Humildade e consciência: a lição de Jesus em Betânia

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Mensagem ministrada no culto da noite da Primeira Igreja Batista de São Caetano do Sul, em 18 de outubro de 2023

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Transcript
Leitura do texto bíblico
João 12.1–11 NVI
Seis dias antes da Páscoa Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. Ali prepararam um jantar para Jesus. Marta servia, enquanto Lázaro estava à mesa com ele. Então Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro, derramou-o sobre os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos. E a casa encheu-se com a fragrância do perfume. Mas um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, que mais tarde iria traí-lo, fez uma objeção: “Por que este perfume não foi vendido, e o dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários”. Ele não falou isso por se interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado. Respondeu Jesus: “Deixe-a em paz; que o guarde para o dia do meu sepultamento. Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão”. Enquanto isso, uma grande multidão de judeus, ao descobrir que Jesus estava ali, veio, não apenas por causa de Jesus, mas também para ver Lázaro, a quem ele ressuscitara dos mortos. Assim, os chefes dos sacerdotes fizeram planos para matar também Lázaro, pois por causa dele muitos estavam se afastando dos judeus e crendo em Jesus.
Oração
Em continuidade à série de mensagens baseadas no evangelho segundo João, chegamos a um dos capítulos mais marcantes deste livro.
Jesus aqui já havia ressuscitado seu amigo, Lázaro, e havia despertado ainda mais a atenção e raiva dos judeus. Se você voltar um pouco no texto bíblico verá que já conspiravam para matá-lo.
Jesus e os discípulos estavam em Betânia, um lugar a cerca de 3 quilômetros de distância da cidade velha de Jerusalém.
Aqui, a Bíblia nos conta que Jesus, chegou a Betânia seis dias antes da Páscoa, ou seja, ele estava a apenas alguns dias de sua morte.
Era um momento de comunhão. Era um jantar. Lázaro estava à mesa com Jesus e com os demais. Marta servia a refeição, enquanto Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro, uma essência muito cara, e derramou sobre os pés de Jesus. Ela ungiu Jesus.
Nos coloquemos no lugar da família de Lázaro por um momento para refletir sobre essa atitude. No registro da ressurreição de Lázaro, Marta e Maria creram nas palavras de Jesus. Por mais entristecidas e atordoadas que tivessem, elas acreditavam em Jesus, não é à toa que Maria disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (João 11.32).
Aquelas pessoas criam em Jesus pelo que ouviam dele, pelo que viam de seu ministério e pelo que lhes era revelado através do Espírito de Deus. Elas não tinham uma compreensão mais ampla, como a que temos agora. Para eles, a presença de Jesus dias antes é que representaria chance de sobrevida a Lázaro.
Mas Jesus, como lhe é característico, surpreende e marca a vida das pessoas. Os três irmãos tiveram uma experiência tão profunda e significativa com Jesus. Passada a ressurreição, aqueles três irmãos contemplaram a presença de Jesus de formas distintas: Marta, com seu serviço; Lázaro desfrutando da plenitude do Cristo à mesa e Maria com um gesto muito mais valioso do que o perfume mais valioso que há no mundo.
O foco no texto está na atitude de Maria que pegou um perfume tão caro, derramou sobre os pés de Jesus (que costumeiramente andava longas distâncias sobre chão de terra), com o sentido de servi-lo, de adorá-lo, e enxugou os pés com o próprio cabelo.
Maria nos confronta por causa do nosso ego e nos faz avaliar a nossa disposição em reconhecer a grandeza de Jesus. Ele é tão supremo, ele é tão digno, ele é tão maravilhoso, que o que eu posso fazer para adorá-lo, por mais humilhante que seja para a sociedade, eu vou fazê-lo porque ele merece. A sociedade, muitas vezes, não vai entender e respeitar a sua vida com Deus. As pessoas, por vezes, talvez zombem de você por orar, por ler a Bíblia, por fazer parte de uma igreja.
Jesus, por meio da vida de Maria, nos ensina sobre a humildade. Somos pó e no pó Maria serviu. Dedicou tempo, secou com seus próprios cabelos. Olha o desprendimento em favor de Jesus que esta mulher demonstrou.
Não me parece apenas gratidão, apesar de, claro, ter este sentimento no coração das irmãs, mas eu compreendo nesta passagem, o quanto os irmãos amam a Jesus com seus atos.
A Bíblia diz que a casa se encheu da flagrância do perfume. A presença de Deus, com o próprio Deus Filho ali, tomou conta do lugar.
A humildade, então, meus irmãos, é aquilo que nos coloca numa condição de fazer o que ninguém quer fazer, o que é vergonhoso, o que não é visto com bons olhos. Ser cristão é buscar a renovação da humildade, todos os dias, em nós porque o mundo não quer abrir mão do prazer, da sua própria glória, das falcatruas, da sujeira e do engano. É por isso que ser humilde é ser diferente. É ter a percepção de que há um Deus supremo, eu devo ansiar pela sua presença em minha vida. O mundo não quer se sujeitar ao senhorio de Jesus, mas eu me sujeito porque eu sei de onde ele me tirou, eu sei o que ele fez e faz em minha vida.
A Palavra de Deus continua. Judas implicou com a atitude de Maria e disse: João 12.5
João 12.5 NVI
“Por que este perfume não foi vendido, e o dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários”.
Sempre vão questionar a sua vida com Deus, os seus atos. A sua vida com Deus não é um espetáculo público. Não faça dela, um entretenimento a ninguém. Viva na plenitude do seu quarto. Os frutos são vistos no tempo certo, em público. Isso não quer dizer que você não deva orar no culto ou em voz alta na sua casa ou em algum lugar. A ideia aqui é que você não deve ligar para comentários daqueles que não têm o mesmo propósito e a mesma percepção da vida com Cristo. Judas só pensava em dinheiro. Foi por dinheiro que traiu Jesus.
Em João 12.7-8 temos a resposta de Jesus
João 12.7–8 NVI
Respondeu Jesus: “Deixe-a em paz; que o guarde para o dia do meu sepultamento. Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão”.
Acho que a versão da Bíblia A Mensagem, de Eugene Peterson, traduz melhor a ideia que Jesus passou neste contexto:
“Jesus, porém, disse, ‘Deixem-na em paz! Ela está antecipando e honrando o dia do meu sepultamento...”
Nenhuma quantia chega perto do GRANDE VALOR pago por Jesus em nosso favor. A falsa preocupação de Judas nunca deveria ser levada em consideração, mas se ainda fosse mesmo verdadeira, nem todo o dinheiro do mundo seria suficiente. O preço pago foi alto, preço de sangue.
Jesus evidencia que a disposição e a humildade de Maria em lavar os seus pés e enxugá-los com seus cabelos eram um ato de adoração e de honra a ele como forma prévia de sua partida. Além de ensinar uma lição, Jesus prepara o coração de seus discípulos para o que viria. Nós vamos ver, sobretudo, pelo capítulo 16 de João, o quanto Jesus trata desta temática, falando ao coração daquele grupo de aprendizes, e anunciando a vinda do Consolador.
Prosseguindo no texto bíblico, a gente vê que uma mutidão de judeus apareceu não apenas para ver Jesus, mas também Lázaro. Queriam ver de perto aquele que havia sido ressuscitado. O versículo 11 diz que os chefes dos sacerdotes fizeram planos para matar também a Lázaro. Ou seja, queriam matar a Jesus e a Lázaro. Lázaro acabou entrando na lista porque a ressurreição dele fez com que muitos, que viviam iludidos pelos fariseus e pelos mestres da lei, passassem a crer em Jesus. Aquelas pessoas foram despertadas para a realidade. Eram cegas, mas passaram a enxergar a verdade espiritual que Cristo representa.
Irmãos, se você viver a sua vida com Cristo na plenitude do conhecimento diário com Deus, é inevitável que você desagrade ao mundo. As duas realidades não se misturam. O apóstolo Paulo diz em Efésios 5.15-16:
Efésios 5.15–16 NVI
Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus.
As perspectivas não são fáceis, mas o jantar de Jesus com a família de Lázaro em Betânia nos traz à consciência disso.
Todos os dias, enfrentamos desafios que podem ou nos derrubar ou nos ensinar algo, desde que tenhamos nossos olhos apontados para Cristo.
O nosso pensamento, a nossa consciência, deve estar firmado na plenitude de Cristo. Não no que ele pode fazer, mas em quem ele é. Ele é o próprio Deus, que escolheu viver em mim, em você e no coração daqueles que creem nele. Quantas vezes, nós paramos para desfrutar de Cristo em nossas vidas? Sem pedir nada, apenas adorá-lo?
Maria e Lázaro foram instrumento de Jesus para mostrar a nós que a humildade e a consciência são fundamentais para a jornada cristã. Disposição em servir e adorar, sem pensar nas circunstâncias; e consciência de que os dias não serão fáceis. Andar com Cristo é prova de coragem.
Para aqueles que têm Jesus, o Filho, o Reino de Deus já começou em seus corações. Vivemos, claro, na expectativa da sua volta, mas nos alegramos, todos os dias, com a presença do seu amor que nos alcançou.
Deus abençoe a sua vida!
Em Cristo.
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