O Desafio da Família (2)

Introdução

O pastor e o profissional comum..

1Timóteo 3.1–5 NAA

1 Fiel é a palavra: se alguém deseja o episcopado, excelente obra almeja. 2 É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, moderado, sensato, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; 3 não dado ao vinho, nem violento, porém cordial, inimigo de conflitos, não avarento; 4 e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito. 5 Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?

O ministério pastoral não é simplesmente uma profissão, mas é uma vocação. No texto que lemos, vimos que para esta vocação existem qualificações.

Das quinze qualificações exigidas para um homem ocupar o presbiterato da igreja, apenas uma se refere à habilidade de ensino. A maioria são qualificações morais e apenas uma está relacionada à habilidade intelectual. Na verdade, os requisitos para ocupar uma posição de liderança na igreja exigem excelência moral mais que intelectual. As qualificações estão relacionadas com a personalidade, o caráter e o temperamento da pessoa.

Nesta lista de qualificações, a família do obreiro tem uma importância muito grande, ou melhor, a forma como o pastor/líder de igrejas deve cuidar da sua família.

Não é difícil encontrarmos pastores frustrados com o ministério por por causa dos desgastes trazidos a família por causa do ministério. Filhos de pastores que não tem nenhum interesse sobre Deus e a igreja, com problemas com drogas e esposas traumatizadas com o convívio eclesiástico. Pastores que perderam o casamento por causa do ministério e alguns contextos que nos dá a impressão que família e ministério são coisas quase que incompatíveis. Esse sentimento de frustração cultura acaba levando muitos ao pensar, mesmo que de forma subliminar colocando família e ministério em lados quase que opostos. Mas, quando olhamos para as qualificações do pastor, vemos observações importantes sobre família especificamente.

Então, tudo que Deus faz é bom, se Deus te chamou para pastorear a igreja Dele, para plantar uma igreja e ele te deu uma família, essas duas áreas não podem estar em conflito. Mas você precisa cuidar bem da sua família, porque há um custo no ministério, mas não se engane, é impossível esse custo não recair nem um pouco na vida da sua esposa e filhos.

Mas ao mesmo tempo, fique tranquilo, o ministério não destrói a família, mas fortalece. Se está destruindo/enfraquecendo, tem alguma coisa errada na forma que você esta tratando a família ou o ministério.

Sendo assim, dentro dessas qualificações que lemos, gostaria de destacar alguns aspectos importantes no cuidado com a família.

Integridade conjugal

Com respeito à família do líder, alguns pontos merecem destaque.

Fidelidade conjugal. – É necessário, portanto, que o bispo seja […] esposo de uma só mulher.

O que significa, então, que o presbítero deve ser esposo de uma só mulher? Eu não quero entrar em questões divergentes que esse texto sugere, há duas questões que são inquestionáveis:

1) O líder não pode ser polígamo, ou seja, ter mais de uma mulher;

2) O líder não pode ser infiel à sua mulher, ou seja, não pode ser um adúltero.

O líder deve ser um homem de moralidade inquestionável, inteiramente fiel e leal à sua esposa. Não vive, à maneira dos pagãos, em uma relação imoral com outra mulher. Isso significa que o líder cristão deve ser um marido fiel, que preserve o matrimônio em toda a pureza.

Integridade e pureza conjugal no casamento, a falta de integridade nessa área, além de ser um pecado que afronta a santidade de Deus, causa efeitos devastadores na vida. Você conhece pastores que perderam o ministério? Agora tenta levar o motivo que o levou a perder o ministério…

A pureza no casamento está além da consumação do adultério, mas passa pela integridade do pensamento e dos desejos. Vivemos em uma cultura altamente erotizada onde somos bombardeados diariamente, nas ruas e pela mídia. Os conceitos na área de sexualidade a cada dia mais se afastam dos padrões de Deus para o homem. Mas entendemos biblicamente que só é possível encontrar satisfação nesta área quando preservamos a saúde e a pureza da sexualidade no casamento conforme a Palavra nos orienta.

Sendo assim, o serviço amoroso dos cônjuges um para com o outro deve ser elemento prioritário no casamento. Sirva seu cônjuge em amor, muitos conflitos conjugais nesta área são fruto de uma vida cujo o propósito é cada um agradar a si próprio e não ao Senhor.

Avalie sua fidelidade e integridade conjugal. Comprometa-se a manter a pureza em pensamentos e ações, e promova conversas abertas com seu cônjuge sobre a manutenção da integridade no casamento.

O Homem como líder servo.

O casamento não é uma conveniência social, nem uma simples invenção para que duas pessoas vivam juntas. Ele foi criado por Deus.

Diante de Deus, os cônjuges têm o mesmo valor moral e espiritual, mas responsabilidades diferentes. Mas com funções diferentes, isso significa que cabe ao marido a liderança da família, tendo Cristo como modelo de líder servo.

Medite sobre como pode servir melhor a sua família, imitando a Cristo em amor e humildade. Incentive momentos de estudo bíblico e oração em família, promovendo um ambiente espiritual saudável em casa.

Criando filhos no caminho

Diante de todas as teorias contemporâneas centradas no “eu”, temos o desafio de educar nossos filhos a luz da Palavra de Deus. E isso vai contra a filosofias contemporâneas e até mesmo o nosso próprio coração.

Saiba que por mais que você ame seu filho, Deus ama ainda mais. Portanto, se Deus ama seu filho mais do que você, ele sabe melhor do que você o que é melhor para o seu filho. Se Deus mandou você fazer, faça, eduque-o no caminho.

Avião em turbulência - Piloto.

O líder precisa liderar sua casa. – E que governe bem a sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?) (3.4,5). O primeiro rebanho do líder é sua família. Se ele fracassa em cuidar de sua casa, está desqualificado para cuidar da casa de Deus. Se não cria os filhos no temor do Senhor, não é capaz de exortar os filhos dos demais crentes. Se os próprios filhos não lhe obedecem nem o respeitam, dificilmente sua igreja lhe obedecerá e respeitará sua liderança. John Stott diz corretamente que o pastor é chamado a exercer liderança em duas famílias, a dele e a de Deus, e a primeira é onde ele é treinado para poder atuar na segunda. Por isso, cuidar das igrejas significa construir antes de tudo famílias saudáveis na fé.

Considere maneiras práticas de instruir seus filhos na Palavra de Deus, contrapondo as filosofias contemporâneas. Envolva-se ativamente na educação espiritual de seus filhos, promovendo o evangelho no coração deles. Antes de ser salvo dos perigos que estão lá fora, seu filho precisa ser salvo do maior inimigo dele que está dentro do seu próprio coração.

Integridade e mordomia na gestão financeira.

Ao meditarmos sobre as qualificações de um pastor, vemos que a forma como ele lida com o dinheiro e os bens materiais estão ligados diretamente com o ofício pastoral. A bíblia nos ensina a sermos bons mordomos de tudo aquilo que Ele nos dá. Junto com a infidelidade conjugal, falta de sabedoria e questões financeiras são as duas razões que mais causam divórcio, no Brasil e em boa parte do mundo.

No que se refere ao trato do dinheiro e bens, o líder não pode ser um homem avarento (3.3). Avareza é o apego ao dinheiro. É amar o lucro mais que a Deus. É estar apegado ao dinheiro mais que ao ministério. É lidar com os outros interessado nos bens que eles possuem em vez de lutar pelo bem das outras pessoas.

É triste ver quantos líderes religiosos fazem da igreja uma empresa particular. Transformam o evangelho em um produto, o púlpito em um balcão, os crentes em consumidores e o templo em um negócio. O vetor desses líderes avarentos é o lucro.

A ganância e a avareza apontam para a idolatria do dinheiro. O próprio Senhor Jesus fala sobre a incompatibilidade entre servir a Ele e ao dinheiro. Você precisa dizer para o dinheiro quem é dono de quem.

Reflita sobre sua gestão financeira à luz das Escrituras. Estabeleça princípios bíblicos de mordomia financeira, evitando a avareza e promovendo a generosidade e o contentamento. Tenha um plano, procure auxílio nessa área.

Aplicação

Talvez você que não é um pastor, e nem pretende ser, talvez esteja pensando o seguinte: Dessa responsabilidade eu estou livre… Mas, o que Paulo apresenta aqui são qualificações que o Senhor espera de todo o Cristão, e que para ser líder, esse é o ponto de partida. Essas qualificações são muito mais do que meros requisitos para pastores, mas uma expressão da boa vontade do Pai para os seus filhos em suas famílias.

Cuidado com a família significa cuida-la com zelo, porém não podemos confundir o que de fato isso significa, para que a família não seja transformada em um ídolo. Jesus é o seu bem mais precioso, por isso você só vai conseguir amar sua família de uma forma perfeita se o amor a Jesus for maior do que o amor a ela. Jesus nos amou de forma perfeita, não foi de forma neurótica. O pecado nos faz “amar” de forma neurótica e transformar em ídolos coisas boas que Deus nos deu como a família e até mesmo o ministério.

O que nos impede por exemplo de pecar contra o nosso cônjuge é o amor a Jesus, por mais que você ame sua esposa ou marido, a cruz é a única coisa que nos faz desistir de pecar de verdade. Porque por melhor que seja seu cônjuge, assim com você encontra nele razões para amá-lo, vai encontrar também razões para não amá-lo. Portanto, a sua devoção e a sua responsabilidade como líder pela devoção da sua família é fundamental.

As vezes queremos “proteger" a nossa família da igreja, e não queremos que eles assumam nenhuma responsabilidade na igreja, mas isso é errado. Jogar uma responsabilidade excessiva na família do pastor é tão perigoso quanto não querer que a família não tenha nenhuma responsabilidade na igreja. Antes de pastorearmos a igreja, somos pastores da nossa família, e quando a nossa família não tem nenhum compromisso com a igreja, o nosso discurso se torna incoerente. Porque um dos grandes problemas em uma igreja é a falta de engajamento dos membros (não só pelo problema, mas porque servir é um compromisso de todo cristão, mas esse discurso só se aplica a família do pastor).

Portanto, família e ministério precisam estar em Harmonia.

Reflita sobre o equilíbrio entre a vida familiar e o ministério. Como pode ajustar compromissos para não negligenciar sua família? Faça alterações necessárias para priorizar tanto a família quanto o ministério de maneira saudável.

Considere maneiras de envolver sua família de maneira saudável e equilibrada nos serviços e atividades da igreja, promovendo a coesão e a unidade na missão da igreja.

Avalie como sua relação com Deus está influenciando sua família e seu ministério. Comprometa-se a colocar Deus em primeiro lugar, permitindo que seu amor por Ele transborde para sua família e ministério.

Examine seu nível de comprometimento e envolvimento com a igreja. Busque maneiras de estimular um comprometimento saudável de todos os membros da família com a igreja, promovendo um senso de missão.

Conclusão

Quando não encontramos tempo para servir a Deus por causa da família. Nesse caso a família é apenas uma desculpa para desobedecermos a Deus. Da mesma forma, quando não encontramos tempo para a família por causa do ministério, o ministério é apenas uma desculpa para também desobedecermos a Deus.

Lembre-se o cuidado com a sua família primeiramente deve ocorrer por obediência a Deus, é seu papel antes de tudo como cristão. Segundo, você vai pastorear famílias, e a nossa liderança vem também pelo exemplo (I Pedro 5: 1-4).

Deus nunca contraria a sua própria Palavra, se Ele mesmo estabeleceu critérios que qualificam o obreiro para a Missão, isso deve ser tratado com muita seriedade. Se a família está em desordem, não é hora de plantar uma igreja. Se Deus te chamou para abençoar famílias, e fazer algo através de você, Ele precisa primeiro fazer algo em você.