O Rei que Deus rejeita - 1 Samuel 15

Introdução

Em setembro de 2022, aconteceu um momento histórico para todo mundo, a Rainha Elizabeth II. A monarca reinou 70 anos, dos quais presenciou os horrores da segunda guerra mundial, lidou com diversas crises internas do governo Britânico, conheceu diversos presidentes, presenciou conflitos como a guerra fria, era uma figura imponente, fato este que ficou marcado, principalmente devido a sua firmeza em lidar com os desafios que impunham sua profissão.

De fato, uma posição tão elevada gera certos perigos, principalmente no quesito da honra, afinal de contas, os holofotes sempre estão virados para si em momentos assim e qualquer falha pode gerar grande descontentamento.

Esse foi um fato quando a nora de Elizabeth, Princesa Diana, faleceu de maneira um tanto quanto suspeita e todos criticaram, houve um grande escandalo, pois o filho da Rainha e herdeiro ao trono era o mais provável mandante daquele possível assassinato, contudo, a rainha permaneceu no trono e após a sua morte seu filho ficou em seu lugar, até então nada foi capaz de mudar o direcionamento do reinado da Inglaterra. É um fato, nem mesmo os reinos mais poderosos passam despercebidos e ilesos, pois onde a humanidade reina sem o Senhor, sem o temor e obediência, a ruína e a queda estão em constante companhia.

Por isso, quero levar você a refletir em como “Somente Deus é o Rei infalível e supremo que não falha”]

A rejeição do Reinado de Deus

Durante a história, o pensamento era de que os reis e rainhas eram verdadeiros representantes de Deus ou dos deuses, para muitos, eles representavam a própria encarnação de Deus, fato este por exemplo, que fez com que o rei do Egito, Faraó, fosse capaz de ir contra a chamada do Rei de Israel, fato que infelizmente custou caro para ele e seu povo. Doenças, aflições e morte, este foi o resultado do enfrentamento do rei do Egito ao Rei dos Reis, o Senhor.

Após o evento marcante da salvação dos Israelitas da Escravidão Egípcia, Deus mostrou-se ao longo de mais de 40 anos como um poderoso, amoroso e misericordioso guia ao povo de Israel. Deus projetou todo o caminho para eles, deu as leis, a proteção, a forma de adoração, o lugar de adoração, permitiu com que eles observassem a terra e sua fartura, Deus cuidou do seu povo, a única condição daquele povo obter tudo isso era seguindo em obediência a Deus.

Mas como já tratamos o livro de juízes mostra o quanto o povo foi rebelde e desobediente e apesar de toda revolta, Deus sempre buscou agir de maneira misericordiosa. Observamos então que Deus é como um juiz que mesmo tendo razões para condenar totalmente seu povo, repetidas vezes age com graça, por amor ao seu nome, escolhendo aquele povo mesmo com todas as suas falhas.

De igual modo ocorre em 1 Samuel, o povo novamente se desviam, seus líderes falham terrivelmente em sua vida com Deus, agem como se Deus não existisse, tratam a oferta e o que Deus faz como nada, na verdade usam Deus como um amuleto, considerando a Arca como este amuleto de batalha, falhando terrivelmente, e mesmo sendo repreendido pelo Senhor, pela boca do Sacerdote Samuel, arrependem-se parcialmente, e olham para as outras nações pagãs, pedindo um rei como elas tem.

É interessante nosso interesse muitas vezes por aquilo que dá certo, abaixamos muitas vezes o padrão de submissão a Deus, buscando realizar nossa vontade. Somos mestres muitas vezes em temer as pessoas, temer as situações, temer o futuro, dentre tantas outras coisas, mas não tememos abandonar a Deus, infelizmente o coração obstinado de Israel fez com que eles mais uma vez rejeitassem a Deus, o povo age com Deus como se ele fosse um brinquedo do qual não mais desejam fazer uso.

O Rei escolhido

Diante dessa história, chegamos então até o nosso personagem emblemático, Saul foi escolhido para ser o Rei de Israel. Samuel já era um homem velho e como os filhos de Samuel não seguiram pelos caminhos do Senhor, o povo tentou escolher segundo sua própria vontade. É claro que Deus não está sendo dobrado pelo povo, mas permite que suas escolhas os leve a notar quão problemática sua rejeição pode ser diante de Deus.

1Samuel 8.19–21 “Porém o povo não atendeu à voz de Samuel e disse: — Não! Queremos um rei sobre nós. Seremos como todas as outras nações. O nosso rei poderá nos governar, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras. Samuel ouviu todas as palavras do povo e as repetiu diante do Senhor.”

Saul foi eleito rei, sua escolha foi feita em meio a uma constatação, Saul lembra as características de todo bom herói, alto, bonito. Sua escolha é feita em meio a uma situação atípica, que você pode ler no capítulo 9 de 1 Samuel. Fato é que Saul, em primeiro momento, mesmo acanhado se tornou Rei, venceu importantes batalhas, iniciou a unificação do Rei de Deus em uma só nação, aparentemente, para aquele povo eles realmente haviam encontrado o Rei deles, o herói, será que não rejeitariam a Deus? Fato é que Deus indicou para Samuel quem seria o Rei da nação.

Deus nos mostra como novamente a nação está errada, ele permite que o coração de Saul seja revelado, Saul não aprendeu a adorar ao Senhor, seu coração está distante de Deus, ele deseja fazer a sua vontade, mais uma liderança que deseja dobrar o coração de Deus e não se dobrar a vontade de Deus.

1Samuel 13.13–14 “Então Samuel disse a Saul: — Você cometeu uma loucura, não guardando o mandamento que o Senhor, seu Deus, lhe ordenou. Pois o Senhor teria confirmado para sempre o seu reinado sobre Israel. Mas agora o seu reinado não subsistirá. O Senhor buscou para si um homem segundo o seu coração e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porque você não guardou o que o Senhor lhe ordenou.”

O herói virou vilão, o rei perdeu sua subserviência a Deus. Nós temos essa receita, novamente somos levados a perceber como muitas vezes atalhamos em nossos planos por não confiar nos planos de Deus, atalhamos por não pensar que Deus deseja mais nossa obediência do que nossas obras.

A rejeição de Deus

Toda a desobediência a Deus é punida com a rejeição do Senhor. Assim como Eli disse aos seus filhos 1Samuel 2.25 “Se um homem pecar contra o seu próximo, Deus será o árbitro. Mas, se ele pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Mas eles não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria matar.” Agora Deus rejeita a Saul e declara 1Samuel 15.10–11 “Então a palavra do Senhor veio a Samuel, dizendo: — Lamento haver constituído Saul como rei, porque deixou de me seguir e não executou as minhas palavras. Então Samuel ficou triste e clamou ao Senhor durante toda a noite.”

Saul deseja estabelecer o seu nome como monarca de Israel, Saul não deseja fazer o nome de Deus conhecido, tanto prova, que apesar de sua aparente boa vontade, o seu coração sempre é desobediente, sua desonestidade é visível e o episódio do capítulo 15 é marcante.

Deus diz para Saul 1Samuel 15.17–19 “Samuel continuou: — Não é verdade que, mesmo sendo pequeno aos seus próprios olhos, você foi colocado por cabeça das tribos de Israel? O Senhor o ungiu como rei sobre Israel. O Senhor o enviou a este caminho e disse: “Vá e destrua totalmente esses pecadores, os amalequitas, e lute contra eles, até exterminá-los.” Por que, então, você não deu ouvidos à voz do Senhor, mas se lançou sobre o despojo e fez o que era mau aos olhos do Senhor?”

Saul ao invés de reconhecer seu pecado, tenta parecer justo e bom dizendo

1Samuel 15.20–21 “Então Saul disse a Samuel: — Pelo contrário, dei ouvidos à voz do Senhor e segui o caminho pelo qual o Senhor me enviou. Eu trouxe Agague, o rei de Amaleque, e destruí totalmente os amalequitas. Mas o povo pegou do despojo ovelhas e bois, o melhor do que estava destinado à destruição para oferecer ao Senhor, o seu Deus, em Gilgal.”

Saul foi punido pela sua incredulidade e o fiasco de suas aparentes justas obras. Deus deseja humilhar todo aquele que se exalta, todo aquele que deseja ser como ele, esse foi o erro de satanás, esse é o erro que muitos de nós podemos cometer se não estivermos atentos a obedecer tudo que Deus deseja de nós.

Tiago 4.10 “Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.” já nos alerta para a o caminho da humildade, quem mostra falta de humildade ainda não entendeu corretamente a soberania do poder de Deus. Esse foi o erro de Saul, de Caim e até mesmo do Diabo, pensar serem melhores do que Deus, pensarem ter planos melhores.

Devemos ter cuidado para não sermos vencidos pela fome de controle do nosso destino, temos que tomar cuidado se realmente temos tido uma vida com Deus ou apenas um comportamento cristão, se realmente somos filhos obedientes ou se somos obstinados em fazer a nossa vontade, até mesmo diante de coisas justas. Deus não deseja funcionários para sua obra, que multiplicam e pregam a Deus sem estarem pessoalmente sendo tocados por essa mensagem e obedecendo aquilo que ele queira.