Solidão e Sofrimento

A Missão do Rei  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

Antes de nos aprofundarmos no texto de hoje, gostaria falar brevemente sobre o contexto em que tudo isso se desenrola. No texto anterior, vimos as previsões de Jesus sobre eventos futuros, onde Ele compartilha com seus discípulos as notícias angustiantes da traição iminente de um dos seus próprios.
Ilustração: Imaginem um cenário de uma ceia, onde cada rosto reflete uma mistura de emoções - confusão, tristeza, preocupação e descrença. No centro, Jesus, com uma expressão de amor e tristeza, aponta para uma bolsa de moedas, simbolizando a traição por trinta moedas de prata, enquanto os discípulos murmuram entre si, questionando quem, dentre eles, trairia seu Mestre.
Esta imagem encapsula o sentimento de tensão e desolação que envolve a trama de traição dentro da narrativa bíblica. É uma representação visual da tempestade que está por vir, uma tempestade que mudará o curso da humanidade para sempre. Neste texto, vamos explorar a traição de Judas, a resposta dos outros discípulos, e as reflexões sobre fé, lealdade e redenção que emanam desse episódio crucial.
Agora, ao nos aproximarmos deste episódio, somos convidados a mergulhar em seus detalhes e implicações, buscando uma compreensão mais profunda das ações de Judas e suas consequências na trama redentora de Deus.
Marcos 14.27–52 NAA
27 E Jesus disse aos discípulos: — Serei uma pedra de tropeço para todos vocês, porque está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.” 28 Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vocês para a Galileia. 29 Então Pedro disse a Jesus: — Ainda que o senhor venha a ser um tropeço para todos, não o será para mim! 30 Mas Jesus lhe disse: — Em verdade lhe digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes. 31 Mas Pedro insistia com mais veemência: — Ainda que me seja necessário morrer com o senhor, de modo nenhum o negarei. E todos os outros diziam a mesma coisa. 32 Então foram a um lugar chamado Getsêmani. Ali, Jesus disse aos seus discípulos: — Sentem-se aqui, enquanto eu vou orar. 33 E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. 34 E lhes disse: — A minha alma está profundamente triste até a morte; fiquem aqui e vigiem. 35 E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. 36 E dizia: — Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice! Porém não seja o que eu quero, e sim o que tu queres. 37 E, voltando, achou-os dormindo. E disse a Pedro: — Simão, você está dormindo? Não conseguiu vigiar nem uma hora? 38 Vigiem e orem, para que não caiam em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 39 Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. 40 E voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os olhos deles estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. 41 E, quando voltou pela terceira vez, Jesus lhes disse: — Vocês ainda estão dormindo e descansando! Basta! Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantem-se, vamos embora! Eis que o traidor se aproxima. 43 E logo, enquanto Jesus ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e, com ele, uma multidão com espadas e porretes, vinda da parte dos principais sacerdotes, escribas e anciãos. 44 Ora, o traidor tinha dado a eles um sinal: “Aquele que eu beijar, é esse; prendam e levem-no com segurança.” 45 E logo que chegou, aproximando-se de Jesus, Judas disse: — Mestre! E o beijou. 46 Então eles agarraram Jesus e o prenderam. 47 Nisto, um dos que estavam ali, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha. 48 Jesus lhes disse: — Vocês vieram com espadas e porretes para prender-me, como se eu fosse um salteador? 49 Todos os dias eu estava com vocês no templo, ensinando, e vocês não me prenderam; mas isto é para que se cumprissem as Escrituras. 50 Então todos o deixaram e fugiram. 51 Um jovem, coberto unicamente com um lençol, seguia Jesus. Eles o agarraram, 52 mas ele largou o lençol e fugiu nu.
Jesus bebeu o cálice da ira de Deus para que pudéssemos beber o cálice da salvação (Sl 116:13). Jesus submeteu-se no jardim do Getsêmani para poder salvar os pecadores na cruz. Jesus é o Rei que sofre sozinho pelo Seu povo.
Jesus celebrou a Páscoa com os discípulos e, ao fazê-lo, instituiu a “Ceia do Senhor”, um memorial que retrata a Sua expiação sangrenta e antecipa a vinda do reino de Deus em toda a sua glória. A noite, porém, tem uma nuvem negra e densa pairando sobre sua cabeça: um de Seus amigos mais próximos O trairá. Jesus sofrerá nas mãos de Seus inimigos que já planejam Sua morte há algum tempo. Ele também sofrerá com a traição de Seus amigos que falham com Ele em Sua hora de necessidade (14:37,40-41), o traem (vv. 44-45), o abandonam (v. 50) e o negam. (vv. 66-72). E Ele também sofrerá nas mãos de Seu Pai, cuja vontade era que Ele bebesse o cálice da ira divina que cada um de nós deveria ter bebido. Sim, para espanto dos anjos e maravilha dos pecadores salvos pela graça, “ao Senhor se agradou em esmagá-lo” (Is 53:10). Foi a vontade do Pai que Seu Filho amado morresse para que Ele não tivesse que matar você e eu.
O sofrimento deste grande Rei tem várias faces: pessoal, físico, mental e, acima de tudo, espiritual. Jesus viu a mão de Seu amoroso Pai em tudo isso. Ele confiou Nele em Sua hora mais difícil, uma hora que nossas mentes humanas finitas nunca poderão compreender totalmente. Nosso texto destaca três aspectos do sofrimento solitário do Rei Salvador.

O rei seria abandonado

Marcos 14:26-31
Ao terminarem a ceia da Páscoa, o Senhor e Seus discípulos cantaram e depois “sairam para o Monte das Oliveiras”. No caminho, Jesus sacode novamente os Doze. Ele lhes diz que não apenas um deles (Judas) O trairá, mas também que “todos cairão”. Esta predição é baseada na profecia de Zacarias, no Antigo Testamento: “Fere o pastor, e as ovelhas serão dispersas” (Zc 13:7). O Pai ferirá Seu Filho, o Bom Pastor (João 10). Seu sofrimento e morte são divinamente ordenados e sancionados. Usando as más intenções e ações de homens pecadores, Deus operará o maior bem possível para salvar os pecadores. Os discípulos se espalharão como ratos assustados, mas a esperança não será perdida. Jesus lhes assegurou: “Depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia” (14:28). Onde Ele os chamou pela primeira vez, lá Ele os encontrará novamente. Lá Ele retornará, os recuperará e os recomissionará para a obra de levar o evangelho às nações. Provérbios 16:18 nos lembra dolorosamente: “O orgulho vem antes da destruição, e o espírito arrogante antes da queda”. Muitas vezes esquecemos essas palavras e sofremos as consequências. Pedro junta-se a nós: ao ouvir Jesus predizer a sua deserção, ele se aproxima e com arrogância anuncia: “Mesmo que todos fujam, eu certamente não o farei!” (Marcos 14:29). Nossa, que declaração de fidelidade! Mas ao fazer este pronunciamento ousado, Pedro, em essência, chama Jesus de mentiroso. Jesus diz que eles cairão. Peter responde: “Não, não vou!” Nosso Senhor responde, e embora Suas palavras contenham uma repreensão, não posso deixar de imaginar que foram proferidas com compaixão e bondade: “Garanto-vos. . . hoje, esta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes”. Você poderia pensar que as palavras de nosso Senhor silenciariam Pedro, mas não é assim. Na verdade, ele continua: “Se eu tiver que morrer contigo, nunca te negarei!” (v. 31). Aparentemente, o restante dos discípulos foi apanhado nesse frenesi de lealdade porque “todos disseram a mesma coisa”. Todos nós gostaríamos de pensar que teríamos tido sucesso onde Pedro e os discípulos falharam. Esperamos também exibir maior humildade e uma língua mais controlada! Mas se formos honestos, provavelmente teríamos dito a mesma coisa e agido da mesma maneira.
Já passou pela sensação de muita gente falar conta comigo, e você tem um caminhão de mudança para descarregar. E quando você pega a primeira caixa e se vira para entregar para uma das pessoas que se comprometeu contigo e percebe que não tem ninguém lá.
Mas também seríamos os destinatários do gracioso perdão e restauração do nosso Salvador. Jesus aceitou que Ele seria abandonado e deixado sozinho para que você e eu nunca fôssemos abandonados ou deixados sozinhos. Hebreus 13:5 soa mais precioso do que nunca: “Nunca te deixarei nem te desampararei”.
Reflexão sobre Lealdade:
Como temos sido leais a Cristo em nossas vidas diárias? Temos abandonado Jesus nos momentos de tribulação?
Fé em Provas:
Reafirmar nossa fé em Cristo, mesmo quando as circunstâncias são difíceis e desafiadoras.

O Rei agonizou por amor

Marcos 14:32-42
Esses versículos constituem um solo sagrado. Nunca conheceremos a profundidade da agonia e da dor que nosso Salvador suportou naquela noite sozinho por amor a pecadores como nós. Jesus leva os discípulos a um lugar chamado Getsêmani. Ele costumava ir lá com os discípulos, provavelmente para orar. Ele disse aos discípulos para “sentarem-se aqui enquanto eu oro”. Esta é a terceira e última vez que Marcos registra nosso Senhor orando sozinho (cf. 1:35; 6:46). Cada ocasião foi um momento de importância significativa, mas nada mais do que este. Jesus ficou “profundamente angustiado” (v. 33). No entanto, Nada em toda a Bíblia se compara à agonia e angústia de Jesus no Getsêmani – nem os lamentos dos Salmos, nem o coração quebrantado de Abraão quando ele se preparava para sacrificar seu filho Isaque, nem a tristeza de Davi na morte de seu filho Absalão. Jesus pediu a Pedro, Tiago e João que ficassem e vigiassem (v. 34). Infelizmente eles ficaram e dormindo (vv. 37,40-41). Ele os deixou e foi um pouco mais longe, caiu no chão sob o enorme fardo que carregava e pediu ao Pai que “se fosse possível, passasse dele aquela hora” (v. 35). A intensidade e a intimidade do pedido são impressionantes: “Abba, Pai! Todas as coisas são possíveis para você. Tire de mim este cálice. No entanto, não o que eu quero, mas o que você quer”. Ele faria a mesma oração novamente (Mateus 26:44 nos informa que Ele também fez a mesma oração pela terceira vez).
Enquanto Jesus luta pelas almas dos homens, Seus amigos mais próximos dormem profundamente a alguma distância. O tom do castigo de nosso Senhor foi, sem dúvida, suave e cheio de graça. Ele os incentiva a serem vigilantes e orarem. A tentação está sempre à espreita por perto, e os espíritos redimidos ainda estão apegados à carne pecaminosa. A fraqueza da carne realmente age com grande poder para nos levar aonde não queremos ir. Jesus sabia que eles queriam ser fortes para Ele. Ele também sabia que eles iriam falhar. Jesus agonizou por causa de Sua paixão, e Ele fez isso sozinho. Ele os acorda: “Basta! A hora chegou." A questão está resolvida! A vontade de Jesus e a de Seu Pai estão unidas! Pela alegria que lhe está proposta, Ele suportará a cruz e tudo o que ela acarreta (Hb 12:2). O Getsêmani foi um “inferno” para Jesus, mas estou muito grato por Ele ter passado por isso. Veja, se não existe Getsêmani, não existe Calvário. Se não houver Calvário, não poderá haver túmulo vazio. E se não houver túmulo vazio, só haverá inferno para nós.
Esse momento nos leva refletir como somos falhos, e por vezes nós não nos vemos assim. Agimos como os discípulos em sua arrogância e orgulho acreditando que nunca vamos falhar. Mas se contiuarmos confiando na nossa própria carne mais do que em Jesus temos duas possiblidades, nos entregaremos a ela e viveremos em pecado porque admitiremos que não podemos vencê-la, ou seremos sobrecarregados e vamos conviver perpetuamente com a culpa e o cansaço. Só que esse Rei que sofre e é traído, diz a nós que falhamos, deposite sobre mim a sua luta, o seu fardo, confie em mim!
Somos chamados a estar constantemente em oração e vigilância, reconhecendo nossas fraquezas e dependendo da força de Deus. Precisamos aprender a submeter nossas vontades à vontade de Deus, confiando que Seu plano é perfeito e justo. Além disso, essa passagem nos convida a experienciar a dor do outro, sendo presentes e atuantes na vida de pessoas que estão sofrendo.

O rei seria preso e abandonado sozinho

Marcos 14:43-52
Enquanto Jesus fala, Judas, “um dos Doze”, chega com uma multidão armada do Sinédrio – a “polícia do templo”, embora possam ter sido acompanhados por soldados romanos . Seguindo um plano previamente combinado, Judas dá a Jesus uma saudação de respeito e beija o beijo da de traição e morte em Seu rosto, identificando claramente Aquele que eles vieram prender.
Os discípulos podem ter sido pegos de surpresa, mas um deles “desembainhou a espada, feriu o escravo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha”. Foi Pedro quem golpeou o homem, cujo nome era Malco, provavelmente servo do sumo sacerdote Caifás (João 18:10-14). Jesus curou Malco (Lucas 22:51).
Jesus repreende a multidão pelos seus métodos extremos (Marcos 14:48-49). Ele não é ladrão ou um revolucionário político. Dia após dia Ele ensinava no templo. Eles sabiam quem Ele era. Eles poderiam tê-lo prendido a qualquer momento. Prendê-lo tarde da noite em um local tranquilo e isolado mostra a covardia deles. Foi vergonhoso. Foi também um cumprimento das Escrituras, pois o profeta Isaías profetizou sobre o Servo Sofredor: “Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens” (53:3); “Ele foi levado por causa da opressão e do julgamento” (53:8); Ele “foi contado entre os rebeldes” (53:12).
Marcos 14:50-52 registra a triste deserção dos discípulos – todos eles! Aqueles que pouco tempo antes se vangloriavam de que morreriam por Ele agora não são encontrados em lugar nenhum. Um “jovem” anônimo quase foi capturado, mas conseguiu escapar. Contudo, seu “pano de linho” foi capturado e ele “fugiu nu”. Estudiosos acreditam que que o jovem era Marcos, o autor do nosso segundo Evangelho. Então, novamente, como aconteceu no jardim do Éden, nossa nudez é exposta quando abandonamos o Deus que nos ama e nos agraciou tão abundantemente com Sua bondade e boas dádivas.
E Jesus? Ele está preso e abandonado. Ele está sozinho para enfrentar a ira dos homens e a ira de Deus. Ele receberá tudo o que merecemos, para que possamos receber tudo o que Ele merece. A “Grande Troca” começou.
Essa passagem também nos convida a ter a coragem de permanecer firmes em nossa fé, mesmo quando enfrentamos traição ou perseguição.
Além de nos encorajar a Lutar por justiça e integridade em nossas vidas e comunidades, em um mundo onde a verdade muitas vezes é relativizada.
Também é um convite Buscar restauração e reconciliação em relacionamentos quebrados e confiar que Deus pode trazer cura e redenção.

Conclusão

Devemos refletir sobre como temos respondido ao amor sacrificial de Jesus. Ele foi abandonado para que nunca fôssemos abandonados. Temos vivido vidas transformadas em gratidão a Ele, ou temos corrido e nos escondido em momentos de provação? Estamos buscando ativamente fortalecer nossa comunidade, agir com justiça, e ser luz em um mundo cheio de trevas? E, acima de tudo, estamos aprendendo a submeter nossas vontades à vontade do Pai, sabendo que Ele é bom e Seus planos são perfeitos?
Getsêmani é o prelúdio do Calvário. Antes que pudesse entregar Seu corpo para ser espancado e crucificado na cruz, Ele deveria primeiro entregar Sua vontade ao Seu Pai celestial no jardim. No primeiro jardim, o jardim do Éden, Adão disse ao Pai: “Não seja feita a tua vontade, mas a minha”, e toda a criação mergulhou no pecado. Neste segundo jardim, o jardim do Getsêmani, Jesus, o segundo Adão, diz: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua”, e a redenção e salvação de toda a criação começa!
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