Sem título Sermão (2)

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Salmo 84
1. INTRODUÇÃO
Acredito que não cometeríamos erro algum ao afirmar que o ser humano está em busca da felicidade. Vivemos em uma época em que as pessoas não poupam esforços para alcançar a felicidade. Esse pensamento é amplamente compartilhado por filósofos como Luiz Felipe Pondé, que nós vivemos sob uma espécie de "ditadura da felicidade". Quase todos os aspectos de nossa vida estão voltados para a busca incessante desse estado de bem-estar. É notável que a busca pela felicidade frequentemente orienta nossas decisões, pois acreditamos que merecemos ser felizes. Não é por acaso que as principais marcas de nossa época associam seus produtos à ideia de felicidade. Pense, por exemplo, na Coca-Cola, cujo slogan é "abra a felicidade", ou no Magazine Luiza, "vem ser feliz", assim como o Pão de Açúcar, que se apresenta como "lugar de gente feliz".
Contudo, você pode se perguntar: qual é o problema em buscar a felicidade? Eu lhe digo que não há problema algum, desde que saibamos onde procurá-la. A Bíblia nos ensina que fomos criados por Deus para estabelecer um relacionamento com Ele, mas devido à queda e ao pecado, nos tornamos inimigos de Deus, o que gerou um profundo vazio em nossa vida. Portanto, estamos constantemente em busca de coisas que possam preencher esse vazio e nos proporcionar satisfação. No entanto, somente o Senhor pode verdadeiramente nos conceder alegria.
2. EXPLICAÇÃO
Este Salmo é atribuído aos "filhos de Corá", embora algumas figuras notáveis como Martinho Lutero, João Calvino e Charles Spurgeon tenham defendido que tenha sido escrito por Davi, durante seu período de fuga de seu filho Absalão. Contudo, o ponto crucial que desejo enfatizar reside no seu conteúdo, que retrata de maneira profunda e inspirada o desejo ardente pela presença de Deus na Sua casa, em um contexto de saudade e anseio.
Spurgeon, por exemplo, referiu-se a este Salmo como "A pérola dos salmos", devido à sua capacidade de irradiar uma luz suave e doce. A essência do Salmo 84 nos fala sobre o anseio por estar na casa de Deus e foi inspirado pelo Espírito Santo.
A concepção de um espaço sagrado, abordada no Salmo, era um conceito que o antigo Israel compartilhava com outras religiões da época. Nas Escrituras, o Jardim do Éden, por exemplo, é um local onde Deus e a humanidade se encontram, ressaltando sua santidade.
O autor do Salmo 84 encontrava-se afastado de Jerusalém e do templo, impossibilitado de participar das festas anuais, transformando este Salmo em um Salmo de peregrinação. O texto expressa o anseio pela comunhão em Sião e destaca a alegria de viajar em grupo, cantar juntos e superar desafios durante essa jornada de fé.
Os "salmos de Sião" celebram não apenas o local sagrado, mas também o povo de Deus reunido na adoração da aliança. No contexto cristão, encontramos um paralelo notável, onde, em Cristo, os crentes se tornam o templo da morada de Deus, como expresso em Efésios 2:21-22.
Assim, o Salmo 84 retrata a expectativa e alegria de estar na presença de Deus e destaca a conexão intrínseca entre o local sagrado e a comunidade de adoradores. Esses princípios transcendem o Antigo Testamento e podem ser aplicados ao cristianismo, onde, em Cristo, chegamos ao "monte Sião" pela fé, para adorar a Deus com todos os santos.
Onde o povo de Deus encontra sua felicidade?
- O que este Salmo tem a nos dizer?
- Vemos que neste Salmo está procurando responder a seguinte pergunta quem é realmente feliz. Se você observar comigo aparece três vezes o terno Bem-aventurado ou Feliz. No v.4; v.5 e v.12b.
- A mensagem toda deste Salmo indica justamente a resposta para essa pergunta, quem é feliz? Ou onde o povo de Deus encontra sua felicidade?
1º Encontramos a felicidade desejando a casa de Deus – v.1-4
O salmista aqui está usando palavras diferentes para se referir a mesma coisa, como: tabernáculos, átrios do Senhor, altares do Senhor, Bem-aventurados os que habitam a casa do Senhor. Ou seja, essas quatro palavras se referem ao Templo, a casa onde Deus era adorado no Antigo Testamento, assim ele descreve quão amável estar com o Senhor dos exércitos, este Senhor o qual tem poder para cuidá-lo enquanto ele estivesse adorando ao Senhor, porque Ele não é só o Deus que governa a criação, mas Aquele que tem o exército de Anjos ao seu redor e eles O servem. Por isso, na hora da angústia de estar privado de ir a casa do Senhor, ele clama ao Senhor dos exércitos, dizendo, por favor Senhor guerreie ao meu favor, e o que ele mais quer na vida é estar com o Senhor, o salmista está dizendo: Senhor, que falta faz os teus tabernáculos. Observe que ele coloca no plural teus tabernáculos e não o teu tabernáculo. Possivelmente ele está lembrando aqui dos cômodos ou das partes que tinha o tabernáculo ou o templo. Onde tinham o pátio externo onde entregavam os sacrifícios, tinha o primeiro lugar da tenda da congregação o chamado lugar Santo e depois tinha o lugar Santíssimo, onde a arca do Senhor estava, mostrando ali a presença de Deus.
Hoje não temos tabernáculos na igreja, ou seus vários cômodos, mas você também precisa amar a casa de Deus. Lembrar o que acontece lá como: como amar cantar, amar orar, ouvir a Palavra de Deus. Precisamos amar estas coisas, irmãos se não cultivarmos isso, talvez comecemos a tratar de fato como um trabalho, como muitos dizem por aí, secular, onde vejo que ali é só um momento diante de um dever que escolhi, 4 ou 5 anos atrás, me formei e agora para garantir o sustento da minha família, preciso ir lá e realizar aquelas tarefas. Se não colocarmos em pratica o hábito diário de amar as coisas do Senhor, talvez sejamos apenas profissionais ou pastores profissionais.
Exemplo: Eu já ouvi dizer que quando alguém é sedentário, não faz exercício nenhum, e ele passa a fazer, vai por obrigação, seja médica ou pela esposa, aí passa um ano, dois anos, ele não consegue mais sair faz parte da vida dele e o dia que ele não vai, fica mal. Assim, quero que pense nisso, se alguém consegue gostar de pagar para fazer força, sentir dor, como que um crente não vai sentir falta de adorar o Senhor.
Mas há um fato interessante porque o salmista diz que o amor que ele tinha pela casa de Deus, era o mesmo amor que ele tinha pelo próprio Deus, final do versículo 2. Para o salmista amar estar na casa de Deus, servir a Deus, adorar a Deus junto com a congregação era a mesma coisa que amar o próprio Deus, que está em relacionamento íntimo com o Senhor. Vemos que primeiro ele fala das instituições de Deus, mas o que realmente ele quer nos dizer é a sua saudade é pelo Deus das instituições, e assim ele termina dizendo que todo o ser dele estava ansioso pela presença, pela comunhão, que até o próprio físico refletia aquilo que estava em seu coração. Mostra que o seu anseio pela casa e de estar diante de Deus servindo no templo era tão grande, que ele até inveja as aves do céu que faziam morada no templo de Deus, perto dos altares do Senhor, ele coloca altares, porque existiam dois, um de bronze e um altar de incenso, quer dizer, irmãos, que na casa de Deus encontramos o altar de bronze, este que era feito o sacrifício, este altar aponta para cruz e a cruz aponta para a redenção, nunca poderíamos nos reunir em um culto sem termos essa percepção de que nossos pecados passaram pelo altar de bronze, que foram lavados pelo sangue de Cristo Jesus, o cordeiro de Deus, que entramos na casa do Senhor como um povo redimido e resgatado.
Assim ele nos mostra que a verdadeira felicidade está em ter um relacionamento continuo com o Senhor, reconhecer o que o Senhor fez por nós, isso é ser Bem-aventurado, feliz.
Só que para que desejássemos o Senhor, isso não foi de graça, o Filho de Deus, Jesus Cristo, pagou um alto preço na cruz, para que pudéssemos então ter a possibilidade de entender o que esse salmo está dizendo, sobre alegria, felicidade.
2º Encontramos a felicidade quando trilhamos os caminhos do Senhor – v.5-7
O salmista aqui coloca a figura de um peregrino, alguém que está viajando, e alguém que está com o destino muito bem específico, porque os peregrinos querem chegar a Sião, está palavra aparece mais de 150 vezes na bíblia e o significado dela é fortaleza, fortificação. A princípio está palavra serviu para designar a fortaleça que Davi havia construído para si em Jerusalém, mas com o tempo a Escritura começou a usar a palavra Sião para se referir a Jerusalém, inclusive ao templo, aonde as pessoas iam para adorar a Deus, então a ideia aqui é de um peregrino que está a caminho de Jerusalém para o templo, com o desejo intenso de adorar a Deus. Mas porque o salmista diz bem-aventurado a pessoa que possui esse propósito de adorar a Deus. Apresento duas questões:
A. Melhor desejo que podemos ter
Ele está caminhando ao lugar onde ele se apresentará diante de Deus, o desejo dele mesmo distante é caminhar para Jerusalém para a casa de Deus. Todas as forças desse peregrino estão voltadas para percorrer esse caminho até o sublime alvo que traçou.
B. O peregrino desfrutar do caminho de Deus v.6
Mesmo que neste caminho ele sinta-se com fome, sede, mesmo que apareçam perigos, o próprio Deus fará dele um manancial, ou seja, sua satisfação, não está nele, não está nas belezas do caminho ou nas facilidades que o caminho poderá dar para ele, mas sua satisfação estará no Deus que torna ele um manancial, que cobre ele de benção mesmo em um caminho difícil, como diz no versículo 6a: quando passa pelo vale árido - O vale de Bacah - O “vale do Choro” ou “vale Árido” (v. 6) é desconhecido, fora da Bíblia. Bacah é “balsameira” ou “álamo”. Por isso, algumas traduções trazem “vale árido” – pois esse tipo de árvore só nasce em terra árida. Bacah significa “choro”, “lágrima”. As balsameiras são plantas que destilam, gotejam ou “choram” o bálsamo, uma resina de odor tão agradável que a palavra “bálsamo” veio a significar, figurativamente, “alívio”, “conforto”, e isso acontece em nossa vida cristã, não consigo imaginar o que passou John Bunyan preso por pregar a Palavra de Deus, e vendo sua primeira filha, cega, passar por necessidades, mas no meio desse vale árido ele escreve uma das obras mais lindas “O peregrino”. O que será que vamos fazer ou nossa alegria irá acabar quando nós passarmos por situações difíceis?
As peregrinações de Israel são um tipo ou símbolo da peregrinação dos cristãos neste mundo. Jesus disse aos Seus discípulos: “Vocês não são deste mundo” (Jo 15.19). Paulo escreveu aos filipenses: “A nossa pátria está nos céus” (Fl 3.20). E Pedro endereçou suas cartas “aos eleitos… peregrinos e forasteiros…” (1Pe 1.1; 2.11). Tudo isso nos ensina que para nós estarmos verdadeiramente felizes, nós precisamos ter consciência de qual é a nossa condição aqui. Esta condição é a seguinte: somos peregrinos nesta terra, e quando nos esquecemos que nossa condição é passageira ou quando esquecemos que os nossos tesouros estão guardados por Deus na eternidade, e começamos a olhar as belezas do caminho, teremos alegrias passageiras e isso não nos dará a alegria verdadeiramente bíblica, felicidade, porque estas coisas são passageiras, são pó, com a queda e a entrada do pecado na humanidade, tudo ficou distorcido, e somente através de Cristo teremos assim possibilidade de conhecer a bem aventurança que o salmista apresenta e que Cristo apresenta no sermão do monte.
Como diz o Apostolo Paulo em 1 Coríntios 15:19 ARA: Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.
Quando nós deixamos de buscar a satisfação nos relacionamentos, bens materiais, no status, quando nossa satisfação está em Deus mesmo que percamos todas essas coisas, ainda assim desfrutaremos da bem-aventurança do prazer que o próprio Deus nos dá.
3º Encontramos a felicidade quando nosso prazer e confiança estão no Senhor – v.8-12
Aqui o salmista roga ao Senhor, ao Deus dos exércitos, o que controla tudo, o Deus soberano. Assim ele está orando ao Deus que tem uma relação pactual com o seu povo. Esta oração não está limitada ao santuário, por isso ele ora ao seu Deus, o Deus da aliança. Aqui é descrito Elohim – para descrever Deus como o único e verdadeiro, porque é o Deus fiel, fez promessas a Jacó séculos antes, as quais tem cumprido até hoje. Ele continua dizendo no versículo 9 como: Senhor preste ouvido a minha oração, mas me olha pelo teu Ungido.
A palavra Ungido é Messias, ou seja, podemos assim dizer Senhor diante da minha oração me olha através de Cristo. É isso que nós fazemos, não é mesmo? Toda vez que oramos dizemos: Em nome de Jesus, de Cristo. Pois não temos mérito nenhum, por que o Senhor ouviria a minha oração? Ouça minha oração pelos méritos de Cristo.
Novamente o salmista usa a figura do templo e ele mostra assim, para nos mostrar onde estava o seu verdadeiro prazer. No versículo 10 ele nos mostra que um dia é incomparavelmente melhor do que estar mil dias longe de Deus. E aqui ele não está falando de maneira despretensiosa, aqui ele está lembrando do sábado, ele está dizendo: um sábado nos teus átrios vale mais do que mil fora dele, ou seja, um domingo na casa do Senhor vale mais do que mil longe de ti Senhor. Assim, ele nos mostra que prefere estar na porta, mas não as portas que conhecemos hoje, o salmista está falando das soleiras da porta da casa de Deus. Lembram que o apostolo Pedro em Atos 3:1-8 entra pelas portas do templo e um mendigo o chama pedindo ajuda? Pedro disse que não tinha prata nem ouro, mas o que tenho te dou, levanta-te e anda. Onde que este mendigo estava? Ele estava na soleira da porta da casa do Senhor. Vemos que o salmista diz: Eu prefiro ser como um mendigo, alguém que não pode entrar na casa do Senhor, do que ser um rei ou um grande levita longe do Senhor!
Não estamos à soleira da porta. Dominicalmente, pregaremos, e se nossa satisfação não estiver no Senhor, tudo será em vão. Não experimentaremos a alegria que o versículo 11 revela quando o Sol, que é o Senhor, nos ilumina. Não haverá trevas em nossa vida; Ele não apenas ilumina, mas também aquece minha alma, pois Ele é o nosso Escudo.
Irmãos, e o que o Senhor nos dá? Graça e glória, ou seja, o favor imerecido, me dá a salvação, o que não trabalhei para ter, ele nos dá de graça para essa vida e glória para a futura. A glória que teremos não deve ser e não será para esse mundo é para a eternidade.
3. CONCLUSÃO
Quando sua alegria se vai, em quem você confia? O que realmente traz prazer ao seu coração?
O que estou dizendo aqui é que inevitavelmente buscaremos prazer, mas em quem você buscará?
João 1.14 diz: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. A palavra habitar aqui é a mesma para descrever tabernáculo. Literalmente, Deus se tornou carne e tabernaculou entre nós. A boa notícia da vinda de Jesus foi que Deus veio habitar no meio do seu povo, e em Jesus, o seu povo veria a sua glória.
João 2, Jesus responde para alguns judeus: destruam este santuário, e em três dias eu o levantarei. Cristo, se referia ao santuário do seu corpo.
Lembram quando Felipe pediu para ver o Pai, e Jesus responde: Há tanto tempo estou com vocês, Felipe, e você ainda não me conhece?
Quando Jesus morreu, a Escritura diz que a cortina do templo que separa o homem de Deus se rasgou em duas. Deus estava abrindo um caminho para que homens pecadores se reconciliassem e depositassem assim o seu prazer em Cristo. A imagem do templo é simultaneamente pessoal e coletiva. Assim, irmãos o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, e a igreja, corporalmente, é o templo do Espírito Santo. Para o salmista o templo era o seu prazer, era uma benção. Mas nós não trabalhamos no templo de Israel, nossa situação é muito melhor, porque em Cristo temos livre acesso ao Pai.
Irmãos, sabermos disso deve mudar totalmente a nossa forma de pensar, porque a glória da presença de Deus agora habita em nós!
Acordamos com a presença de Deus em nós, cada por menor do nosso dia é vivido ou temos que viver em adoração ao Senhor.
Quando agora se reunirem para cultuar ao Senhor, lembrem-se que somente nossa satisfação sera completa no Senhor, porque abençoados são aqueles que se reúnem como templo para celebrar a glória do Senhor.
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