Vivendo com coragem

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Introdução

Vivendo com coragem, como viver assim? Qual o contrário para coragem? Medo… Logo, uma vida corajosa é uma vida com ausência de medo, certo? Talvez não… O fato é que vivemos em um mundo em desajuste por conta da presença do pecado, e nós não temos o controle das circunstâncias que podem nos causar medo. Meu desafio hoje aqui é refletirmos juntos sobre, diante das circunstâncias que te causam medo, de onde vem a sua coragem?
Jesus nos ensina como devemos agir diante do medo, e de onde deve vir a nossa coragem.
Marcos 4.35–41 NAA
35 Naquele dia, sendo já tarde, Jesus disse aos discípulos: — Vamos passar para a outra margem. 36 E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco; e outros barcos o seguiam. 37 Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava se enchendo de água. 38 E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro. Os discípulos o acordaram e lhe disseram: — Mestre, o senhor não se importa que pereçamos? 39 E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: — Acalme-se! Fique quieto! O vento se aquietou, e tudo ficou bem calmo. 40 Então Jesus lhes perguntou: — Por que vocês são tão medrosos? Como é que ainda não têm fé? 41 E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: — Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?
Diante de uma situação de medo dos discípulos, vemos aqui Jesus realizando um milagre. É impossível ler o Novo Testamento e não nos depararmos com dezenas de milagres. Até este ponto de sua vida, Jesus já havia curado doentes, expulsado demônios e salvo pecadores. Os milagres que Jesus tinham todos um objetivo comum, revelar a identidade de Jesus como o Filho de Deus.
Quando curou, Jesus demonstrou seu poder sobre as enfermidades.
Quando expulsou demônios, demonstrou seu poder sobre o mau.
Quando venceu a tentação e em seguida perdoou o pecado das pessoas demonstrou o seu poder sobre o pecado.
Neste momento vemos Jesus realizando um milagre que mostra o seu poder sobre a natureza.
O primeiro aspecto que precisamos observar é a importância dos milagres. Os milagres revelam a identidade de Jesus como o Filho de Deus. A forma mais perigosa de se negar a Cristo é negando a sua divindade, e nesse aspecto os milagres possuem um papel fundamental em afirmar quem Cristo é.
Da mesma forma, devemos encarar biblicamnte o propósito dos milagres, como se fossem apenas garantias de Deus para resolver todos os nossos problemas. Os milagres falam mais sobre quem Deus é do que sobre nós, sobre quem Ele é para nós independente do que Ele vai realizar. É uma atuação sobrenatural e extraordinária que que tem como objetivo mostrar que Jesus é Deus.
Mas falando sobre o milagre especificamente, vemos no verso 35 dizendo que naquele dia, ao anoitecer, ele disse aos discípulos que passassem ao outro lado. O que havia acontecido naquele dia? Se você voltar alguns versos vai perceber que Jesus estava ensinando sobre o Reino de Deus e a realidade da fé. Nesse texto ele ensina sobre a parábola do grão de mostarda e a importância de terem fé. Logo em seguida, Jesus convida seus discípulos para uma viagem de barco, que sendo Cristo Deus, Ele sabia daquela tempestade. por isso, os discípulos enfrentam uma situação terrível e desesperadora, onde eles precisariam vencer usando a fé.
Mas é importante observarmos que o medo tem o poder de revelar o que está dentro do nosso coração...
Imagine que você está segurando uma bola de tênis na mão. Agora, em vez da bola de tênis, imagine que está segurando um diamante precioso. A forma como reagimos quando algo tenta nos tirar esses objetos revela o valor que atribuímos a eles. As tempestades da vida têm uma maneira de revelar o que verdadeiramente valorizamos, os "ídolos" de nosso coração.
As tempestades da vida que nos causam medo, muitas vezes, tentam "arrancar" coisas de nós. E a intensidade da nossa reação revela o quanto valorizamos essas coisas. Quando as coisas ficam difíceis, e nos encontramos angustiados porque nossa carreira está em jogo, nossa reputação está ameaçada ou nosso conforto é perturbado, é um sinal de que podemos estar valorizando essas coisas mais do que deveríamos. Pode ser que, sem que percebamos, tenhamos feito dessas coisas "ídolos" em nossas vidas, dando a elas um valor e uma importância que só Deus deveria ter.
A primeira coisa que aprendemos é que…

1 - Jesus tem um plano apesar dos nossos medos - Jesus sabia que enfrentariam uma tempestade.

A tempestade fazia parte do seu plano de ensino para os discípulos naquele momento. Como se fosse uma prova prática. Imaginem uma prova de auto escola. Fez a parte teórica? Entendeu? Então tá bom. Vamos ali para a parte prática agora.
Eu não estou dizendo que todas as coisas ruins acontecem para que possamos aprender algo com elas. Mas não podemos negar também que as maiores lições que aprendemos nas nossas vidas são em consequência de uma tempestade ou de um momento difícil.
Pode ser que você esteja experimentado neste momento, algum tipo de medo. Ou, certamente enfrentado sofrimentos, e até mesmo vencido inúmeras crises, mas assim como os discípulos, que eram pescadores, que eram daquela região e ficaram com medo, é possível que essa seja a tua reação diante de uma crise.
No verso 36, nós aprendemos que a tempestade é uma realidade e não é exclusividade nossa. Havia outros barcos ao redor. Quando estamos sofrendo, temos a tendência de supervalorizar o nosso medo. Achamos que o nosso problema é sempre pior que o problema do outro, que a nossa dor dói mais. A tempestade que atingiu os discípulos era a mesma que atingia os outros barcos ao redor. Não deixe que o seu medo torne você indiferente ao medo do outro.
E o barco foi enchendo de água. A tempestade que era externa começa a causar danos do lado de dentro. Pode ser que os discípulos pescadores, acostumados com a situação não tivessem ligado tanto quando as ondas estavam batendo contra o barco, mas agora, do lado de dentro começou a haver ameaças, a ponto de eles acharem que iam morrer.
Somos corajosos até que nossos recursos não sejam suficientes para nos manter em paz, nossa sabedoria, nossa experiencia. Até não haver mais o que fazer!
Mas como os discípulos reagiram a essa sensação, a esse medo, a esse pavor? O que isso nos ensina.

2 - Eles clamaram por Jesus

Irmãos, é uma lição bem simples, mas como isso nos ensina. Além da tempestade que estava acontecendo no mar, ocorria também uma forte tempestade no coração e na alma daqueles discípulos. Eles não estavam preocupados apenas com a tempestade em si, mas se preocupavam também de que Jesus não os estivesse vendo. Medo de Jesus não estar sentindo o que eles estavam sentindo. O que te amedronta é a crise, a doença ou você está se sentindo sozinho, abandonado, com ose Deus não estivesse te ouvindo e sabendo o que você passa nesse momento?
Não era apenas um pedido de socorro, mas uma crítica. Eles não disseram: Senhor, olhe a tempestade, ou estou com medo, mas disseram: Não te importa que morramos?
O Senhor não está vendo? O Senhor não está percebendo?
E as vezes agimos assim. Nossas orações, em muitas situações são para transferir responsabilidades, ou para culparmos Deus, ou o outro pelas tempestades que enfrentamos. Mas aprendemos também que mesmo que não saibamos como orar, ainda assim Jesus nos ouve e nos livra daquilo que nos amedronta. Acrise de fé daqueles homens estava justamente em duvidar de quem Jesus era por conta do resultado inicial.
O medo nos traz o alerta que a vida é uma guerra, e nesta guerra a oração é fundamental.
Até que você acredite que a vida é uma guerra, você não pode saber para que serve a oração” John Piper
E a segunda sugestão se baseia no fato de que Jesus é totalmente Deus, mas para aqueles discípulos Ele é também um homem próximo, um amigo. E esse amigo é todo poderoso, a crítica dos discípulos era fruto de uma tempestade maior do que a que ocorria no mar, mas a que ocorria dentro dos seus corações. Essa tempestade do coração ocorria justamente porque eles tinham se esquecido de quem Jesus era.
Então Jesus acalma a tempestade com um milagre. E é interessante que Jesus acalma a tempestade no mar, mas também a tempestade que havia dentro deles. Após dizer ao mar para que se acalmasse, agora o foco muda. Jesus vira para os seus discípulos e faz algumas perguntas. Perguntas essas que fazem eles perceberem o que estavam sentindo diante da tempestade e a razão para isso… Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé… E com isso aprendemos…
Os milagres revelam a identidade de Jesus. Os milagres não são apenas sobre o que Deus pode fazer, mas também sobre quem Ele é e o que isso revela sobre nós. A tempestade no mar de Marcos 4 não foi apenas uma demonstração do poder de Jesus sobre a natureza, mas também uma oportunidade para os discípulos examinarem seus corações.
Quando estamos com medo, e recorremos a Jesus, vivemos uma experiência com Ele e temos a oportinidade de avaliar os nossos corações.
Jesus tinha pleno conhecimento da tempestade que estava por vir, assim como Ele conhece os "ídolos" escondidos em nossos corações. Assim como a reação de segurar firme o diamante revela seu valor para nós, nossa reação às tempestades da vida revela os "ídolos" de nosso coração. Os discípulos, em meio à tempestade, revelaram seu medo e falta de fé, mesmo tendo caminhado e aprendido com Jesus.

3 - A superação do medo é a fé

Vocês ainda não têm fé? Como assim? Eu falei com vocês o dia inteiro sobre isso.
Eles foram instruídos sobre a fé, receberam orientações claras e explicações sobre as parábolas do próprio Jesus, mas ainda não tinham fé suficiente para vencer o medo.
Não é a quantidade de conhecimento sobre a fé que te faz vencer seus medos. Não importa quantos livros você leu sobre isso. A fé não está relacionada só ao saber, mas conhecer, experimentar e confiar. Eles sabiam que Jesus domina sobre tudo, eles sabiam que Jesus os amava, mas na hora da tempestade, eles não conseguiam confiar nisso de todo o coração.
E esse pode ser o retrato da tua alma hoje. Eu sei que o Senhor pode todas as coisas. Eu sei que o Senhor tem um plano mesmo em meio aos meus medos. Eu sei que eu devo clamar por Jesus. Eu sei, inclusive que para vencer o medo eu preciso ter fé, mas eu não estou conseguindo experimentar isso. O que fazer?
Busque ao Senhor, identifique e confronte os "ídolos" do seu coração fazendo as seguintes perguntas:
O que essa tempestade está realmente ameaçando? Minha segurança? Minha reputação? Minha própria noção de valor?
O clamor dos discípulos: Uma mistura de fé e desespero. Muitas vezes, em meio às tempestades, descobrimos que nossa fé está misturada com outros "ídolos".
Seja sincero com Jesus sobre os teus medos, eles podem relevar ídolos no seu coração, peça a Ele que te ajude na tua falta de fé. Talvez a sua fé esteja concentrada no lugar errado, seja uma confiança em coisas passageiras que você tem medo de perder e tem valorizado mais do que a Jesus.
O propósito de Jesus em acalmar a tempestade era revelar quem Ele era, mais do que livrá-los da turbulência.
Agimos publicamente como crentes em Jesus. Vamos à igreja, postamos versículos nas redes sociais, mas diante de uma crise, do medo, da dúvida, da incerteza, demonstramos total falta de fé. Como reagimos ao medo pela fé? Ignorando o perigo, se achando mais corajosos que todo mundo? Usando a fé como amuleto e Deus como uma entidade protetora? Não! Mas, confiando no caráter de Deus mesmo em meio ao caos e sendo aquilo que Jesus espera que a gente seja.
Jesus não apenas acalma a tempestade externa, mas também se dirige à tempestade interna dos corações dos discípulos. A fé verdadeira é mais do que conhecimento; é uma confiança profunda e íntima no caráter e no poder de Jesus. Em meio às tempestades, somos chamados a redirecionar nossa confiança, deixando de lado os "ídolos" de nosso coração e depositando toda a nossa fé em Cristo.

Eu quero caminhar para concluirmos pensando algumas coisas com vocês:

- Não há problema em sentir medo, ser cristão não nos isenta de dias difíceis. Esses homens eram experientes, caminharam com Jesus por um bom tempo, ouviram sobre a fé o dia inteiro e no mesmo dia se sentem com medo, assustados, em pânico e passaram pela tempestade.
- A solução para as tempestades da vida é uma confiança segura no caráter de Deus, e não no que esperamos que aconteça. Cremos que Deus é Todo Poderoso, que nos ama, que governa e até mesmo nos ensina em meio às tempestades;
- Dias difíceis, tempestades da vida também são excelentes oportunidades para nos maravilharmos em Deus. Diante das grandes dificuldades podemos contemplar a grandeza de Deus.
- Quando a tempestade chegar e você se sentir amedrontado, reconheça isso e olhe para a cruz e se lembre não só desse episódio, mas também quando Jesus se sentiu aflito as vésperas da sua crucificação e Ele orou: "-Pai se possível for, passa de mim esse cálice, mas seja feita a Tua vontade". Isso nos ensina que nós temos um sumo-sacerdote que compadece dos nossos medos.

Conclusão

A vida cristã não é isenta de tempestades, mas cada tempestade oferece uma oportunidade para examinar nosso coração e redirecionar nossa fé. As tempestades têm o potencial de nos aproximar de Cristo, à medida que nos levam a confrontar e abandonar os "ídolos" de nosso coração e a nos apegarmos mais firmemente a Ele.
Nós cristãos, sobretudo aqui no Ocidente, frequentemente desejamos um Cristianismo confortável, mas a realidade da vida cristã é que ela pode ser difícil e cheia de perseguições. No entanto, esses momentos são oportunidades para ver Deus trabalhar de maneira poderosa em nossas vidas.
Diante dessas dificuldades, precisamos nos lembrar do Evangelho. O evangelho não é uma promessa de que a vida será fácil, mas de que Deus estará conosco em meio às tempestades.
A vida com coragem para nós, discípulos de Jesus, não é sobre o que você está passando, mas Quem está com você enquanto você passa por isso.
Se você é um cristão e tem se sentido angustiado e tem sofrido com as tempestades da vida. Lembre-se do caráter de Deus e responda com fé a essa circunstância. Se aproxime mais de Deus e ouça o que Ele quer falar contigo no meio dos seus medos e se deleite em quem Ele é.
Se você ainda não tem um relacionamento com Cristo, saiba que a maior tempestades de todas Ele já venceu, e quando nós nos rendemos a Ele essa vitória é atribuída a nós. Esse milagre aponta para o evangelho e a forma como Cristo nos salvou.
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