Sugestoções de temas: Sejam imitadores de Deus ou imitadores de Cristo

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30E não entristeçam o Espírito de Deus, no qual vocês foram selados para o dia da redenção. 31Que não haja no meio de vocês qualquer amargura, indignação, ira, gritaria e blasfêmia, bem como qualquer maldade. 32Pelo contrário, sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros, como também Deus, em Cristo, perdoou vocês.

5 1Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados. 2E vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós, como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus.

Introdução:
Imitação;

μιμέομαι, imito

μιμητής, -οῦ, ὁ, imitador

Nós aprendemos pela imitação;
Somos imagem e semelhança do Criador;
As crianças aprendem por imitação;
Quem estamos imitando?
ICT e Tese: Não podemos deixar de notar como a ética de Paulo está centrada em Deus. É natural para ele, ao dar suas instruções morais, mencionar as três pessoas da Trindade, dizendo que devemos imitar Deus, aprender de Cristo e não entristecer o Espírito Santo.
Sugestão de tese: Precisamos imitar a Jesus para desfrutarmos da comunhão e unidade da igreja.
I. Quando não imitamos, entristecemos o Espirito Santo;
30E não entristeçam o Espírito de Deus, no qual vocês foram selados para o dia da redenção
Lendo Efésios com John Stott (Usando Nossas Mãos e Nossa Boca (Efésios 4.28–30))
Posteriormente, Paulo introduz o Espírito Santo: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção” (v. 30), talvez porque estivesse constantemente ciente de que personalidades invisíveis estão presentes e ativas (v. 27). Mas o que o entristece? Uma vez que é o “Espírito Santo”, ele fica entristecido com a falta de santidade; e, uma vez que é “um só Espírito” (2.18, 4.4), a desunião também lhe causa tristeza. De fato, qualquer atitude incompatível com a pureza ou a unidade da igreja é incompatível com a natureza do Espírito e, portanto, entristece-o.
Notamos também, no versículo 30, as referências a ser “selados” com o Espírito e ao “dia da redenção”. O selo ocorreu no início de nossa vida cristã (1.13); o próprio Espírito Santo, que habita em nós, é o selo com o qual Deus nos marcou como seus. Embora já tenhamos a redenção no sentido do perdão (1.7), o dia da redenção aguarda o fim, quando nosso corpo será redimido, e a redenção ou libertação será completa.
Portanto, o selo e a redenção referem-se, respectivamente, ao começo e ao fim do processo de salvação. E entre esses dois termos, devemos crescer em semelhança com Cristo e tomar cuidado para não entristecermos o Espírito Santo. Todo cristão cheio do Espírito deseja agradar a ele.
30. E não entristeçais. Visto que o Espírito Santo reside em nós, cada parte de nossa alma e de nosso corpo deve ser-lhe consagrada. Se, porém, nos entregarmos a todo gênero de impureza, é como se o expulsássemos de seus aposentos. Para expressar isso de uma forma mais familiar, ele atribui ao Espírito Santo afeições humanas, ou seja, alegria e tristeza. Diz ele: “Diligenciai para que o Espírito resida em vós alegremente, como numa aprazível e festiva residência, e não lhe propicieis qualquer ocasião para tristeza.” Há quem explique isso de forma diferenciada, ou seja, que entristecemos o Espírito Santo nos outros, quando ofendemos, usando linguagem torpe, ou de alguma outra forma, irmãos piedosos que são guiados pelo Espírito de Deus [Rm 8.14]. Pois os ouvidos santos não só repelem o que é contrário à piedade, mas também se sentem feridos com profunda tristeza quando o ouvem. O que segue, porém, demonstra que a intenção de Paulo era diferente.
Pelo qual sois selados. Visto que somos selados por Deus pela instrumentalidade de seu Espírito, nós o ofendemos quando nos poluímos com toda sorte de paixões depravadas e ímpias, deixando assim de seguir sua liderança. Não há linguagem que expresse adequadamente a seriedade desta afirmação: que o Espírito se regozija e folga em nós, quando lhe somos obedientes em todas as coisas, e quando pensamos e falamos somente o que é puro e santo; e, em contrapartida, que ele se entristece quando damos lugar a tudo quanto é indigno de nosso chamamento. Ora, que todo homem reconheça que chocante impiedade há em causar tristeza ao Espírito Santo com tal sentimento, como a compeli-lo a afastar-se de nós. A mesma forma de linguagem é usada em Isaías [63.10], porém num sentido distinto; pois o profeta simplesmente diz que haviam provocado o Espírito de Deus, assim como costumamos fazer para provocar a mente humana. O Espírito de Deus se assemelha a um selo, por meio do qual somos distinguidos dos réprobos, e o qual é impresso em nossos corações para assegurarmo-nos da graça da adoção.
Ele adiciona para o dia da redenção, isto é, até que Deus nos conduza à posse da herança prometida. O dia da redenção é assim chamado porque então seremos, em toda a extensão, libertados de todas as nossas aflições. Já discorremos suficientemente, em outras partes, sobre cada frase, especialmente sobre a segunda, em Romanos 8.23, e sobre a anterior, em 1 Coríntios 1.30. Ainda que o termo selados possa ser aqui explicado de forma diferenciada, é como se Deus houvesse impresso seu Espírito em nós, como sua marca, a fim de reconhecer entre seus filhos aqueles em quem ele vê exibida esta marca.
João Calvino, Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses, ed. Tiago J. Santos Filho et al., trans. Valter Graciano Martins, Primeira Edição., Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2010), 320–321.
V.31
Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses (Versículos 29 a 31)
Toda amargura. Uma vez mais, ele condena a ira; mas, na presente ocasião, ele a focaliza em conexão com aquelas ofensas pelas quais ela geralmente é acompanhada, tais como disputas ruidosas e gritarias. Entre furor e ira (Θυμὸν καὶ ὀργὴν) há pouca diferença, exceto que o primeiro termo às vezes denota o poder, e o segundo, ação; aqui, porém, a única diferença é que ira constitui um ataque mais abrupto. A correção de todo o resto será grandemente corroborada pela remoção da malícia. Por este termo ele expressa que a depravação da mente, a qual é oposta ao espírito humano e à honestidade, e que é geralmente chamada malignidade.
Lendo Efésios com John Stott (Imite Deus (Efésios 4.31–5.2))
Paulo oferece uma lista de seis atitudes e ações desagradáveis que devemos deixar totalmente de lado. “Amargura” é um espírito ácido e um discurso amargo. Às vezes falamos das resmungonas, mas há resmungões também. Poucas atitudes são mais tristes nos idosos do que uma visão negativa e cética da vida.
“Indignação e ira” são obviamente similares, a primeira denotando uma explosão exaltada, e a segunda, uma hostilidade mais decidida e ressentida. “Gritaria” descreve pessoas que se exaltam, levantam a voz em uma briga e começam a gritar, até mesmo a berrar umas com as outras; “calúnia”, por sua vez, é falar mal dos outros, especialmente pelas costas, e assim difamar e até mesmo destruir a reputação deles. A sexta palavra é “maldade”, ou má intenção, desejando e provavelmente tramando o mal contra as pessoas. Podem incluir também as cinco falhas anteriores. Não há lugar para nenhuma dessas ações horríveis na comunidade cristã; elas precisam ser totalmente rejeitadas.
Quando não imitamos Jesus, nós deixamos triste o Espirito Santo;
II. Deixamos o pecado e imitamos a Cristo- Deus será glorificado e se alegrará por isso.
Em vez dessas atitudes, devemos acolher os tipos de qualidade que caracterizam o comportamento de Deus e seu Cristo. Devemos ser bons uns para com os outros. A palavra é chrēstos e, por causa da clara assonância com o nome de Cristo (Christos), os cristãos, desde o início, viram sua peculiar adequação. Ela ocorre no Sermão do Monte como referência à bondade de Deus até mesmo para com os “ingratos e maus” (Lc 6.35). Além disso, devemos ser compassivos enquanto perdoamos uns aos outros (literalmente “agindo em graça” uns para com os outros), como Deus em Cristo agiu em graça para conosco.
“Portanto”, por causa da atitude graciosa e das ações generosas de Deus para conosco, devemos “[ser] imitadores de Deus, como filhos amados”. Assim como os filhos imitam os pais, devemos imitar o Deus Pai, como disse Jesus (Mt 5.45, 48). Devemos fazer isso “[vivendo] em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós”. O mesmo verbo para autoentrega é usado em referência aos pagãos em 4.19. Eles se entregam à libertinagem; nós, como Cristo, devemos nos entregar ao amor. Essa autoentrega pelos outros é agradável a Deus. Assim como aconteceu com Cristo e o mesmo conosco, o amor abnegado é “como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus”. Portanto, é uma notável verdade que o amor sacrificial pelos outros se torna um sacrifício aceitável a Deus.
Não podemos deixar de notar como a ética de Paulo está centrada em Deus. É natural para ele, ao dar suas instruções morais, mencionar as três pessoas da Trindade, dizendo que devemos imitar Deus, aprender de Cristo e não entristecer o Espírito Santo.
John Stott e Andrew T. Le Peau, Lendo Efésios com John Stott, trans. Valéria Lamim Delgado Fernandes, Primeira edição., Lendo a Bíblia com John Stott (Viçosa, MG: Ultimato, 2019), 92–93.
Carta aos Efésios 2. Vida cristã em um mundo não-cristão: Ef 4.17–5.14

30 Visto que essas instruções todas, como foi possível notar diversas vezes, visam à comunhão no interior do corpo de Cristo, torna-se compreensível por que Paulo agora menciona o Espírito Santo: a nova vida “em Cristo” é ao mesmo tempo “vida no Espírito” (Gl 5:25; Rm 8:4). O corpo de cada crente não é nada menos que “santuário do Espírito Santo” (1 Co 6:19).

O Espírito Santo não deve ser “entristecido” pelo desprezo às referidas exortações. Também nesse ponto o apóstolo recorre a uma alusão ao AT. Isaías diz acerca da reação do povo diante do agir misericordioso e amoroso de Deus: “Foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo” (Is 63:10 – embora a LXX utilize um verbo diferente). O que valia para Israel é agora relacionado com o povo da nova aliança: desobedecer à salutar vontade de Deus, conforme manifesta também nas instruções sobre mentira, ira, fraude e linguagem inconveniente, significa magoar o Espírito Santo. Isso precisa ser evitado ou reparado, sobretudo também porque os crentes são “selados no Espírito Santo para o dia da redenção”. Com esta formulação Paulo lembra Ef 1:13s, onde ele igualmente chamara o Espírito Santo de selo e penhor da herança. Como esse Espírito é o “Espírito da santificação” (Rm 1:4), o que foi selado também precisa corresponder ao selo. Revestir-se do novo ser humano abrange tanto o ser presenteado com a santificação (1 Co 1:30) como a constante exortação para uma vida santificada (1 Ts 4:3), conforme se torna visível, por exemplo, na obediência às instruções comunicadas por meio do apóstolo.

Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses (Versículos 32)
32. Antes, sede uns para com os outros benignos. Ele contrasta amargura com benignidade, que pode ser compreendida como: linguagem e modos afáveis, bem como um calmo semblante. E, como essa virtude jamais reinará entre nós, a menos que seja acompanhada pela compaixão (ουμπάθεια), o apóstolo nos recomenda um coração compassivo. Isto nos levará não só à empatia para com as aflições de nossos irmãos, como se eles fossem nós mesmos, mas também para que sejamos imbuídos de tal espírito de humanidade, que sejamos tão afetados com as lutas deles como se estivéssemos na mesma situação. O oposto disso é a crueldade daqueles cujos corações são empedernidos e bárbaros, e para quem o sofrimento de outrem é contemplado sem qualquer preocupação ou consternação.
Perdoando-vos uns aos outros. A palavra grega aqui traduzida por perdoando (χαριζόμενοι ἑαυτοῖς) é por alguns interpretada como sendo beneficência. Erasmo, por conseguinte, a traduz pelo termo generoso (largientes). E o significado do termo permitirá isso; mas o contexto nos induz a preferir outro conceito, a saber: que devemos estar prontos a perdoar. Às vezes sucede que os homens são bondosos e compassivos e, no entanto, quando recebem um tratamento injusto, não têm facilidade de perdoar as injúrias. Com o propósito de que aqueles cuja benignidade de coração em outros aspectos os inclina a atos de humanidade, não pequem diante da ingratidão dos homens, o apóstolo os exorta a que se prontifiquem a lançar fora o ressentimento. Para tornar essa exortação ainda mais forte, ele evoca o exemplo de Deus, que nos perdoou, através de Cristo, muito mais do que qualquer mortal poderia perdoar a seus irmãos [Cl 3.5–11].
III
Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses (Versículos 1 a 2)
1. Sede, pois, imitadores. O apóstolo insiste e confirma a mesma declaração, dizendo que os filhos devem ser como seus pais. Ele nos lembra que somos filhos de Deus, e que, portanto, devemos, até onde pudermos, assemelhar-nos a ele em atos de beneficência. É impossível deixar de perceber que a divisão de capítulos, no presente caso, é particularmente um mal sucesso, quando afirmações estreitamente relacionadas são desvinculadas. Portanto, procuremos compreender este argumento: se de fato somos filhos de Deus, então devemos ser seus imitadores. Cristo também declara que não podemos ser filhos de Deus, a menos que demonstremos benevolência para com os indignos [Mt 5.44–45].
2. E andai em amor como Cristo também nos amou. Tendo nos convocado a imitar a Deus, ele agora nos convoca a imitar a Cristo, que é nosso verdadeiro modelo. Devemos abraçar uns aos outros com aquele amor com que Cristo nos abraçou, pelo qual percebemos ser Cristo nosso verdadeiro guia.
E a si mesmo se deu por nós. O fato de Cristo não poupar sua própria vida, ignorando a si próprio, para que pudéssemos ser redimidos da morte, é a mais notável prova da mais elevada categoria de amor. Caso desejemos ser participantes desse benefício, então devemos ser igualmente movidos de amor por nosso semelhante. Não que algum dentre nós tenha atingido tal perfeição, mas devemos almejá-la e nos esforçar por alcançá-la na medida de nossa capacidade.
Como oferta e sacrifício a Deus de aroma suave. Enquanto esta afirmação nos leva a admirar a graça de Cristo, ela nos conduz diretamente ao presente tema. Na verdade não existe nenhuma linguagem que possa expressar exaustivamente o fruto e eficácia da morte de Cristo. Confessamos que ela é o único preço pelo qual somos reconciliados com Deus. Esta doutrina da fé pertence à mais elevada categoria. Mas, quanto mais ouvimos que Cristo agiu em nosso favor, mais devedores a ele nos sentimos. Além disso, é possível deduzirmos das palavras de Paulo que, a menos que amemos uns aos outros, nenhuma de nossas realizações será aceita por Deus. Se a reconciliação dos homens, efetuada por Cristo, foi um sacrifício de aroma suave, então nós, de nossa parte, devemos tornar-nos para com Deus um agradável perfume, à medida que seu santo perfume for sendo derramado sobre nós [2Co 2.15]. A isso aplica-se o dito de Cristo: “Deixa tua oferta diante do altar, e vai e reconcilia-te com teu irmão” [Mt 5.24].
Carta aos Efésios (2. Vida cristã em um mundo não-cristão: Ef 4.17–5.14)
Mais uma vez Paulo torna a comentar a ira e os vícios ligados a ela. É possível que os cinco termos – tendo a “ira” no centro – estejam em ordem crescente, “do foco interior à explosão exterior”, da “amargura” aos “insultos e ofensas a outros”, passando pela “cólera”, “explosão de ira” e “gritaria”. Tais manifestações, aliadas com toda “sorte de maldade”, devem ser afastadas da igreja, visto que são capazes de formar uma “raiz amarga” no seio da comunhão (cf. Hb 12:15).
32 A isso Paulo contrapõe a conduta apropriada aos que crêem, que brota da atitude de Deus e tem nele seu paradigma (Ef 5:1): “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.”
Carta aos Efésios (2. Vida cristã em um mundo não-cristão: Ef 4.17–5.14)
Também nessa ordem pode estar oculta uma seqüência: “Da bondade (…) resulta o pensamento misericordioso, e dele a vontade para perdoar.” Como qualidade de Deus, a “bondade”/“amabilidade” é, conforme Rm 2:4, a “paciente tolerância de Deus diante dos pecados de seu povo no período antes de Cristo”. Justamente em vista da iminente ira esse tipo de atitude torna-se particularmente necessária.
Entretanto a atitude cristã ultrapassa o simples refreamento da ira. A expressão traduzida por “compassivo” abrange afeto e amor pelo semelhante (cf. 2 Co 7:15). Também eles têm por fundamento e respaldo a “entranhável misericórdia de nosso Deus” (Lc 1:78).
Finalmente o apóstolo cita o perdão mútuo (grego: charizein), que brota do perdão de Deus, de sua graça (grego: charis). Ela tornou-se visível “em Cristo”. Quem vive desse perdão, por ter sido liberto e purificado da vida sob o pecado e vivificado com Cristo, não consegue ter outra atitude que não seja perdoar o próximo. A indissolúvel ligação entre perdão recebido e concedido foi formulada por Jesus na oração do Pai Nosso e reforçada enfaticamente na parábola do servo impiedoso (Mt 18:23–35). Ela não representa uma lei opressora, mas é decorrência necessária para aquele que recebeu a misericórdia e o perdão de Deus em Jesus Cristo com sua magnitude sobreexcelente e vive a partir deles.
5.1 Com a mesma palavra do início de Ef 4:32 Paulo continua, em tom conclusivo: “Sede, pois, imitadores de Deus.” Assim como a convocação para a amabilidade e o perdão (“Sede uns para com os outros benignos…”) possui como fonte o perdão que Deus concede em Cristo, também a admoestação de imitar e amar tem sentido unicamente porque cristãos são “filhos amados” aos quais Cristo amou primeiro (Ef 5:2).
A expressão “imitadores de Deus” é única no NT. No entanto Paulo declara que ele é um “imitador de Cristo” (1 Co 11:1; os tessalonicenses: 1 Ts 1:6), ao passo que os crentes devem imitar o apóstolo (Fp 3:17; 1 Co 4:16; 2 Ts 3:7,9). Além disso eles são confrontados com a “fé dos pais” (Hb 6:12) e dos mestres (Hb 13:7), “as igrejas de Deus na Judéia” (1 Ts 2:14), e com “o bem” (3 Jo 11) como exemplos para a imitação. Em Lc 6:36 a misericórdia de Deus é fundamento e razão para a misericórdia demandada para com o semelhante. Falam de modo abrangente da “perfeição” e “santidade” de Deus Mt 5:48, respectivamente 1 Pe 1:15s (com citação de Lv 19:2).
O contexto de Ef 4:32–5:2 permite constatar claramente que a “imitação” não pode ser entendida no sentido de que o ser humano – até mesmo como crente – deve preencher com realidade uma figura ideal que está sendo mostrada. A expressão “imitador de Deus” exclui essa idéia. Por isso “imitar” significa: agir como Deus age, uma vez que ele tornou os crentes capazes de demonstrar misericórdia e perdão a outros. Deus mantém essas boas obras preparadas “para que andemos nelas” (Ef 2:10). Os cristãos são imitadores de Deus pelo fato de realizarem as obras de Deus e distribuírem as dádivas dele (Ef 4:16).
“Como filhos amados” expressa, pois, o fundamento da imitação recomendada: uma vez que Deus, por amor, os transformou em filhos dele, vocês estão em condições e foram convocados para passar esse amor adiante.
Ef 1:5 (cf. Rm 8:16s,19,21,23; Gl 4:5) já abordara o chamado para ser filhos. No versículo subseqüente será necessário falar detalhadamente do amor demonstrado em Cristo.
2 A exortação de seguir a Deus torna-se palpável na convocação geral: “Andai no amor.” Repercutem aqui tanto o duplo mandamento de Jesus como formulações paralelas, por exemplo, andar “no Espírito” (Gl 5:16; Rm 8:4), “em Cristo” (Cl 2:6).
Esse convite é imediatamente justificado e introduzido, como em Ef 4:32, pela conjunção “como”: “como também Cristo nos amou e a si mesmo entregou por nós.”
O amor de Cristo por nós evidencia-se na totalidade de sua vida, que supera tudo o que houve até então, e por fim em sua morte na cruz (Rm 8:37; Gl 2:20; Jo 13:1). No envio de seu Filho revela-se ao mesmo tempo o amor transcendente de Deus: Jo 3:16; Rm 5:8. O que Deus acabou não exigindo de Abraão no tocante a seu filho, isso ele mesmo faz com seu Filho Jesus Cristo: não o poupou, mas o entregou por nós todos (Rm 8:32; cf. Gn 22:12,16).
“Entregar” é um termo técnico para o sacrifício de Jesus na cruz, assim como as palavras “por vós”.252 Das referências arroladas podemos concluir que pouco tempo depois da morte e ressurreição de Jesus a entrega vicária de Jesus como resgate pelos pecadores foi consolidada e transmitida nessas formulações. O próprio Paulo acolheu a tradição e passou-a adiante nas igrejas fundadas por ele.
A afirmação sobre o amor e a entrega de Jesus é completada por um adendo: “como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.”
Uma vez que a morte de Jesus Cristo substituiu os sacrifícios prescritos no AT, o termo recebe uma nova interpretação na carta aos Hebreus: em lugar de sacrifícios repetidos com freqüência Jesus é o sacrifício final e singular (Hb 10:12), formado pela entrega de seu próprio corpo e sangue (Hb 9:14; 10:10), purificando e santificando de forma cabal e permanente (Hb 10:10,29). Como em Hb 10:5–10, também em Ef 5:2 há uma passagem do saltério subjacente: “Sacrifícios e ofertas não quiseste (…) agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu” (Sl 40:6–8). Isso mostra que na nova aliança o sacrifício de Jesus supera e substitui a prática anterior de oferendas.
Assim como o sacrifício representava um “aroma suave” para o próprio Deus (Êx 29:18; Ez 20:41; etc.), também o agir de Jesus acontece “para Deus em aroma de agradável odor” [TEB]. Ao reinterpretar a terminologia dos sacrifícios Paulo tem condições de convocar para a entrega dos corpos como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12:1). Do mesmo modo ele fala. no contexto do culto dos filipenses, de seu iminente martírio como sacrifício (Fp 2:17) e agradece pelo apoio financeiro como um “aroma suave”, um “sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Fp 4:18).
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