Santificação cultural: uma exposição bíblica sobre o tema

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Santificação cultural:

uma exposição bíblica sobre o tema

INTRODUÇÃO
Inicialmente devemos compreender o que o tema propõe:
Definir a ideia de “Santificação Cultural”.
Alguém, com sinceridade, pode se perguntar sobre o título desta exposição: “Santificação cultural, seria ‘cristianizar’ o que é secular”? A resposta para a pergunta é: Não! Ou curiosamente se questionaria: “Santificação Cultural, seria algo que existe na cultura e que devemos nos apropriar”? A resposta também é: Não! E mais alguém pode se perguntar: “O que é cultura”? Vamos definir cultura como: “as crenças gerais, prioridades e valores da comunidade que são expressões que são expressos nas Esferas de Poder e em suas práticas” (Definição de: Oliver Barclay).
O nosso ponto de partida para compreendermos do que trata o assunto é: A) Este tema envolve a assinatura de Deus como Criador e Sustentador do cosmo (da criação, que envolve a cultura), tanto como o: B) nosso papel nesse Palco da Criação. Este é um assunto que meche com nossos pressupostos (pilares de crença). Este assunto não nos envolve, necessariamente como pessoas vocacionadas com determinados dons em diversas áreas (mesmo que os possua); esse assunto nos envolve como aqueles que foram criados a imagem de Deus, e receberam tanto a “lei” (vamos usar essa expressão) como a missão de “cultivar e guardar”.
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Indo ao tema, fazendo uma exposição bíblica sobre o mesmo, temos aqui a proposta apresentada na tríade:
CRIAÇÃO — QUEDA — REDENÇÃO
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CRIAÇÃO
Gênesis 1.27–28 (ARA):
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.
Deus criou — como tudo foi criado? — que “lei” (no sentido mais amplo da expressão, não como Lei Religiosa, mas como uma ordem natural) Deus ordenou aos homens? Resposta: sujeitai e dominai o que fora criado.
Os vocábulos “sujeitar” e “dominar” em determinados contextos tem uma conotação negativa, mas neste especificamente ocorrem num sentido positivo. Tendo como resultado então que: “à espécie humana é dada a responsabilidade sobre a criação de Deus, o que fica evidente pelo fato de que esse comando é parte da benção de Deus” (Gn 1:28a).
Em outras palavras: O Senhor responsabilizou o ser humano com o governo. Para administrarmos o que Ele criou. Não era administrar no sentido de receber um talento e guardá-lo para não perder (Mt 25:24-25) é no sentido de desenvolver o que Deus estabeleceu, ex.: o “multiplicai-vos e enchei a terra”. Tens aí a Esfera de Soberania: Família. E o governo sobre a mesma. Partindo da mesma, desenvolvam-se.
Mas nem tudo foi flores nesta história...
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QUEDA
Da beleza de toda a criação, do Gênesi do fazer cultura, o homem desobedece ao Senhor. Quebra a lei que o Eterno estabeleceu.
Gênesis 3.16–21 (ARA):
E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás. E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos. Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.
Nós sabemos que a queda resultou em problemas para o ser humano, não somente em relação a si mesmo, mas com a própria criação. Temos um exemplo no texto: o governar a criação (a sociedade) — O Senhor deu ordem para eles crescerem e multiplicarem. Progressivamente (pensando num mundo sem o pecado) teríamos uma sociedade bem desenvolvida. Naturalmente, acredito, uma hierarquia surgiria.
Mas infelizmente, por causa do pecado, o homem erra, desonra o Criador nessa esfera de soberania (O Estado). Ex.: Quando os soldados de Israel matam centenas de Judá e tomam outros como escravos (2Cr 28:10).
Aconteceu no meio do povo do Senhor, e temos exemplo na história também, onde existem crises nas esferas de soberania. Quando acontece de um Estado Totalitário se levantar contra as demais: Família, Igreja, Ciência etc.
A queda trouxe problemas para a maneira como nós cristãos, compreendemos a criação. No livro “Mente Cristã”, Oliver Barclay expõe três perspectivas que os cristãos usam para expressar seu envolvimento com a cultura: A) A ênfase do “não ameis o mundo” (abstendo-se de tudo que o envolve); B) A ênfase da “boa criação” (esquecendo-se que nada fica sem ser tocado pelo mal) e C) A tradição liberal: Cristo “satisfazendo a cultura” (negando que existe uma rebelião contra Deus e não uma imaturidade.
Mas o Senhor continua agindo na história. Ele não é somente o criador, mas o sustentador de tudo. Aprouve ao Eterno cumprir o que havia prometido em Gn 3:15 — enviando o Cristo para redimir o que criou.
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REDENÇÃO
Redenção diz respeito a restauração. Em Cl 1:19-20 está escrito:
porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
Wolters, Albert M. em “A Criação Restaurada”, observa como:
É surpreendente que todas as palavras básicas que descrevem a salvação na Bíblia sugerem o retorno a um estado ou situação originalmente bom. Redenção é um bom exemplo. Redimir é, literalmente, “comprar de volta”, e a imagem evocada é a de um sequestro.
Temos também como exemplo, o vocábulo utilizado em Rm 12:2, na frase “renovação da vossa mente”. A Palavra renovação significa tornar novo novamente. Como Wolters comenta: isso acontece quando algo é “trazido de volta à sua qualidade antiga.”
Essa renovação, esse tornar a mente ao estado que deveria ter, nos leva a constatar o que Davi declara no Salmo 36:9b:
“na tua luz, vemos a luz”.
O Senhor muda nossa mente, consequentemente o nosso olhar também. Tudo, através da obra redentora de Cristo. Essa é a visão que devemos ter sobre a criação, da qual devemos estar cientes e ensiná-la na Igreja do Deus vivo, que é coluna e baluarte da verdade.
Como tal nós devemos compreender, e termos uma posição clara diante da cultura secular, compreendendo-a mediante a leitura das Esferas de Soberania (Família, Igreja, Estado, Ciência etc.), se estas estão em Cristo ou não.
Diante disto Wolters constata que:
Com o pretexto de guardar-se do “mundo”, o corpo de Cristo realmente permite que os poderes da secularização e da distorção dominem a maior parte da sua vida. Isso não é tanto uma fuga do mal quanto uma negligência de obrigação.
Não devemos negligenciar a santificação cultural, que é realizada por meio da atuação daqueles que foram redimidos. Atuação nas diversas áreas. E uma atuação como Cristo aponta em Mt 5:13-16:
Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.
Estas boas obras que nos são lembradas por Paulo em Ef 2:10
Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
O movimento que a Providência de Deus fez na história nos mostra que — provavelmente — o Senhor estava preparando o seu povo para isso. Num momento eles são vistos como uma grande nação, até mesmo étnica, mas depois foram sendo espalhados entre outros povos, com suas culturas, e assim chegamos ao que é declarado por Jesus no verso que 16 de Mt 5. Os holofotes não devem estar em nós, mas no Eterno, através das suas obras.
Ao compreendermos isto, atuaremos nas demais Esferas de Soberania sem precisar fazermos propagando para mim, ou para nós. Podemos ver isto na arte por exemplo, como disse Rookmaaker:
Para utilizar uma metáfora, a arte não deve ser comparada à pregação. Mesmo a melhor obra de arte ainda seria uma pregação ruim. Ela pode ser comparada ao ensino, mas o professor frequentemente tem de falar sobre matemática, geografia, história, botânica e, às vezes, mesmo que raramente sobre religião. A melhor comparação talvez seja com um encanamento. Embora ele seja algo totalmente indispensável em nossas casas, raramente nos damos conta de sua existência.
Dentro dessa ideia, Rookmaaker afirma que a arte não precisa de justificativa. Para ser um artista cristão, você não precisa adicionar um elemento cristão. A arte tem significado em si mesma.
Ele deve servir para a sociedade para conectá-los com o que eles não sabem que existe. Mas que está ali, no seu coração. A centelha divina.
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