A Vinda do Filho do Homem
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Texto base: Mt 24.29-31
Introdução: Entre algumas particularidades do evangelho de Mateus está o tratamento que ele dá ao aspecto pedagógico da atividade ministerial de Jesus. Enquanto os evangelhos de Marcos e Lucas associam as palavras de Jesus a ocasião em que foram pronunciadas, Mateus as dispõe de maneira ordenada. Ele reúne os discursos de Jesus e os apresenta de maneira didática, de forma que seus leitores enxerguem a Cristo como o rei aguardado pelos judeus. Cinco desses discursos, muito conhecidos, destacam-se por sua extensão: O sermão do monte 5.3 - 7.27; O apostolado cristão 10.5-42; O reino dos céus 13.3-52; A vida da comunidade cristã 18.3-35; O fim dos tempos 24.4 - 25.46 (em que o texto que nós lemos está inserido).
Jesus e Seus discípulos deixaram o complexo do templo e seguiram para o leste em direção a Betânia, onde Jesus passava as noites durante a época da Páscoa. No entanto, antes de deixarem a área do templo, os discípulos comentaram com Jesus sobre os magníficos edifícios do templo (templo de Herodes). O templo era feito de blocos maciços de calcário e todo ornamentado com ouro. No entanto, Jesus diz a eles que tudo aquilo seria destruído.
Os discípulos ficaram admirados com a magnificência do templo e Jesus diz, de maneira enigmática, que não ficaria pedra sobre pedra. Jesus realiza uma profecia de duplo cumprimento. Uma profecia que tinha um enfoque histórico e imediato, mas que também tinha uma segunda aplicação, para além da época em que foi proferida. Em uma mesma profecia, Jesus, fala sobre a destruição de Jerusalém (que aconteceria 40 anos mais tarde) e sobre sua segunda vinda.
Intrigados, quando chegam ao Monte das Oliveiras, os discípulos perguntam a Jesus quando é que essa destruição ocorreria. Quando que aconteceria a consumação dos séculos (pois a destruição do templo seria uma evidência clara)? Quais os sinais acompanhariam esse evento? Ao que Jesus responde em seu último grande sermão.
Transição: A segunda vinda de Cristo é o tema que recebe maior ênfase em toda a Bíblia. Há cerca de 300 referências à primeira vinda e oito vezes mais acerca da segunda vinda, ou seja, há mais de 2.400 alusões na Bíblia sobre a segunda vinda de Cristo. Contudo, por mais que esse seja um tema bastante enfatizado pelas Escrituras, existe muita distorção e descrença a respeito dele. Algumas seitas e falsos mestres negam que Jesus voltará. Outros tentam iludir as pessoas marcando datas. Mas outros, dizem crer na segunda vinda de Cristo, mas vivem como se ele jamais fosse voltar. É sobre esse importante tema que falaremos hoje.
O discurso de Jesus apresenta a sua segunda vinda e suas implicações por meio de três indicações sobre: os sinais, a forma e a preparação. Quais os sinais da vinda que indicarão o retorno de Jesus? De que maneira acontecerá? Como o seguidor de Cristo deve se preparar para esse momento?
Começaremos falando sobre indícios da segunda vinda de Jesus. Quais os sinais que precedem a segunda vinda de Jesus?
I. Os sinais da segunda vinda de Jesus
Jesus denota que os sinais que indicam a sua vinda são os sinais juízo, oposição divina e graça. O primeiro deles são os de juízo divino (v. 6-7).
• Sinais do juízo divino
a) Guerras. Ao longo da história tem havido 13 anos de guerra para cada ano de paz. Desde 1945, após a segunda guerra mundial, o número de guerras tem aumentado vertiginosamente. Registra-se mais de 300 guerras desde então, na formação de nações emergentes e na queda de antigos impérios. A despeito dos milhares de tratados de paz, os últimos cem anos foram denominados do século da guerra. Nos últimos cem anos já morreram mais de 200 milhões de pessoas nas guerras. Segundo pesquisa do Reshaping International Order Report quase 50% de todos os cientistas do mundo (500.000) estão trabalhando em pesquisas de armas de destruição.
Quase 40% dos recursos das nações são colocados na pesquisa e fabricação de armas. As nações falam de paz, mas gastam com a guerra. É gasto, anualmente, mais de um trilhão de dólares em armas e guerras.
A história está encharcada de sangue. Na primeira Guerra Mundial (1914-1918) 30 milhões de pessoas foram trucidadas. Ninguém podia imaginar que no mesmo palco dessa barbárie, vinte anos depois explodisse outra guerra mundial. A segunda Guerra Mundial (1939-1945) ceifou 60 milhões de pessoas. Quando achamos que o mundo viveria em paz, em 1947 se inicia a guerra fria que se estende até 1991. Após a guerra fria, muitas outras guerras surgem, e, recentemente, no dia 24 de fevereiro foi iniciada a guerra da ucrânia.
b) Fome (v. 7, Lc 21.11). Um subproduto das guerras. Como disse anteriormente, hoje é gasto pelas nações no mundo 1 trilhão de dólares anualmente em armamentos e guerras. Dinheiro que seria suficiente para acabar com a fome. No entanto, o desejo pelo poder e violência falam mais alto. A fome atualmente alcança quase 50% da população do mundo. Segundo relatório da ONU, são 735 milhões de pessoas passando fome e 2,3 bilhões em situação de insegurança alimentar.
O texto paralelo de Lucas 21.11 fala também de epidemias, doenças. A história nos mostra um quadro repleto de doenças perniciosas: Peste Negra, Gripe Espanhola, Ebola, Cólera, Febre Amarela e, mais recente, Corona Vírus.
c) Os terremotos (v. 7). Os séculos XIX e XX registraram mais de 200 abalos sísmicos dramático. O mundo está sendo sacudido por terremotos em vários lugares desde 79 d.C.
• Sinais de oposição a Deus
a) Perseguição religiosa (v. 9,10). A perseguição aos cristãos é presente em toda a história: os judaizantes, os romanos, o islamismo, os governos totalitários (nazismo) e, atualmente, o comunismo (Coreia do Norte, Venezuela). Segundo OGCI Portas abertas, mais de 360 milhões de cristãos são perseguidos no mundo. Existem cerca de 50 países no mundo em que a presença de um cristão não é aceitável.
b) Falsos mestres (v. 11). Desde o período apostólico a igreja tem sofrido com os falsos mestres. Em nossa conjuntura a situação tem se agravado. Uma quantidade imensa de enganadores tem surgido. Homens que propagam um evangelho sem Cristo e que, infelizmente, tem enganado a muitos.
c) Apostasia (v. 12). O abandono da fé verdadeira. A multiplicação do engando tem como consequência a morte espiritual de muitos. Homens e mulheres que um dia foram grandes referências do evangelho de Cristo, hoje se veem uma vida de engano, de perdição.
Lugares como a Europa, que foi o berço do cristianismo, hoje amarga a dura realidade de ter inúmeras igrejas mortas. O continente asiático, africano e oceânico embebidos do islamismo, misticismo e ateísmo. O continente sul-americano imerso no sincretismo religioso e liberalismo teológico.
d) Depravação moral (v. 12). A iniquidade tem se multiplicado e o amor de muitos tem esfriado. O mundo está sem referência, perdido, confuso, sem balizas morais, sem norte ético. Há uma desintegração sistemática da família, a falência das instituições, o colapso dos valores morais e espirituais. O índice de infidelidade conjugal é alarmante. O índice de divórcio já passa de 50%. O homossexualismo é aplaudido. A pornografia tornou-se uma indústria poderosa. O narcotráfico afunda a juventude no pântano das drogas. A corrupção moral está presente nas cortes. As instituições estão desacreditadas. Os parlamentos estão sem autoridade moral. A corrupção religiosa é alarmante. O sagrado está sendo vendido. A depravação moral, tristemente, tem se alastrado por todos os lados.
• Sinais de graça
A evangelização das nações é um sinal que deve preceder a segunda vinda de Cristo. Não significa que todas as pessoas do mundo ouvirão a respeito do evangelho, mas que todas as nações do mundo ouvirão. Que o evangelho chegará aos ouvidos de praticamente todas as pessoas do mundo.
Jesus morreu para comprar aqueles que procedem de toda tribo, raça, povo, língua e nação (Ap 5.9). Portanto, é de seu desejo que todas as nações cheguem ao conhecimento de seu amor e de sua vida. E o evangelho será esse meio, o testemunho de Cristo para as nações.
Existe um grupo majoritário que acredita que essa profecia já se cumpriu e outro que acredita que está bem prestes a se cumprir. Mas, independentemente, de quem esteja certo, percebemos que no decorrer da história a pregação do evangelho às nações tem avançado. Houve um avanço principalmente a partir do século XIX, conhecido como o século das missões. Hoje, os meios de comunicação têm acelerado o cumprimento dessa profecia. Bíblias têm sido traduzidas. Cultos são transmitidos quase que diariamente para todo o mundo. Missionários têm se levantado e sido enviados aos quatro cantos terra.
Transição: Sinais de juízo, de oposição a Deus e de graça precederão a segunda vinda de Jesus. Mas, como ela acontecerá? De que maneira Jesus virá buscar a sua igreja?
II- A DESCRIÇÃO DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO
• Será repentina - V. 27
Cristo virá como um relâmpago. Será como o piscar de olhos, como um estalar de dedos. Ninguém poderá se preparar de última hora. Quando o noivo chegar será tarde demais para buscar encher as lâmpadas de azeite. Viver a vida despercebidamente é uma loucura. Jesus virá repentinamente e quem estiver despreparado não participará de seu reino. Você está preparado para a vinda do Senhor Jesus?
• Será Gloriosa – V. 30
Será uma vinda pessoal, visível, pública. Todo o olho o verá. Jesus aparecerá no céu (Ap 1.7). Ele virá acompanhado de uma comitiva celestial. Virá do céu ao soar da trombeta de Deus. Ele descerá nas nuvens, acompanhado de seus santos anjos e dos remidos. Ele virá com grande esplendor.
Em sua primeira vinda, Jesus, manifestou-se a nós como um cordeiro, mas quando ele vier, para buscar o seu povo, virá como “leão da tribo de Judá”. Em sua primeira vinda, Jesus, manifestou-se a nós como um humilde carpinteiro, mas quando retornar para buscar a sua igreja virá como Rei de todas as nações. Em sua primeira vinda, Jesus, foi humilhado, ultrajado pelos homens, mas quando vier novamente virá para governar o mundo com seu cetro de justiça. Todos os povos que o rejeitaram vão se lamentar. Aquele será um dia de trevas e não de luz para eles. Será o dia do juízo, onde sofrerão penalidade de eterna destruição. As tribos da terra conscientes de sua condição de perdidos se golpearão nos peitos atemorizados pela exibição da majestade de Cristo em toda a sua glória.
• Será vitoriosa – V. 31
Jesus virá para arrebatar a igreja. Os anjos recolherão os escolhidos dos quatro cantos, de uma à outra extremidade dos céus. Os eleitos de Deus serão chamados. A Bíblia diz que quando Cristo vier, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, com corpos incorruptíveis, poderosos, gloriosos, semelhantes ao corpo da glória de Cristo. Então, os que estiverem vivos serão transformados e arrebatados para encontrar o Senhor nos ares e assim estaremos para sempre com o Senhor. Aquele dia será de vitória, pois veremos o novo céu e a nova terra. A nova Jerusalém descerá do céu e Deus habitará conosco.
• Será inesperada - V. 36
Ninguém pode decifrar esse dia. Ele pertence exclusivamente à soberania de Deus. Quando os discípulos perguntaram a Jesus sobre esse assunto, ele respondeu: “Não vos compete saber tempos ou épocas que o Pai reservou para a sua exclusiva autoridade”. Daquele dia nem os anjos nem o Filho sabem. Aqueles que marcaram datas fracassaram. Aqueles que se aproximam das profecias com curiosidade frívola e com o mapa escatológico nas mãos são apanhados laborando em grave erro. Em vez de ficarmos tentando adivinhar quando será a volta de Jesus, devemos concentrar nossos esforços em nos preparar para seu retorno.
Transição: Se o tempo da parousia não é conhecido, muitos estarão despreparados para esse momento, como nos dias de Noé haverá dois grupos: os preparados (que serão salvos) e os despreparados (que estarão perdidos). Mas, como devemos nos preparar para esse momento? Jesus sabia que essa pergunta pairava nos corações dos discípulos e para respondê-la ele utiliza duas parábolas: a parábola da figueira e a parábola do servo bom e do servo mau.
III - A preparação para segunda vinda de Jesus
• Vigilância – V. 42-44
A palavra de ordem de Jesus é: Vigiai! Esse dia será como a chegada de um ladrão: Jesus vem de surpresa, sem aviso prévio, sem mandar whatsapp. É preciso vigiar. É preciso estar preparado. Não sabemos nem o dia nem a hora. Precisamos viver espiritualmente despertos, como se ele fosse voltar hoje! Precisamos dizer como George Whitefield: “Estou diariamente esperando a vinda do Filho de Deus”.
Aqueles que andam em trevas serão apanhados de surpresa. Porém, os filhos de Deus andam na luz. Portanto, devem viver em santa expectativa da segunda vinda de Cristo. Isso envolve viver de acordo com o evangelho, praticar a justiça, estar em plena comunhão com Cristo e com seu corpo, buscar a santificação e a perseverança (manter o foco em Cristo, mesmo em meio as adversidades).
• Serviço em fidelidade - V. 45-51
Jesus termina seu discurso profético, contando uma parábola acerca do senhor que viajou e encarregou seus bens nas mãos de dois servos (v. 45-51). Nenhum dos servos tem conhecimento do retorno de seu senhor, no entanto eles se diferenciam na forma que o aguardam. Um é ativo, responsável, preocupado. E outro é negligente, irresponsável, tolo.
O objetivo de Jesus com essa parábola é evidenciar qual deve ser a postura de seus discípulos em sua ausência. Ele mostra que a preparação para sua segunda vinda é servi-lo com fidelidade.
Os versos 45 a 47 descrevem o primeiro servo, o servo fiel. Alguém que na ausência do seu Senhor, cuidou de tudo com zelo, sabendo que haveria de prestar contas de seu trabalho. Esse servo pode descansar na certeza que, quando o seu Senhor voltar, confiará a ele todos os seus bens, ele desfrutará de todos os privilégios de seu reino.
Jesus nos convida, enquanto ele não retorna, a servi-lo diligentemente com tudo aquilo que ele nos confiou: com os nossos bens, com os nossos dons, com as nossas habilidades. Tudo que somos e que temos deve estar sendo empregado em prol do reino de Cristo.
O Senhor espera que em sua ausência sejamos ativos no serviço. Que haja uma preocupação em nossos corações com aquilo que nos foi confiado. Que exerçamos nosso trabalho com responsabilidade. Eu concordo com Spurgeon quando certa vez disse: “O fato de que Jesus deve voltar não é razão para ficarmos olhando para as estrelas, mas para trabalharmos no poder do Espírito Santo”.
Feliz é esse que o Senhor, quando retornar, encontrar com essas qualidades, pois a ele será confiado grandes coisas. O Senhor o recompensará dando-lhe autoridade sobre todos os seus bens. O servo fiel será colocado em uma posição privilegiada e desfrutará de grandes bênçãos do Reino de Deus.
O outro servo da parábola é o servo mau, infiel. Alguém que pensou: “Meu senhor vai demorar muito”. Então passou a viver despreocupado, a espancar os companheiros a comer e beber com os alcoólatras. De quem estamos falando? De alguém que vive como se Jesus não fosse voltar. Alguém que ignora suas instruções e abraça todas as propostas de satisfação que o mundo oferece. O seu senhor então, virá em dia em que ele não espera e o castigará, lançando lhe em um lugar de choro e ranger de dentes. Um lugar de profundo sofrimento e desespero.
Transição: A volta de Jesus é uma verdade cristalina. Portanto, devemos viver de acordo com essa verdade. Como disse J. Blanchar: “a certeza da segunda vinda de Cristo deve tocar e impregnar cada parte do nosso comportamento diário”.
Conclusão: Observem os sinais. As indicações de juízo, de oposição a Deus, de graça. Tudo nos leva a seguinte síntese: Jesus está às portas! Muito em breve ele retornará de maneira repentina, gloriosa, vitoriosa e inesperada para buscar os seus. Enquanto ele não retorna, devemos permanecer vigilantes, alertas espiritualmente, e o servindo fielmente, com toda diligência e responsabilidade.
Como você está vivendo? Vigilante, servindo fielmente ou desprezando o seu senhor? Vivendo como se ele não existisse. Como se nunca fosse retornar. Desconsiderando suas ordens e vivendo de maneira dissoluta. Se você está vivendo dessa maneira, hoje, o Espírito Santo diz a você: acerte o curso da sua vida. Volte-se para Jesus. Renda-se a ele. Atente-se para suas instruções. Sirva-o fielmente. Um dia Ele virá nos buscar. E aqueles que forem achados servindo-o fielmente, serão rodeados de glória e desfrutarão eternamente de sua presença.