Amor sacrificial
A Missão do Rei • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
Em um mundo dominado por valores materiais e prioridades distorcidas, muitas vezes somos incentivados a buscar nossa própria glória e satisfação. Vivemos em uma cultura onde o preço de um objeto frequentemente determina seu valor. Seja uma obra de arte, um carro de luxo, uma bolsa, um relógio ou uma casa em um bairro nobre, frequentemente associamos valor e significado com etiquetas de preço. Mas, e se eu lhe dissesse que há momentos na vida em que o valor verdadeiro não pode ser medido em moedas? Que há momentos em que o sacrifício, o amor e a devoção se sobrepõem ao custo material?
Hoje, vamos mergulhar em um texto bíblico que desafia nossa compreensão de valor, sacrifício e devoção. Vamos explorar a história de uma mulher cuja ação foi tão impactante que Jesus declarou que ela seria lembrada onde quer que o evangelho fosse pregado. E, em contraste, veremos a ação de um homem que, cego por seus próprios interesses, traiu o Salvador do mundo.
1 Dois dias depois seria celebrada a Páscoa e a Festa dos Pães sem Fermento. Os principais sacerdotes e os escribas procuravam uma forma de prender Jesus, à traição, para matá-lo. 2 Pois diziam:
— Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
3 Quando Jesus estava em Betânia, fazendo uma refeição na casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, trazendo um frasco feito de alabastro com um perfume muito valioso, de nardo puro; e, quebrando o frasco, derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. 4 Alguns dos que estavam ali ficaram indignados e diziam entre si:
— Para que este desperdício de perfume? 5 Este perfume poderia ter sido vendido por mais de trezentos denários, para ser dado aos pobres.
E murmuravam contra ela. 6 Mas Jesus disse:
— Deixem a mulher em paz! Por que vocês a estão incomodando? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Porque os pobres estarão sempre com vocês, e, quando quiserem, podem fazer-lhes o bem, mas a mim vocês nem sempre terão. 8 Ela fez o que pôde: ungiu o meu corpo antecipadamente para a sepultura. 9 Em verdade lhes digo que, onde for pregado em todo o mundo o evangelho, também será contado o que ela fez, para memória dela.
10 E Judas Iscariotes, um dos doze, foi falar com os principais sacerdotes, para lhes entregar Jesus. 11 Eles, ouvindo isto, se alegraram e prometeram dar dinheiro a ele; nesse meio tempo, Judas buscava uma boa ocasião para entregar Jesus.
Essa é a história registrada nos quatro evangelhos, Marcos não traz alguns detalhes que são expostos em outros evangelhos. A mulher aqui, anônima em Marcos, mas destacada por João como Maria, irmã de Lázaro, aquele a quem Jesus havia ressucitado. Lucas, faz uma outra observação, que era uma mulher de "má vida". Gostaria de abrir um parêntese aqui: A história da redenção é marcada pela participação de pessoas com um passado reprovável e que consequentemente não tinham uma boa reputação entre as pessoas de bem. Logo o evangelho tem como objetivo nos levar ao arrependimento pelos pecados e também da justiça própria, Maria se arrependeu dos pecados e foi justificada, enquanto seus críticos embora possíssem uma boa reputação, estavam condenados por causa da sua justiça própria.
Essa mulher então, Maria, demontra publicamente, de forma extravagante o seu amor por Jesus de forma sacrificial.
O contexto era a véspera da Páscoa, a festa que celebrava a libertação da escravidão a data mais importante. A população se multilicava (5 a 7 vezes), o governador que ficava em Cezaréia se mudava para Jerusalém com todo seu aparato militar. Ocorria mais ou menos como ocorreu aqui no Rio durante os jogos olímpicos.
A oferta foi um perfume muito caro, que custava muito caro. A quantidade era de aproximadamente meio litro e podia custar algo equivalente a um ano de trabalho. O texto bíblico se preocupa em dizer não somente o valor, mas do que era feito, o perfume e o vaso. O perfume era de Nardo, um produto que não era encontrado em Jerusalém, apenas na Índia. Era caro por conta da sua origem. O vaso, era de alabastro um material claro, bonito, onde aquele perfume era armazenado. Aquele perfume também possuia um valor social, não apenas caro por conta do seu preço. Maria não adquiriu aquele perfume de uma vez só. Geralmente as meninas quando estavam na transição da infância para a adolescência ganhavam um vaso como aquele e começavam a adquirir o nardo, gota por gota, até juntar uma quantidade maior para ser usada na data que era a mais importante para uma mulher na sua cultura, o seu casamento. Interessante que o texto fala que Maria entrão entrega para Jesus algo raro, caro e também com um extraordnário valor sentimental e social. Observe que ela não simplesmente vira o vaso, mas o quebra, apontando para uma atitude de entrega total do conteúdo, não permitindo que sobrasse nada, além de inultilizar aquele vaso que possuia um propósito muito importante. Não só o que Maria ofertou, mas a forma como ela ofertou aquele perfume nos traz lições valiosissimas. Ungir com perfume não era algo comum, a não ser cadávers, mas que também era ungidos com perfumes baratos, e não com perfumes caros como aquele. A atitude de Maria, embora ela não soubesse, teve também um significado profético.
Ao contrário do que Maria fez, infelizmente, somos bons em dar a Jesus nossas sobras e coisas de segunda mão (doações que são descartes). Em Marcos 14:1-11 vemos algo completamente diferente: um sacrifício de amor extravagante por parte de uma mulher que Marcos permite permanecer anônima. E também vemos duas vidas que não poderiam estar em maior contraste quando se trata de devoção ao nosso Senhor: uma mulher anônima que deu o seu melhor e um homem chamado Judas que traiu o Filho de Deus. Da mulher Jesus disse: “Onde quer que o Evangelho seja pregado em todo o mundo, o que esta mulher fez também será contado em sua memória” (v. 9). De Judas, nosso Senhor disse: “Teria sido melhor para aquele homem se ele não tivesse nascido” (v. 21). Sobre esse amor sacrificial temos algumas lições que gostaria de tratar:
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Jesus estava de alguma forma as sombras, devido o fato de que, naquele momento, o Sinédrio estava tentando prendê-lo e matá-lo. Marcos diz que eles esperavam prendê-lo “de maneira traiçoeira”, mas só depois da festa.
A cena muda para Betânia, para a casa de Simão. João 12:1 nos diz que o evento aconteceu “seis dias antes da Páscoa”, então o relato de Marcos é um flashback. A senhora aqui era Maria, irmã de Marta e Lázaro, o último dos quais Jesus ressuscitou dos mortos (João 12:2). Simão pode ter sido o pai deles, alguém que aparentemente Jesus curou da Lepra conforme o registro de Mateus 26.6.
Enquanto Jesus estava “reclinado à mesa, chegou uma mulher com um vaso de alabastro cheio de óleo de nardo puro e caro e perfumado. Ela quebrou o jarro e derramou sobre a cabeça dele” (Marcos 14:3). Maria quebrou o frasco, tornando-o inutilizável, e derramou todo o seu conteúdo sobre Jesus, tanto a cabeça como os pés; então ela enxugou Seus pés com os cabelos (João 12:3). Em todos os relatos, Maria está aos pés de Jesus (Lucas 10:39; João 11:32; 12:3). Uma mulher normalmente não se aproximaria de um homem neste ambiente de refeição pública, exceto para lhe servir comida. Maria não se importava nem um pouco com convenções culturais. Jesus era seu Senhor e Mestre. Ela O amava profundamente e teria feito qualquer coisa por Ele. Ela queria que todos soubessem o valor inestimável que ela atribuía a Jesus. Então ela veio a público! Ninguém poderia negar ou duvidar de onde estava sua lealdade. O mesmo pode ser dito de você e de mim? Muitos usam o argumento do culto privado é o único que realmente Deus requer, mas em nenhum momento Jesus censura atos públicos de uma adoração sincera, sacrifical e extravagante, o que Ele condenou foi a hipocrisia (paralelo com a viúva pobre). Mas,atos públicos de adoração sempre trarão consigo um outro fator...
Crítica
Crítica
Os críticos não teriam qualquer participação em elogiar o que esta mulher tinha feito. Alguns começaram a conversar entre si e ficaram indignados. Liderados por Judas (João 12:4ss) e com orgulho hipócrita, eles questionaram tanto seu motivo quanto sua ação. Enquanto ela adorava, eles expressaram sua raiva e descontentamento.
Observe: (1) Os discípulos não apenas humilharam a mulher; eles também humilharam Jesus. Honrar a Cristo dessa maneira, disseram eles, era um desperdício. Eles não acreditavam que Ele fosse digno de tal sacrifício de amor extravagante. (2) Alguns estão dispostos a ser pobres em seus bens para serem ricos em sua devoção a Jesus; outros não. Estes últimos são geralmente os críticos. (3) O mundo, e infelizmente muitos na igreja, nunca terão problemas com a devoção moderada e comedida a Cristo. Mas afaste-se de uma “carreira brilhante” e você será considerado um tolo, vivendo uma “vida desperdiçada”. Afaste-se dos seus pais para servir ao Senhor em uma outra localidade, e você também será criticado. Afaste-se da família e dos amigos para ir ao campo missionário entre um grupo de pessoas não alcançadas, levando seus filhos pequenos com você, e você será repreendido como imprudente, radical, até mesmo desequilibrado e necessitado de um sério aconselhamento.
Sim, você pode ser criticado aqui, mas no céu você tem um Mestre que reconhece o seu amor por Ele! Como Paulo escreve em Gálatas 1:10
“10 Por acaso eu procuro, agora, o favor das pessoas ou o favor de Deus? Ou procuro agradar pessoas? Se ainda estivesse procurando agradar pessoas, eu não seria servo de Cristo.”
George Whitefield, um grande evangelista, disse: “Que mil vidas sejam gastas no serviço de Cristo!” No entanto, só temos uma!
Não perca oportunidades para servir a Cristo por conta de críticas, aquela foi a última oportunidade para ungir a Cristo antes de sua morte e Maria não desperdiçou. Ela investiu em algo que teve consequências eternas...
Lembrança
Lembrança
Atos 7:54-60 registra o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir cristão. Estêvão vê o Senhor Jesus “em pé à direita de Deus”. Nosso Salvador está pronto para receber Seu fiel servo martirizado na glória. Aqui em Marcos 14:6-9 vemos nosso Senhor efetivamente defendendo outro servo fiel, uma mulher que O cobriu com um sacrifício de amor extravagante apenas para ser ridicularizada por aqueles que deveriam saber disso.
“Deixem-na em paz”, ordena Jesus (v. 6). Não a incomode. Ela fez algo maravilhoso e singularmente importante para Jesus.
Alguns leitores interpretaram mal o versículo 7, supondo que Jesus era insensível para com os pobres. Deveríamos fazer o bem aos pobres. Jesus acreditou e ensinou isso. A questão aqui é entre “sempre” e “nem sempre”. Os pobres estão sempre lá, mas Jesus não estaria. A oportunidade de mostrar-Lhe esse tipo de amor e afeição pessoal logo desapareceria. Além disso, Jesus é Deus, e o primeiro dos grandes mandamentos sempre supera o segundo (Marcos 12:30-31). Na verdade, Jesus afirma a sua preeminência sobre todos os outros (cf. Cl 1,18). Cuide dos pobres, mas adore o Salvador! Todas as vezes que alguém critica atos de generosidade alegando geralmente questões sociais, na verdade é apenas um pretexto para não fazer nem uma coisa nem outra. Quando faz, faz do que sobra para aliviar a própria conciência e alimentar sua própria justiça.
Jesus faz três observações impressionantes sobre Maria. (1) “Ela fez o que pôde.” Ela não escondeu nada! (2) Seu ato de amor extravagante teve significado profético e simbólico: “Ela ungiu meu corpo antecipadamente para o sepultamento”. Ela entendeu completamente o que estava prestes a acontecer? Provavelmente não. Ela teve maior compreensão da paixão vindoura de nosso Senhor do que os 12 apóstolos? Disto tenho poucas dúvidas. (3) Jesus faz uma promessa de que seu sacrifício de amor extravagante nunca será esquecido à medida que o evangelho avança por “todo o mundo”. O fato de eu estar compartilhando esta história agora é uma validação do que Jesus prometeu, que aquele ato e aquel mulher seriam lembrados.
Contraste
Contraste
Algumas pessoas acham Jesus útil por causa do que acham que podem obter dele. Outros adoram a Jesus porque O entendem. Maria adorou Jesus e deu tudo o que tinha a Ele. Em contraste, Judas achou Jesus útil e procurou obter tudo o que pudesse em troca dele. Judas era “um dos Doze”. Ele estava tão perto de Jesus, mas não o tinha.
Surpreendentemente, Judas toma a iniciativa de ir “ao sumo sacerdote para entregar Jesus” . Lucas e João nos informam que Satanás o levou a trair o Senhor. Ainda assim, ele fez uma escolha voluntária para fazê-lo.
O versículo 11 é simples e trágico ao mesmo tempo. Os líderes do Sinédrio ficaram felizes em ouvir isso e prometeram dinheiro a Judas: 30 moedas de prata, uma quantia baixa.
"O fato de Jesus ser pouco estimado se reflete não apenas em sua traição, mas também na baixa quantia acordada entre Judas e o sumo sacerdote” D.A. Carson
De certa forma a mentalidade de Judas está presente nos dias de hoje através dessa teologia do coach, de um Jesus útil, onde ele não é o foco, mas um meio para o sucesso. Há uma semana atrás um grande evento em São Paulo de um coach muito famoso onde cantores que colocam Deus em suas letras, preletores motivacionais disfarçados de pastores também falara para pessoas que vêem em Jesus um caminho para o sucesso. E as pessoas entregam muito para o sucesso, mas são incapazes de investir no Reino. O nome de Deus sendo usado em um culto de adoração a Mamón. Deus não é contra o seu sucesso profissional ou pessoal, de forma nenhuma, mas não transdforme a obra de Deus nisso.
Por isso eu gostaria de fazer algumas apicações práticas sobre tudo que meditamos até aqui neste texto:
Aplicações:
Tenha Deus como sua fonte suprema de satisfação - Assim como a mulher derramou o perfume caro em Jesus, somos chamados a encontrar nossa maior satisfação em Cristo, considerando tudo como perda em comparação com a grandeza de conhecê-lo (Filipenses 3.8).
Aplique o evangelho em todos os aspectos da sua vida - Reconheça o valor supremo de Cristo em sua vida. A ação da mulher foi uma demonstração de que ela valorizava Jesus acima de suas posses mais preciosas. Da mesma forma, devemos ver Jesus como o tesouro supremo de nossas vidas.
Enfrente diretamente o pecado em todas as motivações do seu coração - Assim como Judas escolheu trair Jesus por motivos egoístas, devemos examinar nossos corações e perguntar: "O que estou colocando acima de Cristo em minha vida?"
Foque na Missão de Deus para sua Igreja - Deus usou a ação da mulher para mostrar sua graça e propósito. Como a igreja, devemos também ser instrumentos de graça, mostrando ao mundo o amor e a misericórdia de Deus através de nossas ações.
Desafie os ídolos culturais com o evangelho - Em uma sociedade que muitas vezes valoriza posses e status acima de tudo, somos chamados a ser diferentes, valorizando a Cristo acima de todas as coisas, assim como a mulher fez ao ungir Jesus.
Se aprofunde no conhecimento de Deus e em uma renovação espiritual constante - A história nos mostra o contraste entre o coração devoto da mulher e o coração traidor de Judas. Devemos buscar continuamente a renovação espiritual, pedindo a Deus que purifique nossos corações e nos dê um amor profundo e autêntico por Ele.
Conclusão
Conclusão
Amados irmãos e irmãs, ao contemplarmos esta passagem, somos confrontados com duas posturas extremamente contrastantes: a de Maria e a de Judas. Maria, que ofertou algo de grande valor material, sentimental e social, fez um sacrifício que foi eternizado nas Escrituras. Seu ato de devoção não foi apenas um derramamento de perfume, mas uma derramação de amor e devoção a Jesus. Já Judas, que deveria ser um dos mais próximos a Jesus, escolheu trair o Mestre por meras moedas.
Cada um de nós é desafiado a refletir: Qual desses dois caminhos estamos trilhando? Estamos quebrando os nossos vasos de alabastro, entregando o nosso melhor ao Mestre, independentemente do que o mundo pensa ou diz? Ou estamos nos vendendo por valores efêmeros deste mundo?
É fundamental reconhecermos que, no reino de Deus, o verdadeiro valor não está na ostentação, mas na autenticidade da nossa entrega. Não são as moedas, mas o coração que conta. A pergunta que devemos nos fazer é: Estamos dispostos a dar a Jesus o nosso melhor, mesmo que isso signifique enfrentar críticas e incompreensões?
Que a história de Maria nos inspire. Que possamos ver Jesus não apenas como um grande mestre, mas como o Salvador que merece nossa devoção total e sacrificial. E lembremo-nos sempre das palavras reconfortantes de Jesus: onde quer que o Evangelho seja pregado, a devoção dessa mulher será lembrada. Que nossa vida e nossa entrega sejam um perfume suave que se espalha, honrando e glorificando a Cristo, o único digno de todo louvor e adoração.
Que Deus nos ajude a viver com esta mesma devoção, reconhecendo o verdadeiro valor da entrega ao nosso Senhor e Salvador. E que, em todas as nossas ações, possamos refletir o amor profundo e sacrificial de Cristo por nós. Amém.