Harmonia e Unidade da Bíblia

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Introdução

“Cem anos depois de minha morte não haverá mais cristãos, não haverá mais Bíblias, não haverá mais a Palavra de Deus, e desaparecerá definitivamente toda memória de Cristo e seus ensinamentos...” - François-Marie Arouet (Voltaire)
A morte do grande filósofo ocorreu, o tempo passou e ao invés de não haver mais Bíblias, em sua antiga casa tornou-se uma fábrica de Bíblias, pois as demandas nunca pararam de ocorrer. Podemos concluir que a palavra de Deus estava certa, e que a palavra de Deus nunca se extinguirá (Mt 24.35). Em nossos dias não é diferente, a palavra Deus continua sendo um livro interessante para todos e a regra de fé e prática a todos aqueles que foram escolhidos pelo nosso Senhor Jesus Cristo. Por esta razão, é de suma importância que possamos conhecer esse livro divino e humano que nos revela quem Deus é e quem nós somos. Falta-nos uma boa dose de bibliologia.
A Bibliologia é uma disciplina da teologia sistemática que aborda tudo relacionado a Bíblia. Dentre vários assuntos, iremos abordar sobre um braço da autoridade da Bíblia, que é a Inerrância Biblíca. Dentro da inerrância biblíca compreenderemos os conceitos de harmonia e unidade da Bíblia. Esses temas talvez sejam os mais atacados em nossos dias, e por essa razão, é necessário que Igreja conheça e saiba articular essas doutrinas basilares do cristianismo.
Nosso estudo será respondendo algumas questões que muitas vezes os próprios cristãos não sabem responder. A primeira pergunta é: Por que devo acreditar que não existem erros na Bíblia?; A segunda pergunta é: A doutrina da Inerrância é uma inovação do século XIX?; e a terceira e última é: Como podemos responder os aparentes erros da Bíblia?; Portanto, nosso conteúdo terá como objetivo responder biblicamente e através da história da Igreja essas perguntas que pairam em nossos dias.

Por que Devo acreditar que não existem erros na Bíblia?

A inerrância bíblica é atestada pela própria Bíblia. Podemos conferir em 2Tm 3.16, que diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça.” Esta passagem nos comunica que Paulo, e consequentemente os outros apóstolos tinham um entendimento de que os Escritos que circulavam entre o povo de Deus eram originados em Deus, ou seja, o próprio Deus comunicou aos escritores aquilo que tinham de abordar. Portanto, se servimos a um Deus infalível e inerrante, como a sua palavra poderá conter erros? Portanto, podemos concluir que aqueles livros que são inspirados por Deus não podem conter erros. Se considerarmos que a Bíblia contem erros, estamos assumindo que servimos a um Deus que não é onisciente, que não sabe de todas as coisas, e por essa razão, é possível que cometa erros.
Entretanto, há algumas implicações a serem consideradas na doutrina da inerrância bíblica. A primeira, é que a inerrância só se estende aos autógrafos originais, não às transcrições e traduções. Segunda implicação é que, a inerrância não significa a santificação e infalibilidade dos escritores ou daqueles que tiveram as suas palavras registradas na Bíblia. E terceiro, a Escritura nos fala de forma poética e também faz uso de linguagem comum. Devemos ter em mente que a linguagem poética não se opoem à verdade.
Entre alguns teólogos argumenta-se que a Bíblia não contem erros somente em alguns aspectos, que diz respeito a questões de fé e prática. Portanto, entre outras aréas, tais como em esferas históricas e ciêntificas é possível que haja erros. Entretanto, não há nenhum embasamento bíblico para tal conclusão, pelo contrário, vemos que os escritores acreditavam e confiavam em tudo aquilo que foi escrito (Lc 24.25 , Rm 15.4, 1Co 10.11). Portanto, não temos embasamento bíblico para que possamos pensarmos desta forma. A Bíblia contém fatos históricos e cientificos em seu conteúdo, entretanto, esses temas não são o propósito do livro e podem serem narrados de forma que possam não ser tão claros. Por exemplo, o caso de Galileu, a Igreja entendia a astronomia de uma maneira que sabemos que hoje é errada. Entretanto, a Bíblia não afirmava isso, e sim a interpretação da Igreja. Não podemos confundir o que a Bíblia diz, com o que a Igreja diz. Portanto, a Bíblia não contém erros de nenhuma espécie.
Wayne Grudem destaca quatro pontos sobre os problemas decorrentes da rejeição da inerrância, que são:
Se rejeitarmos a inerrância, teremos de nos confrontar com um problema moral sério: Podemos imitar a Deus e também mentir intencionalmente em questões secundárias?
Se rejeitarmos a inerrância, começaremos a questionar se realmente podemos confiar em Deus em tudo que nos diz.
Se rejeitarmos a inerrância, em essência, estaremos fazendo de nossa mente um padrão de verdade mais elevado que a própria Palavra de Deus.
Se rejeitarmos a inerrância, precisaremos também dizer que a Bíblia está errada não apenas em detalhes secundários, mais também em algumas de suas doutrinas.
Por fim, não podemos acreditar que a Bíblia contém erros pelo simples fato de ser o próprio Deus o autor dela. Compreendemos que se permitirmos erros na Bíblia estaremos entrando em caminhos assombrosos que nos afastarão de Deus e sua vontade.

A doutrina da inerrância é uma inovação do século XIX?

Alguns teólogos objetam que a a doutrina da inerrância bíblica é filha de nosso tempo. De fato, o assunto sobre a inerrância bíblica tornou-se mais frequente após o movimento iluminista. Apartir do século XIX, o racionalismo passou a ser a forma preponderante de articular questões da vida do homem. Por essa razão, os absolutos começaram a perder força e a relativização começou a ser forma preponderante de pensar. Portanto, Segundo Joel Theodoro, houve-se uma fragmentação do Eu. As bases morais e éticas tornaram-se relativas, cada um criava a sua própria. Essa cosmovisão influênciou todo o mundo em todas as esferas. Portanto, na teologia não foi diferente. Os absolutos começaram a ser questionados, as certezas viraram dúvidas, no lugar de Deus estava o homem. Por essa razão, neste período é que a Bíblia fora mais atacada e questionada. Entretanto, isso não significa que a doutrina fora criada somente neste período, ainda que a história da Igreja não tinha sistemátizado a doutrina, podemos encontra-lo explicita em vários homens de Deus ao longo da história. Por essa razão, iremos nos apoiar sobre os ombros de alguns gigantes. Abordaremos sobre Agostinho, João Calvino e Lutero. Por fim, abordaremos sobre o concílio sobre a Inerrância bíblica que ocorreu em Chicado em 1978.
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