CONTEXTULIZANDO OU MUNDANIZANDO?
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Modelo bíblico de contextualização da mensagem.
Modelo bíblico de contextualização da mensagem.
Como você definiria contextualização?
Vejamos o TEMA DA contextualização a partir da experiência bíblica de Paulo em três momentos específicos.
Apesar de Paulo ser o apóstolo para os gentios (Gal. 1.16), ele era um judeu devoto.
Desta forma, a partir de seus sermões e ensinos podemos garimpar princípios norteadores da contextualização da mensagem.
Observaremos três passagens bíblicas no livro de Atos nas quais Paulo proclama o evangelho.
Primeira ANALISE É UMA ABORDAGEM FEITA a um grupo formado puramente por judeus, em outra ocasião, a judeus, mas com presença gentílica simpatizante do judaísmo e, por fim, para gentios totalmente dissociados do mundo judaíco e de seus valores BÍBLICOS.
➡️O QUE Fica evidente, É que Paulo jamais compromete a autenticidade da mensagem bíblica, porém a comunica com aplicabilidade cultural de forma que haja “boa comunicação” utilizando os elementos necessários para tal.
❤️Em Atos 9.19-22 encontramos Paulo em Damasco com os discípulos proclamando Cristo nas sinagogas apresentando-o como “o Filho de Deus” e “confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o Cristo”.
🔜 Aqui encontramos Paulo logo após ser salvo, expondo nas Escrituras o Jesus que ele perseguia no passado tão próximo era de fato o Filho de Deus.
A expressão grega para “provando” (que Jesus era o Messias prometido), no verso 22, implica em demonstração com evidências objetivas, visíveis, o que nos dá a impres- são que Paulo o fazia através do próprio texto sagrado, as Escrituras.
Sua forma de PREGAR seguia a mesma dinâmica que ele viria a usar em todo o seu ministério entre os judeus: demonstrando a partir da “comprovação” escriturística que Jesus é o Messias esperado (At 17.1-3). Paulo bem sabia que se alguém desejasse mostrar aos judeus que uma pessoa era o Messias, teria que fazê-lo através das Escrituras.
Por isso sua abordagem foi baseada nas Escrituras, cen- tralizada na promessa do Messias e promotora de evidências de que este era Jesus.
QUAL ERA A ABORDAGEM PARA CONTEXTUALIZAR COM OS JUDEUS?
Paulo aqui falava aos filhos de Israel, que se viam como os filhos da promessa e, portanto, em toda sua pregação ele utilizava elementos históricos e marcos da relação entre Deus e seu povo escolhido.
NA SEGUNDA PASSAGEM: Em Atos 13.14-16, encontramos Paulo “atravessando de Perge para a Antioquia da Pisídia, indo num sábado à sinagoga”. Logo depois ele, erguendo a mão, passou a lhes proclamar a Cristo. Neste texto o grupo, culturalmente definido, é o mesmo de antes: judeus.
➡️SÓ QUE AGORA Havia porém a presença gentílica de simpatizantes da fé judaica.
Paulo inicia com um dos principais fatos da história judaica, o Êxodo.
Ele então os relembra da história de Israel até Davi quando então, intencionalmente, lhes introduz a promessa do Messias (At 13.23) e a liga a Jesus.
Interessante como Paulo neste caso prega a Cristo a partir do “Deus de Israel”, e se fundamenta no Antigo Testamento para lhes apresentar o Messias por saber que os gentios ali presentes não apenas conheciam o Antigo Testamento mas também procuravam segui-lo.
ELE DEMONSTRA sensibilidade para um auditório misto, mesmo que prioritariamente judeu e judaizante.
No versículo 39, Paulo utiliza um texto de inclusão (todo aquele). CRÊ É JUSTIFICADO.
Certamente os gentios judaizantes, fora da história biológica de Israel, ALI se viam incluídos:
um Messias judeu para judeus e gentios.
Na terceira passagem, em Atos 17.16-31, Paulo proclama a Cristo para gentios que nenhum conhecimento tinham das Escrituras.
Paulo está em Atenas, o centro filosófico do mundo da época, e é conduzido até o Areópago pelos epicureus e estoicos.
Neste momento Paulo se encontrava em um cenário totalmente paganizado sem pressupostos judaizantes.
O sermão de Paulo desta vez não se iniciou nas Escrituras veterotestamentárias ou mesmo na promessa do Messias.
Paulo lhes pregou Deus, a partir das evidências da criação e do deus desconhecido, pois “É exatamente este que honrais sem conhecer que eu vos anuncio” (At 17.23).
Passa então a apresentar-lhes os atributos de Deus que “fez o mundo... Senhor do céu e da terra” (v. 24), “de um só fez toda a raça humana” (v. 26), “não está longe de cada um de nós” (v.27), “ordena que todos os homens, em todos os lugares, se arrependam” (v.30), e garantiu o julgamento do mundo com justiça “por meio de um varão... ressuscitando- o dentre os mortos” (v. 31, ARA).
Note que no versículo 24, Paulo utiliza Theos para se referir ao “Deus que fez o mundo”, sendo o mesmo termo utilizado (Theos) para mencionar o deus desconhecido.
Ele utiliza da ideia existente de deus para apresentar E REVELAR o Deus da Palavra, criador de todas as coisas.
O fim da mensagem é o mesmo: Jesus que morreu e ressuscitou.
Notem que aos judeus (OPRIMEIRO GRUPO) Paulo fala sobre “o Deus
da promessa”, aquele que lhes trouxe do Egito, pois estes conheciam o Deus da Escritura e se viam como os filhos da promessa.
Eles entendiam que Deus se revelou a seus pais, que interagiu com seu povo ao longo da história, que lhes deixou as Escrituras.
Ao segundo grupo Paulo lhes fala sobre o Deus das promessas e da história de Israel mas, como havia entre eles gentios, lhes fala também do Messias que há de vir para a salvação de todo aquele que crê.
Percebemos aqui neste texto que Paulo apresenta-lhes o evangelho com fortes evidências escriturísticas, para os judeus, além de um forte apelo moral e escatológico, para os gentios judaizantes.
Ao terceiro grupo, puramente gentíl, o Messias que há de vir não lhes transmitia nenhuma mensagem aplicável à sua história pois era visto tão somente como o Messias judeu.
➡️Eles não tinham as Escrituras que o revelavam nem as promessas e alianças.
➡️ Eles não se enxergavam como filhos da promessa e não se identificavam com Abrão e Moisés.
Porém eles se viam como os filhos da criação.
➡️Possuíam tremenda atração pelas obras criadas e fascinação pela figura do Criador.
🩻Portanto, Paulo lhes pregou o Deus da criação, aquele que era antes de qualquer outro, que detém o poder de fazer surgir, e SUSTENTE a humanidade e TODO o cosmos.
Ele lhes fala demoradamente sobre os atributos deste Deus que é único, soberano, ESTÁ próximo e perdoador.
Finalmente lhes fala de Jesus como o centro do plano salvífico de Deus, apresentando-o como o Messias para toda a humanidade.
DITO ISTO: Tiramos algumas conclusões a partir do modelo Paulino de exposição do evangelho, em relação à contextualização da mensagem.
1. A mensagem, em um processo de comunicação contextual, jamais deve ser diluída em seu conteúdo.
A fidelidade às Escrituras deve ser nossa prioridade à semelhança de Paulo que falou da ressurreição de Cristo no Areópago, mesmo sabendo que seria um tema controverso para a crença filosófica presente.
2. O público alvo, seus pressupostos culturais,
língua e entendimento sobre Deus são fatores relevantes para a apresentação do evangelho.
Paulo não pregou a Cristo da mesma forma aos três grupos.
Sua sensibilidade ao ouvinte conduziu sua abordagem.
3. O uso de simbologias culturais explicatórias das verdades bíblicas podem ser utilizadas desde que apresentem claramente a relevância do evangelho.
Paulo fez isso utilizando o “deus desconhecido” partindo de um elemento sócio-cultural para expor, com clareza, a verdade do evangelho.
Em outros momentos ele o fez a partir da criação, do contraste entre Deus e os deuses adorados e do próprio sentimento hu- mano de desencontro com a vida e perdição.
4. O evangelho deve ser explicado a partir de simesmo e não da cultura. O conteúdo do evangelho não é negociável. Quando Paulo fala aos judeus sobre o Messias e lhes apresenta Jesus, ele estava ali em uma linha “segura” de comunicação.
Porém, seu desejo por criar uma atmosfera propícia para a comunicação não fez com que minimizasse as verdades mais confrontadoras, que o levariam a ser expulso, ignorado e questionado.
5. O alvo final da apresentação da mensagem é
levar o homem ao conhecimento de Cristo e não simplesmente comunicar.
A comunicação de Paulo PREPARAVA o auditório para a apresentação da verdade, tanto para os filhos da promessa quanto para os filhos da criação.
6. A contextualização da mensagem, linguística
e cultural, é um instrumento para uma boa comunicação, que transmita o evangelho de forma clara e compreensível, e Paulo a utilizava abundantemente ao falar distintamente a judeus e gentios, escravos e livres, senhores e servos.
O SENHOR JESUS CONTEXTUALIZAVA MUITO BEM, ao propor transformar pescadores em pescadores de homens, ao utilizar em seus sermões a candeia que ilumina, a semente lançada em diferentes solos, o joio e o trigo no mesmo campo, a dracma que se perdeu, as redes abarrotadas de peixes, fez isso para que o essencial da Palavra chegue de maneira inteligível para a pessoa, sociedade e cultura que o ouve.
7. O resultado esperado da apresentação contextualizada do evangelho é o arrependimento dos pecados e sincera conversão.
Nem sempre teremos sucesso na contextualização… não devemos esquecer que há uma batalha espiritual…
Qualquer apresentação do evangelho que leve o homem a sentir-se confortável em seu estado de pecado é certamente inconclusiva e parcial. NÃO É EVANGELHO!
Paulo deixa isto bem claro quando lhes expõe um evangelho libertador e transformador.
1 Corinthians 9:23 “Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser co-participante dele.”