A PRÁTICA DA FÉ - Uma reposta adequada as provações - Parte 1 - Tg 1.1-8

INTRODUÇÃO Á EPISTOLA

Autor

Tiago, irmâo de Jesus (Mc 6.3), lider da igreja em Jerusalem (cf. At 12.17; 15.13–21; Gl 2.9) e Apostolo (cf. 1Co 15.7-8 e Gl 1.18-19). Segundo uma tradição cristã ele era chamado de “Tiago, joelho de camelo”.

Marcos 6.3 ARA

Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele.

Gálatas 2.9 ARA

e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão;

1Coríntios 15.7–8 ARA

Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo.

Gálatas 1.18–19 ARA

Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias; e não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor.

A epistola apresenta fortes evidências internas da autoria de Tiago, irmão do Senhor. Harmoniza com aquilo que Atos e Gálatas revelam sobre o estilo de Tiago e também com a história da Dispersão, relatada em outras fontes.

De acordo com Josefo, Tiago conquistou sólida reputação entre os judeus devido à sua devoção à lei, mas foi martirizado por contrariar as proibições da época e dar testemunho do Messias. Esse historiador judeu afirma que Tiago foi apedrejado por ordem do sumo sacerdote Ananias.

Data

Josefo afirma que Tiago foi morto em 62 d.C., de modo que a carta é anterior a essa data. Tendo em vista a ausência de qualquer menção às decisões tomadas no concílio de Jerusalém (48 ou 49 d.C.) presidido por Tiago (At 15), costuma-se datá-la entre 45 e 48 d.C.

Tema e propósito

A Epístola de Tiago não está especialmente dedicada a doutrinar sobre questões teológicas, mas a exortar aos crentes para os aspectos praticos da fé cristã (Cf.1.22).

A epístola de Tiago enfatiza a vitalidade do cristianismo como uma fé viva que vai além do intelecto, estendendo-se às emoções, vontade, e relacionamentos.

Tiago percebeu de forma precisa que a validade do cristianismo como religião, dependiam da qualidade da fé demonstrada pelos primeiros recipientes daquela mensagem.

Uma outra característica da epístola é a intensidade com que nela ressoa a literatura sapiencial do Antigo Testamento (Proverbios e Eclesiastes, por exemplo).

O tema da sabedoria, enquanto dom que procede de Deus, ocupa um lugar proeminente no pensamento de Tiago (1:5; 3:13–18), para quem ser sábio não consiste em possuir grandes conhecimentos científicos, humanísticos ou teológicos, mas sim em conduzir-se com retidão (4:17), de acordo com a vontade de Deus.

As exortações de Tiago, pronunciadas a partir de uma perspectiva ética da fé pessoal, recordam as palavras de Jesus em discursos como o Sermão do Monte (Mt 5–7).

Versículo chave: Tiago 1.22

Tiago 1.22 ARA

Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

Grande Ideia do Livro:

A verdadeira fé cristã é fruto de uma caminhada de sabedoria e praticas aprovadas diante das provas da vida.

SAUDAÇÃO (1.1)

1. A saudação enfatiza sua missão em vida: Um servo de Deus e de Cristo (gr. Doulos).

Ao invés de enfatizar sua posição de irmão do Salvador, apostolo ou líder da igreja, ele prefere se identificar apenas como servo.

Sendo o meio-irmão de Jesus, como acreditamos, então passou por uma transformação maravilhosa. Anteriormente, havia duvidado do Senhor Jesus (Jo 7:5). Como os outros, talvez tivesse imaginado que Jesus havia perdido o juízo (Mc 3:21)

João 7.5 ARA

Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele.

Marcos 3.21 ARA

E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.

Como já vimos anteriormente em 1Co 15.7-8, o proprio Senhor Jesus aparece para Tiago para comissioná-lo ao ministerio. Isso demostra uma verdadeira conversão do antes incredulo meio-irmão do Mestre.

2. A carta é dirigida às doze tribos que se encontram na Dispersão (gr. Diaspora)

Esse termo no geral era usado para designar os judeus que se espalharam pelo mundo após a destruição de Jerusalém pelos Babilõnios. Muitos deles não quiseram retornar para terra de Israel com Zorobabel, Esdras e Neemias, mas continuaram mantendo as tradições judaicas nos lugares onde viviam.

Mas aqui em Tiago o contexto indica que o termo é usado para designar os judeus cristão que se espalharam pelas provincias do Império Romano após a perseguição em Jerulalem (At 11.19).

Atos dos Apóstolos 11.19 ARA

Então, os que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estêvão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.

I — UMA RESPOSTA ADEQUADA EM RELAÇÃO A PROVAÇÃO — 1.2-18

Grande Ideia: O teste das provações requer de nós uma reposta de fé e oração, buscando a sabedoria divina com humildade e confiança, sabendo que tudo que procede de Deus será para o nosso bem.

V.2 — Em algumas traduçoes temos aqui a palavra “tentação”, pois no original a mesma palavra é traduzida para “tentação” e “provação”.

Também v.12 a palavra “peirasmos” é traduzida como “provação” e logo a seguir nos v.13 e 14 é traduzida como “tentação”, mas qual é a diferença?

O contexto e o proprio autor da carta nos ajudam a entender.

As tentações apresentadas nos vs. 2 e 12 podem ser chamadas de provas, testes ou problemas enviados por Deus para testar a realidade da fé e tornar os fiéis mais semelhantes a Cristo.

Em alguns casos Deus permite que Satanás seja um instrumento dessa provação, como foi nos casos de Jó e de Jesus.

A provação, portanto, vem de um agente externo.

Já nos vs. 13 e 14 o autor deixa claro que essa tentação é diferente pois vem de um desejo pecaminoso interno, esse desejo nâo é gerado por Deus. Esse foi o caso de Caim em Gn 4.7. A tentação, portanto, vem de um agente interno.

Gênesis 4.7 ARA

Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.

A tentação, portanto, vem de um agente interno.

Pelo contexto eu creio que essa seja a principal diferença

Por isso Tiago diz que devemos nos alegrar quando passamos por provações!

Vejamos as duas primeiras atitudes em relação a provação:

1. Nos alegrar em vista do resultado determinado por Deus – perseverança e maturidade (v.3–4).

V.2 — Passar pelas provações nâo é uma possibilidade é uma certeza, mas nâo devemos nos entristecer.

Todo verdadeiro cristâo em algum momento vai enfrentar algum tipo de provação, se até o nosso mestre passou por isso, imagina nós. Hebreus 12.4-6 explica essa ideia.’

Hebreus 12.4–6 ARA

Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.

V.3a — O objetivo da provação é testar a nossa fé

Fé aqui, se entende sobretudo como constância ou fidelidade na conduta ditada pelo evangelho. Em outros lugares da epístola, esta palavra é usada com matizes diferentes, como por exemplo no v.6.

Portanto, o objetivo final da provação é experimentar a nossa obediencia e fidelidade ao Senhor. Ex: Jó (Jó 1.22), Daniel, Jesus.

Jó 1.22 ARA

Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.

V.3b-4 — Quando somos aprovados experimentamos os resultados

Perseverança:

Continuar caminhando, seguir em fente mesmo diante das lutas e dificuldades — Uma qualidade indispensavel na vida do cristão. Não dá pra viver aqui nessa Terra depravada de forma a agradavel a Deus sem perseverança, é impossível!

Jesus alertou seus discipulos em Mt 24.13 sobre isso:

Mateus 24.13 ARA

Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.

Paulo também fala muito da importancia da perseverança em Rm 5.3-4:

Romanos 5.3–4 ARA

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.

A Perseverança nos leva á Maturidade:

Aquele que persevera chega ao ponto que Deus deseja: Perfeição e integridade de caráter, ou seja, maturidade espiritual.

Voce se acha deficiente em alguma coisa? Então continue perseverando que você vai chegar lá.

2. Orar pedindo sabedoria divina numa atitude de plena confiança (v.5–8).

V.5 — Diante dessas provas precisamos da ajuda divina para nos conduzir com sabedoria a fim de acalçarmos essa aprovação. Esse texto diz que Deus concede liberralmente, em abundancia aqueles que pedem!

V.6 — Há apenas uma exigencia: Pedir com fé! Não podemos pedir a Deus duvidando, com inconstância de pesamentos — vai e volta com uma onda no mar.

V.7 — Deus nâo se agrada de pessoas com ânimo dobre, pois não são aprovadas diante das provas, elas nunca chegam alcançar a perseverança que gera a maturidade! O exemplo do povo na época de Elias — 1Rs 18.21

1Reis 18.21 ARA

Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.

CONCLUSÃO

Diante das provas que Deus envia para testar a nossa fé precisamos estar alegres dando uma resposta de fé para sermos aprovados e com perseverança alcançarnos a maturidade.

Se pra isso precisamos de mais sabedoria, devemos pedir com fé e Deus vai nos conceder.

Lembre-se que Jesus é para nós o mair exemplo de perseverança diante das provas e tribulações — Hebreus 12.2

Hebreus 12.2 ARA

olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.

SAUDAÇÃO (1:1)

1. UMA RESPOSTA ADEQUADA EM RELAÇÃO A PROVAÇÃO — 1.2-18

a) Andando com Fé em Sabedoria — 1.2-8

b) Andando com dignidade sem confiar nas riquezas — 1:9–11

c) Suportando com perseverança por amor a Deus — 1.12-18

d) Sabendo que tudo que vem de Deus é bom (incluindo a provação) — 1.16-18

2. UMA RESPOSTA ADEQUADA EM RELAÇÃO A IRA — 1:19–20

A ira é uma reação errada porque nâo produz o que é certo aos olhos de Deus (1.19–20).

3. UMA RESPOSTA ADEQUADA EM RELAÇAO AO CARATER GERADO PELA PALAVRA — 1.21-25

4. UMA RESPOSTA ADEQUADA EM RELAÇÃO A VERDADEIRA RELIGIÃO — 1.26-27

2. Amar sem discriminar (2:1–13)

3. A fé sem obras está morta (2:14–26)

4. A língua (3:1–12)

5. A sabedoria que vem do alto (3:13–18)

6. A amizade do mundo é inimiga de Deus (4:1–10)

7. Não falar mal uns dos outros (4:11–12)

8. O futuro a Deus pertence (4:13–17)

9. Contra os ricos opressores (5:1–6)

10. Ser pacientes e orar com fé (5:7–20)