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A Missão do Rei  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

Há três semanas atrás tivemos o Pastor Mark Carden falando sobre generosidade em nossa igreja, e certamente esse é um dos assuntos que nós pregadores nos sentimos mais confortáveis para falar na igreja dos outros e menos confortáveis para falar na nossa própria igreja. Mas, um dos desafios da pregação expositiva e sequencial de um livro inteiro da bíblia é que somos confrontados a vencer a tentação de escolher o tema em que vamos pregar.
Hoje falaremos mais uma vez sobre esse tema tão importante a partir da narrativa que encontramos no evangelho de Marcos, no capítulo 12, versículos 41 a 44.
Sobre o tema dinheiro, duas verdades são certas: a Bíblia tem muito a dizer sobre isso, e a maioria das pessoas não gosta de ouvir o que a Bíblia diz sobre isso. No entanto, precisamos desesperadamente ouvi-lo porque, como Jesus disse: “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mateus 6:21).
Marcos 12.41–44 NAA
41 Sentado diante da caixa de ofertas, Jesus observava como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. 42 Vindo, porém, uma viúva pobre, lançou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. 43 E, chamando os seus discípulos, Jesus disse: — Em verdade lhes digo que esta viúva pobre lançou na caixa de ofertas mais do que todos os ofertantes. 44 Porque todos eles deram daquilo que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento.
Essa é a historia de uma mulher anônima, viúva e pobre. Se você esteve aqui na semana passada ou assitiu pela internet o último sermão, pode estar achando contraditória a atitude de Jesus nesse momento. Um pouco antes desse fato o que vimos foi Jesus censurando religiosos que exploravam os grupos socialmente fragilizados, representados naquele contexto especialmente pelas viúvas, e agora vemos ele aprovando uma oferta de uma mulher que representava exatamente esse grupo. E mais, essa oferta representava tudo que ela possuia. E por que isso?
O que aquela mulher estava entregando aquilo que ela podia para honrar o Senhor, a questão não era o quanto aquela mulher entregou, mas por que entregou. Não é uma questão de dinheiro, mas de coração. É evidente que a pobre viúva deste texto tinha o coração no lugar certo. Infelizmente, muitos outros não tinham. Notaremos duas verdades abrangentes. Então construiremos uma teologia bíblica daquilo que podemos chamar de “entrega graciosa”.

Jesus vê o que entregamos (v.41-42)

O parágrafo anterior mencionou as viúvas como objeto de exploração religiosa (v. 40). A piedade simples desta “viúva pobre” contrasta fortemente com a ambição egocêntrica dos escribas. Ela também deve ser contrastada com o jovem rico (10:17-31) que amava mais o seu dinheiro do que a Deus. Nesta senhora encontramos um exemplo maravilhoso de alguém que “ama o Senhor [seu] Deus de todo o [seu] coração, de toda a [sua] alma, de todo o [seu] entendimento e de todas as [suas] forças. ”(12:30). Além disso, a elevação de uma mulher tão simples a um lugar tão exemplar expõe a essência das palavras de Jesus de que, no julgamento de Deus, ‘muitos que são. . . os últimos [serão] os primeiros’ (10:31)”. A cena agora está no tesouro do templo, onde estavam localizados 13 baús para oferta. Jesus se senta e observa aquela cena.
Alguns dão muito porque têm muito (Marcos 12:41)
Jesus observou como a multidão jogava dinheiro naqueles recipientes, que eram de metal e em forma de trombeta. Quanto mais você desse, maior seria o barulho que faria e, claro, maior a atenção que atrairia. Jesus observou como “muitas pessoas ricas investiam grandes somas”. Os ricos, os poderosos e os influentes deram muito porque tinham muito. Sem dúvida, a multidão que assistia teria ficado impressionada. Mas e Jesus?
Alguns dão tudo, embora tenham pouco (Marcos 12:42)
Nosso Senhor sempre está de olho no indivíduo. Ele ouve o clamor do mendigo cego Bartimeu quando ninguém mais o ouve (10:46-52). Agora Ele vê a dádiva generosa e sacrificial de uma viúva pobre quando ninguém mais vê nada. Sem dúvida ela veio sozinha, esperando silenciosamente que ninguém a notasse. Sendo pobre, viúva e mulher, ela era a última das últimas no contexto cultural da época. Tudo o que ela depositou no tesouro foram “duas pequenas moedas que valem muito pouco”. As “moedas” eram a menor moeda de bronze em circulação na Palestina. Dois deles equivaliam a 1/64 de um denário romano, o salário diário de um trabalhador comum. Quanto ao que sua oferta poderia comprar, ela poderia muito bem não ter dado nada. No entanto, como 1 Samuel 16:7 nos lembra: “O homem não vê o que o Senhor vê, pois o homem vê o que é visível, mas o Senhor vê o coração”. Jesus sabia (sobrenaturalmente) que ela deu tudo o que tinha! E mesmo sendo pouco aos olhos do homem, foi muito aos olhos de Deus!

Jesus sabe por que entrgamos (vv.43-44)

Com a Sua percepção divina, Jesus viu tanto a oferta quanto o coração, tanto o ato quanto o motivo por trás do ato. Ele conhecia aqueles que entregavam apenas porque outros estavam observando, e conhecia aqueles que teriam doado se ninguém estivesse observando. E então Ele mais uma vez vira o sistema de valores do mundo de cabeça para baixo. A doação sacrificial honra a Cristo mesmo que a quantia seja pequena (Marcos 12:43-44), por isso Jesus chama os discípulos para mais uma lição. Nosso Senhor enfatiza com "em verdade lhes digo", uma expressão que aparece 13 vezes em Marcos, que acrescenta peso e importância ao que Jesus está prestes a dizer, com autoridade divina! Ele começa e termina elogiando não os ricos, mas os pobres. Por que? Porque “ela, da sua pobreza, colocou tudo o que possuía — tudo o que tinha para viver”. Ela tinha duas moedas, então poderia ter ficado com uma (seria razoável, ninguém a censuraria), mas não o fez. Ela deu tudo de si. A quantia não foi grande, mas o sacrifício foi grande. Jesus nunca precisou fazer média com ninguém, mesmo que a quantia ofertada fosse grande. Aconteceu simplesmente que os outros “deram o que sobraram” (v. 44). A doação deles não foi sacrificial, foi confortável. Eles realmente deram o melhor a Deus? Não, eles deram o que era fácil e conveniente. Por isso Jesus não ficou impressionado. Os ricos fizeram uma grande produção com suas doações, mas Jesus rejeitou a eles e às suas dádivas. O que importa não é a porção, mas a proporção: os ricos deram o que tinham em abundância, mas a viúva pobre deu tudo o que tinha. Para os ricos, a suas doações eram uma pequena contribuição, mas para a viúva, a sua doação era uma verdadeira consagração de toda a sua vida. O teste da liberalidade é medido pelo que é dado, e não pelo que resta. A doação sacrificial da viúva pobre foi um prenúncio da oferta de Jesus: ela deu tudo o que tinha, e Ele também o faria! Agora, quero ser prático e útil ao considerarmos o que a Bíblia tem a dizer sobre dinheiro. Espero que esta visão geral inspire em você fé e generosidade!

Aplicações

Primeiramente, precisamos entender qual é o propósito de Deus para o dinheiro. Deus usa todas as coisas para o nosso desenvolvimento Espiritual. O dinheiro é usado por Deus para suprir nossas necessidades, mas também é para o nosso crescimento espiritual (a forma como lidamos com ele). Observe os seguintes seis propósitos que Deus tem para o dinheiro.
Uma compreensão bíblica sobre as nossas necessidades, o dinheiro e Deus como nosso provedor, nos faz crescer espiritualmente aumentando nossa fé.
Deus é dono de tudo, e Ele entrega a nós os recursos que são Dele para que sejamos o instrumento onde Ele vai financiar Seu ministério terreno através de nós para Sua glória e para o nosso bem.
Deus quer unir os cristãos que têm necessidades com aqueles que têm excedentes, para que a sua promessa de suprir o Seu povo seja concretizada.
Dificilmente um cristão argumentaria contra o princípio de que Deus é dono de tudo, certo? Alguém aqui discorda? No entanto, se seguirmos esse princípio fielmente, devemos encarar algumas realidades que são muito importantes:
Em primeiro lugar, se Deus é dono de tudo.
Ele tem direito a tudo o que Ele quiser, quando quiser.
Se eu realmente acredito que Deus é dono de tudo, então quando eu perder qualquer posse, por qualquer motivo, minhas emoções podem gritar, mas minha mente e meu espírito não podem ter a menor dúvida quanto ao direito que Deus tem sobre todas as minhas posses. Acreditar realmente nisso também me liberta da escravidão do dinheiro. Porque o que tenho pertence a Ele.
Deus é glorificado quando Ele supre as nossas necessidades e também quando nós somos usados para suprir a necessidade dos outros. Paulo advertiu: “Mas, se alguém não cuida dos seus, da sua família, negou a fé e é pior que o incrédulo” (1 Timóteo 5:8). Os recursos que Deus te deu são um instrumento da providência Dele para outros, você é um canal.
Outra realidade ao fato que Deus é dono de tudo, é que não se pode fingir uma mordomia. O nosso extrato bancário relvela não somente as nossas necessidades, mas também as nossas prioridades.
Segundo, Ele não quer que o dinheiro nos escravize.
Quando a forma como lidamos com o dinheiro obstrui a vontade de Deus na nossa vida, entramos na escravidão financeira e no pecado da idolatria. Da mesma forma, se Deus é dono de tudo, não só a minha decisão de ofertar é uma decisão espiritual, mas toda decisão de gastar também é uma decisão espiritual. Os sinais da escravidão financeira podem ser identificados quando você
tem mais fé em seus bens materiais do que em seu Deus eterno;
você tem um desejo ardente de ficar rico rapidamente;
você começa a acumular dívidas e perde o controle;
você compromete sua ética cristã para ganhar dinheiro;
você deixa de fazer investimentos para necessidades futuras;
você homem, começa a transferir a sua responsabilidade de provedor material e financeiro da sua família para a sua esposa (em alguns casos pias e sogros também);
você não oferta com um coração disposto e alegre.
Como mordomo, tenho muita liberdade, mas ainda sou responsável perante o Proprietário. Algum dia eu e você prestaremos contas de como usamos as propriedades Dele. Deus quer ajudar a dar direção em nossas vidas, o princípio de que Deus é dono de tudo que Ele se importa não só com o que doamos mas como usamos tudo que Ele nos dá, nos torna melhores administradores (gráfico do bolo).
Terceiro, ofertar é um ato de adoração
Ofertar nossos recursos para a obra do Senhor, em gratidão por tudo que Deus nos deu em Cristo, é um privilégio maravilhoso. É simplesmente dar em resposta à graça de Deus. Ofertar como um ato de adoração nos permite demonstrar de forma concreta nosso amor e devoção a Jesus e Sua igreja, bem como reconhecer que tido que temos e somos é fruto da graça de Deus. Exercita a nossa fé, confiando que doamos primeiramente na certeza de que Ele suprirá todas as nossas demandas pessoais até o fim do mês.
Ofertar é fruto da perspectiva do evangelho. Tudo o que sou pertence a Deus. Não somos apenas dependentes de Deus, mas também somos propriedade Dele. O preço que Ele pagou para nos comprar foi o precioso sangue de Seu Filho, o Senhor Jesus. Logo, os bens que Deus me confiou têm um propósito, glorificar a Ele.
Estamos acostumados a pensar e falar dos “nossos” bens. As coisas que possuímos não são realmente nossas; elas são de Deus. Eu não tenho nada, mas Deus me confiou Suas posses. isso nos liberta da dificuldade em entregar parte dessa custódia para a igreja que é Dele (razões egoístas para não entregar, justiça própria e administração individual do "dízimo" - Jesus antes de advertir a desonestidade da instituição, ele elogioi a generosidade da viúva).
Como um ato de adoração, a generosidade possui valor eterno. Como mordomos, foi-nos dado o privilégio de fazer com que os bens de Deus floresçam muito além do tempo que estamos aqui (exemplo: o templo onde estamos nos reunindo). Por isso, ofertar deve ser visto como investir na causa de Deus. Quando investimos dinheiro no que é perecível, ficamos preocupados em manter o que temos. Mas quando investimos em Deus, isso nos alivia e aprofunda nosso relacionamento com Ele. Se você não consegue lidar com o dinheiro, também não será capaz de lidar com as riquezas espirituais.
Lucas 16.11 NAA
11 Portanto, se vocês não forem fiéis na aplicação da riqueza injusta, quem lhes confiará a verdadeira riqueza?
A nossa maturidade espiritual tem desdobramentos práticos em todas as áreas. Em Filipenses 4.14-20, Deus disse que suprirá nossas necessidades quando ofertamos. Quando não somos generosos, então, de forma prática, chamamos Deus de mentiroso, o que é um problema espiritual muito mais sério.
Como um ato de adoração, ela deve seguir princípios bíblicos para isso.
O primeiro princípio. é que a oferta deve ser uma prioridade, por isso que Jesus reprovou a oferta dos ricos, mesmo em maior quantia, eles deram o que restou. Já a viúva, Jesus notou que ela realmente ofertou sacrificialmente, pois ela deu tudo o que tinha. A essência da doação é a motivação (Caim e Abel).
O que isso nos ensina? Devemos dar um décimo? Não, devemos dar sacrificialmente. A verdadeira doação sacrificial é quando dispensamos algo, para que a obra de Deus avance. Você não precisa possuir uma grande quantia para ser sacrificial. Cada indivíduo oferta segundo o seu coração com alegria e em amor e gratidão a um Deus maravilhoso. Não é a manutenção de alguma lei ou tradição. Algumas pessoas dão 10% de forma rígida e mecânica. Outros dão menos ainda apenas de forma simbólica, sem nenhuma reflexão real daquele ato. Este não é o caminho de Deus. Sua doação deve ser feita em atitude de oração e contemplação espiritual, perguntando ao Pai o que Ele gostaria que você fizesse todas as vezes.
A sua oferta deve demonstrar amor, não lei. O amor e a gratidão a Deus por quem Ele é e pelo que Ele fez é a fonte da qual fluirá a sua generosidade.
Outro princípio da oferta como ato de adoração, é que ela deve ser regular. As doações não devem ser aleatórias, mas planejadas de maneira regular. Devemos dar regularmente para que a igreja possa satisfazer as necessidades regulares. A doação deve ser feita de forma regular e fiel. Você deve orar, se planejar e executar. Algumas pessoas dizem que dedicam seu tempo e talento à igreja, em vez de seu dinheiro. É bom e correto dá-los, mas não substitui ofertar financeiramente. É a maneira de Deus lhe ensinar a ser um bom mordomo nessa área.
A oferta deve ser proporcional, por isso a idéia do dízimo se torna não uma Lei como na Antiga Aliança, mas um excelente ponto de partida para que haja equidade na contribuição.
2Coríntios 8.12–13 NAA
12 Porque, se há boa vontade, a oferta será aceita conforme o que a pessoa tem e não segundo o que ela não tem. 13 Não se trata de fazer com que os outros tenham alívio e vocês tenham sobrecarga, mas para que haja igualdade.
A oferta deve ser generosa, em resposta a generosidade de Deus. Assim como Cristo nos deu, nós também devemos nos entregar. Dobre os joelhos, olhe para a cruz e depois oferte.
Oferte com alegria (2 Coríntios 9:7). A ausência de alegria em ofertar é evidência de um problema espiritual mais profundo, que invalida a nossa oferta.
A nossa entrega oferta deve ser completa. O discipulado total vai muito além da nossa entrega financeira a Deus. O Novo Testamento ensina claramente o compromisso total em todas as áreas de nossas vidas. Enfatizar demais o dízimo por algumas pessoas mal intencionadas nos fez perder essa importante verdade. Ser obediente à Palavra de Deus sempre abrirá o caminho para que Suas bênçãos sejam experimentadas por nós.

Conclusão

A oferta bíblica e espiritual é o ato de entregar a si mesmo e tudo o que se tem completamente a Deus por meio de um ato voluntário que flui de um coração agradecido. É motivado por uma compreensão sincera de que tudo pertence a Deus e que Ele é a fonte de todas as bênçãos (espirituais e materiais). Também é motivado pela gratidão pelo que Deus fez por nós em Cristo. Ao devolver uma parte dessa bênção a Deus, o crente reconhece que recebeu a bênção de Deus e que está verdadeiramente grato. Os tempos de maior fervor espiritual de Israel e de maior impacto da igreja na sociedade são os tempos de maior doação sacrificial dos crentes. Isto indica que existe uma correlação entre o estado espiritual dos verdadeiros crentes e a sua disposição em ofertar. Na prática, o dízimo (10 por cento) é um bom lugar para começar o serviço financeiro e a adoração a Deus. No entanto, não é lugar para parar. Deus quer que cresçamos em todas as áreas da nossa vida cristã, incluindo a generosidade. Ao olharmos para Ele com fé, ao olharmos para a cruz e ofertarmos, Ele, nesta área, fará através de nós e por nós muito além daquilo que poderíamos esperar ou imaginar. À luz da dádiva indescritível de Deus, Seu Filho Jesus, é difícil imaginar fazer algo menos. Deus deu tudo de si. Ele deu o seu melhor. Nós também deveríamos.
Se você é crente, você tem dado o seu melhor para Deus em tudo, inclusive nas finanças? A fé deve ter pés! Devemos agir em obediência para ver Deus trabalhar em nossas vidas. Se você foi infiel no passado, lembre-se: nunca é tarde para começar a fazer a coisa certa!
Se você está aqui e ainda não recebeu a Cristo como Seu Senhor e salvador, o que falamos é muito mais do que dinheiro. Seu dinheiro não pode comprar o favor de Deus, ele não precisa do seu dinheiro, não é para você. O convite é para que você antes de tudo se entregue por inteiro a Deus, e a partir disso experimentar a providência de Deus sobre a sua vida. Entender que Ele é o seu dono, e dono de tudo que você tem. O convite é para um relacionamento muito mais profundo com aquele que não só te criou mas também te salvou.
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