Jamais surpreendido

A Missão do Rei  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

Semana passada vimos a atitude de adoração sacrificial de Maria por Jesus, agora entraremos naquele que foi de fato o último dia na vida de Jesus e como Jesus gastou suas últimas horas. A forma como Jesus gastou suas últimas horas de Jesus fala muito sobre a sua missão e desconstrói idéias distorcidas sobre a sua morte. É comum ouvirmos narrativas sobre a morte de Jesus como meramente uma conspiração política. Embora houvesse elementos desta natureza em sua crucificação, o Rei jamais foi surpreendido. Esta perspectiva, ainda popular entre alguns estudiosos liberais e céticos, falha numa leitura justa e honesta dos Evangelhos. Nas Suas últimas horas, vemos nosso Salvador e Rei em total controle — até o último detalhe — enquanto Ele caminha até a cruz para morrer pelos pecados do mundo (João 1:29). Ele realmente será esmagado, não pela “roda do mundo”, mas pela vontade do Pai (Is 53:10), uma vontade que nosso Senhor entendeu e abraçou. Jesus não foi um herói trágico preso em acontecimentos fora do seu controle. Não há nenhum indício de desespero, medo ou raiva da parte Dele. Jesus não se encolhe nem recua quando conspirações são tramadas contra ele. Ele demonstra, como tem feito ao longo do Evangelho, liberdade e autoridade soberanas para seguir um caminho que escolheu livremente de acordo com o plano de Deus. Nosso Rei sabe exatamente para onde está indo e o que acontecerá. A graça soberana usará até mesmo o mal humano para cumprir os seus propósitos redentores. Nosso Senhor garantirá que tudo corra conforme o planejado.
Marcos 14.12–26 NAA
12 E, no primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: — Onde quer que façamos os preparativos para que o senhor possa comer a Páscoa? 13 Então Jesus enviou dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: — Vão até a cidade. Ali, um homem trazendo um cântaro de água sairá ao encontro de vocês. 14 Sigam esse homem e digam ao dono da casa em que ele entrar que o Mestre pergunta: “Onde fica o meu aposento no qual comerei a Páscoa com os meus discípulos?” 15 E ele lhes mostrará um espaçoso cenáculo mobiliado e pronto; ali façam os preparativos. 16 Os discípulos saíram, foram à cidade e, achando tudo como Jesus lhes tinha dito, prepararam a Páscoa. 17 Ao cair da tarde, Jesus chegou com os doze. 18 Quando estavam à mesa e comiam, Jesus disse: — Em verdade lhes digo que um de vocês, o que come comigo, vai me trair. 19 E eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe, um por um: — Por acaso seria eu? 20 Jesus respondeu: — É um dos doze, o que comigo põe a mão no prato. 21 Pois o Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor seria para ele se nunca tivesse nascido! 22 E, enquanto comiam, Jesus pegou um pão e, abençoando-o, o partiu e lhes deu, dizendo: — Tomem; isto é o meu corpo. 23 A seguir, Jesus pegou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. 24 Então lhes disse: — Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado em favor de muitos. 25 Em verdade lhes digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo, no Reino de Deus. 26 E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Jesus escolhe passar tempo com seus discípulos em suas últimas horas. Das diferentes maneiras que ele poderia gastar seu tempo, ele decide passar tempo com seus discipulos. Isso mostra algumas coisas sobre Jesus, uma delas é a sua compaixão para conosco, porque nós somos seus discípulos, aqueles doze homens são uma representação do que nós também somos hoje. Aqueles que entregaram e decidiram caminhar com Ele. Passar tempo com os discípulos nas suas últimas horas, mostra o quanto ele nos ama e se importa conosco. Mas, primeiramente vamos aos fatos que o texto nos traz:

Jesus estava no controle dos eventos que levaram à sua morte (12-16)

“O primeiro dia dos pães ázimos, quando sacrificam o cordeiro pascal” (v. 12) era quinta-feira. Os discípulos querem saber onde será realizada a refeição da P’ascoa, para que possam fazer os preparativos. Jesus fornece instruções precisas nos versículos 13-15. Ele enviou dois discípulos para a cidade. Ele diz que eles encontrarão um homem carregando uma jarra de água (isso normalmente era algo que mulheres ou escravos fariam). Eles deveriam segui-lo até uma casa específica. Deviam dizer ao dono da casa que “o Mestre” quer saber onde fica o quarto de hóspedes, para que possa comer a Páscoa com os Seus discípulos. Jesus informou a eles que o mestre iria “mostrar-lhes um grande cenáculo mobilado e preparado” (v. 15). É aí que eles deveriam fazer a preparação. Surpreendentemente, mas ao mesmo tempo não, o versículo 16 registra: “os discípulos saíram, entraram na cidade e encontraram tudo exatamente como Ele lhes havia dito”. É possível que Jesus conhecesse o homem que carregava a água e o dono da casa, mas os detalhes sugerem Seu conhecimento sobrenatural do que aconteceria. Os dois discípulos fizeram como foram instruídos. Eles também teriam preparado o cordeiro pascal que simbolizava a sua libertação da escravidão e a redenção do Egito. Mal sabiam eles que uma Páscoa ainda maior estava se desenrolando enquanto Jesus se preparava para ser sacrificado como nosso Cordeiro Pascal. João Batista declarou: “Aqui está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Jesus é de fato este Cordeiro Pascal e Ele está no controle completo dos eventos que levaram à Sua morte. A cruz não o pegou desprevenido. Foi um compromisso divino agendado, como Pedro escreveria, “antes da fundação do mundo” (1 Ped 1:20). Jesus sabia até o último detalhe o que estava acontecendo e aceitou isso com alegria (Hb 12:2). Tal confiança na vontade de Deus deve nos inspirar a confiar Nele, mesmo quando o caminho da vida pode ser difícil, doloroso e até mortal. Nosso Deus está sempre no controle!
Aplicação: Vemos que Jesus tinha controle total sobre sua missão e morte. Podemos, em nossas vidas, confiar nesse Deus soberano que está no controle, mesmo em meio às tempestades e incertezas da vida.
Ilustração: Pode ser como um piloto experiente no controle de um avião em meio a turbulências. Nós, como passageiros, podemos confiar e descansar, sabendo que o piloto sabe o que está fazendo.

A traição não foi uma surpresa (17-21)

Se Jesus estava no controle completo de todos os eventos que levaram à Sua morte, então Ele não ficou surpreso com Sua traição. Ele estava com o coração partido e desapontado? Certamente sim – o traidor era um amigo próximo e a princípio confiável. Marcos se concentra em dois eventos: a traição de nosso Senhor (vv. 17-21) e a instituição por Jesus do que chamamos de “Ceia do Senhor” (vv. 22-25).
Enquanto estão reclinados à mesa e comendo, postura normal para uma refeição naquele dia, Jesus pronuncia palavras que devem ter chocado a todos na sala: “Garanto a vocês: um de vocês me trairá, um quem está comendo comigo.” Como Ele sabia disso nunca nos é dito, mas Ele sabia. O Salmo 41:9 diz: “Até o meu amigo em quem eu confiava, aquele que comia do meu pão, levantou contra mim”.
As palavras de nosso Senhor provocam tristeza e exame de consciência, como deveriam. Cada um dos discípulos pergunta a Ele: “Certamente não sou eu?” Mas Jesus restringe a lista de possíveis traidores aos 12 apóstolos, Seus companheiros mais íntimos e de confiança.
Jesus então faz uma das declarações mais profundas e teologicamente significativas de toda a Bíblia. Ele diz: “Porque o Filho do Homem irá, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem for traído! Teria sido melhor para aquele homem se ele não tivesse nascido” (v. 21). Observe: (1) Jesus, como o “Filho do Homem” descrito Daniel (Dn 7:13-14), foi predestinado a ser traído e crucificado. Mais uma vez, Jesus casa a figura apocalíptica de Daniel com o “Servo Sofredor” de Isaías (Is 52:13–53:12; também Sl 22). (2) Aquele que traiu o Senhor Jesus recebeu pena, apesar de seu ato injusto (“ai daquele homem”). Jesus amou e cuidou até de Judas. (3) O julgamento futuro para Judas será tão terrível que teria sido melhor “se ele não tivesse nascido”. Mais uma vez, vemos a verdade de que “a revelação traz responsabilidade”. (4) Mesmo que a traição de Judas tenha sido ordenada de acordo com o plano de Deus, ele é moralmente responsável por sua ação. Jesus será traído e crucificado de acordo com a vontade predeterminada de Deus, mas isso de forma alguma aliviou Judas da sua responsabilidade e culpa. Num mistério divino que nunca compreenderemos completamente nesta vida, abraçamos a verdade e a tensão de que a soberania divina nunca anula a liberdade humana e a responsabilidade moral. Ambos são verdadeiros. Nós afirmamos ambos.
A resposta à pergunta de cada discípulo – Sou eu? – exige uma resposta sim de cada um de nós. Sim, Judas traiu Jesus, mas pela manhã todos os discípulos O trairiam. Judas O traiu por ganância (vv. 10-11), mas o resto O trairia por fraqueza (vv. 37-42), medo (vv. 50-52) e covardia (vv. 66-72). Mas e você e eu? Cada um de nós é um Judas porque todo pecado contra Jesus é um ato pessoal de traição. No entanto, é aqui que a graça do evangelho brilha tanto: mesmo aqueles que traem este grande Rei e glorioso Salvador podem experimentar o perdão imediato e completo através do simples arrependimento e confissão de pecado (1João 1:9). Aquele que se arrepende verdadeiramente e piedosamente, sofrerá com a coisa terrível que fez, mas logo depois correrá para Jesus, que levou sobre si esse pecado na cruz. Na graça, Deus perdoa e nos acolhe na na “família dos perdoados”. Que grande família é essa!
Aplicação: Você já viu uma antiga cultura popular da “malhação do Judas”? As pessoas faziam ou fazem isso porque não se enxergam também como traidores de Cristo. Mas, todos nós traímos Jesus com nossos pecados, mas Ele oferece perdão e graça. Devemos nos arrepender, aceitar esse perdão. E mais, o evangelho nos ensina que ao nos vermos como traidores perdoados que somos, temos como responsabilidade oferecer perdão àqueles que nos traíram.
Ilustração: Você já passou pela experiência de ser traído e essa decepção se transformar um grande obstáculo ao perdão? Talvez essa não seja a sua experiência, mas talvez você conheça alguém assim. Certamente você vai perceber que pessoas que não perdoam automáticamente se tornam escravos daquela história e se tornam em pessoas amargas, na mesma proporção que o perdão nos cura e nos liberta. Inspirados na forma como formos perdoados, aprendemos também a perdoar, pior que nenhuma ofensa causada a nós se compara a ofensa que causamos ao nosso Deus.

Jesus preparou uma última ceia que na verdade foi a primeira ceia (22-25)

Dietrich Bonhoeffer disse: “Aquele que deseja aprender a servir deve primeiro aprender a pensar pouco de si mesmo”. Jesus já serviu Seus discípulos na última noite juntos, lavando-lhes os pés (João 13:1-20). Agora Ele os serve novamente ao instituir o que chamamos de “a Última Ceia”. No entanto, também poderíamos nos referir a ela como “a Primeira Ceia”, pois inaugura a “nova aliança” (Jr 31,31-34; Lc 22,20), que Deus fez conosco por meio do Senhor Jesus, a verdadeira Páscoa. Cordeiro que foi sacrificado por nós (1 Co 5:7). A sua morte tornou possível um êxodo maior e melhor, à medida que somos libertados da nossa escravidão ao pecado.
A refeição da Páscoa era a ocasião adequada para a instituição da Ceia do Senhor: incluía quatro momentos em que o dirigente, segurando uma taça de vinho, levantava-se e explicava o significado da Festa. As quatro taças de vinho representavam as quatro promessas feitas por Deus em Êxodo 6:6-7. Estas promessas eram de resgate do Egito, de libertação da escravidão, de redenção pelo poder de Deus e de um relacionamento renovado com Deus. A terceira taça vinha num momento em que a refeição estava quase completamente consumida. Este terceiro cálice, creio eu, é aquele do versículo 23.
A refeição pascal prossegue normalmente quando de repente Jesus se afasta do roteiro normal. O que Ele diz são palavras que só podems ser atribuídas a um louco, ou a menos que Ele seja o Filho de Deus e o verdadeiro Cordeiro Pascal. Partindo o pão e abençoando-o, Ele diz: “Toma; Esse é o meu corpo." Ele pega o cálice, abençoa-o e “todos beberam dele”. Então Ele diz: “Este é o Meu sangue que estabelece a aliança; é derramado por muitos” (v. 24). A nova aliança, como a antiga aliança, é uma “aliança de sangue”. O fato de ser “derramado por muitos” nos informa que a nova aliança, prometida em Jeremias 31:31-34, é possível pela morte do “Servo sofredor do Senhor” de Isaías, que “levou sobre si os pecados de muitos e intercedeu por eles”. os transgressores” (Is 53:12).
Jesus disse aos Seus discípulos que cada vez que eles se reunissem no futuro para celebrar esta refeição, eles deveriam fazê-lo “em memória de Mim” (Lucas 22:19; 1 Co 11:24). É quase impossível exagerar o quão chocantes são essas palavras.
Aplicação: A mesma certeza que temos em que Jesus está no controle de tudo deve ser a certeza que o fato de sermos perdoados devemos perdoar e também que, a exemplo de Jesus, ao sermos servo Dele devemos ser servos de muitos. Jesus, mesmo sendo o Filho de Deus, serviu aos seus discípulos. Devemos aprender a servir aos outros com humildade e amor, colocando as necessidades dos outros acima das nossas.

Conclusão

Imagine um grande tapeceiro tecendo um belo tapete. Cada fio é colocado com precisão, formando um desenho magnífico. Assim é Deus, o grande tapeceiro, tecendo a tapeçaria de nossas vidas. Podemos não entender cada fio, cada evento ou circunstância, mas podemos confiar que Ele está no controle, tecendo um desenho maravilhoso e eterno para Sua glória e nosso bem.
Jesus, o Cordeiro Pascal, estava no controle de cada detalhe e ofereceu Seu corpo e Seu sangue para estabelecer uma nova aliança, trazendo perdão e esperança a todos nós.
Irmãos e irmãs, temos contemplado a profundeza da compaixão e soberania de Cristo, a tristeza e a tragédia da traição, e o significado transformador da Última Ceia. Vimos um Jesus que, mesmo na iminência de sua morte, estava imerso em profundo amor e compromisso para conosco. Portanto, pergunto: Como iremos responder a tão grandioso amor?
Jesus oferece a todos nós um convite para participarmos da nova aliança de amor, graça e perdão. Ele nos convida a sermos renovados e transformados pelo seu sacrifício e a vivermos uma vida de serviço e entrega aos outros, assim como Ele viveu.
Então, à luz do que refletimos hoje, faço um apelo para que cada um de nós examine nosso coração e considere nossa resposta a Cristo. Ele merece nada menos que nossa entrega total, adoração e compromisso incondicional com Ele. São os seus corações movidos pela compaixão e soberania de Jesus? Vocês sentem o chamado para segui-Lo mais de perto, para amá-Lo mais profundamente e para servi-Lo mais fielmente?
Que esta não seja apenas uma reflexão momentânea, mas que se transforme em uma jornada diária de comprometimento, engajamento na missão e crescimento espiritual. Que possamos, a cada dia, nos submeter mais a Ele, deixando que Ele nos molde, nos guie e nos use para o avanço de Seu Reino.
Peço que cada um de vocês, em seu coração, faça este compromisso com nosso Senhor Jesus Cristo. Que sejamos verdadeiramente seus discípulos, vivendo em Sua luz, refletindo Seu amor e manifestando Sua graça a este mundo que tanto necessita Dele.
E para aqueles que ainda não fizeram esse compromisso com Jesus, que hoje seja o dia de uma nova aliança, de um novo começo. Que você receba Jesus em seu coração e também a vida abundante que Ele tem para te oferecer.
E neste momento de oração, reflita sobre estas verdades e responda ao chamado de Jesus em seus corações.
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