Entre o Céu e a Terra

A Missão do Rei  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

Nos dias atuais muito se fala sobre como as gerações atuais, geralmente chamadas como a geração Z e os millennials frequentemente têm dificuldade com a noção de autoridade. Sim, eu concordo que de alguma forma há uma desconstrução muito forte do conceito de autoridade nos dias atuais, a ponto da própria palavra tenha ganhado um aspecto negativo para muita gente. Mas, nessa noite eu gostaria de meditar com vocês em uma passagem onde a autoridade de Jesus foi contestada não por um grupo de millennials ou jovens da geração Z, mas por líderes maduros.
Marcos 11.27–33 NAA
27 Então regressaram para Jerusalém. E enquanto Jesus andava pelo templo, os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos vieram ao seu encontro 28 e lhe perguntaram: — Com que autoridade você faz estas coisas? Ou quem lhe deu esta autoridade para fazer isto? 29 Jesus respondeu: — Eu vou fazer uma pergunta a vocês. Respondam, e eu lhes direi com que autoridade faço estas coisas. 30 O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondam! 31 E eles discutiam entre si: — Se dissermos: “Do céu”, ele dirá: “Então por que não acreditaram nele?” 32 Se, porém, dissermos: “Dos homens”, é de temer o povo. Porque todos pensavam que João era realmente um profeta. 33 Então responderam a Jesus: — Não sabemos. E Jesus, por sua vez, lhes disse: — Então eu também não lhes digo com que autoridade faço estas coisas.
Jesus acabou de limpar e amaldiçoar o templo por suas corrupções e abusos (Marcos 11:12-25). Em resposta, os líderes religiosos estavam “procurando uma maneira de destruí-lo” (11:18). Você pensaria que Jesus evitaria os olhos do público, mas Ele não faz nada disso! Ele retorna a Jerusalém e ao templo com coragem, em busca de uma luta — não uma confrontação física, mas espiritual que colocará Suas reivindicações e identidade no centro das atenções. Marcos 11:27–12:44 registra cinco controvérsias no templo em Jerusalém. Nessas controvérsias, Seus oponentes são os líderes religiosos. Agora que Ele está em Jerusalém, os riscos são muito maiores e a intensidade do conflito muito mais forte. As coisas caminham para um clímax inevitável: a cruz.
Nesta primeira das cinco controvérsias sobre o templo, veremos algumas razões comuns pelas quais as pessoas não estão dispostas a vir e seguir a Jesus. Não mudou muito em dois mil anos. Em relação ao conceito de autoridade, aqueles homens e também nós estamos entre o Céu, e a Terra. Os mesmos tipos de razões levam as pessoas a recusá-lo hoje.
A primeira razão que as pessoas são governadas pela Terra e não pelo Céu, é o desejo por autonomia...

Autonomia

Jesus “veio novamente a Jerusalém”. Em algum momento, as autoridades religiosas aparecem — o Sinédrio, a suprema corte judaica (STF de Israel), que exercia tanto a autoridade política quanto a religiosa em Israel. Consistia de 71 homens liderados pelo sumo sacerdote. O poder deles era enorme. Eles eram supersensíveis a qualquer coisa que pudesse ameaçar sua autoridade, e Jesus era claramente uma ameaça.
Eles O questionam sobre Sua autoridade, que eles claramente rejeitam. O contexto imediato de seu interrogatório são Suas ações durante o dia anterior no templo. Em essência, eles estão perguntando: “Quem lhe deu o direito de causar estragos em nosso templo?” No entanto, esta não é a primeira vez que a questão da autoridade surge:
Eles ficaram surpresos com Seu ensino porque, ao contrário dos escribas, Ele os estava ensinando como alguém que tem autoridade. (1:22)
Então todos ficaram maravilhados e começaram a discutir uns com os outros, dizendo: “O que é isso? Um novo ensinamento com autoridade! Ele comanda até os espíritos imundos, e eles lhe obedecem”. (1:27)
“Mas, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”, disse Ele ao paralítico, “eu lhe digo: levante-se, pegue sua maca e vá para casa”. (2:10-11)
Este homem ensina com autoridade, expulsa demônios com autoridade e cura com autoridade. Ele faz o que só Deus pode fazer! Mas eles querem as credenciais religiosas de Jesus. Eles não são motivados pelo desejo de saber quem Ele é e não têm interesse em colocar suas vidas sob Sua autoridade. O objetivo deles é enganá-lo, envergonhá-lo e desacreditá-lo. Se Ele admitir que não tem credenciais religiosas e que está agindo por sua própria autoridade, provavelmente perderá o respeito e a adesão das pessoas, e elas podem acabar com esse encrenqueiro. Por outro lado, se Ele reivindicasse a autoridade divina, eles poderiam acusá-lo de blasfêmia, prendê-lo e iniciar o processo para sua destruição. De qualquer maneira, aquele “caipira nazareno” estaria acabado.
A questão da autoridade é importante. Todos nós temos uma fonte de autoridade em nossas vidas, alguém ou algo que nos guia e nos impulsiona, algo que governa. Para a maioria de nós, como o Sinédrio, somos nós mesmos. Não estamos realmente interessados em ceder essa regra a mais ninguém.
O infleunte escritor e filósofo inglês Aldous Huxley, que ficou popularmente conhecido por sua obra "Admirável Mundo Novo" observou que parte do que o levou ao ateísmo foi um desejo de liberação emocional na área de sua vida sexual: “Nós nos opusemos à moralidade [imposta por Deus] porque ela interferia em nossa liberdade sexual” (Huxley, Ends and Means , 273). Huxley morreu no mesmo dia que John F. Kennedy e C. S. Lewis. A perspectiva deste último era radicalmente diferente da de Huxley. Em Cristianismo Puro e Simples, Lewis escreveu,
Quanto mais tiramos do caminho o que agora chamamos de “nós mesmos” e permitimos que [Cristo] nos assuma o controle, mais verdadeiramente nós mesmos nos tornamos. . . . Não adianta tentar “ser eu mesmo” sem Cristo. Quanto mais resisto a Cristo e tento viver por conta própria, mais me torno dominado por minha própria hereditariedade, criação, ambiente e desejos naturais. . . . O que chamo de “meus desejos” tornam-se apenas os desejos lançados pelo meu organismo físico ou injetados em mim pelos pensamentos de outros homens ou mesmo sugeridos a mim pelos demônios. . . . Não sou, em meu estado natural, tão humano quanto gosto de acreditar: a maior parte do que chamo de “eu” pode ser facilmente explicada. É quando me volto para Cristo, quando me entrego à Sua personalidade, que começo a ter uma verdadeira personalidade própria. . . . A mesmice pode ser encontrada principalmente entre os homens mais “naturais”, não entre aqueles que se rendem a Cristo. Quão monotonamente iguais foram todos os grandes tiranos e conquistadores: quão gloriosamente diferentes são os santos.
Cristo é a autoridade à qual realmente vale a pena se submeter. Que tragédia tantos dizerem não. Não é à toa que as gerações atuais questionem tanto as normas tradicionais. Isso está explícito a tantos movimentos contemporâneos que tentam questionar muitos tipos de regra ou normas. Existe uma forma de autonomia que eu acho ainda mais perigosa, e eu chamo de autonomia deísta. Como ela acontece? Deus se torna apenas um canal de persuasão, onde a pessoa decide algo em seu coração, as vezes uma decisão não muito popular e não quer ser questionada, se usa a seguinte expressão "eu senti de Deus"ou "Deus falou claramente"...
A influência de algumas correntes da psicologia e do desnvolvimento pessoal que difundem a idéia de autonomia, autoexpressão e autenticidade são fortemente valorizadas, às vezes à custa do respeito à autoridade. Assim como Huxley, George Orwell se tornaram pensadores que influenciam a idéia contemporânea de uma liberdade absoluta que na verdade não passa do desejo carnal do nosso coração por autonomia. Mas, além do desejo por autonomia o pecado também nos deixa cegos.
Filipenses 2.3-4 “3 Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo, 4 não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.”

Cegueira

A cegueira diante das evidências também era uma das razões pelas quais aquelas pessoas não se submetiam a Jesus e que faz com que muitos hoje não continuem seguindo. Essa pergunta pedindo as credenciais religiosas de Jesus é compreensível e até sábia em algum nível. Diante de tantos casos de "malucos" religiosos que andam por aí e provocam problemas. No entanto, mesmo havendo evidências imbatíveis, rejeitamos essas evidência por nossa própria conta e risco espiritual.
Diante da pergunta, Jesus faz um contra-ataque: “Jesus disse-lhes: ‘Vou fazer-vos uma pergunta; responde-me, e eu te direi com que autoridade faço estas coisas. O batismo de João era do céu ou dos homens? Responda-me.” A contra-pergunta de Jesus era uma técnica de debate comum entre os rabinos daquela época, e expunha seus corações e motivações.
Eles questionam sobre quem deu a Ele o direito de realizar milagres e pregar. Jesus, por sua vez, responde com uma pergunta sobre a origem do batismo de João. A pergunta de Jesus é muito desafiadora, pois coloca os líderes religiosos numa posição difícil. Se eles respondessem que o batismo de João era do céu, Jesus perguntaria por que não acreditaram nele. Se eles respondessem que era dos homens, temeriam a reação da população, que via João como profeta. A implicação é que eles não têm coragem de dar uma resposta honesta. Incapazes de responder, os líderes religiosos dizem que não sabem, e Jesus, por sua vez, se recusa a responder à pergunta deles.
E daí se Jesus não tinha credenciais humanas, ele tinha as de Deus! No entanto, apesar da evidência, os líderes religiosos o rejeitaram e não levantaram um dedo quando ele foi injustamente assassinado por Herodes (6:14-29).
Imaginemos que somos arquitetos e construímos um prédio impressionante. O edifício é reconhecido mundialmente pela sua beleza, segurança e inovação. Após a construção, recebemos o direito de dizer que somos os criadores do prédio, e isso é uma verdade incontestável. Agora, suponhamos que um dia, um grupo de pessoas, que não entendem de arquitetura e que nunca construíram um edifício antes, venha e conteste a nossa afirmação. Eles dizem que não acreditam que nós construímos o prédio. Argumentam que não temos o direito de chamar a nós mesmos de arquitetos porque não gostam do nosso estilo ou porque acham que deveríamos ter usado tijolos vermelhos em vez de cinza. As opiniões e argumentos dessas pessoas podem mudar a realidade de que nós somos os arquitetos, de que fomos nós que projetamos e construímos o prédio? Absolutamente não. Por quê? Porque a nossa autoridade como arquitetos e criadores do prédio não vem da opinião deles, mas do próprio ato de construção do prédio. Nós sabemos que construímos o edifício. Eles podem não entender, eles podem não concordar, eles podem contestar, mas isso não muda o fato.
Assim é com a autoridade divina de Jesus. Ele é o Filho de Deus, o Messias, o Salvador do mundo. As opiniões humanas, as contestações, os argumentos - nenhum deles pode alterar essa verdade divina. A autoridade de Jesus não vem da aprovação humana, mas do próprio Deus. Portanto, qualquer tentativa de contestar essa autoridade com argumentos terrenos é inútil, porque a autoridade Dele está além do nosso alcance humano. Ele é o arquiteto, nós somos os observadores. Assim como os verdadeiros arquitetos em nossa ilustração, Jesus tem a autoridade final, independentemente das opiniões ou argumentos humanos.
Mas assim como aqueles homens, muitos não seguem a Jesus e ficam nesse dilema entre a autoridade da Terra e do Céu por um terceiro motivo.

Temor a homens

Poucas coisas na vida são mais paralisantes do que o medo. Existem aqueles que tem medo de altura, de avião, do escuro, de falar em público, de detempestades, de crocodilo...
Neste texto a Palavra de Deus aborda um medo que é comum a todas as pessoas: o medo do homem. Provérbios 29:25 diz: “O temor do homem é uma armadilha, mas aquele que confia no Senhor está protegido”. Marcos 11:32 revela o que está no cerne do ser das autoridades religiosas: “Eles estavam com medo da multidão, porque todos pensavam que João era um verdadeiro profeta”. E então eles imploram: “Não sabemos”. Jesus os cala: “Nem eu vos direi com que autoridade faço estas coisas”.
É triste, não é? O que era conveniente e seguro era mais importante para eles do que o que era verdadeiro e correto. Eles mentiram motivados pelo medo. Eles preferem manter sua posição e viver uma mentira do que se submeter a Cristo e andar na verdade. "Temor a homens" é um conceito que se refere ao medo ou preocupação excessiva com a opinião ou aprovação de outros seres humanos, em detrimento da obediência e reverência a Deus. Pode manifestar-se de várias formas, incluindo a busca de aprovação, medo da rejeição, medo da crítica ou conflito, e até mesmo idolatria social ou cultural.
A Bíblia aborda o conceito de "temor a homens" em várias passagens, onde ele é visto como algo que nos prende ou nos impede de viver plenamente na liberdade de confiar em Deus. Enquanto a verdadeira liberdade consiste na percepção de que Deus é infinitamente mais digno de nossa adoração e confiança do que qualquer pessoa ou coisa na terra. O "temor de Deus" é visto como o início da sabedoria (Provérbios 9:10) e algo que nos libera do temor excessivo ou doentio das opiniões ou reações dos homens. Ao invés de temer a homens, somos chamados a viver com "temor a Deus", colocando a nossa fé, confiança e reverência em Deus acima de todas as coisas.

Conclusão

Portanto, aqui está uma pergunta para todos nós considerarmos, especialmente se você nunca confiou em Cristo e submeteu sua vida à Sua autoridade, você que ainda vive nesse dilema entre Terra e Céu: O que está impedindo você? É seu desejo ser o senhor de sua própria vida? É a sua recusa em considerar honestamente as reivindicações do Senhor? Será que você teme mais os homens do que teme a Deus? É realmente que você não recebeu boas respostas para suas perguntas? É realmente que Jesus não é suficientemente bom, glorioso, verdadeiro, gentil e amoroso? Ou é que você está paralisado de seguir em frente pelas mesmas razões que esses líderes religiosos estavam?
Os líderes religiosos estavam com medo do povo. O medo do homem impediu seu movimento em direção a Jesus. O medo do que os outros pensariam os paralisava. Seu medo de perder prestígio, de perder poder, posição e prestígio os condenou.
Seja honesto consigo mesmo hoje. Quanto de sua hesitação e supostas dúvidas e questões não respondidas são realmente uma máscara para esconder seu medo do que a fé em Cristo pode custar social, cultural, relacional e financeiramente? Olhe mais uma vez para o rosto deste Jesus. Ouça mais uma vez as palavras que Ele fala. Observe mais uma vez como Ele ama você. Pondere mais uma vez a afirmação de Jesus em ser Deus. Esteja disposto a seguir a Jesus. O resultado final não irá decepcioná-lo.
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