A barriga cheia, mas o coração vazio
Notes
Transcript
Ideia Central:
Ideia Central:
Jesus é o Pão da Vida, mas o povo estava mais interessado no pão de trigo.
Proposição:
Proposição:
Revelar Jesus como o Deus capaz de dominar a natureza, capaz de suprir as necessidades e capaz de demonstrar amor, carinho e cuidado com aqueles que o seguem. Mostrar que muitos somente seguem a Jesus em busca de Sinais.
Introdução:
Introdução:
É cada vez mais comum hoje em dia, ao ligar a TV, radio ou mesmo somente por andar um pouco por qualquer cidade brasileira vermos algo relacionado a milagres. “Venha alcançar o seu milagre”, “A campanha dos milagres”, “A igreja dos milagres”, “Profetize o seu milagre” e assim por diante.
Isso é o que tem permeado muitos movimentos que se denominam cristãos, a busca pelo que Deus pode fazer não por que Deus é.
Transição:
Transição:
Mas esse não é um problema novo, podemos ver no texto de Jo 6.1-15 algo bem similar acontecendo.
Contexto:
Contexto:
Jesus já estava engajado em Seu ministério, os 12 já haviam sido escolhidos e diversos milagres já haviam acontecido, o nome de Jesus já era conhecido por toda Judeia e Galiléia. No capítulo anterior João havia relatado o milagre da cura de um paralítico e a fala de Jesus sobre não buscar glória de homens, glória no sentido de fama.
Agora vemos uma multidão seguindo a Jesus, testemunhando outro milagre e novamente querendo sua fama.
Para entendermos o contexto geral de tudo que estava acontecendo neste milagre devemos ler os sinóticos - Mt 14:13–21; Mc 6:30–44; Lc 9:10–17.
Os discípulos tinham acabado de voltar de sua missão de pregar de dois a dois, eles tinham visto coisas maravilhosas que acontecerem, pessoas se converteram com a pregação deles, demônios foram expulsos, enfermos foram curados, eles estavam ávidos por contar tudo isso para Jesus e uns aos outros também, nesse interim João Batista, primo de Jesus e Mestre de alguns ali, havia sido assassinado, muita coisa estava acontecendo, mas Jesus e os discípulos não tinham tempo para conversar e nem mesmo descansar, olhem o que diz Mc. 6.31-32: “31 E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham. 32 Então, foram sós no barco para um lugar solitário.
Jesus consegue um pequeno momento a sós com eles no barco, mas ao chegar na margem uma multidão já o aguardava em busca de seus sinais e poderes.
Dos 4 evangelhos, João é o único que faz um pequeno comentário que pode nos passar batido em uma leitura rápida, mas que nos ajuda a entender um pouco melhor o que se passava na cabeça da multidão que estava ali, no versículo 4 João nos localiza temporalmente, estava próxima a Pascoa.
Esboço:
Esboço:
1- Jesus na mente da multidão
1- Jesus na mente da multidão
O comentário de João a cerca da Pascoa é muito importante pois nos ajuda a entender um pouco mais o que estava se passando na mente da multidão que estava seguindo Jesus. Nesta época do ano todo o povo de Israel era convocado a relembrar a primeira Pascoa, o livramento do cativeiro do Egito e a forma como Deus havia libertado o povo usando a vida de Moises e como Deus havia protegido e sustentado o povo durante todo o período de deserto até a entrada na terra prometida.
Mas não somente de lembrança era feita a Pascoa, era também um tempo de clamar por um novo libertador, aquele que o próprio Moises havia prometido que viria (Dt 18:15-18), que assim como Moises libertou o povo do Egito, agora libertaria o povo de Roma. Nessa época do ano em especial isso estava fervilhando na mente de todos em Israel.
Jesus aparece realizando grandes feitos, milagres, curas, a chama de esperança do povo pela chegada do libertador se acende ainda mais, e o milagre feito por Jesus naquele instante os ajuda a confirmar, esse é realmente o libertador prometido, aquele que veio para nos sustentar, Jesus proveu alimento para o povo que estava com fome, assim como na época do deserto.
Mas o que essa multidão queria era arrebata-lo como rei (vr 15), ou seja, queriam que Ele governasse Israel, queriam um grande Rei, um militar que os libertasse de Roma e os sustentasse. Não entenderam nada do que Ele estava realmente ensinando.
Buscavam a Jesus para obter a liberdade, a prosperidade, para se libertar do julgo dos romanos, buscavam não ao Cristo Messias, mas sim aos seus poderes e seus sinais. Hoje a história continua a se repetir, multidões ainda buscam a Jesus pelos mesmos motivos, curas, libertações e principalmente prosperidade. Mas não querem ouvir Suas Palavras, nem muito menos seguir os Seus passos. E ainda hoje acontece o mesmo que aconteceu naqueles dias, a mesma multidão que o queria erguer como Rei, ao ouvir os ensinos de Jesus sobre quem Ele era e sobre o que era ser Seu seguidor, não aguentaram e foram embora, observe os versículos 60 e 66.
60Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
66À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.
2- Jesus na mente dos discípulos
2- Jesus na mente dos discípulos
Não somente a multidão ainda não havia entendido plenamente quem Cristo era, os discípulos ainda estavam tentando assimilar tudo que estavam vendo e ouvindo, eles ainda não tinham a visão total do que Jesus era capaz de fazer. Ao perceber a multidão com fome, Jesus resolve fazer um teste com seus discípulos, lançar um desafio quase impossível, alimentar todos ali presentes.
Filipe foi o escolhido por Jesus para passar por este teste, e Jesus se dirige a ele e lhe pergunta “e ai como vamos fazer para comprar pão para toda essa gente?”
Filipe imediatamente começa a agir como todos nós agiríamos naquela situação, começa a pensar, a fazer cálculos, pensa na logística de quanto dinheiro é preciso, onde é a padaria mais próxima, quanto tempo vai levar para fazer os pães e depois trazer. Filipe se mostrou aqui um bom líder, pratico, pensou e calculou rápido. A tarefa era impossível, o final de sua conta mostrava que seriam necessários mais de 200 denários para comprar pão suficiente para todos, 1 denário equivalia a um dia de trabalha de um trabalhador comum. Nos dias de hoje, um trabalhador ganha em média 66 reais por dia (levando em conta 20 dias trabalhados e o salário mínimo de 2023), ou seja, o desafio financeiro para alimentar aquela multidão seria de 13.200 R$, fora a logística de se transportar tudo isso de pão.
Filipe representou ali a mentalidade dos outros discípulos, e com certeza a nossa se estivéssemos ali, ele tentou solucionar o problema com sua mente humana, com soluções humanas, olhou para o dinheiro, para a região, para as padarias, pensou em todos os lados e viu que era impossível, mas Cristo sabia disso. O que Jesus estava tentando ensinar para eles era uma nova forma de olhar para os desafios que eles tivessem pela frente, não olhar mais com olhos humanos, pensando em soluções lógicas, mas sim olhar com os olhos da fé, pensando em soluções divinas.
A resposta correta que Filipe deveria ter dado era: “Para nós isso é impossível, mas para o Senhor não”. O que Jesus estava ali mostrando a eles é que perante os desafios, lutas, provas que passarmos na vida, não devemos olhar somente com um olhar analítico humano, devemos também depositar tudo isso aos pés de Jesus. Principalmente aqueles desafios que parecem ser impossíveis, insuperáveis, esses são muitas vezes colocados diante de nós pelo próprio Deus, que através disso nos ensina a confiar nEle, a entregar tudo a Ele.
3- Jesus verdadeiramente
3- Jesus verdadeiramente
A multidão não entendia ao certo quem era Jesus, os discípulos entendiam, mas parcialmente, então que realmente é Jesus?
Jesus estava ali diante daquela multidão cansada da caminhada (ao vermos esse episodio nos sinóticos percebemos que enquanto Jesus e seus 12 vinham pelo mar, a multidão veio acompanhando caminhando por terra) e com fome e em um ato de compaixão resolve intervir, é claro que Jesus não precisava de nada para resolver a fome da multidão, Ele poderia simplesmente ordenar que a fome passasse e todos estariam saciados, ou Ele poderia ordenar que aparecesse comida do nada, e apareceria comida do nada, mas não é assim que normalmente Deus opera.
Jesus faz o diagnóstico do problema (fome) e então se vira aos seus companheiros, aqueles que logo mais assumiriam o ministério, dá a oportunidade a eles de tentar pensar em uma solução. A primeira coisa que vem a mente é que isso é uma tarefa impossível segundo Filipe, mas ai entra outro personagem na história, André o irmão de Pedro, um personagem interessante entre os 12 discípulos, Como escreveu John MacArthur no livro 12 homens extraordinariamente comuns, André aparece poucas vezes nos evangelhos, mas nas poucas vezes que aparece, na maioria delas está trazendo alguém para se encontrar com Jesus (levou Pedro, levou o garoto com os pães, levou alguns gregos para ver Jesus), André não sabia o que o mestre faria, mas resolveu mostrar ao mestre aquilo que estava disponível no momento.
Ainda citando MacArthur: “É claro que, para servir a multidão, Jesus nem precisava do almoço daquele menino. Ele poderia ter criado alimento do nada com a mesma facilidade. No entanto, o modo como Ele alimentou os cinco mil serve de ilustração para o modo como Deus sempre opera. Ele toma as dádivas sacrificiais e insignificantes de pessoas que contribuem fielmente e as multiplica de modo a realizar coisas monumentais.
André sabia que estava apresentando ao Senhor uma solução irrisória, algo que não solucionaria a fome nem dos 12 discípulos, quem dirá de uma multidão de mais de 5 mil pessoas. Mas André teve a coragem de mostrar a Deus o que ele tinha nas mãos, assim como o menino também teve a coragem de depositar ao Senhor aquilo que ele possuía, mesmo sabendo que não era o suficiente para o momento.
Em nossas vidas Deus nos dá oportunidades de participar da obra dEle, assim como Jesus não precisa dos discípulos nem do almoço do garoto, Ele não precisa de nós, mas mesmo assim Ele nos dá a oportunidade de participar de Sua obra, diariamente Deus nos dá oportunidades de testemunhar, de pregar, de amar, de ter compaixão, de revelar a mensagem de Cristo aos outros, e o que Ele espera de nós é um coração aberto e pronto para entregar tudo o que tem aos pés de Cristo e deixar Ele fazer o milagre.
Nunca teremos o suficiente, nunca seremos suficientemente bons na pregação, nunca seremos plenamente conhecedores da Bíblia, nunca conseguiremos ser bons o suficiente para o ministério, porém Deus não busca homens bons o suficiente, se assim fosse ninguém participaria da obra, Ele busca pessoas que sabem que são limitadas, mas estão dispostas a colocar seus recursos limitados aos pés de um Deus ilimitado e esperar que Ele faça o milagre.
Há uma célebre frase que ouço desde pequeno na igreja: “Deus não chama os capacitados, Ele capacita os chamados”, deixe Deus te capacitar.
Aplicação
Aplicação
Como você tem buscado a Deus, como a multidão que só queria os milagres ou tem buscado a transformação?
Qual tem sido sua reação frente a obra e as oportunidades que Deus oferece, tem agido racionalmente vendo o tamanho do problema ou tem agido com fé vendo o tamanho de Deus?