INTRODUÇÃO - TESSALONISSENSES
A plantação de uma igreja estratégica
Em primeiro lugar, os planos de Deus devem prevalecer sobre a vontade humana.
Campbell Morgan escreveu: “A invasão da Europa certamente não estava na mente de Paulo, mas, evidentemente, estava na mente do Espírito Santo”.
Em segundo lugar, a perseguição humana não pode destruir a obra de Deus.
Em terceiro lugar, quando Deus se manifesta, a igreja se fortalece com rapidez.
A estratégia missiológica de Paulo (At 17.1)
É importante ressaltar que em todas elas, Paulo incluiu a capital em seu trajeto—Tessalônica, a capital da Macedônia; Corinto, da Acaia, e Éfeso, da Ásia. Além disso, Paulo escreveria a cada uma das igrejas nessas capitais, ou seja, suas cartas aos tessalonicenses, aos coríntios e aos efésios.
Por essa razão, viajando pela grande via expressa, a Via Egnátia, ele passou por várias cidades macedônias como Anfípolis e Apolônia e concentrou seu trabalho em Tessalônica, a capital da província, onde havia uma sinagoga judia (At 17.1).
Ela era a capital da Macedônia. Era também um importante centro comercial, só comparado à cidade de Corinto. Ali ficava um dos mais importantes portos da época. Ela comandava o comércio marítimo pelo mar Egeu e terrestre pela Via Egnátia. Também por Tessalônica passavam diversas rotas comerciais.
William Barclay relata que o nome original dessa cidade era Thermai, que significa “fontes quentes”. Seiscentos anos antes, Heródoto já a descrevia como uma grande cidade. Aqui Xerxes, o persa, estabeleceu sua base naval ao invadir a Europa. Em 315 a.C., Cassandro reedificou a cidade e colocou nela o nome de Tessalônica, em homenagem a sua mulher, filha de Filipe da Macedônia e irmã de Alexandre Magno.
Os romanos fizeram dela uma cidade livre em 42 a.C., e ela possuía os direitos garantidos de governo próprio nos padrões gregos mais que romanos.
Jamais as tropas romanas haviam cercado essa importante cidade. Ela mantinha sua própria assembléia popular e seus próprios magistrados. Sua população era estimada em 200 mil habitantes e durante um tempo chegou a rivalizar com Constantinopla como candidata à capital do mundo.
Atualmente, com o nome de Salônica, é a segunda maior cidade da Grécia, tendo uma população estimada em 250 mil habitantes.
A ponte de contato para a pregação do evangelho (At 17.2)
Frank Stagg diz que não é motivo de surpresa a existência de uma sinagoga em Tessalônica, visto que seu forte comércio atrairia a colônia judia.
Na sua estratégia, Paulo usa o lugar certo e o tempo certo. Ele também usou o meio certo, a Escritura; a mensagem certa, a vida, a morte e a ressurreição de Jesus para atingir as pessoas certas, judeus e gentios piedosos.
A essência da pregação de Paulo (At 17.3)
Joseph Alexander diz que nós aprendemos deste versículo, que as duas grandes doutrinas pregadas por Paulo em Tessalônica foram acerca do Messias sofredor e sua identidade com o Jesus de Nazaré.
a. Ele arrazoou (17.2). Paulo dialogou com eles por meio de perguntas e respostas. A palavra grega aqui empregada nos deu o termo dialética, que nada mais era do que ensinar discutindo por meio de perguntas e respostas.
b. Ele expôs (17.3), ou seja, explicou para eles o conteúdo do evangelho. Pregar é explicar as Escrituras e aplicá-las. O pregador não cria a mensagem, ele a transmite.
c. Ele demonstrou que Jesus é, de fato, o Messias. O termo “demonstrar”, paratithemi, significa “colocar lado a lado ao apresentar evidências” (17.3).
d. Ele anunciou a morte e a ressurreição de Jesus Cristo (17.3).
Frank Stagg destaca o fato de que era bem difícil para os judeus sob opressão estrangeira aceitar o quadro de um Messias sofredor; eles esperavam um Messias que viesse acabar de vez com os sofrimentos de Seu povo e inaugurar um reinado de triunfo e paz. Por isso, a cruz para eles era “escândalo”, e só o fato de haver Jesus ressuscitado poderia levar o judeu a reexaminar a cruz à luz das Escrituras (At 17.2).
O impacto da pregação de Paulo (At 17.4)
O evangelho causou grande impacto na vida dos gentios. Em apenas três semanas, ouvimos falar de uma multidão de convertidos. É bem verdade que Paulo deve ter passado mais tempo em Tessalônica. Somos informados que a igreja de Filipos mandou oferta para ele duas vezes enquanto estava em Tessalônica (Fp 4.15,16) e que durante esse tempo precisou trabalhar com suas próprias mãos para complementar o seu sustento (1Ts 2.9).
As pessoas convertidas não apenas acreditaram em Cristo, mas entraram para uma comunhão vital com seus fiéis ministros, associando-se com eles. Possivelmente, essas pessoas deixaram a sinagoga e se uniram a Paulo e Silas na casa de Jasom. Não há salvação sem integração na Igreja de Deus. Os que são salvos devem ser batizados e discipulados. Não há crentes isolados. Pertencemos ao corpo de Cristo. Estamos ligados uns aos outros. Somos membros uns dos outros. Uma pessoa salva precisa se unir à igreja. Ela precisa declarar publicamente a sua fé.
A resistência à pregação de Paulo (At 17.5,6)
Não há pregação do evangelho sem oposição. A luz incomoda as trevas. A perseguição em Tessalônica não teve origem política, mas religiosa.
A acusação contra Paulo e seus cooperadores (At 17.7–9)
A pregação de Paulo pode ter sido interpretada como a profecia de uma mudança de imperador. Havia decretos imperiais contra tais predições. Os juramentos de lealdade a César podiam ser considerados como exigências dos seus decretos, e estes seriam impostos pelos magistrados locais. Assim, a acusação contra Paulo e Silas era de fato incendiária.
Por ser Tessalônica uma cidade livre, qualquer sedição deixava seus habitantes sobressaltados. Roma lhe tiraria esse direito se houvesse qualquer rebelião ou traição.
O escritor John Stott afirma que a ação dos magistrados cobrando fiança de Jasom provavelmente não se restringiu à simples cobrança de uma fiança. A expressão de Lucas se refere ao oferecimento e concessão de garantia, em processos civis e criminais. Eles obtiveram de Jasom e dos outros a promessa de que Paulo e Silas sairiam da cidade e não retornariam, ameaçando com castigos severos se o acordo fosse quebrado. Provavelmente Paulo se referia a esta proibição legal quando escreveu que Satanás não lhe permitiu retornar a Tessalônica. Esse expediente engenhoso colocou um abismo intransponível entre Paulo e os tessalonicenses.
As cartas de Paulo à igreja deTessalônica
1. A pregação da segunda vinda de Cristo havia produzido uma situação anormal (4.11).
2. Havia confusão acerca do destino dos crentes na hora da morte (4.13–18).
3. Havia uma tendência de desprezar toda autoridade legal (5.12–14).
4. Havia uma tendência à recaída na imoralidade (4.3–8).
5. Havia um grupo de resistência ao apostolado de Paulo (2.5–9).
6. Havia sinais de divisão na igreja (4.9; 5.13).