ALGUNS PRESSUPOSTOS - Interpretação (2)
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ERROS NA RELAÇÃO LITERÁRIA/TEOLÓGICA
Quando um texto antigo e um novo estão relacionados, apenas o novo é válido e deve ser considerado.
Isso ocorre muito em obras de teologia sistemática, e porque? Pois eles fazem o acumulo de textos-prova para demonstrar um conceito. Por exemplo: A igreja é o Israel de Deus e o plano de Deus agora é só pra igreja. Então ele começa a acumular uma série de textos do novo testamento que falam a respeito da igreja, sendo que, vários textos do novo testamento que são pegos por eles são construídos ou relacionados com algum texto do antigo testamento.
Isso é um erro, pois você não deve pegar o novo testamento e considerar apenas o novo testamento na sua teologia e conclusões teológicas. Você não estará pegando as peças do quebra cabeça por completo, mas apenas com um terço. Jamais será uma teologia completa se for desprezado a teologia tanto do antigo quanto do novo testamento.
Os apóstolos construiram a teologia do novo testamento usando como alicerce, como base, o antigo testamento. Eles liam e os leitores do novo testamento liam o antigo testamento. Paulo ensinava e conferiam a partir do antigo testamento, em 2Tm 3.16-17 está se referindo ao antigo testamento. É claro que esse texto de Timóteo se refere a TODA a escritura, e a escritura cristã é baseada no antigo e no novo testamento.
Quando um texto antigo e um novo estão relacionados, considerar que o significado de apenas um deles é o que vale, e não uma relação entre os dois.
Consiste no erro de que quando um texto trata de um assunto, e outro texto trata do mesmo assunto no novo testamento então APENAS UM DELES É VÁLIDO em todas referências. Cometem o equívoco de achar que a referência nova deve ser imposta ao antigo. Ex.: Reino dos céus.
O novo testamento trás diversas informações sobre o reino, e muitos vão dizer que este reino é futuro pois a enfase do novo testamento é do reino que virá e usam diversas citações de Jesus dizendo que “Quando o Filho do homem sentar no Reino...” Mateus 19.28 e do Apóstolo Paulo dizendo que é por muitas tribulações que iremos entrar no reino dos céus em Atos 14.22.
Então o novo testamento fala muito de Reino mas o enfase se dá no aspecto futuro. Então o que muitas fazem? Dizem que o reino é futuro. Não existe Reino agora, pois ele é totalmente futuro pois o novo testamento faz isso. Só que quando o novo testamento trata do assunto, ele está desenvolvendo algo que já foi tratado no antigo testamento, não é algo novo, mas é algo que já se tinha antes! Então para eu entender o que o novo testamento fala sobre reino eu preciso compreender o que o antigo testamento fala primeiro!
Eu devo RELACIONAR os testamentos. Então o novo testamento diz que Jesus está assentado à destra de Deus (Hb 10.12) e isso é uma citação do Salmo 110 e ele fala do reino messiânico, então eu preciso levar em conta que aquilo que está sendo dito no novo testamento está relacionado ao antigo testamento, isto deve ser considerado e não anulado.
É necessário juntar as duas peças. O reino não é apenas futuro por que o novo testamento diz que é futuro, mas também é presente, uma vez que o antigo testamento diz isso. Eu devo juntar os aspectos do reino citado por ambos os testamentos.
Um erro que comumente ocorre também é o de anular o sentido antigo por uma “nova interpretação”, então quando Pedro diz em Atos 2.31-36 que Jesus foi exaltado e está à destra de Deus o reino agora deve ser interpretado de maneira espiritual, pois o Apóstolo Pedro anulou o sentido do antigo testamento por um novo sentido. E isto está totalmente equívocado.
Então muitos vão interpretar de maneira equívocada Sião como o Reino dos céus, sendo assim a promessa Davídica já está sendo totalmente cumprida com o reino espiritual de Cristo. E outros, vão dizer que o reino é apenas no futuro, e que não se iniciou o reino dos céus conforme foi prometido para Davi. Ambos erram.
O PRINCIPIO DO “JÁ/AINDA NÃO” - Todas correntes teológicas creem nisso
- Quando relacionamos textos que abordam um assunto, podemos observar diferentes perspectivas. Alguns enfatizam o aspecto do “já” e outros do “ainda não”.
A verdade é que quando um assunto é tratado no antigo testamento e no novo testamento, você deve levar em consideração as diferentes perspectivas dos autores. Eles podem estar tratando do mesmo assunto enfatizando algo que já foi cumprido e outro pode tratar do mesmo assunto em um aspecto que ainda não foi cumprido.
Exemplos:
a) Alguns textos enfatizam a salvação como um evento já ocorrido (Efésios 2:1-9). Outros enfatizam o aspecto “ainda não” (Romanos 6:23)
b) Alguns textos enfatizam a restauração de Israel como já tendo começado (Atos 15:16), outros como ainda futuro (Romanos 11:26)
O que eu devo fazer? É dizer que alguns aspectos do antigo testamento já foram cumpridos e outros aspectos ainda não foram cumpridos.
O princípio da perspectiva
- Um mesmo texto ou assunto pode ser abordado de diferentes perspectivas, sendo percebido ou desenvolvido à luz de diferentes perspectivas.
- Exemplos:
a) A perspectiva de Abraão do evento de Genesis 12 e a perspectiva de Paulo em Gálatas 4 do mesmo evento. Paulo diz que a promessa da descendência envolve a promessa do descendente, que é Cristo: Abraão não tinha essa perspectiva. Paulo diz que a benção para todas as nações é cumprida através de Jesus Cristo: Abraão não tinha essa perspectiva. Paulo não trata da promessa da terra de Canaã neste capítulo. Então a respeito daquilo que Paulo diz eu não devo substituir o que foi dito em Genesis 12, mas eu devo juntar essas informações.
Os escritores bíblicos faziam isso, eles não suplantavam as coisas. Mas usavam de base para construir as novas revelações.
b) A perspectiva de Davi no Salmo 16.10 e de Pedro em Atos 2.25-29 são diferentes. Davi escreve na sua própria perspectiva. Davi não sabia que o nome do Messias era Jesus, não sabia que ele morreria e no terceiro dia ressuscitaria. Mas talvez sabia que se referia ao Messias porém sem detalhes. Pedro diz que isso se referia à Jesus, mas ai fica a questão, devo substituir por essa “nova interpretação”? Pedro sabe dos detalhes e por isso trás a nova revelação à luz daquilo que Davi disse, ou seja, ele junta as duas informações a de que Deus não deixaria O Santo com sua alma na morte, e que este Santo era Jesus. Ele constrói uma teologia em cima de algo já estabelecido.
Até aquilo que o apóstolo Paulo chama de mistério (Efésios 3.4-12) não é totalmente novo. A união de Judeus e gentios já havia sido profetizada no antigo testamento, o que é totalmente novo é que essa união se chamaria igreja. E aquilo que é totalmente novo é construído em cima daquilo que já havia sido dito no antigo testamento. Então o novo testamento apenas desenvolve aquilo que já estava revelado no passado.
“Um leitor sensível deixará cada história e perspectiva falar, ao invés de achatá-los em uma só mensagem onde cada texto possui apenas uma mensagem. Ao invés de colocar uma descrição do evento sobre outro para fazê-los dizer a mesma coisa, devemos coloca-los juntos em peças encaixadas, de formas que o quadro total e seus elementos possam ser observados” - Blaising, Craig A.
O que eu devo dizer? Aquilo que é dito para os Judeus e é verdade para os judeus é verdade para os gentios. Pois as bençãos de um judeu (Jesus) são transmitidas também para os gentios. Em Cristo, Judeus e gentios são participantes - segundo o novo testamento e o antigo - das mesmas promessas. Eu devo unir as ideias em um quadro teológico, o qual é a história do plano de Deus.
“Dispensacionalistas reconhecem que os crentes gentios foram aproximados às alianças de Israel (cf Ef. 2:11-22), mas eles também apontam que o Novo Testamento distingue Israel e igreja de tal maneira que exclui a ideia de que a igreja é agora identificada como Israel ou que a igreja herda totalmente as promessas e alianças de Israel com a exclusão desta nação” (Michael Vlach, em Dispensacionalismo, pg 44)