Providência de Deus - CFB1689
Estudo bíblico Dominical sobre a Confissão Batista de 1689
1. Deus, o bom Criador de todas as coisas, em seu infinito poder e sabedoria, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as criaturas e coisas, desde a maior até a menor,2 por sua mui sábia e santa providência, para o fim para o qual foram criadas, segundo a sua infalível presciência, e o livre e imutável conselho de sua própria vontade, para o louvor da glória de sua sabedoria, poder, justiça, infinita bondade e misericórdia.
2. Embora em relação à presciência e ao decreto de Deus, a causa primeira, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, de forma que nada acontece por acaso, ou sem a sua providência;5 contudo, pela mesma providência, ele ordena que elas aconteçam de acordo com a natureza das causas secundárias, seja necessária, livre ou contingentemente.
3. Deus, em sua providência ordinária, faz o uso de meios, ainda assim, é livre para operar sem,8 acima e contra eles,10 como lhe aprouver.
4. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, tanto manifestam-se em sua providência, que seu conselho determinado se estende mesmo até a primeira queda, e a todas as outras ações pecaminosas tanto de anjos quanto de ho-mens; e não é por meio de mera permissão que ele mui sábia e poderosamente delimita, e de forma variada ordena e go-verna, em uma multiforme dispensação para os seus próprios santos fins;13 ainda assim, de forma que a pecaminosidade desses atos procede apenas da criatura, e não de Deus, que sendo santíssimo e justíssimo, não é nem pode ser o autor ou aprovador do pecado.
5. O Deus mui sábio, justo e gracioso, frequentemente deixa, por algum tempo, seus próprios filhos em diversas tentações e na corrupção dos seus próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados anteriores ou fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e engano de seus corações, para que eles sejam humilhados; e para elevá-los a uma dependência mais íntima e constante de seu próprio auxílio, e para tornálos mais vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecado, e para outros santos e justos fins. De forma que seja o que for que ocorra com todos os seus eleitos é por sua designação, para a sua glória e para o bem deles.16
6. Quanto àqueles homens perversos e ímpios, a quem Deus, como o justo juiz, por pecados anteriores, cega e endurece; deles, ele não apenas retém a sua graça, pela qual eles poderiam ser iluminados em seus entendimentos e forjados em seus corações;18 mas às vezes também retira os dons que eles tinham; e os expõe a tais coisas que a corrupção deles torna em ocasiões de pecado; e, além disso, entrega-lhes às suas próprias concupiscências, às tentações do mundo e ao poder de Satanás;21 de maneira que eles se endurecem sob aqueles meios que Deus usa para o quebrantamento de outros.
7. Assim como a providência de Deus, em geral, atinge todas as criaturas, assim também, de uma forma mui especial, ele cuida de sua Igreja, e dispõe de todas as coisas para o bem dela.
A preservação é uma grande e gloriosa obra divina não menor que a criação das coisas a partir do nada. A criação traz à existência; a preservação é persistência em existência
Causa primária e causa secundária. Estamos acostumados a pensar na natureza como uma complexa sequência de causas e efeitos, na qual a causa A produz o efeito B, que, por sua vez, serve como causa do efeito C, e assim por diante. Podemos representar essas relações com uma mesa de bilhar: o movimento de uma bola causa o movimento de uma segunda, e de uma terceira, e assim por diante. Às vezes, descrevemos A como a causa “primária” ou “remota” de C, e B como a causa “secundária” ou “próxima” de C.
Este modelo tem sido comum no pensamento reformado. Calvino defendeu Deus contra a acusação de ser o autor do pecado assinalando que Deus não é a causa próxima, mas apenas a causa remota do pecado humano. Muitos outros pensadores reformados seguiram essa linha.57 Mas acho que não é persuasivo defender a bondade de Deus meramente dizendo que o seu envolvimento com o pecado é indireto. Em contextos legais, declaramos um chefe de quadrilha culpado dos crimes que ele manda os seus subordinados cometerem, muito embora o chefe não os tenha cometido pessoalmente. Quanto a isso, podemos nos lembrar do infame caso de Charles Manson. Este princípio é escriturístico. Como vimos, o dono de um boi é responsável pelo dano causado pelo boi, apesar de o dono não ter causado pessoalmente o dano (Êx 21.28–36).
Além do mais, como vimos na nossa discussão sobre a providência, em alguns sentidos o envolvimento de Deus com a criação é sempre direto. Nem mesmo o menor movimento do menor objeto pode ocorrer sem o exercício do seu governo, de sua obra de preservação e da sua concorrência ou cooperação. Ele opera nas causas secundárias e com elas, como também por meio delas.
O modelo não está errado ao dizer que Deus frequentemente age por meio de causas secundárias. Porém está errado ao sugerir que Deus não trabalha também diretamente, em sua criação e com ela. Na medida em que comete esse erro, compromete-se com o conceito não bíblico de transcendência que mencionamos no capítulo 7.
A providência de Deus é como uma palavra hebraica – só pode ser lida de trás para a frente
Providência é o governante poder de Deus que supervisiona a sua criação e realiza os seus planos para isso.
…o permanente exercício da energia divina, pelo qual o Criador preserva todas as suas criaturas, opera em tudo o que acontece no mundo, e dirige todas as coisas para o seu determinado fim.