Sem título Sermão (8)

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CONTEXTO
No início do capítulo 3, Pedro aborda a questão da parúsia de Cristo e a aparente demora desse evento segundo o escárnio dos falsos mestres que surgiriam (vv. 1-4). Ele lembra os leitores que, assim como Deus trouxe juízo sobre o mundo no passado, também trará juízo novamente, porém de forma completa e definitiva; contradizendo a atitude dos zombadores (vv. 5-8). Em seguida, no v. 9, Pedro enfatiza que a aparente demora da parúsia de Cristo não é um sinal de negligência por parte de Deus, mas sim uma expressão da sua paciência, seu desejo de dar oportunidade ao arrependimento e de reunir os eleitos que foram predestinados para a salvação.
No v. 10, Pedro ressalta que o dia do Senhor virá como ladrão, trazendo consigo a destruição dos céus e dos elementos pelo fogo. Essa é a base para a exortação presente em 2 Pedro 3.12, na qual os crentes são chamados a aguardar e apressar a vinda desse dia. A metáfora do “ladrão” para o Dia do Senhor (Dia do Juízo, no v. 7) exemplifica a incerteza do tempo da parúsia e, também, corrobora para a exortação à vigilância constante para esse dia[1]. Jesus também utiliza a imagem do “ladrão” para enfatizar que o dia da parúsia será inesperado (Mt 24.43; Lc 12.39).
Assim, como não se sabe quando o ladrão arrombará a casa, da mesma forma será o retorno de Cristo. Paulo também ecoa essa imagem do ladrão ao exortar os tessalonicenses em relação a volta de Cristo (1Ts 5.2). Dessa forma, demonstra-se que não há como saber o “quando” a parúsia ocorrerá, porém, pode-se saber “como” ela será: “os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (v. 10).
No v. 11, Pedro faz uma exortação: "Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade."
Esse chamado à santidade está diretamente relacionado à espera pela vinda do Senhor. Pedro incentiva os cristãos a viverem vidas consagradas e piedosas, sabendo que a vinda do Senhor é certa e que o juízo virá sobre o mundo. Essa espera não é passiva, mas ativa, pois os crentes devem se esforçar para viver de acordo com os princípios do Reino de Deus.
1 O ESTILO DE VIDA QUE GLORIFICA A DEUS
SANTIDADE
“...vocês devem ser pessoas que vivem de maneira santa e piedosa,...” (3.11)
O apóstolo Pedro nos exorta a vivermos de maneira santa, separados para Deus, como um impulso para glorificá-Lo em todos os aspectos de nossa vida. A santidade é o reflexo da glória de Deus, a expressão de Seus atributos perfeitos. A escatologia, o estudo dos últimos tempos, pode ser uma poderosa força impulsionadora para buscarmos a santidade, pois nos lembra da eternidade e da prestação de contas diante do Criador.
A palavra "santo" (hagios) denota algo sagrado, puro e consagrado. Na mentalidade hebraica, ser santo significa ser diferente e separado do mundo, dedicado ao serviço de Deus.
No Antigo Testamento, vemos exemplos de santidade em várias esferas:
a. O sacerdócioera chamado a ser santo, separado para um serviço especial ao Senhor.
b. O dízimotambém era considerado santo, destinado exclusivamente a Deus.
c. O templo, especialmente o lugar santo, era distinto e reservado para a presença do Altíssimo.
SANTIDADE COM EXPRESSÃO DO SER DIVINO
A santidade é usada como sinônimo para o ser divino, elevando-O acima das fraquezas e imperfeições humanas. Sua soberania e incomparabilidade o distinguem de todos os outros deuses (cf. Ex 15.11).
“Ó SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?” (ARA)
Apesar de no AT a palavra santo, ou santidade, indicarem a pureza moral do Senhor ou de seu povo (Lv 19.2; Js 24.19; Sl 15.1ss; Is 17.7; 30.11), a natureza transcendente e majestosade Deus parece ser o significado principal de sua santidade.
a. Natureza Transcendente:
A santidade de Deus está relacionada à Sua condição de Criador, o que o torna distinto e independente da natureza e da humanidade. Embora Ele esteja envolvido na Criação, não está totalmente identificado ou contido nela, sendo, portanto, superior a todas as criaturas de diversas maneiras. Deus é o "totalmente outro", estando acima e além do mundo criado.
b. Natureza Majestosa:
A santidade de Deus está relacionada à Sua condição majestosa, o que indica que Deus precisa ser reverenciado e temido. Duas passagens ilustram isso muito bem:
1. O retorno da arca da Aliança (1Sm 6.13-20) - A arca da aliança simbolizava a própria presença de Deus, mais especificamente o trono dele, onde Ele estava assentado como rei entre o seu povo (Ex 25.21,22; Nm 10.35,36; 1Sm 4.4).
· Deus matou os curiosos (1Sm 6.19);
· e a seriedade e temor que isso provocou levou os habitantes de Bete-Semes a perguntar: “Quem pode permanecer na presença do Senhor, esse Deus santo? (1Sm 6.20).
A santidade de Deus aqui está relacionada à natureza majestosa e temível do Senhor. Ele não pode ser tratado de qualquer forma, sob pena de se perder a própria vida.
2. O chamado do profeta Isaías (Is 6.1-5) – O chamado do profeta acontece no ano da morte do rei Uzias. Mas, o que predomina a cena é a visão da realeza gloriosa de Deus e do seu poder supremo (6.1-4).
Embora o rei de Judá tivera morrido, o Senhor, o rei supremo, continuava assentado em seu trono, reinando sobre tudo e todos.
· Os serafins reconhecem a natureza majestosa do Senhor ao exclamarem: “Santo, santo, santo...”, evidenciando o caráter santíssimo de Deus; não há outro Deus santo como Javé.
· Ainda que o profeta perceba o contraste da santidade moral de Deus em relação sua pecaminosidade, o que leva ele exclamar: “Ai de mim!” é o fato de que, além de ser puro (santo) o Senhor é o Rei Supremo (6.5).
A verdade é que Deus está infinitamente acima dos seres humanos, de modo que até mesmo o mais glorioso e poderoso rei da história não se compara à Sua majestade. Todas as riquezas e glórias dos impérios mais poderosos são insignificantes diante da grandiosidade e supremacia gloriosa do Senhor.
O Novo Testamento reforça essa visão da santidade majestosa e transcendente de Deus. Por exemplo:
a. Em João 1.18 o Pai (Deus) é aquele que “ninguém jamais viu”;
b. Em 1Tm 1.17 – o Senhor Jesus é confessado como o Rei eterno e imortal, digno de toda a honra e glória;
c. Em 1Tm 6.15,16 – Ele é o soberano supremo, o Rei do reis e Senhor dos senhores, que habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver.
A idolatria é loucura!
O fato de Deus ser o Criador invisível, de poder eterno e absoluto, mostra que é loucura adorar criaturas e objetos criados em lugar dele (Rm 1.18-25). A compreensão da santidade de Deus nos direciona a adoração, pois Deus é o único merecedor de glória e louvor. Para isso o homem foi criado, para o louvor de sua glória (cf. Ef 1.12)
“a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;”
A palavra “glória” é o termo que a escritura usa para se referir ao conjunto das perfeições divinas (e.g., misericórdia, justiça, eternidade, amor, onipotência, onipresença, conhecimento). O ajuntamento de todos os atributos de Deus é o que Bíblia chama de glória. A beleza de Deus revelada através de seu atributos;
Já a palavra “louvor” significa “falar bem, expressar”; “uma expressão de aprovação”.
Adoração é um estilo de vida marcado por santidade e piedade. Adoração atinge o propósito de Deus para o homem, glorificar a Deus e se alegrar nele para sempre. Mas, o que é glorificar a Deus? É muito importante entendermos o verdadeiro significado de “glorificar a Deus”.
Muitos acham que glorificar a Deus é como se a fosse a atitude de tornar Deus um pouquinho mais glorioso através de alguns atos litúrgicos que nós realizamos. Glorificar a Deus não é algo que primariamente fazemos em relação a Ele, mas é algo que fazemos em relação ao próximo e ao mundo.
Como assim? Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus, com o objetivo de que todas as pessoas ao olharem para você, enxergue Deus expresso em você; através da sua vida.
Glorificar a Deus, portanto, é expressar as perfeições de Deus através da maneira como vivemos, é viver (funcionar) de tal modo que as virtudes de Deus resplandeçam através de nós de modo que possam ser percebidas pela pessoas ao nosso redor.
A barreira da idolatria
Contudo, a idolatria impede que isso aconteça, pois ela nos conforma a imagem de algo que é infinitamente menor que Deus. Você se torna aquilo que você adora, essa característica da idolatria impede que possamos atingir o propósito de Deus para nossas vidas. A idolatria conforma você ao seu ídolo.
Portanto, um dos problemas de você não está conseguindo viver em santidade é porque ainda existem ídolos na sua vida que te escravizam, que tornam à imagem e semelhança dele, não de Deus. Você consegue identificar algum ídolo na sua vida?
Um dos ídolos que muito enfrentam hoje, seja cristão ou não cristão, é o ídolo da autorrealização, a busca exagerada por realizar os seus desejos mais ardentes do seu coração; sejam eles legítimos: profissão, família, estudos, ou ilegítimos: sexo, prostituição, álcool, etc. E, assim, buscar a felicidade e satisfação nessas coisas.
O que pode parecer contraditório é que nós também fomos criados para ser felizes, e, portanto, devemos buscar nossa realização. Isso pode parecer um pouco difícil de aceitar, mas é uma realidade. Deus quer que nós sejamos plenamente realizados. Porém, a nossa realização deve estar centralizada na glória de Deus.
Na medida em que alguém busca a glória de Deus sobre todas as coisas ele se torna plenamente realizado em Deus. A nossa realização é uma promessa da Bíblia: a vida eterna – o conceito de vida eterna não está fundamentado na quantidade de tempo, mas qualidade de vida. Pois, percebam, qual é o caráter do cidadão do Reino, conforme exposto no sermão do monte, BEM-AVENTURADO. Ou seja, plenamente realizado, plenamente feliz.
Desse modo, a realização é um alvo a ser buscado à luz das escrituras. Um texto muito usado para expressar a ideia de que Deus não tem compromisso com a nossa realização é Lc 9.23:
“Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.”
Quando olhamos para esse versículo pensamos que ele ensina que nós não devemos nos preocupar com a nossa felicidade, aí começamos a usar esse versículo para apresentar uma visão da vida cristã que parece glamourizar o sofrimento, como se o sofrimento fosse um fim em si mesmo. Mas, se a gente continuasse lendo o texto não pensaríamos assim, olhe o v.24:
“Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.”
Qual é o alvo final, segundo Jesus, desse versículo? O alvo é perder a vida ou salvar a vida?
O sofrimento faz parte da vida cristã, mas ele é "meio", não "fim". O fim é plena realização, a verdadeira felicidade, é a plenitude da nossa humanidade. O problema não está em buscar nossa realização, o problema é: o que nós pecadores chamamos de realização e os caminhos através dos quais nós acreditamos, muitas vezes, que nós haveremos obter realização.
Em Mt 6.19-21, Jesus faz a seguinte exortação: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20. mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; 21. porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
Percebam que ele não disse: “Guardai o vosso coração”, e sim: “Escolhei o vosso tesouro”. Pois o teu coração seguirá o teu tesouro, então, o escolha corretamente. Portanto, o problema está no que entesouramos em nosso coração.
Se o teu tesouro são as coisas da terra, seu coração seguirá essa direção. Mas, se for as coisas do céu, então, seguirá essa direção. Os seus pensamentos serão direcionados para onde está o teu tesouro, tua imaginação, os teus esforços, os teus sonhos, os teus anseios, os teus desejos convergirão na direção que o seu tesouro mandar.
[c.s.lewis] O peso de glória
“Na realidade, se considerarmos as promessas pouco modestas de galardão e a espantosa natureza das recompensas prometidas nos evangelhos, diríamos que o nosso Senhor considera nossos desejos não demasiadamente grandes, mas demasiadamente pequenos. Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que se nos oferece, como uma criança ignorante que prefere continuar fazendo seus bolinhos de areia numa favela, porque não consegue imaginar o que significa um convite para passar as férias na praia.”
O que Deus quer nos dar é muito maior do que aquilo que nós, às vezes, sonhamos. O problema não é desejar a nossa realização, não é buscar. O problema é que o que nós chamamos de realização é muito pequeno perto do tamanho da benção que Deus deseja no oferecer, e que está reservada para nós. Nós não esperamos a destruição de tudo. Nós esperamos novos céus e nova terra.
Chamados para santidade
No NT a igreja de Cristo é o povo de Deus (cf. 1Pe 2.9), homens e mulheres que foram alcançados pela misericórdia divina, chamados a viver uma vida que reflete a santidade de Deus (cf. 1Pe 1.14-16). Não somos mais condenados à escravidão do pecado ou das paixões pecaminosas que nos governavam antes. Fomos libertos para viver sob o domínio do ES (Rm 8.2), expressando o caráter santo de Deus em nossa vida.
Se antes agíamos sob o impulso de nosso coração corrupto e pecaminoso, hoje devemos agir como pessoas que são o santuário de Deus (1Co 3.16,17). Como está a sua vida hoje? Ela é caracterizada por impulsos de seu coração, que é enganoso e promove desejos enganosos? Ou, ela é caracterizada por domínio próprio, amor, justiça e bondade que provêm do ES atuando nos filhos de Deus.
PIEDADE
A vida coram Deo - consagrada
Ao encararmos a vida Coram Deo(diante de Deus), nenhum ato se torna insignificante e nenhum pecado é visto como “coisa pequena”. Se estamos conscientes da santidade e da majestade de Deus, tememos falar uma pequena mentira, ofender o nosso próximo, ser desonestos num pequeno detalhe ou ver em secreto aquilo que não teríamos coragem de ver em público.
Essa é vida de piedade que Pedro exorta a ter. Piedade é agir com reverência, viver, proceder de modo adequado para com Deus. Mas, sem a compreensão correto sobre a santidade de Deus, não conseguiremos viver uma vida adequado, de modo digno, temente e reverente a Deus. Porque sem um parâmetro determinado não tem como estabelecer um estilo de vida piedoso. E o padrão (o parâmetro) adequado é: “Sede santos porque eu sou santo” (1Pe 1.16).
O Senhor é o grande soberano digno da minha e da sua reverência e submissão. Ele é o rei e Senhor. Nossa reação diante de um Deus tão grande e poderoso deve ser admiração e reverência, temor e tremor. Deus não é algo quentinho que sentimos no estômago, não é um Papai Noel cósmico nem é o “cara lá de cima”. Ele é o rei de toda terra, o Senhor das nações e o Santo a quem consagramos nossa vida. Deus não deseja uma parte de nossa vida, Ele nos chama à rendição completa de todo o nosso ser.
CONCLUSÃO
ILUSTRAÇÃO – APELO POR CONSAGRAÇÃO
Conta-se uma história de um pastor que pregou um sermão sobre santidade em sua igreja local e desafiou os irmãos daquela comunidade a se consagrarem totalmente ao Senhor. Em seguida, fez um apelo:
- Quem deseja hoje consagrar-se totalmente ao Senhor, venha aqui à frente como um compromisso público de sua entrega a Ele.
Alguns minutos se passaram, mas ninguém foi a frente. Então, o pastor pediu para que cantassem um cântico e, logo depois fez o mesmo apelo. Porém, nenhum irmão foi a frente assumir esse compromisso publicamente. Novamente, o pastor pediu que cantassem mais um vez e repetiu o apelo.
Todas as pessoas ficaram sentadas em um silêncio constrangedor, que tomou conta da igreja. Até que se ouviu uma barulho muito forte no fundo da igreja: “Cabum”. Era um homem aleijado, que não tinha parte de sua perna direita. Ela havia largado suas muletas e vinha se arrastando pelo tapete do corredor central da igreja. Ao chegar à frente da igreja, perguntou ao pastor:
- Será que Deus aceita pela metade?
O pastor, tocado por aquela postura humilde e desejosa de se consagrar totalmente ao Senhor, respondeu:
- Deus se agrada de pessoas pela metade que o servem por inteiro, mas não se agrade de pessoas inteiras que o servem pela metade.
Uma rendição completa àquele que é digno de nossa devoção, obediência, amor supremos. Esse é o chamado do Deus Santo a cada um de seus filhos.
[1] HOEKEMA, Antony A. A Bíblia e o futuro, 3ª Edição (São Paulo: Cultura Cristã, 2012), p. 135.
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