Quando não há paz

Viver em Paz  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Reflexões sobre o tipo de relacionamento a que somos chamados por Deus e o seu potencial de criar um ambiente propício para a Shalom de Deus

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Hoje daremos mais um passo em nossa investigação sobre os desafios de se viver em paz. Faremos isso olhando mais de perto os escritos do profeta Jeremias,
Depois de Saul, Davi e Salomão, Israel foi divido em dois reinos: ao norte o Reino de Israel e ao sul o Reino de Judá. No dias de Jeremias, o Reino de Israel, formado pelas 10 tribos que se rebelaram contra a dinastia de Davi, já não existia há mais de 150 anos. As tribos do norte foram levadas cativas pela Assíria em 722 a.C. e nunca mais retornaram.
Jeremias viveu os dias do Reino do Sul, formado pelas duas tribos que permaneceram leais à descendência de Davi: Judá e Benjamim; que passou a ser chamado simplesmente de Judá.
O profeta recebeu a missão de advertir o reino do sul de que a Justiça de Deus não tardaria a ser executada, caso seu povo permanecesse abraçado à injustiça e à idolatria.
Não era fácil falar para o povo de Deus. Os israelitas achavam-se seguros e protegidos porque cumpriam seus rituais religiosos, faziam seus sacrifícios e jejuns, guardavam as festas e os sábados e davam seus dízimos e ofertas. Eles faziam todas essas coisas, mesmo não sendo completamente leais ao Senhor.
Mesmos depois de testemunharem o destino do Reino do Norte, Judá trilho o mesmo caminho deles e deixou de amar exclusivamente o Senhor. Jeremias foi incumbido de denunciar o que estava acontecendo e desafiar o povo a mudar de direção. Vejamos um trecho de uma suas pregações:
Jeremiah 2:7–13 NVI
7 Eu trouxe vocês a uma terra fértil, para que comessem dos seus frutos e dos seus bons produtos. Entretanto, vocês contaminaram a minha terra; tornaram a minha herança repugnante. 8 Os sacerdotes não perguntavam pelo Senhor; os intérpretes da lei não me conheciam, e os líderes do povo se rebelaram contra mim. Os profetas profetizavam em nome de Baal, seguindo deuses inúteis. 9 “Por isso, eu ainda faço denúncias contra vocês”, diz o Senhor, “e farei denúncias contra os seus descendentes. 10 Atravessem o mar até o litoral de Chipre e vejam; mandem observadores a Quedar e reparem de perto; e vejam se alguma vez aconteceu algo assim: 11 alguma nação já trocou os seus deuses? E eles nem sequer são deuses! Mas o meu povo trocou a sua Glória por deuses inúteis. 12 Espantem-se diante disso, ó céus! Fiquem horrorizados e abismados”, diz o Senhor. 13 “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água.
De fato havia muito a dizer contra Judá. Dentre essas muitas denúncias feitas por Jeremias, há uma em que ele questiona a forma como profetas e sacerdotes arquitetaram um plano de complacência e conivência.
Jeremiah 6:14 NVI
14 Eles tratam da ferida do meu povo como se não fosse grave. ‘Paz, paz’, dizem, quando não há paz alguma.
Havia uma promessa feita por Deus de prover seu povo com uma paz abrangente e completa: sua Shalom. Mas Sacerdotes e Profetas transformaram essa promessa em um acordo de morte: o povo vivia uma vida dupla, prestando culto a Deus e também a Baal e Moloque; frequentavam o tabernáculo e também se dobravam às deusas Asherar e Ishtar (Rainha dos Céus), pedindo suas bençãos de prosperidade e fecundidade para os campos e para os animais.
Lembram que o Profeta Isaías afirmou que a Shalom seria o resultado de o povo de Deus apostar todas as suas fichas no amor e na provisão do Senhor? Lembram que a Shalom estava ligada à exclusividade da confiança? Nada disso estava acontecendo. O amor das pessoas estava dividido, a confiança esta dividida, a lealdade estava dividida, era uma vida dupla e dúbia.
Jeremias descreve assim o cenário:
Jeremiah 6:10 NVI
10 A quem posso eu falar ou advertir? Quem me escutará? Os ouvidos deles são obstinados, e eles não podem ouvir. A palavra do Senhor é para eles desprezível, não encontram nela motivo de prazer.
Jeremiah 6:13 NVI
13 “Desde o menor até o maior, todos são gananciosos; profetas e sacerdotes igualmente, todos praticam o engano.
Numa situação como essa era de se esperar que funcionassem as funções que Deus tinha estabelecido: profetas e sacerdotes. Eram pessoas investidas de autoridade para levar ao povo a Palavra de Deus e interceder diante de Deus pelos pecados do povo. Mas Jeremias diz que eles eram os patrocinadores do engano em que o povo se encontrava.
Eles arquitetaram um acordo de morte que funcionava assim: em contrapartida aos seus sustentos e às suas posições, ele faziam vista grossa e tratavam essas horrível situação do coração dividido como algo sem importância. Assim, eles afirmavam que a Shalom de Deus estava garantida para qualquer um estivesse cumprindo o que lei pedia, mesmo quando se essa pessoa demonstrasse uma lealdade divida.
Fazendo assim, eles tornaram a Shalom uma mercadoria. A paz parecia estar acessível através dos ritos, rituais, frequência, cerimônias, comportamentos, etc. O povo não tinha com o que se preocupar, porque a Shalom estava garantida. Só que não era verdade. Já não havia paz alguma.
Diante do que vimos até agora, gostaria de fazer algumas considerações e aplicações sobre essa perversão da Shalom de Deus, denunciada pelo pelo profeta Jeremias, na esperança de que aprendamos a Viver em Paz.

A paz começa com Deus

Não adianta buscar paz começando consigo mesmo, tentando entrar em harmonia interior ou com o universo. Isso pode até vir depois, mas a paz começa em sua relação com Deus. Ela é o resultado de sua alma ter aprendido a descansar na soberania amorosa de Deus.
Os israelitas sabiam que Deus era importante para a paz, mas começar a acreditar que ele, apesar de importante, não era essencial. Ele foram convencidos de que a exclusividade era algo antiquado e que dividir sua lealdade não era um problema, mas uma solução.
Eles não estavam compreendendo que paz é o resultado colhido de nossa entrega a Deus, dentro de um relacionamento de amor e confiança. Passou despercebido para eles que se não começar em deus a Shalom é apenas uma ilusa, um farsa insustentável por muito tempo.
Nós também somos chamados a começar com Deus. Nosso relacionamento com Ele, guiado pela Palavra, é o modo pelo qual o conhecemos e nos conhecemos. Se você percebe. Por isso, se você perceber que a lealdade e o amor que deveriam se dedicados a Ele estão divididos entre divindades, antigas ou modernas, parece agora mesmo, confesse ao Senhor, peça perdão e mude a direção da sua vida.

Shalom não é um produto

No mercado religioso, a paz é um produto valorizado. Quem não quer uma vida plena e abundante, encontrar significado para sua existência e esperança para o futuro?
Isso começa com Profetas e Sacerdotes entendendo que a Shalom é algo com que Deus premia os melhores alunos da classe. Então eles começaram ensinar as pessoas a se esforçarem para serem os melhores. Aí, com a bênção dos profetas e sacerdotes, era só estender as mãos receber sua Shalom.
Esse é um dos terríveis prejuízos da religião; ela toma nas mãos algo belo, relacional, processual e pedagógico e o transforma em um produto, que pode ser adquirido com as palavras certas, ou com as atitudes certas ou as respostas certas.
A verdade é que não há botão para apertar nem palavras a dizer, que façam a paz tornar-se realidade em nossas vidas. Você não pode comprá-la, apressá-la ou exigi-la. A Shalom não é um produto, mas um salto de fé para dentro de uma relacionamento de amor e confiança.

A paz não é onipresente

Deus é onipresente; mas a paz não é. Enquanto estivermos sujeitos à natureza humana corrompida pelo pecado, a paz é experimentada com interrupções como em flashes. Quanto mais nosso relacionamento com Deus se aperfeiçoa, mais esses flashes são constantes e próximos. Mesmo assim, ela não é onipresente.
Isso quer dizer que por vezes não estaremos vivendo plenamente, que a vida não será sempre abundantes e que frequentemente nossa almas parecerão em guerra com tudo e com todos.
Essa é uma realidade que incomoda alguns profetas e sacerdotes. Os contemporâneos de Jeremias estavam incomodados, tanto que disseram que a Shalom de Deus estava ali, mesmo quando não parecia haver paz. Eles precisavam dizer isso porque havia prometido que a paz era um direito daqueles que fizessem tudo certo.
Deus, por outro lado, não está muito preocupado com a as ausência da paz. Ele, mais que todo mundo, sabe que ela não é onipresente em um mundo caído.
Por isso, quando resume sua queixa contra seu povo ele não reclama das ausência de paz. Ele lista apenas duas coisas que o incomodavam profundamente naqueles dias confusos e que certamente o incomoda em nossos dias também.
Jeremiah 2:13 NVI
13 “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água.
Quando a paz não estiver presente, devemos nos lembra que ela não é onipresente, mas Deus é. Ele está sempre presente. Quando a Shalom parecer imperfeita precisamos lembrar que Deus é perfeito. Quando as coisas parecerem caóticas e frustrante, precisamos correr para Ele e não para longe dele.
Tentar construir nossas próprias soluções a revelia dele é a maior prova de que o abandonamos, ele que é a fonte da vida.
Fora dele, tudo é cisterna rachada, que não retém a água, mas Ele é sempre uma fonte a jorrar para vida eterna, mesmo quando a paz não comparece.
Que Ele nos ensine a começar com Ele, nos livre da tentação de tornar a paz um produto e caminhe ao nosso lado quando a shalom não for do jeito que a gente queria.
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