O Senhor me ungiu

Introdução

Eu começo com a seguinte pergunta: "Para que você foi (está sendo) ungido (ordenado)?" Você seria capaz de delinear em poucas palavras o propósito da sua ordenação? Cristo não tinha nenhuma dúvida acerca do motivo de sua unção.

Jesus chega a Nazaré, a cidade na qual fora criado e onde, provavelmente, trabalhou como carpinteiro. Num sábado, ele foi à sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Ele abre o livro no exato lugar onde estava definida a sua missão. Jesus leu Isaías 61 desde o começo, justamente na passagem em que se encontra a expressão "o Senhor me ungiu" (Is 61.1). Em seguida, Ele fez um pronunciamento impressionante:

"Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir" (Lc 4.21).

Em outras palavras, aqui ele se autoproclama o Messias de Deus. Jesus via em si mesmo a concretização da síntese que Isaías fez sobre o servo messiânico.

"O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para..." (Isa. 61.1).

Jesus estava dizendo que Deus lhe havia concedido autoridade, legitimidade e capacitação para agir e falar em seu nome.

Além de não ter dúvida sobre do motivo de sua unção, Ele também tinha profunda consciência de ser alguém sobre quem repousava o Espírito de Deus. Era um ser humano absolutamente rendido, aberto e sob a contínua influência do Espírito Santo. Não é possível pensar em Jesus sem pensar na obra do Espírito Santo sobre sua pessoa e obra.

E era o Espírito Santo de Deus que agia em Jesus que dava propósito a Sua existência humana como Messias e Salvador.

A vida de um pastor ungido por Deus há de ser, necessariamente, uma vida sob a ministração do Espírito Santo. O exercício do ministério não é apenas uma troca de influência moral, transmissão de conhecimento ou sabedoria filosófica. O que está em jogo no ministério pastoral não é outra coisa senão a maravilhosa ação do Espírito Santo de Deus.

Jesus fez o que fez não porque era Deus, embora fosse, mas porque era um homem cheio do Espírito Santo.

A unção a que Jesus se refere tem pelo menos três significados: autoridade, legitimidade e capacitação. A autoridade daquele que é a rocha sobre a qual sua igreja edificada; a legitimidade de quem é de fato Filho de Deus; e a capacitação que somente quem é movido pelo Espírito Santo pode ter. Autorizado, legitimado e capacitado pelo Espírito Santo, Jesus é quem é, e faz o que faz.

A obra que fomos chamados a fazer, era a mesma que Jesus descrevera como Sua. Sua obra não somente manifesta que Ele é o Messias, mas mostra a maneira como seu reino foi estabelecido.

Sua obra abrange quatro áreas.

Quatro verbos: Pregar, curar, proclamar e pôr em liberdade.

Objeto da ação: Quebrantados, quebrantados de coração, cativos e algemados.

I - Pregar boas-novas aos quebrantados

Quem são os "quebrantados"? O significado imediato da palavra (ânâv) descreve pessoas em situação de aflição, opressão, necessidade extrema, ou seja, aqueles atormentados e fracos e, portanto, incapazes de ajudar a si mesmos e, portanto, de baixo status em uma sociedade.

Em outras palavras, são aqueles que nada tem. Aqueles que vivem uma vida tão quebrantada, que não sentem mais ânimo algum para continuar tentando; os que estão tão desprovidos dignidade, que uma vida de conforto mínimo e bem-estar são cruéis miragens; os que acreditam que jamais experimentarão outra vez o favor do Senhor, ou que jamais verão sua justa vingança concretizada contra os que têm abusado deles; os que acreditam que suas vidas nada mais são do que profunda tribulação e violento desmaio do desespero. Embora o termo se aplique diretamente aos pobres e aflitos, ele também abrange todos quantos se acham angustiados e em tribulação por alguma razão.

A esses, o Servo/Messias proclama “Boas-novas”! Ele não é meramente o pregador das boas-novas – ele mesmo é as boas-novas, capaz de dar (v. 3) o que anuncia.

II - Curar os quebrantados de coração

Quem são os "quebrantados de coração"? O termo (shâbar) descreve alguém ferido, ou seja, referente a ter uma parte do corpo quebrada ou fraturada, geralmente como uma fratura de tecido duro, como um osso quebrado ou cartilagem.

A palavra traduzida por "curar" significa "ligar os de coração partido". Remete a ideia de juntar os pedaços e "amarrar".

Estes são também identificados por Jesus, no sermão do monte, como "pobres de espírito" (Mt 5.3) São os espiritualmente feridos, os que tremem diante da Palavra de Deus, aqueles que, conscientes de sua absoluta e profunda miséria, receberam o sopro do Espírito, o Espírito que traz Jesus, o Espírito que traz o reino de Deus.

Bem-aventurados aqueles que, no mais profundo de sua carência espiritual, acolhem a promessa do reino de Deus. Eles são pessoas comuns, gente certamente presente na multidão em torno dos discípulos, pessoas oprimidas, enfermas, abandonadas, usurpadas de seus direitos, fragilizadas. Jesus diz que é sobre essa gente que veio o reino de Deus. São eles, pobres em espírito, que estão em marcha em direção ao reino, porque é essa, na verdade, sua única, legítima e suficiente felicidade. Bem-aventurados os que tremem diante da promessa do reino de Deus. Os ministros de Cristo estão com os olhos abertos para os pobres. E também estão conscientes de sua própria pobreza, isto é, sabem que sua verdadeira riqueza está em marchar no reino de Deus.

Ele foi enviado para curar os de coração partido, como membros contundidos são imobilizados para aliviar a dor, como ossos quebrados e feridas sangrentas são enfaixados, para que possam se unir e fechar novamente. Aqueles cujo coração está quebrantado pelo pecado, que são verdadeiramente humilhados sob o sentimento de culpa, são providos no evangelho de Cristo com aquilo que os tornará tranqüilos e silenciará seus temores. Somente aqueles que experimentaram as dores de uma contrição genuína podem esperar o alívio das consolações divinas

III - Proclamar libertação aos cativos

Quem são os "cativos"? O significado literal da palavra designa a pessoa tomada de pilhagem e transportada ao cativeiro na condição de prisioneiro, ou seja, a raiz do termo é um verbo que denota a ação de tomar controle de objetos ou pessoas e geralmente levá-los como cativos.

IV - Pôr em liberdade os algemados

Quem são os "algemados"?

Conclusão

Ao seguirmos o exemplo de Cristo, de trabalhar pelo bem dos outros, despertaremos o interesse deles no Deus a quem amamos e servim