O CAMINHO DA FELICIDADE (2)

O CAMINHO DA FELICIDADE  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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1 - FELICIDADE COMO FIM

FELICIDADE. Ver também Bem-aventuranças; Prazer. Felicidade é a qualidade de feliz, de contentamento (grego, eudamonia). Aristóteles usou o termo eudemonismo para se referir à felicidade com um objetivo de vida. Para ele, a felicidade seria um fim em si mesma, não um meio para qualquer outra coisa. “Honra, prazer, inteligência e todas as virtudes, escolhemo-las por elas mesmas … e também as escolhemos para sermos felizes … Mas ninguém escolhe a felicidade por amor da honra, ou do prazer, nem como meio de se atingir qualquer outra coisa” (Ética de Nic. I, vol 1097 bl – 6).

Embora o termo felicidade pareça designar um fim único, consiste, na verdade, de diversas partes, todas necessárias. Dois fatores a serem escolhidos voluntariamente são as virtudes e a atividade racional. As virtudes compreendem coragem, temperança, liberalidade, etc. A atividade racional compreende o estudo da física, metafísica, etc. A razão disso é que essas são funções naturais do ser humano. O propósito de uma flauta é o de produzir música; o propósito de um peixe é o de produzir peixes, o propósito do sapateiro é o de produzir sapatos, mas o propósito do homem é o de viver de modo virtuoso e racional.

Existem alguns fatores involuntários na felicidade. Uma vida de tragédias ou de desgraças não será uma vida feliz. Nem poderá um homem ser feliz se seus filhos estiverem sofrendo tragédias. Portanto, será impossível saber se um homem é feliz; só se poderá dizer se ele foi feliz ou não, depois de ele ter morrido.

A ética de Agostinho também era a do eudemonismo. Uma boa vida seria uma vida de felicidade (beatitudo, beatitas; ambos os termos inventados por Cícero). Todos os homens desejariam a felicidade (De Trin. X, v.7). Ninguém estaria vivendo da forma que desejasse, a não ser que vivesse feliz (De Civ. Dei, XIV, 25). Ora, Agostinho não desvalorizaria virtudes tais como a coragem e a temperança, nem diminuiria o valor do pensamento racional. Na verdade, ninguém poderia ser feliz sem o conhecimento da verdade. Nisso ele é semelhante a Aristóteles. Mas Agostinho substituiu o secularismo aristotélico pelo conteúdo cristão. Deus seria a verdade e em conhecer a Deus estaria a verdadeira sabedoria. Portanto, a felicidade que Agostinho recomendou seria a bem-aventurança ou beatitude.

Mais explicitamente, a sabedoria (q.v.) não reside no conhecimento de algum deus pagão nem, digamos, no primeiro princípio de Espinoza. Ter sabedoria é ter a Cristo. Cristo é a verdade (q.v.); Cristo é a sabedoria de Deus.

Uma razão para se fazer da verdade o objetivo principal de nossos esforços é que, se amarmos aquilo que poderemos perder, jamais seremos felizes. Mas Deus, Cristo e a verdade são imutáveis, e se os tivermos, nossa bem-aventurança será permanente.

A felicidade não deverá ser confundida com o hedonismo (q.v.) como alguns fazem por causa da ignorância; as duas coisas se contrastam.

GORDON H. CLARK

Uma maneira fácil de se compreender o que foi dito acima será a de se distinguir entre objetivos e desejos. Um bom objetivo deverá ser algo possível de se atingir e que esteja sob controle da pessoa que o deseja. Um bom desejo é aquele que objetiva tudo o que é bom e no qual haja virtude. Deus é o único para quem todas as coisas são possíveis e só ele está no controle de todas as coisas. Desse modo, coisas como a nossa perfeição, a nossa felicidade, a nossa posse de bens materiais e, até mesmo, o casamento, poderão ser bons objetivos que Deus tenha para a nossa vida. Para nós, porém, estes não serão bons objetivos, pois jamais seremos perfeitos enquanto nesta vida nem o seríamos depois, sem a perfeição “em Cristo”; não poderemos jamais controlar as circunstâncias envolvidas na nossa felicidade; a traça, a ferrugem e os ladrões poderão arrebatar nossos bens materiais; e o casamento não dependerá de nossa vontade, mas requererá a vontade de outra pessoa. Todas essas coisas poderão ser objeto do nosso desejo, o qual Deus suprirá se nos agradarmos dele e nos entregarmos ao seu caminho. Objetivos bons são naqueles que Deus coloca para que os atinjamos, e desejos bons são aqueles nos quais habita a virtude de Deus. Assim, objetivos bons para o homem, possíveis e controláveis, utilizando os exemplos acima, seriam fidelidade em vez de perfeição, verdade em vez de felicidade, boa mordomia em vez de abastança, e maturidade pessoal e relacional na busca de um cônjuge em vez de o suprimento da própria necessidade por meio do casamento

Thomas Aquinas
📷Thomas Aquinas (1224-1274) is one of the towering figures in Western philosophy and theology, so great that he is even called the “angelic Doctor” by the Roman Catholic Church.  Within a twenty year span he wrote over forty books, including his masterpiece The Summa Theologica, in which he constructs a vast system integrating Greek philosophy with the Christian faith.   In the second part of this great work, as well as Book 3 of his shorter volume Summa contra Gentiles, he sets out a systematic answer to the question of what human happiness is, and whether it can be obtained in this life.   His ultimate answer is that perfect happiness (beatitudo) is not possible on earth, but an imperfect happiness (felicitas) is.   This puts Aquinas midway between those like Aristotle, who believed complete happiness was possible in this lifetime, and another Christian thinker, St. Augustine, who taught that happiness was impossible and that our main pleasure consists merely in the anticipation of the heavenly afterlife. A Brief Background Thomas Aquinas was born in the castle of Roccasecca, north of Naples, to a wealthy aristocratic family. After studying at the University of Naples, however, he renounced his noble heritage, made a vow of celibacy, and determined to become a monk. He entered the Dominican order and studied with Albertus Magnus (also known as Albert the Great), who had initiated the great project of integrating all knowledge with Christianity. This meant not being afraid of empirical science or the contributions of the great Arabic philosophers, who had already synthesized the philosophy of Plato and Aristotle with their Muslim faith. Aquinas was so stout in stature, and so silent in class, that he was called “The Dumb Ox” by his fellow students. Albert however, responded: “You call him a Dumb Ox, but I tell you this Dumb Ox shall bellow so loud his bellowing will fill the world.” Aquinas was ultimately assigned as a lecturer to various Dominican houses in Italy, but his real task was the masterpiece, his Summa Theologica, “The Summation of All Theology,” which sets out an entire book dedicated to the question of happiness. For twenty years Aquinas worked on this project, but on a night in December 1273 after celebrating Mass he experienced a mystical vision that shattered his entire aspirations. After that night he never wrote another word, and he died six months later. On his deathbed he is reported to have pointed to all of his books and said “After what I have experienced, all that is just straw.” As we shall see, this is most ironic when considering Saint Aquinas’ views on happiness, since in the Summa one of his main conclusions is that true happiness consists in a mystical (beatific) vision of God that is only possible in the afterlife. The Doctrine of Double Happiness Already in his Summa Contra Gentiles, Aquinas had taken a position similar to St. Augustine’s, that perfect happiness is not possible in this lifetime. Aquinas takes seriously St. Paul’s assurance in 1 Corinthians 13:12 that “for now we see as through a glass darkly, but then we see face to face.” This world is too plagued with unsatisfied desires to achieve that ultimate good which we all seek by nature. Furthermore, God has basically created us with a desire to come to perfect knowledge of Him, but this is hidden from us while in our mortal bodies. True knowledge of God would require being able to see him directly, but this is only possible by a completely purified soul. When this occurs, we will experience the ultimate pleasure—a pure and everlasting bliss that will be the satisfaction of every human desire and the obliteration of every sadness or worry. However, unlike St. Augustine, St. Aquinas goes on to maintain that we can achieve a kind of “imperfect happiness” here on earth. In this he is undoubtedly influenced by Aristotle, who argued that happiness depends on the actualization of one’s natural faculties. The highest faculty the human being possesses is Reason, from which it follows that we can achieve happiness in this life in proportion to the level of truth accessible to Reason. As he writes: Man’s ultimate happiness consists in the contemplation of truth, for this operation is specific to man and is shared with no other animals. Also it is not directed to any other end since the contemplation of truth is sought for its own sake. In addition, in this operation man is united to higher beings (substances) since this is the only human operation that is carried out both by God and by the separate substances (angels). (Summa Contra Gentiles, book 3, chapter 37) While the perfect realization of Truth will only occur in heaven where we will perceive God “face to face,” there is an imperfect counterpart of that vision here on earth. Thus Aquinas is lead to make a distinction between “perfect happiness” which he calls beatitudo, and “imperfect happiness” called felicitas. By making this distinction, Aquinas is able to tone down the pessimistic view of human nature expressed by St. Augustine, including the doctrine of Original Sin. As Aquinas writes, “Human Nature is not so completely corrupted by sin as to be totally lacking in natural goodness.” We have an impulse in us that seeks God and other impulses that pull us down to worldly pleasures. However, it is possible to begin the process of healing in this lifetime by exercising the natural virtues that Aristotle talks about—the virtues of wisdom, courage, moderation, justice, friendship, etc. Furthermore, God in his grace has now revealed to us three additional virtues: those of faith, love and hope. These will pull us through to the final end so long as we begin the effort. This proposal of perfect and imperfect happiness brought into effect a recognition of spirituality and religion influencing happiness, albeit born from Biblical theology. Happiness as Knowledge of God Thomas Aquinas is uncompromising in his view that our true happiness can only be found in knowledge of God. No other worldly good or pleasure can truly provide us with the ultimate good we seek. As he argues in the Summa Theologica: It is impossible for any created good to constitute man’s happiness. For happiness is that perfect good which entirely satisfies one’s desire; otherwise it would not be the ultimate end, if something yet remained to be desired. Now the object of the will, i.e., of man’s desire, is what is universally good; just as the object of the intellect is what is universally true. Hence it is evident that nothing can satisfy man’s will, except what is universally good. This is to be found, not in any creature, but in God alone, because every creature has only participated goodness. Therefore, God alone can satisfy the will of man, according to the words of the Psalms (102:5): “Who alone satisfies your desire with good things.” Therefore, God alone constitutes man’s happiness.” (Summa Theologica Part 2. Q.1. Article 8) This passage illustrates well St. Aquinas’ unique blend of rigorous logical reasoning with his use of Scripture which reveals to us the same truth through other means, in this case the mouth of the prophet. Nothing can contradict the Truth: hence if Reason and Revelation are valid pathways to truth, they must ultimately be reconcilable. So Reason confirms to us what we already know deep down in our hearts: that our ultimate desire lies in absolute perfection, which can only be found in God, the absolute Being. Thus for Aquinas we must make a sharp distinction between enjoyment and happiness. Enjoyment pertains to worldly goods and physical pleasures: but these tend to be very short-lived. And even if all of our worldly desires were satisfied—even if we were to experience every possible enjoyment—we would remain unhappy, since we would still have a nagging feeling that something is missing. Today Aquinas would point to the experience of many rich people and celebrities as evidence for this truth. Despite having every worldly good—fine foods, cars, houses, vacations, friends, family—many of them remain deeply unhappy, even spiraling into the misery of drugs and suicide. Aquinas would explain this as follows: when every enjoyment is felt, the soul begins to crave for something more than mere enjoyment. But if one has no knowledge of this “something more” or doesn’t know how to go about finding it, the enjoyment turns to pain and suffering. This also explains why we see a lot of billionaires suddenly change towards the middle or end of their lives: that nagging feeling that there is something more results in charitable work or an orientation to a higher purpose in life. One might, however, question Aquinas’ insistence that perfect happiness is only possible in the afterlife. Is it possible to purify the soul in this lifetime, so that one can possess a direct experience of Ultimate Reality? The Buddhists and Hindus certainly think so: they can point to certain individuals such as the Buddha who have obtained absolute enlightenment. And there is a mystical side to monotheistic religions like Christianity, Islam, and Judaism as well, according to which the ultimate goal is Oneness with God, which has been attained by various saints or prophets throughout history. Aquinas’ own mystical experience at the end of his life might be just such an example: perhaps he actually achieved a beatific vision of God, a vision so strong that it rendered all of his words obsolete. Conclusion Aquinas held the following views about human happiness: Perfect happiness (beatitudo) is not possible in this lifetime, but only in the afterlife for those who achieve a direct perception of GodThere can be an imperfect happiness (felicitas) attainable in this lifetime, in proportion to the exercise of Reason (contemplation of truth) and the exercise of virtue.Virtue is to be divided into two categories: 1) the traditional Aristotelian virtues of wisdom, courage, moderation, friendship, etc., and 2) the theological virtues revealed to man through Jesus Christ: faith, hope, and love.There is an important distinction between enjoyment and happiness. Enjoyment concerns satisfaction of worldly desire. Happiness concerns obtaining our absolute perfection, which by definition can only be found in the absolute Being, which is God.Further Readings Related Pursuit of Happiness Articles The different perspectives on happiness that are proposed by the three philosophers below can also aid in the pursuit of happiness: Epicurus on HappinessSocrates and HappinessZhuangzi on HappinessRelated External Articles See also Stanford Encyclopedia of Philosophy entry on AquinasInfluential Christian scholar John Locke & The Pursuit of HappinessBibliography Aquinas, Thomas; Mary T. Clark (2000). An Aquinas Reader: Selections from the Writings of Thomas Aquinas. Fordham University Press. Aquinas, Thomas (2002). Aquinas’s Shorter Summa. Manchester, NH: Sophia Institute Press. Davies, Brian (2004). Aquinas: An Introduction. Continuum International Publishing Group. McMahon, Darrin (2006). A History of Happiness. Atlantic Monthly Press.
A Felicidade para S. Tomás de Aquino A felicidade consiste em contemplar o Senhor, em se relacionar com Ele, em estar a Seus pés em permanente adoração. Gonçalo Costa, sj 28 de Junho de 2020
O que é a Felicidade?A Felicidade para S. Tomás de Aquino
O homem — enquanto membro da humanidade e enquanto indivíduo — é de uma determinada maneira. E, se é verdade (como evidentemente é), que o homem age, somos forçado a admitir o que se diz no vulgo: há acções e acções… Embora comer seja uma acção feita por homens, também os animais o fazem; daí que não poderemos chamar-lhe propriamente uma acção humana, mas apenas às procedentes da vontade deliberada, i.e., do discernimento [1]. Daqui S. Tomás pode concluir que as acções propriamente humanas tendem para um fim, porque a vontade sempre se inclina a um bem. Esse bem não só é necessário, como determina a acção. E, sendo que os fins sempre se ordenam a outros fins, há necessariamente um fim último [2]. Este fim último é um só para cada homem e para o conjunto dos homens, pelo menos na sua forma, i.e., todos tendemos para esse último bem, embora discordemos quanto ao seu conteúdo. A este fim último, S. Tomás chamou “beatitude”. O que será o conteúdo deste bem definitivo que apetece ao homem — de tal modo que guia as suas acções e determina a sua realização e perfeição? Em que consiste a felicidade? Não na riqueza, porque esta sempre se busca em ordem a outros bens! Não na honra, porque esta se recebe por se ser excelente — ainda que somente em parte — e esta excelência é pelo menos já participação no bem perfeito. Não na fama ou glória diante dos homens, pois estas são também mero reconhecimento! Não no poder, porque este se deseja, não como fim último, mas como meio! Não em qualquer bem corporal, já que o fim último do homem remete para fora de si e não pode ser a sua conservação. Não no prazer, porque a capacidade de sentir prazer não é específica do homem e, ainda no seu estado mais elevado de prazer espiritual, é mais propriamente uma consequência do que um fim. Não num bem da alma, já que, embora a felicidade, enquanto algo que se obtém, seja um bem da alma, não pode pertencer-lhe enquanto objecto, pois o bem último é extrínseco ao homem. Não em qualquer coisa criada, pois, como vimos, o bem último é o bem perfeito, e só este pode ser apetite último da vontade. Em suma, todas as coisas criadas participam no bem perfeito, mas só Deus é perfeito, só Ele pode satisfazer o apetite humano… só n’Ele consiste a felicidade [3]. Assim, a felicidade perfeita não é senão o encontro pleno — i.e., propriamente humano — com Deus; e o encontro propriamente humano não se dá pelos sentidos, nem pela vontade, nem pela rectidão moral. Os sentidos poder-se-ão deleitar na felicidade, mas como consequência; a vontade poderá perseguir a felicidade, mas não lhe cabe já abraçá-la; a rectidão moral busca-se como meio para o encontro, mas este não consiste nela. O encontro pleno com Deus, que constitui a felicidade e a perfeição, dá-se na função mais elevada do homem, a razão. Como vimos, é o homem todo que se encontra com Deus, mas este encontro é mais propriamente um acto da razão: «A beatitude última e perfeita não pode estar senão na visão da Divina Essência» [4]. Para compreender a concepção tomista de “razão”, tenhamos em conta a raiz latina, ratio, que nos remete para a relação entre duas partes; ou ainda para a raiz da palavra “intelecto”, intellectus, que remete para intellego, i.e., escolher ou ler entre coisas. Felicidade Perfeita A felicidade consiste em contemplar o Senhor, em se relacionar com Ele, em estar a Seus pés em permanente adoração. O homem feliz é o homem plenamente homem, o homem diante de Deus, o homem cujo centro está no Centro. O homem realmente feliz é aquele que pode repetir o anúncio de S. João Baptista — «Eis o Cordeiro de Deus»  [5] —, aquele que pode fazer ressoar o aviso de S. João Evangelista — «É o Senhor» [6]. A contemplação beatífica de Deus não é uma acção passiva, mas um acto propriamente humano, quiçá o mais pleno. Mas o homem não é homem; o homem vive alienado e fragmentado, é frágil e vulnerável. Sim, é verdade. A felicidade perfeita — S. Tomás di-lo claramente — não é coisa para esta vida. Tudo isto só acontece na vida eterna, nunca aqui. Mas não poderemos dizer que o homem é feliz já nesta vida? Sim, podemos; por isso, o Doutor distingue entre felicidade perfeita e felicidade imperfeita. Felicidade Imperfeita Aqui, como em todo o pensamento tomista, “imperfeito” não quer dizer “defeituoso”, mas simplesmente isso mesmo, im-perfeito, “não perfeito”, i.e., “não plenamente feito”. O fim último do homem só se obtém na vida eterna; persegue-se, no entanto, já aqui: essa persecução do bem último e perfeito, a ordenação dos meios em ordem a esse fim é a felicidade imperfeita. S. Tomás de Aquino, creio, não o diz, mas arrisco-me eu a dizê-lo: esta felicidade é também um acto específico da vontade. Não digo que “ser feliz é uma questão de vontade”, mas que, ao fim e ao cabo, é também um acto da vontade: na medida em que a persecução da contemplação também é, de certo modo, felicidade, a vontade — que, como disse, ordena os meios à persecução — é fundamental à mesma. Esta noção de felicidade imperfeita é fulcral. A felicidade não é uma questão “para amanhã”, nem mera esperança de uma vida melhor. A felicidade é também a persecução dessa vida já nesta, desde o “aqui” em que estamos. A felicidade imperfeita é a nossa experiência quotidiana de felicidade; e é verdadeira felicidade. No Texto das Bem-Aventuranças podemos testemunhar a Palavra Viva: a felicidade é presente, mas a sua fonte é Eterna. Somos felizes porque seremos consolados, porque veremos a Deus, porque seremos chamados… no fundo, porque grande será a nossa recompensa no Céu; mas, se é verdade que somos felizes pelo que nos espera — i.e., pela felicidade perfeita —, verdade é que o somos já, hoje… e, se “felicidade imperfeita” é um nome que atrapalha, bem lhe poderíamos chamar “felicidade do caminho”.
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