SERMÃO – COMO LIDAR COM A IRA

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É possível lidar biblicamente com a ira.

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TÍTULO: Ira, Abaixo a Injustiça!
INTRODUÇÃO: Você já se sentiu confuso quanto às suas emoções? Às vezes se sente perdido pois não consegue controla-las? Bem, caso tenhamos sinceridade, a resposta “sim” é inevitável. Todos temos problemas com elas, inúmeras vezes nem mesmo as entendemos.Parece até que são meio estranhas, não é verdade? Emoções nos fazem ter comportamentos que não queremos. Elas também podem mexer com o nosso físico de maneiras bem esquisitas. Por essa razão, faz-se relevante aprender um pouco o que a Escritura Sagrada nos ensina sobre o tema.Iniciando com definições, a minha proposta é entender emoções como expressões instintivas e responsivas daquilo que amamos, tendo origem no coração e se materializando no nosso corpo. Dessa forma, elas conectam o nosso mundo interior com o exterior. Uma vez que elas expõem os nossos amores, assim também nos revelam a nós mesmos, pois nós somos aquilo que amamos: “onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração”, o que nos leva a aprofundar mais ainda o conceito. Me acompanhe: As nossas emoções são expressões de adoração. Escreve um autor por nome Tremper Longmann III: “Cada emoção, embora provocada horizontalmente, reflete algo sobre a dimensão vertical: o nosso relacionamento com Deus”. Isso é verdade quanto à alegria, ao contentamento e à compaixão, mas também quanto à ira, à tristeza e ao ciúme.
É verdade que geralmente somos orientados a evitar ou fugir das emoções consideradas “negativas”, mas não precisamos fazer isso. De vez em quando, é bom se sentir mal. Jesus chorar diante do sofrimento da família que perdera Lázaro foi nada menos que adequado. Por outro lado, eventualmente pode não ser adequado se sentir bem, como nas risadas por piadinhas cruéis ou na inserção de drogas no seu corpo. As emoções negativas, foco do nosso estudo aqui, também têm seu papel em nossas vidas, mostrando que há algo de errado neste mundo. Elas são presentes comunicados por um Deus que, embora seja, segundo a nossa confissão de fé, “sem paixões”, tem emoções “negativas”, dentre elas a ira, justamente a primeira emoção que será apreciada em nossa série de mensagens.
O Dr. Robert Jones, conselheiro bíblico, a conceitua assim: “A ira é uma resposta integral de juízo moral negativo contra um mal por nós percebido”. Em outras palavras, a ira corresponde ao nosso coração bradar: “Abaixo a injustiça!”. Como veremos, tal furor pode ser implosivo ou explosivo, virtuoso ou vicioso, teocêntrico ou egocêntrico. O fato é que, seja lá qual for a sua apresentação...
PROPOSIÇÃO: As expressões de ira revelam o que amamos e a quem adoramos
SENTENÇA TRANSICIONAL: isso pode ser visto por dois ângulos antagônicos: o olhar da piedade e o olhar do pecado.
• A ira pecaminosa revela que amamos umajustiça falsa e adoramos a deuses falsos (Jn 4:1-11)
O profeta Jonas é um personagem curioso. Ele era um galileu, que predisse, no reinado de Jeroboão II, que haveria um tempo de prosperidade e sucesso no Reino do Norte. As palavras proferidas foram cumpridas e trouxeram grande credibilidade a Jonas como um verdadeiro mensageiro de YHWH. Certa feita, recebeu uma ordem: pregar à cidade de Nínive, sede do violento e avassalador Império Assírio, que varria, àquela altura, todos ao seu redor, fazendo os próprios israelitas se perguntarem quando seriam a sua vez. Conhecendo que Deus é misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que promete castigar, mas depois “se arrepende”, ele projetou em sua mente o pior cenário de um resultado de sua pregação: “esse povo ruim vai acabar se converter, quer ver?”. Assim, tentou escapar do seu chamado e da presença de Deus, indo ao extremo oposto de Nínive, onde estava Társis. Em uma reviravolta impressionante, o Senhor fez com que, na viagem, um grande peixe engolisse Jonas, passando ele três dias e três noites no seu interior. Lá, ele se voltou a Deus, orando e reconhecendo seus planos salvíficos misteriosos. Enfim pregou na Assíria, com muitíssima má vontade.
E, como Jonas imaginara, Deus operou misericórdia, abandonando a sua ira. Neste cenário, o capítulo 4 aparece, revelando a ira pecaminosa do servo de Deus. Diz o texto: “Mas Jonas ficou profundamente descontente com isso e enfureceu-se. Ele orou ao Senhor: "Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em casa? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que promete castigar, mas depois se arrepende.Agora, Senhor, tira a minha vida, eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver".O Senhor lhe respondeu: "Você tem alguma razão para essa fúria?”. Jonas saiu e sentou-se num lugar a leste da cidade. Ali, construiu para si um abrigo, sentou-se à sua sombra e esperou para ver o que aconteceria com a cidade. Então o Senhor Deus fez crescer uma planta sobre Jonas, para dar sombra à sua cabeça e livrá-lo do calor, e Jonas ficou muito alegre. Mas na madrugada do dia seguinte, Deus mandou uma lagarta atacar a planta de modo que ela secou. Ao nascer do sol, Deus trouxe um vento oriental muito quente, e o sol bateu na cabeça de Jonas, a ponto de ele quase desmaiar. Com isso ele desejou morrer, e disse: "Para mim seria melhor morrer do que viver". Mas Deus disse a Jonas: "Você tem alguma razão para estar tão furioso por causa da planta?" Respondeu ele: "Sim, tenho! E estou furioso a ponto de querer morrer". Mas o Senhor lhe disse: "Você tem pena dessa planta, embora não a tenha podado nem a tenha feito crescer. Ela nasceu numa noite e numa noite morreu.Contudo, Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?”.
Não é meu intuito explorar plenamente o texto, até porque este sermão é temático. Não obstante, penso que seria muito saudável prestarmos a atenção em alguns detalhes aqui presentes. Para começar, a relação de causa e efeito, verso 1, entre o descontentamento e a fúria. A primeira palavra “descontente” (רָעַע) carrega senso moral. A segunda palavra “enfureceu-se” (חָרָה) significa, literalmente, “queimado”. Simplificando, Jonas emitiu um juízo de valor, de acordo com algum padrão ético específico, concluindo haver uma injustiça da parte de Deus em estender seu favor aos ninivitas. Por essa razão, ficou irado, em chamas. A ira sempre é uma resposta do coração a circunstâncias que julgamos injustas.
Outra informação valiosa no texto é o caráter corrosivo da ira. Um pensador diz o seguinte: “A ira é parecida com o urânio radioativo. Ela é mortal a não ser que seja aproveitada com um cuidado delicado. Se você a traz à tona sem uma preparação devida, você irá intoxicar tudo ao seu redor”. No caso do profeta fujão e dramático, a fúria sem base moral justificável e desenfreada, o levou a desconsiderar tudo de valor em sua existência, desejando e/ou pedindo, mais de uma vez (versos 3, 8 e 9), por uma espécie de eutanásia divina.
Por último, o contraste entre a base ética pecaminosa e a base ética correta. Em oportunidades dobradas, versos 4 e 9, Deus confronta Jonas, por indagação, se ele tem “alguma razão” para essa ira toda. Logicamente, essa é uma pergunta retórica, com a resposta óbvia “não”. Porém, pense comigo: essa é uma argumentação a partir da ética de Deus. O profeta evidentemente, cego por sua ira, respondia em seu coração “sim”. O problema é que o fato de Jonas crer em haver justificativa plausível se constitui uma prova irrefutável de que ele estava julgando a realidade com base em um sistema ético distinto – e se você se lembra do conceito que formulei de emoções, vai chegar a mesma conclusão que a minha: o problema de Jonas era religioso. Ele amava a sua norma particular de justiça, uma justiça falsa, e adorava a si mesmo, um deus falso. Irmãos, esse é um perigo terrível da ira pecaminosa: ela, por mostrar-se tão supostamente nobre e certa, nos dá a sensação de que somos moralmente superiores. Para que Jonas desertasse da sua ira, a sua preocupação não poderia ser apenas do tipo “mude a sua emoção”, mas “mude o seu deus”. A ira, como todas as outras emoções, revela o que amamos e a quem adoramos.
• A ira piedosa revela que amamos a justiça divina e adoramos a Deus (Mc 3:1-5)
Antes de prosseguir com a apreciação do texto, reproduzindo o pensamento de um estudioso, deixe-me elencar três marcas distintivas da ira justa: (1) A ira justa reage contra o pecado real. Ela é uma reação à uma percepção correta do mal verdadeiro, do pecado como biblicamente definido, isto é, como uma violação da Palavra de Deus. Não vem de incômodos pessoais, preferências frustradas ou tradições estabelecidas; (2) A ira justa tem o seu foco em Deus, seu reino, seus direitos e suas preocupações. As motivações precisam ser teocêntricas. O cerne da questão é Deus estar sendo ofendido; (3) A ira justa é acompanhada por outras qualidades piedosas. Ela não vem palavrões, comportamento esnobe e perda de controle. Na verdade, é uma tensão santa equilibrada por traços de pesar, consolo, alegria, louvor e ação. Ira é expressão de adoração.
Para exemplificar como a ira pode ser justa, podemos usar de alguns personagens bíblicos, como Sansão, Davi e outros. No entanto, certamente não há melhor opção a ser considerada do que o próprio Jesus. Assim, chamo como testemunha o texto de Mc 3:1-5: “Noutra ocasião ele entrou na sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiadas. Alguns deles estavam procurando um motivo para acusar Jesus; por isso o observavam atentamento para ver se ele iria curá-lo no sábado. Jesus disse ao homem da mão atrofiada: ‘Levante-se e venha para o meio’. Depois Jesus lhes perguntou: ‘O que é permitido fazer no sábado: o bem ou mal, salvar a vida ou matar?’ Mas eles permaneceram em silêncio. Irado, olhou para os que estavam à sua volta e, profundamente entristecido por causa do coração endurecido deles, disse ao homem: ‘Estenda a mão’. Ele a estender, e ela foi restaurada”.
Em suma, Jesus, como um bom judeu, foi à sinagoga no Sabbath, provavelmente na cidade de Cafarnaum. Na ocasião, o que deveria caracterizar o encontro sagrado, com orações e estudos da Palavra, era paz, cura, refúgio e compaixão ao invés de contenda, sofrimento e alienação. Lá estava “um homem com uma das mãos atrofiadas” – a destra, segundo Lc 6:6, passagem paralela. Essa deficiência, àquela época, o “desgraçava” duplamente: Ele era forçado a se tornar canhoto em uma cultura que enxergava isso com desdém, além de ter que recorrer à posição social de um mendigo para sobreviver, sem considerar todo o ostracismo que enfrentava no dia-a-dia. Mas ele estava na sinagoga, o local de encontro com Deus. O lugar certo, né? Devia ser. Mas “alguns deles”, fariseus, “observavam atentamente” (ah se um olhar matasse!) Jesus, ansiosos para encontrarem nele alguma falta, como uma cura “desnecessária” num sábado. Por sinal, a tradição judaica não condenava os exercícios, digamos, medicinais no Sabbath caso houvesse risco de morte, o que logicamente, não se aplicava a esse caso.
Bem, já tendo ciência do que pensavam os oponentes, segundo Lc 6:8 Jesus concentrou a sua atenção naquele homem com a mão atrofiada, o convidando a ficar em pé com ele, configuração na qual todos podiam enxerga-lo. Provavelmente foi nesse momento, segundo Mt 12:10, outra passagem paralela, que surgiu a perguntinha capciosa: “É permitido curar no sábado?”. Depois disso, voltando a Mc 3, verso 4, Jesus teve que se dirigir a eles: “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou matar?”. Talvez você não percebido, mas a ferida foi tocada. D.A. Carson comenta: “a pergunta retórica de Jesus tem um foco mais restrito: o sábado era um dia para atividade maligna – como a intenção deles ao questioná-lo – ou para a ação beneficente, como a cura que estava para ser realizada?”.
Sem quererem admitir que estavam errados, os adversários “permaneceram em silêncio”. Com isso, o Senhor ficou “irado”, verso 5, com uma tristeza profunda por causa do endurecido dos corações. Mas será que essa foi uma ira justa? Comparemos com os três critérios: (1) Houve um pecado real aqui. A falta de reação positiva, como arrependimento, misericórdia e compaixão era um pecado de omissão. Esses homens eram os modelos de piedade a serem seguidos. Então faz sentido a observação do Dr. Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”; (2) O foco está em Deus. As curas nos evangelhos são sinais ou evidências de que o Reino dos céus estava sendo inaugurado. Tal oposição, portanto, significava desprezar o plano da redenção orquestrado pelo Deus- Trino; (3) Outras qualidades piedosas a acompanharam. Jesus não perdeu as estribeiras, sendo dominado por furor a ponto de não conseguir realizar o que tinha planejado: curar aquele homem. Não, ele prosseguiu com a missão com perfeito autocontrole. A mão direita do sujeito foi restaurada no sábado, “pois o homem não foi feito por causa do sábado, e sim o sábado por causa do homem. Assim, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado”.
APLICAÇÕES:
1. Tendo a teoria sido apresentada, que tal agora refletirmos um pouco sobre a ira em nosso âmbito pessoal? Apertem os cintos, porque a pancada é grande e vai nos atingir a todos. Irmãos, desde já deixemos uma coisa muito clara: A nossa ira é raramente piedosa. Se você desconfia disso, faça uma avaliação franca: a sua ira está servindo aos propósitos misericordiosos e redentivos de Deus ou está servindo à sua própria agenda? É muito fácil sermos enganados quanto a isso, principalmente no momento que a ira vem, pois, como falei, ela é tão nobre e parece tão certa. Por isso eu rogo, para o seu próprio bem, anote esses critérios mencionados há pouco em um lugar visível do seu cotidiano. Primeiro, pergunte-se: “Qual é o mal que estou percebendo? Será que é um pecado real, de acordo com a lei de Deus? Ou é apenas um delito das minhas preferências?Estou irado porque um pecado foi cometido ou porque o Flamengo não ganhou? Tudo isso é porque a lei foi transgredida ou porque simplesmente queimei a minha mão na panela quente?”. Se deduzimos que não é um pecado real, a discussão se encerra. Porém, se estamos certos, a saber, nos chateando com o que Deus também se chateia, é aí que entramos num perigo ainda maior, porque estar certo sobre o pecado de outros facilmente nos cega aos nossos próprios pecados. Enxergamos o cisco no olho do irmão, mas a trave no nosso parece invisível. Temos que ter muito cuidado, seguindo vigilantemente o imperativo de Tiago: “Meus amados irmãos, tenham isto em mente: sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg1:19-20).
2. Em vista disso, continuemos a análise dos critérios. Número 2: O foco da ira está em Deus e em seus propósitos? Essa é uma questão importantíssima, pois a ira pecaminosa é uma tentativa de proclamar independência de Deus. Admitamos, que na maioria das vezes, não estamos preocupados como Davi com a honra de Deus sendo manchada por Golias (1 Sm 17) ou como Jesus com o zelo pela casa do Senhor ser transformada em um comércio (Jo 2). Focalizamos, na verdade, o “eu”, a nossa reputação, a nossa autoridade e os nossos planos. Ficamos perturbados porque fomos envergonhados na frente de pessoas importantes, fomos impedidos de aproveitar a oportunidade de crescer, perdemos o sono por causa do barulho etc. Deste modo, através do filtro do Espírito, nós já somos pegos em flagrante pelo delito da ira pecaminosa.
3. Mas quem sabe, aquela sua ira ainda sobreviveu até aqui. Você percebeu um pecado sendo cometido e têm o pulso com os interesses do alto. É aí que mais um perigo mora, pois também é fácil nos acharmos guerrilheiros celestiais, passando a foice espiritual em tudo quanto é canto: gritos ensurdecedores ou uso incorreto da vara ao corrigir os filhos, palavras destemperadas para o marido, depredação de bens, ausência de compaixão na admoestação de um irmão etc. Agora sim, presumivelmente você foi pego. Finalmente conseguiu notar o seu pecado; finalmente teve que admitir que precisa de ajuda para vencê-lo. Esse é um passo importante, meu querido irmão. Eu quero encorajá-lo a prosseguir, mas tendo em mente que é um processo custoso, especialmente porque envolve o nosso objeto de culto. Lembre-se que as emoções são expressões do que amamos e a quem adoramos. Remover um ídolo do coração é uma tarefa dolorosa. E não pense você que basta mudar a emoção – você tem que colocar a Deus no trono do seu coração. No final das contas, é uma questão de crença.
4. Como lidar com a ira quando ela vem? A impressão é que ela é quase que instantânea, mas fique tranquilo – dá tempo de reorienta-la antes que seja tarde demais. Nas últimas semanas, estive assistindo uma série de televisão em que um pai se esforça para ajudar o seu filho que pratica bullying na escola. Dentre os vários conselhos, um relativo à ira me chamou a atenção, por sua simplicidade e eficácia: “Quando estiver com raiva, conte até dez e respire. Se não der certo, faça isso de novo sucessivamente”. Parece simplista, não? Mas é exatamente o que devemos fazer: desacelerar, ser “tardio em irar-se”. Como fazer isso? Respire, meu irmão. Fale sobre o assunto em um momento mais calmo, tome tempo para pensar antes de agir com ira. Assim, você pode matar dois coelhos de vez só: antes de responder com ira, responda à sua ira.
5. Por fim, não tenha medo ou fuja da ira. Deus formou o ser humano com emoções, e, ao final de seus feitos, disse: “é bom”. Não se esqueça que é possível reorientar a ira. Paulo escreve aos efésios: “Irai-vos, mas não pequeis”. (Ef 4:26). A ira teocêntrica foi criada com propósito santo. Ela, como as demais emoções, devem fluir do amor, que é o cumprimento vertical e horizontal da Lei. Não por outra razão, asseverou Jonathan Edwards: “A verdadeira religião consiste em afeições santas”. Para ele, as emoções da graça são de influência divina, seu objetivo é a excelência das coisas de Deus. Elas geram e promovem o temperamento de Jesus. Pense na ira como algo que Deus designou e abençoou para energizar a nossa paixão em rejeitar o mal, para que fizéssemos guerra contra o pecado.
CONCLUSÃO: Queridos, a ira é um componente da nossa vida que necessita de redenção – e isso não vem pela mudança de comportamento, é uma obra de Deus. Mas para lidar corretamente com a nossa ira, primeiro precisamos entender como lidar com a ira do Senhor. Para tanto, eu te convido à contemplação do Deus que tem a ira como uma de suas emoções. Ele é o justo juiz daqueles que o ofendem. Segundo Rm 1:18, a ira de Deus é revelada, instintiva e responsivamente, dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça. Isso não te assusta? Ele vê o pecado real que cometemos! Por causa da nossa preferência pela injustiça, inclusive ilustrada na quebra dos três princípios de uma ira piedosa, a fúria divina é manifestadados céus. E o pior de tudo é que não temos o que fazer para mudar isso. Não temos como simplesmente deixar a injustiça por conta própria – para isso é necessário, como vimos, mudar o deus do nosso coração. No entanto, o Deus que é “justíssimo e terrível em seus juízos” também é “cheio de amor, gracioso, misericordioso, longânimo e muito bondoso”. Como diz o profeta Habacuque, na ira ele se lembra da misericórdia(Hb 3:2). Esse é o Deus que tem ira como reflexo do seu amor, protegendo os seus tesouros: justiça, santidade, glória e o nosso bem. Para nos comprar, por causa do seu furioso amor, ele derramou sua ira sobre Jesus Cristo, o seu Filho Unigênito, ao invés de fazê-lo sobre nós. Como resultado, a justiça e a misericórdia se beijaram. Agora, uma vez que o Salvador lidou com a ira que não conseguimos lidar, podemos, seguindo os seus passos, no poder e na direção do Espírito Santo, expressar a nossa ira de modo litúrgico, espelhando o nosso objeto de maior amor e adoração: O Deus Altíssimo!
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