Marcos 10:1-12

Marcos 10:1-12

Sobre a dureza do coração:

Introdução

OBSERVAÇÕES DO TEXTO

O Senhor partiu daquele lugar, Cafarnaum (Mc 9:33), para o território da Judeia, além do Jordão. Mais uma vez multidões se reuniram para ouvi-lo e ele as ensinava. Especificamente, como afirmam comentaristas, na região da Pereia, nome da localidade que ficava a leste (o que significa o “além do”).

v.2: “Alguns fariseus se aproximaram, e o experimentaram, perguntando-lhe”. Nós sabemos quem são os fariseus, e não nos surpreende a intenção deles para com Jesus: experimentá-lo. Em outras palavras: A ideia era pregar-lhe uma peça, preparar uma armadilha para ele.

A pergunta que os fariseus fizeram sobre o divórcio tinha como intenção colocar Jesus no meio dos seguidores de duas escolas teológicas que existiam entre os judeus: Shmmai e Hillel. Ambas se baseavam em Deuteronômio 24:1, que diz:

Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa;

As escolas se baseavam no mesmo versículo mas com interpretações diferentes. Shammai dava enfase ao objeto que lhe traria desagrado aos olhos: o adultério. Em contra partida Hillel era mais “liberal” na interpretação, dando enfase na expressão “não achar favor aos seus olhos”, permitindo o divórcio pelas questões mais insignificantes, desde a permissão para rejeitar a esposa por ela servir-lhe comida levemente queimada, ou até, estando em casa, falasse alto e os vizinhos ouvissem.

Esse pensamento não era somente algo da academia teológica da época, mas parece que os discípulos de Jesus tinham a opinião parecida com Hillel (Mt 19:10). O ponto é que os fariseus queriam fazer uma pegadinha para Jesus. Se ele respondesse conforme pensa Shammai, desagradaria os seguidores da outra escola. Se respondesse como Hillel, possivelmente seria acusado como alguém que é moralmente frouxo.

Jesus responde os fariseus no versículo 5. Ele não olha para esses motivos, mas para o coração deles. Afirmando para eles que, a carta de divórcio fora concedida por causa da dureza do coração deles.

Essa parte da resposta é mal interpretada por alguns. Alguns irmãos pensam que essa dureza do coração é por parte daqueles que, sendo a “vítima” do adultério, não se reconciliam. E consequentemente interpretam a reconciliação como sinônimo de perdão. Mas não é bem assim.

Os fariseus estão perdidos aqui. Jesus lhes ensina o que não veem na Lei de Moisés. Mas, dos versículos 6-9 ele os convida para um retorno ao gênesis da criação. Não somente para a lei que fora estabelecida, mas para aqu’Ele que assim o fez. O ponto chave do argumento de Jesus se encontra no versículo 9, que diz: “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”.

Esta conversa que Jesus teve com os fariseus, foi no meio da multidão, fora de casa.

No versículo 10, Jesus, estando em casa com os discípulos, é chamado para conversar novamente sobre o assunto. Os doze voltam a interrogá-lo. E o Mestre é direto nas respostas, Mc 10:11-12:

E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.

O vocábulo, divórcio e repudir no original, aqui no texto nos ajudam a compreender que são atos diferentes. O repudiar significa largar, abrir mão. Não há motivo justo para isso, dentro da teologia bíblica. Mas sobre a unica justificativa para o divórcio, encontramos Jesus falando sobre em Mateus 19:9:

Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério].

Mas perceba que Jesus traz a atenção dos discípulos a algo aqui: a mulher também conseguiria repudiar seu marido? Dentro da cultura judaica? Não. Parece algo sem sentido aqui? Talvez para alguns. Mas se você perceber a enfase que Jesus deu no argumento para os fariseus, fará todo sentido.

Nestes versos Jesus mostra que homem e mulher são iguais diante do Senhor. Não creio que seja uma intencional exposição do que havia de errado na cultura judaica, no pecado que havia no coração deles. Esse pecado estava claro. Mas, acredito mesmo que o Senhor Jesus volta os olhos dos discípulos para o que era mais importante no argumento: Deus fez tudo de forma perfeita e justa. Para o homem e para a mulher.

TRANSIÇÃO: .

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Feitas estas considerações, convido os irmãos a observarem no texto, três princípios espirituais, que ajudarão os que andam confusos a retomarem a direção certa:

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1. CRIAÇÃO

DEUS CRIOU TUDO COM ORDEM:

Segundo Hendricksen:

“Fica claro que Jesus entendia Gn 2:24, combinado com Gn 1:27, como uma ordenança divina, não como uma mera descrição do que usualmente acontece na terra.”

Eu creio da mesma forma. Deus criou tudo perfeito e com ordem. Uma ordem que exige Leis, que para alguns podem ser leis naturais, ou como afirmam teóricos: uma teologia natural. Com sua estrutura e direção.

Deus criou o homem para desenvolver-se em sociedade (Gn 1:28). Dentro de várias esferas, que teólogos denominam como Esferas de Soberania. Como ex. temos: Família, Igreja, Estado, Artes, Educação etc. Cada uma com sua estrutura e princípios bíblicos, ordenados pelo Senhor. Por isso cremos que Deus criou tudo com ordem.

TRANSIÇÃO: Mas existe uma barreira que muitas vezes nos impede de ver desta forma:

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2. QUEDA

A DUREZA DO CORAÇÃO OS IMPEDIA DE VER:

Essa barreira impedia que os fariseus compreendessem o motivo real da carta de divórcio. Essa lei não fora entregue somente para satisfazer anseios, mas para assegurar que aquela mulher que fora repudiada estivesse segura.

A dureza do coração nos impede de ver o óbvio. Deus criou homem e mulher para estarem unidos em matrimônio (não entrarei no mérito daqueles que tem o dom do celibato). Mas para aqueles que tem o dom para o matrimônio, estes devem compreender a importância de contrair esta união.

Desde o início estava nos planos do Senhor, e fora executado perfeitamente, Jesus afirma isso dos versículos 6-8. Mas os fariseus não percebiam, e não somente eles, os doze também não viam isto.

A dureza no coração era tão grande que, em casa, depois que os discípulos ouviram novamente o discurso de Jesus, concluíram: Mt 19:10

Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar.

A dureza do coração, também levou os fariseus a ouvirem a resposta de Jesus, em Mc 10:9: “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”. Que em outras palavras os fariseus ouviram possivelmente assim:

“Vocês não compreendem o porque a carta de divórcio foi concedida. Vocês entendem errado e pecam por isso. Deus, antes de estabelecer esta lei, criou homem e mulher e constituiu o matrimônio. O Senhor fez isso. O que ele uniu o homem não pode separar”. Se o adultério é algo abominável diante do Senhor, tanto que é a clausula única para a quebra da aliança matrimonial, imagine o pedir divórcio por que não gosta da voz da esposa, ou da forma que o marido dá risada?

Aqui o Senhor os coloca contra a parede e mais uma vez expõe o que existia nestes corações.

TRANSIÇÃO: Mas o Senhor é misericordioso e redime pecadores, mudando seus corações...

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3. REDENÇÃO

A MISERICÓRDIA DO SENHOR SE MANIFESTA NA LEI

Jesus disse que a carta de divórcio foi concedida aos homens por causa da dureza do seu coração. Em outras palavras, por causa do pecado. Pecado que de maneira objetiva é apontado em Ex 20:14, como o sétimo mandamento: “Não adulterarás”.

A misericórdia do Senhor então se manifesta na lei. Quando por causa da queda o “adultério” surgiu na criação e então Deus constituiu esta lei que Moisés registrou. Nesta lei o Senhor visa cuidar tanto do homem, como da mulher.

Jesus, dentro da ordem criacional, lembra aos discípulos como Deus o Pai olha para o homem e para a mulher. Ambos podem ser vítimas desse pecado e misericordiosamente o Senhor concede carta de divórcio para o coração que sofre.

Tanto nesta esfera, como nas demais, Deus alcança vidas, alcança a criação, através de Cristo. Somente de Cristo. Através do que fora realizado na cruz, é que você, diferente dos fariseus ou dos doze neste momento, pode ver claramente a vida que Ele preparou para você. Numa família, na igreja, na sociedade etc.

Por que ele cumpriu a lei, derramando seu sangue para remissão de nossos pecados, como está escrito em Hb 9:22:

Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.

A misericórdia do Senhor se manifesta na Lei e seu cuidado para com os homens, tanto como na Lei cumprida por Cristo, que nos limpa os olhos para vermos o propósito para o qual o Senhor nos criou, e assim vivermos.

TRANSIÇÃO:

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CONCLUSÃO:

Aaaaaaaaaaa