(Rm 2:1-4) O juízo dos homens e o juízo de Deus
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Ó homem. Hendriksen: “os gentios eram idólatras. Boa parte dos judeus, por meio de sua autorretidão, estava fazendo de si mesmos um ídolo. Boa parte dos gentios se recusava a se arrepender. Mas boa parte dos judeus, a seu próprio modo, fazia o mesmo.”
Sproul: “Poderíamos pensar que “ó homem”, seria uma maneira genérica de se dirigir a alguém, mas essa era uma forma comum de saudação usada entre judeus na antiguidade. Quando Paulo usa “ó homem”, ele está claramente se dirigindo ao povo judeu.”.
Não importa quem você é. Stott: “A principal ênfase de Paulo é claramente vista quando ele deixa de falar do mundo da imoralidade descarada (Rm 1.18–32) e passa para o mundo do moralismo autoconsciente. Ao que parece, ele está enfrentando todo ser humano (judeu ou gentio) que gosta de pregar a moral, que ousa julgar moralmente outras pessoas.”
Pratica as mesmas coisas. Calvino: “Tu és duplamente merecedor de condenação, pois levas a culpa dos mesmos vícios que condenas e reprovas em outrem.”
Mateus 7.1–4 “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?”
HDL: “Em virtude da sinuosidade da nossa natureza pecaminosa, chegamos a experimentar um prazer vicário em condenar os outros pelas mesmas falhas que perdoamos em nós mesmos. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, chama essa ginástica moral de “projeção”. Charles Erdman argumenta que não é raro que os mais prontos e severos em julgar sejam os mais culpados, uma vez que geralmente observamos na vida dos outros as faltas que existem em nós mesmos”.
HDL: “Os moralistas usam lupa para ver os pecados alheios, mas colocam vendas para enxergar os seus próprios. Eles são céleres para julgar os outros, mas lerdos para reconhecer a própria culpa. Escondem os próprios pecados, mas os projetam nas outras pessoas. Julgam os pecados alheios, enquanto eles mesmos praticam as coisas que condenam. É mais fácil ver o erro nos outros que em nós; julgar os outros que a nós mesmos; abominar o pecado nos outros que em nós e enfrentar a feiura do pecado dos outros do que os nossos. Concordo com John Stott quando ele diz que Paulo põe à mostra uma estranha fraqueza humana: nossa tendência em criticar todo mundo, à exceção de nós mesmos. Geralmente somos tão intransigentes ao julgar os outros quanto condescendentes em relação às nossas faltas. Conforme William Hendriksen, fazemos “uma avaliação demasiadamente favorável de nós mesmos e um juízo demasiadamente severo dos outros”.
Franz Leenhardt: “Aos olhos de Deus, não é o homem aquilo que sabe nem aquilo que diz, mas aquilo que faz”
Calvino: “Com tal cegueira nos lançamos ao amor de nós mesmos que a qualquer um lhe parece ter uma causa justa para exaltar-se e desprezar os outros em comparação consigo. Se Deus nos conferiu algo que não se deve lamentar, confiados nisso, imediatamente nos ensoberbecemos e não apenas nos inchamos mas quase rebentamos de soberba. Os vícios, de que estamos cheios, nós os ocultamos secretamente dos outros, e, adulando-nos, fingimos que nos são leves e insignificantes. E até acariciamos como virtudes! Os dons que admiramos em nós, se em outros os vemos, ou até maiores, para que não sejamos forçados a reconhecê-los, com nossa maldade os rebaixamos e censuramos. Mas se são vícios [dos outros], não nos contentamos em observá-los com atenção severa e aguda, mas os aumentamos de forma odiosa. Daí vem essa insolência pela qual cada um de nós, como se estivesse isento da lei comum, quer elevar-se acima dos outros e, sem excetuar ninguém entre os mortais, trata a todos com aspereza e arrogância e despreza-os, como se fossem inferiores a ele. Assim, cada um, adulando-se a si mesmo, constrói uma espécie de reino em seu peito. Arrogando-se a si mesmo as coisas que lhes agradam, censuram o caráter e os costumes dos demais; e, se chegar à contenda, aí aparece seu veneno... Assim, somos instruídos a recordar que os dons que Deus nos deu não são bens nossos, pois são dons gratuitos de Deus; e se alguém se ensoberbece por eles, demonstra assim sua ingratidão. “Quem te faz diferente?”, diz Paulo, ou “que tens que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias como se não o tivesses recebido?” (1Co 4, 7). Então, que pelo reconhecimento de nossos vícios sejamos reconduzidos à humildade. Assim não restará em nós nada com o que nos orgulhar; antes haverá muita razão para rebaixar-nos. Por outro lado, manda que respeitemos e admiremos os bens de Deus nos outros, quaisquer que sejam, para que honremos também aqueles que os possuem. Pois seria grande atrevimento privar um homem da honra que o Senhor lhe conferiu. Quanto a seus vícios, porém, somos ensinados a fazer vista grossa, não para os alimentar com adulações, mas para não insultar, por causa deles, aqueles a quem se deve aceitar com benevolência e honra. Assim, resulta que não somente devemos conduzir-nos modesta e moderadamente com todos aqueles com quem tratarmos, mas até com afabilidade e amizade. E nunca chegarás à verdadeira mansidão por outro caminho senão estando imbuído de coração a rebaixares-te a ti mesmo e a reverenciares os outros.”
Stott: “Paulo revela uma estranha fraqueza humana: nossa tendência de criticar todos, menos nós mesmos. Muitas vezes somos tão duros no julgamento que fazemos dos outros quanto complacentes no julgamento de nós mesmos. Nós nos colocamos em um estado de indignação moralista em relação ao comportamento desonroso de outras pessoas, enquanto o mesmo comportamento, quando é nosso, não parece nem de perto ser tão grave. Até sentimos uma satisfação indireta em condenar nos outros as mesmas falhas que desculpamos em nós mesmos. Ao fazer isso, nós nos expomos ao juízo de Deus e ficamos sem desculpa ou modo de escapar.
HDL: “Com isso Paulo não está alegando que devemos perder completamente o senso crítico e deixar de reprovar o que está errado em nós e nos outros. O propósito do apóstolo é reprovar a atitude dos que se arvoram em juízes dos outros em vez de condenar a si mesmos, já que são culpados de cometer os mesmos atos que condenam.”
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Segundo a verdade. HDL: “Aqueles que se mostram mais dispostos a emitir juízos condenatórios contra os outros parecem imaginar que serão julgados por alguma regra diferente, escapando assim da condenação de Deus. Paulo, contudo, afirma que o juízo de Deus é segundo a verdade.”
Calvino: “A verdade deste juízo consiste em dois fatores: primeiro, Deus punirá o pecado sem qualquer parcialidade, não importa em quem ele o detecte. Segundo, ele não leva em conta as aparências externas, nem se satisfaz com qualquer obra, caso não proceda ela de real sinceridade do coração. Segue-se disso que a máscara de uma fingida piedade não o impedirá de aplicar seu juízo à impiedade secreta.”
Hendriksen: “Eles eram as mesmas pessoas que estavam sempre se gabando do fato de que possuíam a “lei” (a revelação especial de Deus reduzida à escrita, o que hoje chamamos o Antigo Testamento), como se a mera posse os fizesse melhores do que quaisquer outras pessoas. E assim o apóstolo os faz lembrar o fato de que as pessoas justas a seus próprios olhos não escaparão do juízo. O que Deus requer é que pratiquemos as coisas que ele ordena.”
Hendriksen: “medindo a nós mesmos e aos outros fazendo uso de nosso próprio critério de medida? O resultado é, às vezes, uma avaliação demasiadamente favorável de nós mesmos e um juízo demasiadamente severo dos outros.”
Osborne: “A Escritura nos diz para exortar os outros quando são pegos em pecado, mas isso é para ser feito em amor para que a pessoa seja ajudada (Mt 18.15–16; Gl 6.1; Hb 3.13). Ao invés disso, o julgamento é feito com orgulho, olhando o outro de cima para baixo.”
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Juízo de Deus. Osborne: “À autocondenação do verso 1, Deus agora adiciona sua própria condenação, que acontece no presente e no julgamento final”.
2Coríntios 5.10 “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.”
Pensa que te livrarás? Sproul: “Quando A. C. Fields estava hospitalizado em seu leito de morte, um amigo foi visitá-lo e ficou chocado ao encontrá-lo lendo a Bíblia. Fields não era conhecido por sua devoção religiosa. Quando o amigo lhe perguntou por que estava lendo a Bíblia, ele replicou: “Estou procurando por saídas”. Todos pensam que haverá uma saída, um modo de escapar do Deus onisciente, santo e justo, mas não há maneira de escapar ao julgamento a não ser pelo caminho que esse Deus santo providenciou para o mundo, isto é, o caminho da cruz. Não desejamos esse caminho; desejamos encontrar um escape, entretanto, não existe nenhum.”
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Despreza… a bondade. Sproul: ““Você considera a bondade de Deus como algo trivial? Você a toma por concedida? Você considera que, porque Deus é bom ele não julgará?”. Esse é o mito religioso mais impregnado em nossa cultura hoje.”
Hendriksen: “razão para essa infundada tranquilidade, a saber: “Não fui abandonado por Deus a uma vida de escandalosa imoralidade (1.22–32); por isso é que a bondade (ou benignidade, generosidade), tolerância e paciência (ou longanimidade) de Deus estão ainda sorrindo para mim. Ele deve estar muitíssimo satisfeito comigo.”
Calvino: “eles não têm razão alguma de crer que Deus lhes será propício em razão de sua prosperidade extrínseca, visto que Deus tem um propósito bem diferente em fazer os homens bons, ou, seja: converter os pecadores a ele mesmo. Onde, pois, o temor de Deus não é prevalecente, a confiança na prosperidade consiste no menosprezo e motejo de sua imensurável munificência. Segue-se disso que aqueles a quem Deus tem poupado nesta vida receberão sobre si a aplicação de um castigo mais severo, visto que têm adicionado sua rejeição do convite paternal de Deus a suas demais perversidades”
Murray: “ao rejeitarem a graça e a bondade manifestadas em Cristo, os judeus deram o máximo de razão para a execução da ira de Deus e de uma punição no mais alto grau.”
Murray: “...“tolerância” e “longanimidade”. Juntas, essas duas palavras expressam a ideia de que Deus suspende o castigo e reprime a execução de sua ira. Quando ele exerce tolerância e longanimidade, não se vinga do pecado, executando imediatamente a ira. A tolerância e a longanimidade, por conseguinte, atuam sobre a ira e sobre a punição merecida pelo pecado, restringindo Deus na execução do castigo que o pecado merece.”
Murray: “sempre que os dons de Deus são subestimados, na verdade, eles são menosprezados.”
HDL: “Os críticos moralistas, tanto judeus como gentios, olham para a bondade de Deus como uma licença para pecar, e não como um chamado ao arrependimento. Veem a bondade de Deus como uma prova da parcialidade divina a eles demonstrada. Interpretam mal a bondade de Deus. Acreditam: “Nós não fomos abandonados por Deus a uma vida de escandalosa imoralidade (1.22–32). A bondade de Deus está sorrindo para nós. Deus deve estar muito satisfeito conosco”. No entanto, a ausência de qualquer dos vícios pagãos não constitui sequer uma única virtude. O alvo divino em demonstrar sua bondade não é produzir soberba espiritual, mas arrependimento”
Conduz ao arrependimento. Hendriksen: “o propósito da bondade de Deus – aqui provavelmente representando todos os três atributos previamente mencionados – não é de forma alguma fazê-lo sentir-se satisfeito, mas, antes, conduzi-lo à conversão”.
HDL: “A teologia errada produz um comportamento errado. Eles usam a bondade de Deus como uma blindagem para fugir do juízo em vez de reconhecer essa bondade como um constrangimento eloquente à santidade”.
Calvino: “Quando ele trata os transgressores de sua lei com a mesma indulgência, seu objetivo é modificar sua obstinação por meio de sua própria bondade; todavia, ele não declara que se compraz neles, e, sim, que os chama ao arrependimento”
Murray: “Não devemos entender tais palavras como uma atenuação da culpa.”
Murray: ““Arrependimento” significa mudança de mentalidade e se refere àquela transformação registrada em nossa consciência, através da qual, em nossa mente, sentimentos e vontade, nos voltamos do pecado para Deus. O arrependimento está vinculado à fé, como uma atividade que procede da fonte de vida do crente, sendo para a remissão de pecados e para a vida eterna (cf. At 20.21; Hb 6.1; Mc 1.4; Lc 24.47; At 2.38; 3.19; 11.18). A assertiva de que a bondade de Deus conduz ao arrependimento não deve ser enfraquecida, a ponto de significar apenas que ela nos mostra o arrependimento. Ao termo “conduz” devemos outorgar sua verdadeira força, ou seja, a de “transportar”
Murray: “a bondade de Deus, ao ser devidamente avaliada, conduz ao arrependimento; ela foi planejada para induzir ao arrependimento, aquela atitude que os judeus consideravam ser necessária apenas aos gentios. A bondade de Deus tem como intuito e propósito somente isso; quando devidamente compreendida, este é o seu efeito invariável. A condenação dos judeus reside no fato de não compreenderem tão simples lição.”
HDL: “É um estágio avançado de degradação moral quando apelamos para o caráter de Deus, especialmente as riquezas da sua bondade, tolerância e longanimidade, a fim de permanecermos em nossos pecados, alegando que Deus é bom e demasiadamente longânimo para castigar quem quer que seja e, portanto, podemos pecar e permanecer impunes. Isso é distorcer as Escrituras para nos favorecer. Isso é afrontar a Deus e sua Palavra. Isso é presunção, e não fé. Concordo com Adolf Pohl quando ele diz: “Quem deseja a graça, mas uma graça que não leva ao arrependimento, despreza a graça”
APLICAÇÃO
Julgar com amor. Sendo mais severo com a gente mesmo do que com os outros. Sem parcialidade e orgulho.
Não desprezar a bondade de Deus, e olhar para todas as bênçãos com gratidão e motivo para sermos cada dia mais santos, mais parecidos com Cristo.