ECLESIOLOGIA

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A DOUTRINA DA IGREJA

Eclesiologia é uma subdivisão da teologia sistemática. Trata da natureza, função e missão da igreja. Podemos começar a entender estes aspectos da igreja por examinarmos a palavra grega kyriakon, da qual obtemos a palavra inglesa church (igreja). As palavras que significam “igreja” em outras línguas – kirk, em escocês; kerk, em holandês; e kirche, em alemão – todas se derivam da mesma raiz. Kyriakon se refere àqueles que são posse ou pertencem ao kyrios, o Senhor.
Ekklēsia é outra palavra grega traduzida por “igreja”. A palavra ekklēsia é formada do prefixo ek, que significa “fora de” ou “procedente de”, e de uma forma do verbo kalēo, que significa “chamar”. Portanto, ekklēsia significa “os chamados para fora”.
A igreja nem sempre reflete o que o seu nome significa. Isto acontece porque, como disse Agostinho, a igreja é um corpus per mixtum, um corpo misto. Neste mundo, a igreja é formada de uma combinação de trigo e joio, e, embora a igreja seja chamada a seguir a pureza, Cristo advertiu contra a disciplina exageradamente zelosa que, ao procurar remover o joio, pode causar dano ao trigo Mt 13.24–30
Mateus 13.24–30 ARA
Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.

Jesus também disse: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.22–23). Foi por isso que Agostinho fez distinção entre a igreja visível e a igreja invisível.

A IGREJA INVISÍVEL

Os teólogos usam a expressão igreja invisível para se referirem àqueles que constituem a igreja de Jesus Cristo, ou seja, aqueles que são verdadeiramente regenerados. Por contraste, a igreja visível é o conjunto de todos aqueles que afirmam estar num estado de graça e que se identificam com a igreja. A igreja invisível é chamada assim porque, conforme a Escritura, podemos avaliar a profissão de fé dos outros e seu compromisso com Cristo somente com base em aparências exteriores. Se alguém me diz que é um cristão, eu tenho de admitir que ele está falando a verdade. Não sou capaz de ler o seu coração. O estado real de sua alma está além de minha capacidade de sondagem.

No entanto, o que é invisível para nós é nitidamente visível para Deus. Somos limitados às aparências exteriores. Deus pode realmente perscrutar o coração. Para ele, não há nada invisível em relação à igreja; tudo é claro e visível para Deus. Devemos evitar a suposição de que a igreja visível e a igreja invisível são entidades separadas. Como Agostinho comentou, a igreja invisível se acha substancialmente dentro da igreja visível. Assim, a igreja invisível é constituída de verdadeiros crentes que estão dentro da igreja visível.

Agostinho também ressaltou que há verdadeiros crentes, membros da igreja invisível, que, por várias razões, podem não estar no rol de membros de igrejas institucionais. Às vezes, um crente é providencialmente impedido de unir-se à igreja visível. Ele pode, por exemplo, se tornar um crente e morrer sem ter a oportunidade de unir-se a uma igreja. Esse foi o caso do ladrão na cruz, mencionado no evangelho de Lucas (23.32–43). De modo semelhante, alguns podem ser impedidos de unir-se a uma igreja porque estão isolados de outros crentes.

Ainda outros podem estar fora da igreja apenas porque são infiéis em sua responsabilidade como cristãos. Por uma razão ou outra, eles se privam voluntariamente de unir-se a uma igreja. Muitos cristãos, especialmente em nossa cultura contemporânea, estão tão frustrados com a igreja institucional, que decidiram não fazer parte da membresia de uma igreja. Todavia, essa é uma transgressão séria contra o Senhor Jesus Cristo, que estabeleceu a igreja visível, deu-lhe uma missão e nos chamou para fazer parte dela. Alguns que são novos na fé não chegaram à compreensão de que estão numa igreja visível e de que é seu dever fazer parte dela. Eles não entendem a importância de pertencer a uma igreja e, por isso, não frequentam igrejas, mas, apesar disso, são crentes. Entretanto, se alguém aprende que lhe é exigido estar numa igreja, mas persiste em permanecer fora, então podemos questionar apropriadamente se tal pessoa é realmente um cristão.

Alguns cristãos não pertencem a uma igreja visível porque foram excomungados. A excomunhão, a remoção de alguém da comunhão da igreja, é o passo final no processo de disciplina eclesiástica. Uma vez que alguém tenha chegado a este passo final, ele deve ser considerado, pela igreja, como um incrédulo. Em última análise, só há um pecado pelo qual alguém pode ser excomungado: o pecado de impenitência. Se um pecador se arrepende durante os estágios anteriores da disciplina eclesiástica, pode manter sua comunhão na igreja visível. O último passo, a excomunhão, é realizado somente se ele recusar arrepender-se. Teoricamente, os cristãos podem cair em pecados graves e persistir nele em todo o processo de disciplina eclesiástica, de tal modo que a única coisa que os faz perceber a realidade é a excomunhão. Isso é, na verdade, o próprio propósito da excomunhão.

O fato é que a igreja invisível, o corpo coletivo do verdadeiro povo de Deus, existe substancialmente dentro da igreja visível; e é nosso dever como aqueles que pertencem ao Senhor fazer parte dela.

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