A verdadeira piedade
A Missão do Rei • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
Você gosta de debates? Qual tipo de assunto você gosta de debater? Alguns debates atualmente se tornaram insuportáveis ultimamente porque o ser humano por vezes não está interessado em debater para aprender ou ensinar, mas para mostrar que tem razão. Não estou falando que os debates não são saudáveis, mas dependendo da motivação e o rumo para onde ele vai, ele deixa de ser saudável. Qual é o valor de debater publicamente questões teológicas ou de qualquer outra natureza? Existe valor em um debate em que nenhum dos participantes vai mudar de opinião?
Refletir sobre questões como, se Jesus é Deus? O que devo fazer para ser salvo? Como você explica o problema do mal? Deus existe? Como você sabe se Ele existe? Dentro da família do Cristianismo ortodoxo, como “encaixamos” nossa visão do fim dos tempos, soberania divina, livre arbítrio, natureza dos dons espirituais, a criação de Deus dos gêneros e seus papéis na família, igreja e sociedade… São discussões importantes e algumas delas precisam ser defendidas em eventuais debates quando atacadas, como por exemplo a divindade de Jesus.
Mas por vezes gostamos de nos envolver em uma “luta teológica”, para ver quem sai por cima, quem pode fazer um melhor argumento teológico. E na maioria das vezes por questões secundárias sobre diferentes compreensões sobre os dons espirituais, sobre ter ou não classe infantil durante o culto, quantos filhos um cristão deve ter, como se essas questões fossem o ponto central da fé cristã. Pior, investe-se tempo mais nessas discussões do que fazer exatamente o que de fato Jesus designou de forma imperativa a todos cristãos, sermos missionários para o mundo.
Jesus até esse momento havia passado por questionamentos, envolvido em debates por religiosos do seu tempo. Jesus acaba de responder à pergunta sobre o maior mandamento (12:28-34). Antes disso, Ele havia falado sobre Sua autoridade (11:27–12:12), pagamento de impostos (12:13-17) e a realidade da ressurreição (12:18-27). Jesus respondeu a essas perguntas tão bem que “ninguém ousava mais interrogá-lo” (12:34). Mas, o que veremos hoje é uma virada nesse jogo (estilo Flamengo em Olimpia). E nesse momento que Ele passa a perguntar, Jesus expõe como a postura orgulhosa daqueles discipulos era uma falsa piedade. Uma coisa é você e eu questionarmos um ao outro sobre teologia. É algo completamente diferente quando Jesus está fazendo as perguntas! Em no meio de uma multidão de vozes com opiniões específicas sobre tudo, a pergunta que mais importa é: Você sabe de fato quem é Jesus?
35 Jesus, ensinando no templo, perguntou:
— Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi falou, pelo Espírito Santo:
“Disse o Senhor ao meu Senhor:
‘Sente-se à minha direita,
até que eu ponha
os seus inimigos
debaixo dos seus pés.’ ”
37 — O próprio Davi chama o Cristo de Senhor; então como ele pode ser filho de Davi?
E a grande multidão o ouvia com prazer.
38 E, ao ensinar, Jesus dizia:
— Cuidado com os escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças; 39 buscam as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes; 40 devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações. Estes sofrerão juízo muito mais severo.
Agora é a vez de Jesus fazer uma pergunta e, ao fazê-lo, vira os teólogos de cabeça para baixo. E Ele não fez qualquer pergunta; Ele fez a pergunta mais importante. Ele fez a pergunta sobre a identidade do Messias, o Cristo, o Salvador do mundo. esus está ensinando no templo. Os fariseus estavam presentes (Mt 22:41) e “uma grande multidão o ouvia” (Mc 12:37). Jesus tem recebido as perguntas o dia todo; agora é a vez dele.
Jesus agora não mais como o inquirido, mas o inquiridor, pergunta quem Ele é. E essa é a maior questão porque se nós estivermos errados sobre Jesus, estaremos errados sobre a salvação, perdendo, assim, nossa própria alma.
Nessa altura Jesus sabia que a cruz está a apenas três dias de distância. Por isso, O que nosso Senhor havia levantado em particular com os discípulos, Ele agora torna público. O momento da verdade chegou.
A verdadeira autoridade de Jesus
A verdadeira autoridade de Jesus
Jesus então cita o Salmo 110 para apresentar não só a sua verdadeira autoridade, como a complexidade da sua identidade. Que Ele é o descendente de Davi prometido para salvar o mundo. Como Davi poderia chamar Jesus de Senhor se Ele era seu descendente?
Que pai chamaria seu filho ou bisneto de seu Senhor? O Messias não é simplesmente o Filho de Davi; Ele é o Soberano de Davi. Ele é o Filho de Deus que reina como Rei sentado à direita de Seu Pai celestial. As palavras de Davi não fariam sentido se o Messias fosse apenas um ser humano. Ele deve ser mais. É aqui que Jesus está tentando levá-los. Isto é o que eles falharam em ver. Tragicamente, muitos ainda não o veem.
Para os judeus, não havia problema nessa afirmação. A filiação davídica do Messias era uma crença comum e quase universalmente aceita em todo o Israel nos dias de Jesus. Ainda hoje essa é uma crença popular entre os judeus ortodoxos. De fato, a filiação davídica do Messias está firme e amplamente estabelecida nas Escrituras do Antigo Testamento, que era a bíblia que aquelas pessoas liam e criam.
Jesus atribui o Salmo 110 a Davi e diz que Davi foi inspirado pelo Espírito Santo. Aqui está uma descrição maravilhosa do que é a Bíblia. São palavras escritas por homens movidos e capacitados pelo Espírito Santo, logo rejeite os pregadores contemporâneos que que colcoam a bíblia em xeque usando argumentos como se houvesse uma dicotomia entre o que a bíblia diz e o que Jesus diz. O próprio Jesus reafirmava tudo que a bíblia dizia. Jesus não despreza o Antigo Testamento, mas se apresenta como o cumprimento de toda a profecia.
Conhecer a natureza humana e divina de Jesus é ponto central para a nossa fé, e na media que conhecemos (devemos desejar isso), temos responsabilidades.
O conhecimento traz responsabilidade. Quanto mais você sabe sobre Jesus, maior é a sua responsabilidade. Uma das vocações mais perigosas da vida é ser teólogo. Um dos lugares mais perigosos que você pode ir é a uma igreja que crê na Bíblia e que proclama fielmente o evangelho. Na medida que conhecemos e nos relacionamos com Jesus devemos ser levados a viver em Missão, se omitir a isso é algo gravíssimo para nós. Cada vez que você ouve o ensino da Palavra de Deus, sua responsabilidade perante Ele aumenta.
Tragicamente, aqueles que frequentemente aprendiam sobre a revelação de Deus tornaram-se endurecidos e orgulhosos. Deus não vai ignorar o pecado da hipocrisia. E esse é o segundo ponto desse texto que eu gostaria de refletir com vocês, atentando inclusive para alguns alertas que Jesus faz.
A Religiosidade e a Verdadeira Piedade (Marcos 12:38-40)
A Religiosidade e a Verdadeira Piedade (Marcos 12:38-40)
Jesus então expõe o contraste entre a aparência e o coração. Ele começa criticando a religiosidade superficial dos escribas e adverte conta a hipocrisia de buscar honras humanas em vez de servir a Deus com integridade.
lustração: O Vaso de Porcelana
lustração: O Vaso de Porcelana
Imagine por um momento que você está em uma loja de antiguidades. O ambiente é silencioso, com uma iluminação suave, e ao seu redor há inúmeros objetos de valor inestimável. Seu olhar é atraído para um vaso de porcelana majestoso em uma prateleira alta. De longe, o vaso parece perfeito, com sua pintura detalhada e acabamento impecável. O vendedor, vendo seu interesse, elogia sua escolha e fala sobre o alto preço do objeto.
No entanto, ao se aproximar e examinar o vaso mais de perto, você percebe uma rachadura quase imperceptível, correndo de cima a baixo. Esse detalhe, tão pequeno mas tão crucial, transforma completamente sua percepção do objeto. O que de longe parecia perfeito, agora revela sua fragilidade.
Da mesma forma, Jesus, em Marcos 12, nos convida a olhar mais de perto a religiosidade de muitos líderes de sua época. De longe, eles pareciam piedosos e honráveis, mas quando observados de perto, suas falhas e hipocrisias se tornavam evidentes. Ele nos desafia a examinar nossa própria vida e fé, buscando a verdadeira piedade que não está baseada apenas em aparências, mas na sinceridade e integridade do coração.
Jesus dá exemplos claros da hipocrisia daquelas pessoas:
Primeiro, os escribas ansiavam por reconhecimento enquanto caminhavam em suas longas vestes talares (roupas especiais de linho). Eles não estavam interessados em ver as necessidades e dores dos outros. Em vez disso, eles queriam que os outros os vissem e os admirassem!
Em segundo lugar, exigiam reconhecimento de status. Eles esperavam que as pessoas se levantassem e os honrassem com títulos adequados ao seu significado e importância.
Em terceiro lugar, exigiam os lugares de destaque para que as pessoas prestassem atenção à sua posição e posição de autoridade.
Quarto, eles esperavam “os lugares de honra nos banquetes”. Eles exigiam se sentar perto do anfitrião de uma festa. Eles buscavam destaque impondo roupas e lugares privilegiados.
Jesus não está falando que não existe um lugar de respeito e honra para líderes, até porque em dado momento ele teve seus pés lavados por um caro perfume e não censurou quem o fez. Mas Ele foi honrado por aqueles a quem Ele primeiramente serviu, e não por uma soberba e valorização do status.
Jesus fornece uma quinta advertência ao povo a respeito de seus líderes religiosos. “Eles devoram” e se aproveitam dos vulneráveis, que neste contexto eram as viúvas. Usavam da fragilidade de alguns grupos para explorá-los, extorqui-los. Muitos daqueles lídres aplicavam golpes nas viúvas afim de satisfazer sua ganância, a ponto delas perderem as próprias casas.
Sexto, os mercenários religiosos eram especialistas em pseudo-piedade. Eles podiam “fazer longas orações” em público, enquanto a oração particular não existia. Suas orações públicas eram eloquentes, mas Jesus as julgou vazias.
Por isso, o conhecimento verdadeiro de Jesus nos traz a responabilidade de uma vida piedosa. Vida piedosa não é uma sinalização de virtude que só se demonstra exteriormente, mas uma mudança de coração.
Aplicação para a Igreja Contemporânea
Aplicação para a Igreja Contemporânea
Como discípulos de Jesus somos desafiados a viver autenticamente nossa fé em um mundo de aparências. Encarar a realidade da tentação da superficialidade e da busca por reconhecimento. Isso requer de nós a necessidade de constante autoexame e arrependimento. O correto entendimento sobre Jesus deve consistir na centralidade de Cristo em nossa teologia e prática. Isto é, uma vida abundante que surge de um relacionamento genuíno com Jesus, o verdadeiro Messias.
Caso não haja um verdadeiro relacionamento com Jesus o que veremos é um cenário não muito diferente com aquele que Jesus encarou. Por exemplo, o comportamento de se aproveitar dos vulneráveis não é uma prática exclusiva dos líderes religiosos dos tempos bíblicos. Hoje, vemos exemplos disso em diversos contextos religiosos.
Ainda existem líderes religiosos que exploram financeiramente seus fiéis. Isso pode ocorrer quando se prometem bênçãos ou curas em troca de ofertas significativas. Indivíduos mais fragilizados, como idosos, doentes ou em crise, são frequentemente o público-alvo desses esquemas.
O pecado trabalha no homem para que ele explore e use o seu semelhante, por isso esse tipo de exploração não é exclusividade dos falsos mestres religiosos.
Setor Financeiro: Empresas de empréstimo e credores, muitas vezes, direcionam suas estratégias para os desesperados ou mal informados, oferecendo termos desfavoráveis. Por exemplo, empréstimos com taxas de juros excessivamente altas que se acumulam rapidamente, levando a dívidas praticamente impagáveis.
Saúde: Infelizmente, em algumas ocasiões, existem profissionais que se aproveitam da desesperança de pacientes com doenças graves, vendendo tratamentos não comprovados ou ineficazes, com promessas de cura que muitas vezes não se concretizam.
Mídias Sociais e Publicidade: Empresas utilizam as inseguranças das pessoas para vender produtos. A pressão para atender a padrões de beleza ou sucesso pode levar indivíduos a gastar dinheiro desnecessariamente em busca de aceitação.
Em todos esses cenários, o denominador comum é a exploração da esperança, do medo, ou da necessidade. E, como Jesus destacou em Marcos 12:40, essa exploração dos vulneráveis é maldosa, condenável e injusta.
Marcos 12:40 aponta para uma outra questão que ressoa profundamente mesmo em nosso mundo contemporâneo: a exibição pública de piedade que mascara intenções egoístas. Jesus observa líderes religiosos que, por um lado, fazem longas orações e demonstrações de religiosidade e, por outro, exploram os vulneráveis. Essa dinâmica tem paralelos alarmantes em nossa sociedade atual.
A Imagem Pública de Piedade: Vivemos em uma era de mídia social e marca pessoal. Muitos constroem cuidadosamente uma imagem de si mesmos como líderes espirituais ou figuras moralmente ou intelectualmente elevadas. Postagens, vídeos e discursos são cuidadosamente curados para apresentar uma imagem de grande piedade ou sabedoria. No entanto, essa exibição pode, em muitos casos, ser uma fachada, encobrindo motivações menos nobres, como a busca por reconhecimento, fama, influência e, muitas vezes, lucro (servir ao dinheiro concorre diretamente contra servir a Deus).
Benefícios Financeiros de Uma Imagem 'perfeita': O perigo se intensifica quando essa imagem fabricada é usada para extrair recursos financeiros daqueles estão em busca de algum tipo de desenvolvimento espiritual ou pessoal. Pessoas que se sentem perdidas ou em busca de propósito podem ser atraídas por essas "pessoas piedosos", esperando que ao contribuir financeiramente, adquirir um produto dessa pessoa, ou alinhar-se a eles, elas possam alcançar um nível semelhante de espiritualidade, sabedoria ou até mesmo aceitação divina. E porque as pessoas caem nesse tipo de armadilha?
A Armadilha da Justiça Própria: O maior perigo é quando indivíduos, em sua busca por validação e aceitação, começam a acreditar que podem comprar sua justiça ou favor divino. Eles são levados a crer que, ao apoiar financeiramente esses líderes ou ao seguir rigorosamente seus ensinamentos, estão garantindo um lugar de favor aos olhos de Deus. No entanto, isso está em direta contradição com o ensino central do Evangelho, que é a salvação pela graça, e não pelas obras.
A resposta a essa dinâmica não é rejeitar a espiritualidade ou a religião, mas retornar ao coração do Evangelho. A graça de Deus não pode ser comprada ou merecida. Ela é um presente gratuito dado a todos que creem. É essencial que as pessoas sejam lembradas dessa verdade fundamental e sejam encorajadas a buscar líderes e igrejass que as ensinem a descansar na graça de Deus, em vez de tentar comprá-la.
A advertência de Jesus em Marcos 12:40 é uma lembrança de que a verdadeira piedade é medida não por demonstrações públicas, mas pela integridade do coração e pelo entendimento e que a nossa aceitação é através da graça gratuita de Deus.
Por fim, Jesus encerra fazendo um grande alerta! Deus julgará com severidade especial os líderes religiosos hipócritas e todos aqueles que em nome de Deus praticam o mal. Essa advertência final de Jesus é uma declaração poderosa sobre a natureza justa de Deus. Ele diz que aqueles líderes religiosos que exploram os vulneráveis receberão uma "condenação mais severa". Esta frase não é apenas uma mera ameaça, mas um lembrete da natureza de Deus: Ele é justo e não é indiferente à maldade humana. E isso nos ensina ou nos relembra de três coisas:
Deus Vê Tudo, nada passa desapercebido dos olhos do Senhor. Toda maldade, especialmente sob o disfarce de piedade, é uma ofensa grave aos olhos de Deus. E como um Deus justo, Ele vai responder a essa maldade.
Uma Advertência para Todos; A declaração de Jesus serve como uma advertência não apenas para os líderes religiosos daquela época, mas para todos nós. Todos estamos sujeitos ao julgamento de Deus e somos chamados a viver com integridade e retidão. Não podemos esconder nossa maldade ou pecado atrás de atos de piedade ou boas obras.
Esperança na Justiça Divina; Para aqueles que foram prejudicados ou explorados por líderes maldosos, a declaração de Jesus também serve como um lembrete reconfortante de que a justiça prevalecerá. Enquanto a justiça humana pode falhar, a justiça divina nunca o fará. Deus vê, Deus sabe e, no devido tempo, Deus responderá.
Em resumo, a advertência de Jesus em Marcos 12:40 é uma poderosa afirmação da justiça de Deus. Enquanto o mundo pode tolerar ou até mesmo celebrar a desonestidade e a exploração, Deus não o faz. Ele é justo e fiel, e Sua resposta à maldade humana é certa.
Conclusão
Conclusão
Jesus afirma sua identidade publicamente três dias antes da sua morte. Não é o que os outros dizem sobre Ele, mas como Ele mesmo se identifica. Diante da afirmação que Jesus faz sobre si, não tem como ficar indiferente. Isso me faz lembrar o trilema que CS Lewis descreve no clássico "Cristianismo Puro e Simples". Quando aprendemos o que Jesus fala sobre si próprio, só temos três alternativas: Ou Ele é um mentiroso, ou um louco, ou Ele é o Filho de Deus, Senhor e Salvador.
Jesus em nenum momento reinvidica ser apenas um grande professor moral ou um exemplo a ser seguido, Ele é o próprio Deus. Diante do próprio Deus só existe uma atitude possível para o homem e a mulher que reconhece isso: Rendição, adoração e serviço.
Então agora você sabe quem Ele é. Não há como ficar em cima do muro. Você deve decidir por Ele ou contra Ele. Sua responsabilidade nunca foi tão grande.