O Bom ORGULHO

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As diversas traduções trazem "gloriar-se" - glória para si mesmo. Devemos nos orgulhar "em Deus" que ama a "Misericórdia", a "justiça" e o Juízo" Paulo faz um paralelo em 1Co.1.31 e veja tb. 2Co.10.17

Notes
Transcript

Jr.9.23-24

Jeremias, Volumes 1 & 2 (3. Ilusão e Realidade (9.23–24) [TM 9.22–23])
Assim diz o SENHOR: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas”. Aqui há três fontes de autoconfiança que podem dar a ilusão de que garantirão imunidade contra as vicissitudes da vida. “Gloriar-se” (<√hālal, II hithpael, “louvar-se”, “expressar confiança nas próprias qualidades ou nas qualidades de alguma coisa”; 1Rs 20.11) é um exercício de autofelicitação que enumera os pontos positivos de toda característica que estiver sendo levada em consideração. Porém a ideia comunicada é que esta autofelicitação é injustificada. Paulo aprendeu a avaliar corretamente os padrões humanos de prosperidade, posição social e poder em que os coríntios baseavam seus julgamentos de mérito, e usou essas palavras para apontar-lhes o entendimento correto do assunto (1Co 1.31). Ele também aplicou os mesmos padrões àquilo que ele mesmo tinha alcançado (2Co 10.17).O indivíduo que se considera sábio reconhece que seu conhecimento, e seu entendimento e habilidades intelectuais o colocarão em uma boa posição quando chegar o período de provações, de modo que conseguirá sobreviver. O homem que se orgulha de sua destreza reconhece que sua resistência física lhe dá uma vantagem acima da média de lidar com a vida. O homem rico coloca sua confiança nos recursos materiais de que dispõe. A referência pode ser dirigida particularmente àquelas famílias que, ao longo dos dois séculos anteriores, tinha alcançado prosperidade substancial e formado uma poderosa classe latifundiária em Judá. Estima-se que, nesta época, de 3% a 5% da população possuíam de 50% a 70% da terra (NIDOTTE 3: 559), que era o principal recurso produtivo da economia. Porém, nem a sabedoria, nem a força, nem as riquezas (nem a combinação salomônica das três) seriam úteis no dia do acerto de contas, por isso nenhuma delas era uma base adequada para planejar e viver nesta vida. O povo está sendo advertido a não colocar sua confiança nestas coisas.24. Porém há, também, um aspecto positivo para esta mensagem. Se alguém deseja se orgulhar, o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber. Esta é a única base adequada para a confiança (Sl 34.2; 64.10; 105.3; Is 41.16). O fundamento mais básico para toda a vida humana é uma perspectiva correta sobre o divino, ter discernimento e conhecimento de Deus. “Conhecer” (<√śākal, “ter discernimento”) também se refere à prosperidade que pode advir desse discernimento. “Conhecer-me” não é apenas saber algo sobre Deus, mas ter um compromisso verdadeiro com ele (8.7; 9.6). “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).Contrastando com a tríade de autossuficiência (v. 23), três aspectos do caráter divino são mencionados: que eu sou o SENHOR, e faço misericórdia, juízo e justiça na terra. Este conhecimento de Deus deve ser em termos de seu nome pactual, Senhor, Yahweh, que é indicativo de sua presença com seu povo para libertar e sustentar (Êx 3.14–15; 6.2–8). Ele não deve ser concebido como uma coleção de atributos abstratos, pois a expressão aqui revela a atividade divina do Senhor: “faz/exercita” (<√ʿāśâ, “fazer”). É o conhecimento do Deus ativo e envolvido que é ordenado, não a especulação árida.Esta atividade divina é descrita pelo uso de três termos que estão no âmago da teologia do Antigo Testamento. “Misericórdia” (ḥesed, 2.2) descreve o amor comprometido de Deus para com seu povo. Este termo tem uma variedade de significados tão grande que nenhum termo consegue expressá-lo em português: “bondade” (NKJV); “amor constante” (NRSV); “amor infalível” (REB); “beneficência” (ARC). O rei pactual de Israel era aquele que se comprometeu em exercitar seu relacionamento com o povo que ele escolheu para si, e não pode haver dúvida quanto às suas boas intenções em relação a ele. Conhecer sua ḥesed deveria causar admiração por ela existir, e gratidão por ser ela manifesta ao povo por meio da aliança; a qual, por sua vez, requer uma resposta do povo. “Juízo” (mišpāṭ, 5.4) cobre a administração do reino de Deus como um reino caracterizado por padrões de equidade e verdade que refletem o que ele mesmo é. “Justiça/retidão” (ṣədāqâ, 4.2) refere-se à conformidade a um padrão. Deus é aquele que sempre está à altura das normas exigidas por seu ser eterno e pelo vínculo pactual no qual entrou voluntariamente. “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, benigno (ḥāsîd, 3.12) em todas as suas obras” (Sl 145.17). Posto que ele não se desvia do que é em si mesmo, pode-se confiar nele em todas as suas relações/procedimentos com a humanidade “na terra”.“Porque (kî) destas coisas me agrado”, diz o SENHOR levanta a possibilidade de que Deus não apenas tem prazer em exercer estas qualidades, mas tem prazer em vê-las exercidas por aqueles que são seus.Em 1Coríntios 1.18–31, encontramos Paulo desenvolvendo um argumento similar ao de Jeremias. De um lado, ele coloca a sabedoria e a força humanas, e, do outro, a sabedoria divina encarnada em Jesus Cristo, que parece ser mera tolice e fraqueza quando vista de uma perspectiva mundana. Porém isso foi feito para mostrar a nulidade de todo orgulho humano, e levar à conclusão: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1Co 1.31; cf. também Rm 3.27). O desafio continua sendo pertinente porque a tensão entre o que é atraente ao pensamento e à sabedoria humana e o que é ordenado pela Palavra de Deus é tão intensa como sempre foi.
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