A fonte de paz

Introdução

Domingo passado fomos apresentados ao entendimento do profeta Isaías, de que Deus estabeleceu e mantém seu Reino através da Justiça e da Retidão. Deus é todo-poderoso, sim, mas seu reino não é resultado de imposição, violência, truculência ou outras atitudes semelhantes. Justiça e Retidão são os caminhos que Ele decidiu tomar para que o mundo experimente a sua Shalom (paz).

De igual modo, nós somos chamados a abraçar a justiça e a retidão em nossa maneira de viver, de forma a produzir ao nosso redor ilhas de paz que sirvam de abrigo para a pessoas com quem convivemos.

Hoje quero completar essa perspectiva do projeta Isaías sobre a paz, falando a respeito o fim da paz e sobre a maneira com a justiça e a retidão de Deus fizeram com que ela pudesse novamente ser possível.

Texto Bíblico

Isaiah 53:4–6 NVI

4 Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido. 5 Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. 6 Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

Há muitas coisas que podemos aprender nesses versos, escritos cerca de 700 anos antes de Cristo. Hoje vamos nos limitar a olhar para eles à luz do que é dito sobre a paz:

“… o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele,...”

Isaías usou a palavra Shalom para falar de paz. Essa é aquela mesma paz ampliada de que temos falado, quando a pessoa vive uma vida plena. E o profeta nos apresenta algo novo sobre ela: alguém precisou ser punido para tivéssemos acesso à paz. Esse alguém de que falar o profeta é o Messias, o enviado de Deus, Jesus Cristo.

O fim da paz

A fim de entendermos melhor essa nova informação, precisaremos consultar outro texto bíblico. Por que houve um tempo em que a paz era constante no Reino de Deus. Havia harmonia plena entre o criador e toda a criação, inclusive com o ser humano.

Genesis 1:31 NVI

31 E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia.

Depois de trazer o universo à existência, Deus afirmou que tudo havia ficado muito bom. O homem e a mulher foram criados à imagem de Deus e a eles foi dada a responsabilidade de gerar descendência e de cuidar do restante da criação, como representantes de Deus.

Eles foram colocados em um jardim, que Deus visitava periodicamente. Deles foi pedido que confiassem em Deus e obedecessem suas orientações. Por exemplo, eles podiam comer de toda árvore do jardim, inclusive de uma chamada “árvore da vida”; apenas não poderiam comer do fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal”.

Genesis 2:17 NVI

17 mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”.

Como sabemos o casal não confiou que Deus tinha o melhor plano. Eles foram convencidos de que Deus estava escondendo o jogo, talvez sendo mesquinho, e que de fato não desejava o melhor para eles.

Os nossos pais decidiram trilhar seu próprios caminhos. Desobedeceram as orientações de Deus e trouxeram sobre eles e sobre seus descendentes as consequência anunciadas por Deus.

Se a Shalom fosse uma xícara, ela teria caído no chão e se despedaçado naquele momento. E o som dos pedaços estilhaçados teriam sido ouvidos por todo o universo.

Na verdade foi exatamente isso que aconteceu. Todo o universo havia ouvido as promessas de paz feitas por Deus ao casal. Todo o universo ouviu a xícara Shalom se despedaçar. Todo o universo ouvi a punição prometida se tornar realidade.

A paz deixou de existir, porque nossos pais decidiram trilhar seus próprios caminhos, virando as costas para Deus. No lugar dela ficou um clima de desconfiança, rebeldia e desobediência.

Se voltarmos ao verso 6 do texto de Isaías, veremos que é sobre o fim da paz que o profeta está falando.

Isaiah 53:6 NVI

6 Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

A lógica nos diz que se cada um de nós se desviou e se voltou para seu próprio caminho, então cada um de nós deveria pagar o preço de nossa rebeldia e desobediência; cada um de nós dever sofre a morte de estar longe de Deus.

A paz já não esta disponível desde a loucura de nossos pais. Porque em sua Retidão, Deus não poderia mudar as regras que ele mesmo estabeleceu; e em sua Justiça, Ele não poderia suspender as consequências já anunciadas.

Restauração da paz

O que nós poderíamos fazer a respeito disso? Nada! Segundo afirmou o apóstolo João mais 700 anos depois, o único que podia fazer alguma coisa era o próprio Deus. E ele fez. Por causa do seu amor, ele fez.

Nos versos 4 e 5 vemos os detalhes daquilo que Deus fez para nos salvar e ao mesmo tempo preservar sua Justiça e Retidão.

Ele tomou sobre si as nossas enfermidades

Ele foi transpassado por nossas transgressões

Ele foi esmagado por nossas iniquidades

Ele foi ferido para sermos curados

Ele foi castigado em nosso lugar

Em Jesus, Deus sofreu aquilo que nós deveríamos sobre. O filho recebeu sobre si o justo castigo pelo pelo pecado da humanidade. O pai manteve sua retidão e sua justiça. E nós ganhamos a restauração da paz que havíamos perdido. A Shalom de Deus está novamente disponível para aqueles que arrependidos se rendem ao amor de Deus.

Mesmo auto-limitado em sua humanidade, Jesus sabia que sua morte e ressurreição trazia de volta a paz de Deus. Veja o que Ele disse aos seu discípulos:

John 14:27 NVI

27 Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo.

Conclusão

A ausência da Shalom de Deus é tão desconcertante que as pessoas estão sempre em busca de um diagnóstico para a falta de paz neste mundo. Quase nunca os diagnósticos encontrados e as propostas para encontrar paz tem relação com o que vimos hoje.

E mesmo nós, seguidores de Jesus, somos constantemente assediados por outros entendimentos e outras solução para as guerras dentro de nós e entre nós.

Dentre as muitas listas disponíveis por aí, separei essa:

1. aceite o que não pode ser controlado. Isso é bom, mas a Shalom do Deus vem quando reconhecemos a soberania daquele que tem um universo em suas mãos;

2. perdoe a si mesmo e aos outros. Isso é bom, mas Shalom de Deus vem quando confessamos nosso pecado a Ele e recebemos dele o perdão. Aí estamos prontos para perdoar os outros e sermos compassivos com nós mesmos;

3. mantenha o foco no aqui e agora. Isso bom, mas a Shalom de Deus vem da confiança de que por causa de Jesus nosso passado não mais nos amedronta e nosso futuro está sendo conduzido por Deus;

4. volte-se para dentro de si mesmo. Isso é bom, mas a Shalom de Deus vem da presença do Espírito de Deus em nós. É ele que nos consola, falando ao nosso espírito sobre as grandezas do amor de Deus;

5. registre pensamentos e emoções. Isso é bom, mas a Shalom de Deus vem da influência que as verdades bíblicas tem sobre nossos pensamentos e emoções.

6. conecte-se com a natureza. Isso é bom, mas a Shalom de Deus vem da convicção de que temos a responsabilidade em cuidar e zelar pela criação, como fomos chamados a fazer pelo Criador.

Quando a questão é Viver em Paz, as Escrituras Sagradas apontam para uma única direção:

Nossa relação com o Deus Criador do universo precisa ser restaurada. É preciso estar em paz com Ele para que a Shalom dele encontre espaço em nós. É preciso estar em paz com Ele para a paz dele flua através de nós em direção às outras pessoas. Nada nem ninguém via trazer Shalom para sua vida, sem que primeiro você se acerte com Deus.

A Shalom (vida plena) que Jesus prometeu começa com o reconhecimento do coração rebelde e desobediente que pulsa em seu peito, passa pela confissão constante do seu pecado e se tornar realidade com a prática da confiança no amor que Ele tem por nós, demonstrado pela morte de Jesus, levando sobre si o castigo que nos trouxe a paz.

Que Ele nos abençoe.