Esperança para dias de luto

Gênesis 23.1–4 ARA

1 Tendo Sara vivido cento e vinte e sete anos, 2 morreu em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; veio Abraão lamentar Sara e chorar por ela. 3 Levantou-se, depois, Abraão da presença de sua morta e falou aos filhos de Hete: 4 Sou estrangeiro e morador entre vós; dai-me a posse de sepultura convosco, para que eu sepulte a minha morta.

Meus amados, aqui neste texto bíblico vemos Abraão, o pai da fé, o homem que andou com Deus, vivendo um dia de luto. Aqui vemos o homem que ouviu Deus falar, que falou com Deus, que hospedou anjos em sua casa, que obedeceu à voz que disse a ele ir morar numa terra estrangeira, passando por esta terrível experiência. Pois mesmo o fato dele ser um homem de fé não o livra de momentos como este.

Isto aconteceu já no final da vida de Abraão. Deus havia prometido a ele muitas coisas: que dele viria uma grande descendência, por meio da qual abençoaria as famílias da terra; e que essa descendência possuiria aquela terra de Canaã. Parte disso havia se cumprido. Isaque já era um rapaz. Mas a terra ainda não lhe pertencia. Até agora, quando o vemos passando por esse momento de aflição.

Na vida nós também passamos por momentos como este. Perder um familiar, alguém querido, é um desses momentos. Nessas horas, pode ser difícil enxergar a providência de Deus em nossa vida. Mas podemos aprender com Abraão sobre como devemos lidar com momentos assim.

Veja a providência de Deus (v. 1-2)

Em primeiro lugar, nesses momentos assim, você deve enxergar a providência de Deus (v. 1-2).

Nos versículos 1 e 2 temos a morte de Sara. Foi um momento de grande aflição para Abraão. Abraão veio lamentar e chorar por ela. Podemos apenas imaginar sua tristeza. Sara o acompanhou desde que ele decidiu sair de Ur dos Caldeus. Sara por vezes duvidou, mas viu o cumprimento das promessas de Deus. Apesar de seus erros, Sara é retratada na carta aos Hebreus como uma heroína da fé, a qual devemos imitar.

Foi no momento de aflição que Deus cumpriu na vida de Abraão mais um de seus propósitos. Note que o nome de Deus não é mencionado uma só vez neste capítulo. Perceba que trata-se de apenas um episódio triste. O que Abraão faz aqui parece ser uma simples negociação, coisas que se faz quando um familiar morre: arranjar um jazigo onde se possa colocar o morto. Mas por trás desse triste acontecimento, os planos de Deus estavam avançando. É aqui que o povo de Abraão passa a ter uma pequena propriedade em Canaã, a terra que Deus prometeu àquele povo.

Quero que você pense nisso em sua vida também. A Bíblia diz que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Nem sempre compreendemos isto. Mas em cada acontecimento Deus está trabalhando. Mesmo os dias mais sombrios e tristes.

Na Bíblia há exemplos. Lembre-se de José no Egito, como ele sofreu anos de escravidão e prisão. Mas isto foi para que o povo de Deus, na hora certa, não morresse de fome.

Lembre-se de Jó. Aquele homem sofreu muito. Mas o seu sofrimento trouxe para nós edificação, por meio do livro que nos conta a sua história.

Por fim, olhe para Cristo. Ele sofreu injustiça, foi maltratado, foi crucificado. E no seu sofrimento, na injustiça que sofreu, nos foi dada a porta para a vida eterna. Deus usa momentos sombrios para cumprir seu propósito, para a edificação de sua igreja.

Então, considere isto: em momentos assim, olhe para a providência de Deus.

Viva pela fé (v. 3-16)

Em segundo lugar, viva pela fé (v. 3-16). Em outras palavras: responda ao sofrimento de um modo que mostra a sua confiança em Deus e em suas promessas. É isso que Abraão faz.

Quando um familiar morre, vocês sabem que é necessário tomar certas decisões. Tem de providenciar um jazigo, decidir detalhes do funeral, resolver a parte burocrática. Ninguém quer pensar nessas coisas, mas é necessário. Abraão teve de lidar com isso já. Ele teve de ver onde iria enterrar a sua esposa.

E até mesmo em tais decisões, Abraão agiu com fé. Abraão é o pai da fé. A Bíblia fala de Abraão como aquele que creu na promessa de Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Na carta aos Hebreus, nos é dito que ele "pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia" E até nesse momento mais sombrio, ele demonstrou fé.

Veja aonde Abraão decidiu enterrar Sara. Ele decide enterrá-la ali mesmo em Hebrom, em Quiriate-Arba.Em Gênesis 13, o Senhor promete a Abraão que seus descendentes iriam possuir a terra de Canaã. E em Gn 13.18, depois de ouvir essa promessa de Deus, Abraão passa a viver em Hebrom, em Quiriate-Arba, que é onde ele está desde então.

Nos dias de Abraão, era costume enterrar alguém que morreu na sua terra natal. Eles levavam o corpo até lá, e lá enterravam. O mais natural é que Abraão levasse o corpo de Sara até Ur, dos caldeus. Mas ele decidiu enterrá-la em Canaã, a terra que Deus prometeu a ele e a seus descendentes.

Abraão não se esqueceu da promessa de Deus. É por isso ele decide comprar uma terra ali. Mas essa compra não seria tão fácil. Os moradores da terra, como você pode ver no capítulo, são relutantes em dar-lhe a terra. Mas Abraão insiste, e consegue adquiri-la, por um alto preço.

Veja, em momentos assim, também devemos aprender a viver pela fé. Não podemos definhar. Não podemos perder a esperança. Não podemos desanimar a tal ponto de não mais querer viver. Temos razões para caminhar. Temos promessas de Deus, as quais precisamos nos apropriar pela fé.

Deus prometeu cuidar do seu povo. Deus prometeu dar força e livramento para cada tentação. Deus prometeu dar a salvação a todo aquele que crê no Senhor Jesus. Por isso, você deve continuar vivendo. Você deve continuar cumprindo as suas responsabilidades. Ame sua família. Crie seus filhos. Ame seu cônjuge. Mesmo sem vontade, viva com base na fé nas promessas de Deus, e ele te sustentará.

Espere as promessas de Deus (v. 17-20)

Em último lugar, em momentos assim, lembre-se que a morte não é o fim. Ainda há promessas futuras de Deus para todo aquele que crê.

No final do capítulo 23, vemos que Abraão obteve a posse daquela terra:

Gênesis 23.17–18 ARA

17 Assim, o campo de Efrom, que estava em Macpela, fronteiro a Manre, o campo, a caverna e todo o arvoredo que nele havia, e todo o limite ao redor 18 se confirmaram por posse a Abraão, na presença dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.

A capela de Macpela, o campo cheio de árvores, tudo era agora de Abraão. E isso seria de seus descendentes para sempre.

Esse pedacinho de terra será muito importante ainda no livro de Gênesis. Uma parte de Canaã agora pertence a Abraão e a seus filhos. Um pedacinho daquilo que Deus prometeu agora estava se cumprindo. O próprio Abraão será sepultado nesse mesmo lugar, que ele comprou (Gn 25.10).

Então Isaque, seu filho, também virá a morar ali. E ali ele será sepultado (Gn 35.27). E Jacó viverá ali desde então, conforme Gênesis 37.1. E em Gn 49.29-33, vemos Jacó, no seu leito de morte, pedindo para ser enterrado nesse mesmo lugar. E em Gênesis 50.24, José pede a seus irmãos que, quando Deus os levar para Canaã, que transportem seus ossos do Egito para lá. A esperança era ser enterrado no mesmo lugar.

Por que esse pedacinho de terra é tão importante? Porque ele é um sinal de algo maior que Deus lhes prometeu. Deus prometeu àquele povo toda a terra de Canaã. Deus prometeu abençoar aquele povo. Deus prometeu fazer daquele povo uma grande nação. E aquela terra era um pedacinho disso, uma lembrança das promessas de Deus.

E a própria terra sinalizava algo maior. Como a carta aos Hebreus nos dirá, Abraão aguardava a “cidade que tem fundamentos”, a Nova Jerusalém, os novos céus e terra reservados aos que creem no evangelho:

Hebreus 11.9–10 RA

9 Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; 10 porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.

Naquele dia, Abraão perdeu Sara. Mas ele sabia que isso não era o fim. Ele cria e aguardava o cumprimento de promessas futuras. Ele acreditava na promessa de um descendente, e pela fé foi justificado. Sara cria no mesmo, e por isso era herdeira da mesma promessa.

Da mesma maneira aqueles que hoje creem no Senhor Jesus Cristo sabem que a morte não tem a palavra final, mas aguardam a vida eterna e a volta de Jesus, onde haverá ressurreição e iremos morar no lar celestial. É por isso que podemos ter esperança e não cair em desespero, mesmo em dias assim.

Em suma, o que fazer em dias como este?

Considere a providência de Deus; como ele usa até os acontecimentos mais sombrios para realizar os seus planos.

Viva pela fé; tome decisões que levem em conta as promessas de Deus, seguindo o exemplo do Pai da Fé.

Aguarde o cumprimento das promessas de Deus; Jesus voltará e levará os crentes para a cidade celestial, junto daqueles que morreram no Senhor.

Que tais promessas os sustente, e que o os console nos dias difíceis. Em nome de Jesus. Amém.