos divertindo assistindo filmes e séries, passeando, fazendo compras, gastando de forma desenfreada o dinheiro que Deus nos dá. A moderação é importante, mas não é isso que garante nossa salvação.
Por vezes, ficamos buscando formas de agradar a Deus com nossos atos como se fôssemos irrepreensíveis em tudo. Lembre-se que, sem Cristo, nada do que fazemos será aceito por Deus. É a eficácia da obra de Cristo que nos traz salvação.
Dobradiça: Além de termos cuidado com ensinos errados em nossa vida cristã, para estarmos confiantes na justiça de Cristo, devemos lembrar, ainda, sobre a:
2. REJEIÇÃO À SALVAÇÃO PELAS OBRAS (v. 3-6)
2. REJEIÇÃO À SALVAÇÃO PELAS OBRAS (v. 3-6)
3 Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
Explicação do versículo: Paulo reforça que a verdadeira circuncisão ocorre no nosso coração por meio de Cristo Jesus. Somos todos descendentes espirituais de Abraão, aquele com quem Deus estabeleceu uma aliança, aquele que é conhecido como o “pai da fé”. Em Romanos, Paulo já havia destacado o que significa a verdadeira circuncisão:
28 Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. 29 Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.
Os filipenses deveriam se lembrar que eram cristãos separados para Deus a fim de viverem livres das paixões deste mundo e da impureza espiritual. A adoração sincera a Deus é feita em Espírito, com um coração definitivamente convertido, que se gloria em Cristo, e não em si mesmo, que sabe que suas obras são inúteis para a salvação.
4 embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança. Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: 5 circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à Lei, fariseu; 6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na Lei, irrepreensível.
Paulo possuía dupla cidadania: israelita e romana. Quanto ao povo de Israel, ele reforçou que foi circuncidado no oitavo dia de vida, como estava na Lei de Moisés, ele era da tribo de Benjamim, de uma das doze tribos, ou seja... Ele era da nação de Israel.
Aí, ele continua dizendo que era fariseu quanto à Lei, pois antes de sua conversão, procurava seguir toda a orientação do Antigo Testamento como um fariseu, um separatista, integrante desta seita dentro do Judaísmo.
Ele possuía o zelo, ou seja, procurava manter tudo o que havia aprendido e, neste caso, se tornou perseguidor da igreja, pois acreditava que os seguidores de Cristo eram profanadores e enganadores. Para a Lei de Moisés, ele julgava a si mesmo como irrepreensível, pois seus atos externos o faziam acreditar que era o suficiente e que Deus Se agradava disso.
Aplicações práticas: De que adianta a prática exterior, mas o coração continua cheio de malícia, inveja e mentira? Será que nós, em nosso interior, ainda não vivemos desta maneira? Devemos nos perguntar como tem sido o nosso culto diário. Por vezes, procuramos transparecer diante da igreja que fazemos tudo corretamente, mas, no nosso íntimo, ainda estamos longe do que poderíamos ser.
Seja de forma inocente ou intencional, há situações em que queremos deixar nossas boas obras de forma evidente. Se fosse possível, anunciaríamos em um outdoor quando ajudamos alguém na rua, publicar nas redes sociais ao participarmos de alguma obra social.
Há pessoas que publicam nas redes sociais fotos suas do momento em que estão orando, postam versículos bíblicos para que os outros imaginem o quão espirituais elas são.
Jesus ensinou Seus discípulos a orarem de maneira privada no quarto, a não dar esmola para ser visto, a não jejuar somente para ter uma aparência de alguém que realmente está jejuando. Os fariseus faziam tudo isso e se orgulhavam.
A verdadeira conversão busca agradar a Deus quando, intensamente, a busca é por conhecer a Cristo de uma forma que sejamos mais parecidos com Ele, somente assim seremos aceitos pelo Pai. Essa é a verdadeira transformação.
Dobradiça: Além da cautela com os falsos mestres e a rejeição da salvação pelas obras, uma vida de confiança na justiça de Cristo, deve enxergar:
3. VIDA SEM CRISTO COMO PREJUÍZO (v. 7-11)
3. VIDA SEM CRISTO COMO PREJUÍZO (v. 7-11)
7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. 8 Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo
Explicação do versículo: Paulo afirmou que poderia receber todos os méritos por seguir a Lei rigorosamente como lhe fora ensinado.
O que ele percebeu, porém, quando teve um encontro com Cristo, é que toda a vida que anteriormente levava, de nada serviria, era apenas prejuízo, um dano, algo que lhe atrapalharia em sua nova vida.
Ele entendeu que tudo fica para trás. Ser circuncidado, ser de uma família nobre de Israel, ser fariseu, zelar pela tradição de seus antepassados e possuir uma retidão legalmente reconhecida: para um judeu ortodoxo, para um legítimo judeu que segue fielmente à Lei do Antigo Testamento, isto era maravilhoso! Mas Paulo sabia que isto era um peso, não edificava e não trazia justiça diante do Senhor.
Algum dos irmãos aqui já fez um passeio de balão? Imagine que você fosse se preparar para fazer um desses passeios, e você teria de levar as coisas mais valiosas que possui. O que levaria? Imagine que, em um determinado momento, fosse obrigado a tirar coisas que estão sobrecarregando o balão, levando ele a bater em algum obstáculo e não deixando ele ser guiado pra desviar.
Para fazer o balão desviar, quais coisas de sua bagagem jogaria primeiro e quais não iria abrir mão de jeito nenhum? Agora, e se a nossa vida fosse como um passeio de balão, o que de mais valioso estaríamos levando? Se for Cristo, não traz peso algum, apenas conduz à vida.
9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; 10 para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;
Quando Paulo entendeu quem era Cristo, tudo o que viveu antes foi considerado como refugo ou lixo, e ainda mais, a palavra no original significa até esterco. Ter comunhão com Cristo é abandonar todo e qualquer desejo de glória nesta vida.
O apóstolo tinha o desejo de ser achado em Cristo, de ser reconhecido como um discípulo dEle, como alguém em plena comunhão com o Senhor.
Paulo ainda deseja partilhar dos mesmos sofrimentos de Cristo. Ele sabia que um verdadeiro cristão deve estar pronto para sofrer quando necessário. Se Cristo passou por tudo o que passou, quem somos nós para querermos fugir? O apóstolo finalizou dizendo:
11 para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.
Somente quem está preparado para sofrer pela causa de Cristo está preparado para ressuscitar com Ele na nova vida.
Aplicações práticas: Na viagem desta vida, com Cristo, não precisamos de bagagens, não precisamos de pesos. Temos de deixar as tralhas de lado e entender que nosso compromisso com o Senhor é muito maior e mais excelente que as nossas conquistas, os nossos talentos e habilidades, é maior que a beleza exterior.
Quando nos deparamos com o dono da vida verdadeira, as coisas desse mundo se tornam excesso. Tudo o que nesta vida é considerado como valioso não nos traz salvação! Você pode ter nascido em uma família rica, estudou nos melhores colégios, ganha muito bem em seu emprego ou recebe uma ótima aposentadoria, seus filhos estão casados, você possui netos, tem uma vida tranquila...
Você pode ser o melhor diácono, o melhor presbítero, o melhor professor de Escola Bíblica de todas as igrejas de Ibaiti e região, aclamado e reverenciado por onde passa, se Cristo não caminha ao seu lado, seus passos não estão sendo abençoados por Ele.
Cristo é puro, totalmente perfeito, é aquele que retira de nós as impurezas que nos afastam da comunhão com Deus. Onde somos mais conhecidos? Em Cristo, ou somente nas igrejas por aí? Queremos fama neste mundo ou queremos viver na eternidade com o Senhor?
Uma vida fácil neste mundo resultará em uma vida de sofrimento na eternidade, mas uma vida fora da zona de conforto aqui, enquanto vivemos, estabelecidos e achados em Cristo, não em nós mesmos, resultará em paz e perdão de Deus, para sermos chamados de filhos, para provarmos de uma alegria que nunca vai acabar, pois estaremos na presença do Senhor para todo o sempre.
CONCLUSÃO
Não confie em si mesmo. Não confie nas suas conquistas, no seu bom nome ou na sua formação profissional. Não confie no seu dinheiro, nas suas posses, tudo é refugo, pois Deus Se agrada do nosso coração sincero e entregue totalmente aos cuidados daquele que sempre nos amou.
Se este mundo está desesperado, a nossa postura tem de ser diferente, devemos possuir uma esperança firmada e fundamentada no Senhor. É a confiança de que nEle somos inabaláveis.
Líderes por aí estão ensinando tantas heresias, tentando forçar práticas de justiça, sejamos nós diferentes. Confiemos que somos salvos pela graça, não pelas obras, e tudo o que não é de Cristo, é prejuízo, é detestável, sem valor.
Que em tudo possamos lembrar que o nosso destino é com o Senhor. Esta é a nossa vida, a nossa alegria.
Que o Senhor abençoe a todos!