PLENA CERTEZA DA FÉ - HB 10:19-25
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Em 1976 Francis Schaeffer escreveu um importante livro intitulado - “Como Viveremos”
O propósito dele era mostrar como ideias, quando são acolhidas ou descartadas, moldam a ascensão e o declínio da cultura ocidental. Em seu capítulo inicial, ele escreve: “O que [as pessoas] são em seu mundo interior determina como elas agem. […] Os resultados do mundo interior delas fluem através de seus dedos ou de sua língua em direção ao mundo externo. Isso se aplica à escultura de Michelangelo e se aplica à espada de um ditador”.
Os apóstolos, muito pelo contrário, exigiam fidelidade para com as verdades que Deus revelou por meio deles e por meio dos profetas antes deles.
Por isso, o apóstolo Paulo inicia sua Carta aos Gálatas escrevendo: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8). A verdade é de importância central e é definitiva para a salvação.
Negar a verdade, ainda que aparentemente com as melhores intenções, é rejeitar a Deus com rebeldia e sofrer eterna condenação.
“Como viveremos?”, Schaeffer perguntou em seu livro, e ele respondeu dizendo que nossa maneira de viver deve ser consistente com a fé que professamos. Essa é uma visão fortemente adotada pelo escritor de Hebreus.
Ele devotou nove capítulos e meio para a proclamação da verdade com respeito à pessoa e obra de Jesus Cristo. Agora, na transição da doutrina para a aplicação, ele diz: “Tendo, pois, irmãos”.
Vs 19-21
Os versos 19–21 resumem tudo o que foi ensinado em grandes seções doutrinárias de Hebreus ao identificar duas possessões definitivas. Há duas coisas que temos, o escritor diz, por causa da pessoa e obra de Cristo.
A primeira dessas possessões tem a ver com o acesso a Deus por meio de Jesus Cristo: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (v. 19–20).
O conceito-chave aqui é “intrepidez para entrar pelo sangue de Jesus”. Essa intrepidez é algo que os crentes possuem e têm de saber que possuem a fim de levar vidas piedosas e produtivas. As pessoas que confiam em Jesus Cristo estão diante de uma porta aberta, com acesso livre e aberto a Deus.
Os pecados delas foram expiados pelo sangue de Jesus. Pelo sangue dele é que nos achegamos ou, como o versículo 20 coloca, pelo corpo dele – referindo-se a toda a conquista terrena dele em vida e na morte na cruz.
Certamente o acesso a Deus causa o mais importante impacto em como devemos pensar e viver.
A nossa segunda grande possessão está diretamente ligada à primeira: temos “grande sacerdote sobre a casa de Deus” (Hb 10.21).
Nós temos duas coisas: confiança para entrar e um grande Sumo Sacerdote. O ponto é que aquele que abre e assegura o caminho para nós até a presença de Deus está ele mesmo presente lá.
Ele está lá como nosso Sacerdote, nos representando e suplicando efetivamente por nossa aceitação, ele está assegurando e enviando a nós o Espírito Santo para que sejamos capacitados e habilitados a sermos adoradores e sacerdotes diante do trono dele.
A palavra portanto olha para a seção precedente com sua longa discussão sobre o sacrifício de uma vez por todas de Cristo e sobre o perdão do pecado. O autor convida os leitores a se aproximarem de Deus porque, diz ele, “temos confiança para entrar no Santo dos Santos”.
A designação Santo dos Santos foi escolhida deliberadamente. No Antigo Testamento, somente o sumo sacerdote podia entrar no santuário interior, uma vez ao ano, como representante do povo. Ele entrava na presença de Deus para aspergir sangue sobre a arca e fazer expiação pelo pecado. Na época do Novo Testamento, temos acesso a Deus porque Jesus derramou seu sangue por nossos pecados e por causa de sua morte “a cortina do templo foi rasgada em duas partes, de cima para baixo” (Mt 27.51). Somos até mesmo encorajados a entrar na presença de Deus com confiança.
MT 27.51 - Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas;
HB 10.20. Pelo novo e vivo caminho aberto para nós através da cortina, isto é, seu corpo.
Cristo consagrou o caminho ao abrir a cortina, “isto é, seu corpo”.
Em sua morte, o véu do Santo dos Santos teve de ser rasgado de cima para baixo. Da mesma forma, o corpo de Jesus teve de ser quebrado, e seu sangue teve de ser derramado para abrir para nós o caminho para Deus.
Mediante seu sacrifício na cruz, Cristo removeu o véu entre Deus e seu povo.
HB 10.21. E visto que temos um grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22. aproximemo-nos de Deus com um coração sincero em plena certeza de fé, tendo nossos corações aspergidos para purificar-nos de uma consciência culpada e tendo nossos corpos lavados com água pura.
O crente recebeu dupla garantia de que pode aproximar-se de Deus, primeira, porque ele tem confiança por causa do sangue de Cristo derramado e, segunda, porque Jesus é o “grande sacerdote sobre a casa de Deus”.
Se houver qualquer hesitação na mente do crente, o escritor de Hebreus está dizendo, que ele olhe para o único e grande sacerdote, Jesus Cristo (4.14).
HB 4.14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
Os crentes estão absolutamente seguros porque têm um grande sacerdote representando-os. Este grande sacerdote nunca perde de vista aqueles que pertencem à casa de Deus, pois todos (ele e eles) pertencem à mesma família (2.11).
Embora o autor não seja explícito, somos exortados a nos aproximar de Deus. Na passagem paralela (4.16) ele nos diz para ir ao trono da graça em oração. O escritor agora leva este paralelo mais além e descreve como devemos nos aproximar de Deus em oração. Além de ter confiança, devemos ir com um “coração sincero em plena certeza de fé”.
HB 4.16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
CONFIADAMENTE: παρρησία -ας, ἡ; (parrēsia), SUBS. ousadia.
O coração é o centro de nossa vida moral. O escritor de Hebreus diz: “Nossos corações [são] aspergidos [com o sangue de Cristo] para purificar-nos de uma consciência culpada”.
Este sangue liberta o crente. Ele, agora, pode aproximar-se livremente do trono da graça porque sua consciência está limpa. Em fé ele pede para si mesmo o perdão do pecado por meio de Cristo.
Ele sabe que Cristo removeu para sempre a culpa que o impedia de ir a Deus.
Uma vida de adoração
Graças a suas grandes possessões em Cristo é que os cristãos têm uma obrigação de viver de certa maneira. Foi esse o argumento de Francis Schaeffer e essa é agora a questão proposta pelo escritor de Hebreus.
Em uma fascinante simetria, ele apresenta uma maneira de vida tripla como nossa resposta razoável ao ministério salvador de Cristo por nós.
Em Hebreus 10.22–25, o escritor diz: “aproximemo-nos”, “guardemos” e “consideremo-nos”. Juntas essas exortações apresentam um padrão de vida que todo crente deve adotar.
MEUS IRMÃOS PRESTEM BASTANTE ATENÇÃO AQUI:
De maneira mais ampla, o escritor nos exorta a uma vida de adoração. A adoração é nosso maior privilégio e nossa obrigação mais fundamental. Nós fomos feitos para adorar a Deus, e ele exige a nossa adoração (veja Êx 20.3–4).
EX. 20:3 Não terás outros deuses diante de mim.4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
A adoração é mais benéfica para nós. Na adoração nós encontramos a liberdade para sermos o que devemos ser.
Os músicos se sentem assim com relação à música, os corredores se sentem assim com relação à corrida e os cristãos se sentem assim com relação à adoração: é a atividade em que eles encontram a si mesmos.
A adoração, portanto, é essencial para nossa saúde espiritual e bem-estar.
Hebreus 10.22 apresenta um guia compacto para se aproximar de Deus em adoração.
Nesse único versículo, o autor apresenta quatro orientações para a adoração, começando com a sinceridade: “aproximemo-nos, com sincero coração”. Um coração sincero funciona como deveria ser. Ele se relaciona com Deus com veneração, com sentimentos e prioridades corretos.
Segundo, ele nos diz para adorar “em plena certeza de fé”. Podemos dizer que plena certeza é o que há dentro de um coração sincero. O coração crente e sincero é pleno de certeza em Deus, por meio de uma confiança inabalável nele e em suas promessas.
Em seguida, o escritor de Hebreus nos diz para nos aproximarmos de Deus “tendo o coração purificado de má consciência”. Essa é uma questão de grande importância para ele, que frequentemente reclamou que os sacrifícios da antiga aliança falharam nesse ponto – sendo incapazes de purificar a consciência.
Ao dizer purificação, ele se refere ao sangue de Cristo, que sozinho liberta a consciência culpada do pecador. Por meio do sangue dele nós sabemos que nossos pecados são removidos e nossos corações são libertos do fardo da culpa.
Quarto, devemos orar tendo “lavado o corpo com água pura”. A maioria dos comentaristas vê isso como uma referência ao batismo, e é difícil negar a ligação. Contudo, com certeza João Calvino está correto ao ver a questão não no batismo em si, mas naquilo que o batismo simboliza: a renovação espiritual que é a obra do Espírito Santo
Para expressar amor 10.24
Essa é a terceira exortação e a terceira virtude da tríade fé (v. 22), esperança (v. 23) e amor (v. 24).
Considere com cuidado como podemos ardentemente estimular uns aos outros ao amor e às boas ações, diz o escritor.
Coloque sua mente para funcionar a fim de encontrar maneiras de provocar – no bom sentido da palavra – uns aos outros para aumentar suas expressões de amor, que resultam em fazer obras nobres.
Isso quer dizer que nenhum cristão pode ser individualista. Nós somos responsáveis por nossos irmãos.
Temos de refletir sobre como podemos ajudar os outros crentes. Temos de considerar o impacto de nossas ações na fé dos outros, muitas vezes abrindo mão de liberdades para não ofender o fraco (veja Rm 14.13–16).
A possibilidade de sermos úteis aos outros, os encorajando e cuidando para que eles estejam firmes à medida que se aproxima o dia do Senhor, já é um excelente motivo para irmos à igreja e a outras reuniões cristãs.
Trata-se também de uma ordem para os tipos de ministério prático que ajudam nossas igrejas a ter um poderoso impacto na vida das pessoas: grupos de homens, grupos de mulheres, ministérios de jovens, seminários, retiros para casais e muito mais.
Um estudo dos verbos nesses dois versículos nos fornece uma cartilha sobre como ser um bom membro, útil para a igreja, ocupado – como sempre acontece com as pessoas que estão na luta de uma forma ou de outra.
Primeiro vem o verbo “considerar”, que tem a ver com nosso pensamento. Nós estamos acostumados a pensar somente em nós mesmos, mas nossos pensamentos devem ser voltados para os outros.
Alguém está em dúvida?
Ele está desencorajado?
Ela está sendo tentada?
Deveríamos nos preocupar com a condição das pessoas ao nosso redor. Se não estamos fazendo isso, então não somos mais do que compradores, consumidores de religião que têm pouca utilidade para o destino eterno das outras pessoas.
O próximo termo, “estimular”, significa incitar ou provocar. A maneira como vivemos, conversamos e agimos deveria ser provocativa para os outros cristãos, no melhor sentido da palavra.
Eles deveriam ser lembrados da verdade espiritual por causa do que estamos dizendo e como estamos vivendo.
A nossa conversa e o nosso exemplo devem resultar em amor e boas obras na vida de outros crentes.
Finalmente, devemos “encorajar” uns aos outros. Isso requer que estejamos junto a outras pessoas com palavras e ações que vão fortalecê-las em Cristo.
O encorajamento pode significar carregar um fardo por elas, pode significar oração, companhia ou compartilhar sua própria convicção de que Deus é fiel com base em sua experiência do cuidado amoroso dele.
Um dos principais meios utilizados por Cristo para guiar e proteger o seu povo é a participação ativa de outros crentes na vida deles.
O dia da volta de Cristo está se aproximando rapidamente e será um dia de julgamento para todos os que se desviaram.
Tendo isso em mente, vamos refletir sensatamente não apenas sobre os nossos problemas, mas sobre as preocupações espirituais de outros irmãos em Cristo.
Frequentar os serviços de adoração 10.25
Uma das primeiras indicações da falta de amor de um cristão para com Deus e para com o próximo é ausentar-se dos serviços de adoração.
Ele abandona a obrigação comunal de participar desses encontros e exibe sintomas de orgulho e egoísmo.
Como cristãos devemos olhar para o futuro, isto é, para o dia em que Jesus voltará. Quanto mais perto estamos deste dia, mais ativos devemos ser em estimular uns aos outros a mostrar amor e fazer obras aceitáveis a Deus.