Confiança no Evangelho (Rm 1.16-17)

Sermon  •  Submitted   •  Presented
0 ratings
· 53 views
Notes
Transcript
INTRODUÇÃO: No dia 31 de outubro, a Reforma Protestante completará 506 anos. Este movimento mudou radicalmente o mundo. Foi no ano de 1517 que Martinho Lutero afixou as 95 teses na porta da Catedral do Castelo de Wittenburg na Alemanha.
Seu objetivo foi reforçar a verdade das Sagradas Escrituras contra os ensinamentos errados da Igreja Católica Apostólica Romana. Hoje, por isso, somos declarados como aqueles que fazem parte de uma Igreja Reformada, pois os princípios reforçados na Reforma estão na Palavra de Deus, nossa regra de fé e prática.
A carta de Paulo aos Romanos foi fundamental na vida de Lutero para que ele se posicionasse.
CONTEXTUALIZAÇÃO: Segundo os estudiosos, o local mais provável que esta carta aos Romanos foi escrita foi a cidade de Corinto, por volta do ano 57 d. C.
Roma, nesta época, está nos seus primeiros anos tendo Nero como seu imperador. Nesta grande cidade onde habitava praticamente 1 milhão de pessoas, havia uma igreja de cristãos convertidos a Cristo, são eles os destinatários da carta escrita por Paulo.
Seu desejo por estar junto aos cristãos romanos é muito forte, e ele afirma não ter medo de anunciar a ninguém a verdade contida nas Escrituras. O que o faz estar tão convicto de anunciar em um lugar tão perigoso que seria, posteriormente, o local do seu martírio?
Apesar de possuir cidadania romana, por direito de nascença, ainda não conhecia o local e muito menos a igreja em que lá havia, mas seu anseio por pregar a mensagem da salvação continua pulsante em sua mente e em seu coração.
Ele define o Evangelho em duas características que o encorajam. Estas características o fazem confiar no Evangelho. CONFIANÇA NO EVANGELHO é o meu tema desta noite. Como podemos confiar?
Dobradiça: Primeiramente, podemos confiar no Evangelho porque é:
1. PODER DE DEUS (v. 16)
Romanos 1.16 ARA
16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;
Explicação: Paulo tem coragem de anunciar a Boa Nova até mesmo em Roma, onde sabemos que quem manda é o imperador aqui neste contexto da carta aos Romanos. O poder do imperador é voltado para si mesmo.
Para os romanos, a “Boa Nova” se refere a duas coisas específicas: pode ser sobre o aniversário do imperador ou sobre sua mais recente conquista.
E geralmente a ideia de Boa Nova se refere a uma conquista em batalha, quando exércitos inimigos estão guerreando e o mensageiro, geralmente chamado de arauto, vai ao seu exército vitorioso anuncia a vitória para todos.
Paulo, como um mensageiro da grande vitória espiritual conquistada por Cristo na cruz, tem consciência do que representa esta notícia. Não é uma conquista qualquer, mas o maior de todos os triunfos, pois evidencia o poder de Deus a todos com a salvação.
Deus escolheu o povo de Israel para conhecê-Lo e ser luz para as nações, mas Israel falhou em sua missão. Jesus veio para os judeus, mas eles O rejeitaram (Jo 1:11). Assim, explicando o que Paulo disse no v. 16 de Romanos 1, o Evangelho é salvação primeiro para os judeus.
E ele mesmo pregou para judeus e também foi rejeitado e perseguido. Posteriormente, ele prega aos gentios, ou seja, aqueles que não são judeus, dos quais os gregos fazem parte. Veja o que ele diz no cap. 11 de Romanos:
Romanos 11.13–14 ARA
13 Dirijo-me a vós outros, que sois gentios! Visto, pois, que eu sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério, 14 para ver se, de algum modo, posso incitar à emulação os do meu povo e salvar alguns deles.
Neste contexto, judeus e gregos são povos opostos entre si, de cultura, costumes e pensamentos diferentes. Se o poder de Deus através do Evangelho poderia alcançar o coração tanto de judeus quanto de gregos, poderia chegar a qualquer povo de qualquer língua ou tradição.
O apóstolo declara não sentir vergonha. Mas por que ele precisa dizer isto? Porque há outros que poderiam se envergonhar na tentativa de levar a outros a mensagem.
A Palavra de Deus como um mero conceito pode até trazer novo conhecimento, mas o Evangelho como um poder transformador derruba todas as barreiras do pecado, é um poder explosivo que gera vida na pessoa de Jesus Cristo.
Se o imperador tem poder para governar o Império, decidir as leis, comandar o exército romano, nomear os membros do Senado e até mesmo ser considerado o chefe da religião romana, ele não tem poder para dominar o coração humano, e é somente Jesus, quando entra em cena, que pode fazer isto.
Aplicação: Queridos, assim como Paulo, hoje nós vivemos uma vida de confronto. Mas saiba que, apesar das dificuldades de crença, cremos que a salvação veio para todos os povos, assim como veio para judeus e gregos, hoje está disponível a todos os povos.
O poder explosivo do Evangelho move o coração de Paulo rumo a uma vida totalmente desprendida, totalmente livre de preocupações ou ansiedades.
Somente quando nos deparamos com a graça de Deus é que podemos ver que Ele é poderoso para salvar a todos os que creem.
Não nos envergonhamos quando entendemos que o Evangelho pode salvar do mais pobre ao mais rico, do mais inteligente ao menos instruído, da pessoa mais tímida até a mais extrovertida, do mais humilde ao mais soberbo, ou então do maior dos criminosos assim como daquele que julga ser o mais honesto e correto.
Jesus transforma o coração de pessoas que estão neste momento utilizando a bebida ou as drogas como forma de esquecer os problemas, de satisfazer o coração. Jesus transforma o coração de um vizinho problemático que você possa ter algum conflito e que você julga que ele não merece ser salvo.
Jesus também transforma o coração de um parente seu que vive incomodando, que só dá problema, que pega dinheiro emprestado e não devolve.
Temos dificuldade em orar e desejar a conversão de quem já tivemos, algum dia, um desentendimento, alguém que fez mal contra nós. Mas aí está o desafio!
Se Jesus transformou o meu coração e o seu, se nós que vivíamos no pecado, hoje estamos aqui, o que é tão difícil para o Senhor fazer? Cabe a nós não nos envergonharmos, orarmos e pregarmos o Evangelho que produz salvação.
Dobradiça: O Evangelho é poder explosivo de Deus, e além disso, o que nos faz confiarmos no Evangelho do Senhor Jesus é:
2. JUSTIÇA DE DEUS (v. 17)
Romanos 1.17 ARA
17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
Ilustração: Imagine que é seu aniversário e você ganhou um presente muito especial. Está embrulhado, e olhando, parece não ser grande coisa, mas ao abrir, você percebe que é um presente melhor e mais valioso que o melhor presente que já sonhou em ganhar. Assim é o Evangelho pra mim e pra você.
Explicação: Paulo vive em um contexto onde há imperadores, carrascos, governantes incrédulos e cruéis quanto àqueles que professam a fé cristã.
Sua justiça nem sempre é realmente justa, claro que, em qualquer lugar pode ser falha, mas no caso deles, criminosos poderiam ser inocentados e inocentes seriam condenados.
De acordo com a lei divina, a justiça de Deus seria um status de retidão jurídica que vem pra satisfazer as exigências morais do caráter de Deus. Diferentemente do imperador, sabemos que Deus é justo na Sua maneira de julgar.
Lutero e Calvino definem esta justiça de Deus como “a justiça que tem valor diante de Deus”, ou seja, é a única justiça que Deus aceita como verdadeira.
E o que o apóstolo Paulo quer dizer quando esta justiça de Deus se revela no Evangelho? Ele afirma que esta justiça está sendo conhecida, não somente de judeus, mas também dos outros povos que ouvem a mensagem da Boa Nova.
Agora não seria mais segredo, todos poderiam receber em suas vidas a mensagem da salvação que revoluciona não somente uma parte da vida, mas a vida como um todo. A embalagem do presente embrulhado há muito tempo agora foi aberta e, onde ninguém daria nada, se tornou a maior de todas as riquezas. Jesus descreve assim o Reino de Deus:
Lucas 13.17–21 ARA
17 Tendo ele dito estas palavras, todos os seus adversários se envergonharam. Entretanto, o povo se alegrava por todos os gloriosos feitos que Jesus realizava. 18 E dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? 19 É semelhante a um grão de mostarda que um homem plantou na sua horta; e cresceu e fez-se árvore; e as aves do céu aninharam-se nos seus ramos. 20 Disse mais: A que compararei o reino de Deus? 21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
Algo que parece pequeno, ás vezes até insignificante para alguns, reservado a apenas um povo, se torna algo imenso e poderoso que vem para revolucionar.
Quando Paulo fala do Evangelho, ele deixa claro que há somente em um lugar a Boa Nova. Só existe um Evangelho!
É somente na Palavra de Deus que eu e você podemos encontrar a preciosidade da promessa de um Deus que enviou Seu Filho para pagar em nosso lugar pelos nossos erros cometidos, foi um sacrifício que nos permitiu o acesso a Deus, o acesso à vida eterna!
O Deus que falava com Moisés no monte, que falava com os profetas, que tinha os sacerdotes como representantes do povo agora Se torna acessível a qualquer pessoa que confessar a Jesus como Senhor e Salvador! Veja o que é relatado no Evangelho de Mateus cap. 27:
Mateus 27.51–53 ARA
51 Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas; 52 abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; 53 e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
Esta justiça de Deus se revela de fé em fé, ou seja, é uma fé existente o tempo todo. O teólogo Willian Hendriksen traz uma interessante definição de fé:
Romanos 1. Tema (1.16–17)

Fé é o tronco da árvore cujas raízes representam a graça e cujo fruto simboliza as boas obras. É o acoplamento que conecta o trem do homem com a locomotiva de Deus. É a mão vazia do homem estendida para Deus, o Doador. É, do começo ao fim, dom de Deus.

A justiça se revela porque, antes, como o apóstolo afirmou, o Evangelho é poder de Deus. Isto revela o caráter divino que é amoroso e misericordioso que recebe todo crente.
Do início ao fim, toda a vida do crente se resume em viver pela fé, isto é viver de fé em fé. A caminhada cristã desde o dia da conversão até o último dia se resume em crer em Deus.
Vemos que o apóstolo finaliza este versículo citando Hc 2.4:
Habacuque 2.4 ARA
4 Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
Todo cristão é tornado justo, não por seus méritos, mas sim pelos méritos de Cristo Jesus. Ele é perfeito, Ele é o único que consegue cumprir todos os requisitos.
A palavra no original grego que se refere a viver, aqui, não é apenas o viver terrena. Paulo cita o verbo relacionado à palavra grega zoe, que é a vida eterna, a vida plena que nosso Senhor prometeu dar:
João 10.10 ARA
10 O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
Simplificando esta ideia, Cristo justifica, torna justo todo crente dando fé ao seu coração para que tenha a esperança da vida além da morte.
Aplicação: O Reino Celestial é com base na graça, acontece na vida daquele que crê em Deus.
Muitas vezes, somos conhecidos por aí afora como aqueles que vivem a filosofia do “não pode”. Acreditam viver livres e entendem que nós somos os aprisionados na religião. Mal sabem eles que são aqueles que, na cegueira do seu coração corrompido, estão presos em suas vontades que os levam à destruição.
Nós temos a maravilhosa liberdade de vivermos na presença de Deus e, ao contrário do que pensam, podemos viver na filosofia do “pode”, mas pode o que?
Pode ter alegria verdadeira mesmo quando os outros estão tristes, pode receber paz e perdão quando os outros vivem em guerras, conflitos e aflições e não perdoam nem a si mesmos nem ao seu semelhante, pode ter consolo mesmo quando os outros vivem amargurados em meio às suas perdas e fracassos.
Eu e você temos a justiça de Deus sendo revelada ao dar fé ao nosso coração para confiarmos e permanecermos firmes mesmo diante das acusações do nosso inimigo.
Estamos protegidos por Ele, como vimos hoje pela manhã com o estudo dado pela nossa irmã Tânia. Na guerra da nossa vida espiritual, em Cristo estamos guardados.
Há pessoas que se incomodam e pensam que não foram perdoadas por Deus e, por isso, não podem vir à igreja, sentem medo ao verem a imagem de um Deus carrasco que pune.
Nosso Deus amoroso está disponível para ouvir as nossas orações, para receber o nosso arrependimento. Ele nos ama incondicionalmente!
Martinho Lutero foi confrontado sobre sua salvação, pois pensava que seria salvo pelas suas obras. Certa vez, ele disse:
“Minha situação era que, embora fosse um monge impecável, permanecia diante de Deus como um pecador de consciência atribulada e não tinha qualquer confiança de que meu caráter satisfizesse a Deus.”
Ao buscar justificação e paz, não conseguia descansar, ficava inquieto por não entender como se dava a salvação divina. Ao ler o texto de Romanos, compreendeu que sua forma de viver não seria o suficiente. Ele relata:
Com toda certeza, gostaria de ter compreendido o que Paulo dizia em sua carta aos Romanos. Contudo, o que me impedia de compreendê-lo não era tanto a falta de coragem, mas aquela frase do primeiro capítulo “Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus” (Rm 1:17). Pois eu odiava aquela expressão “a justiça de Deus”, que haviam me ensinado a entender como a justiça por meio da qual Deus, que é justo, pune os pecadores injustos.
Ele passou a focar a justiça de um Deus que, primeiramente, torna o pecador perdoado quando está em Cristo.
“Eu compreendi que a justiça de Deus é a justiça pela qual, por meio de graça e pura misericórdia, ele nos justifica pela fé. Imediatamente, senti-me haver entrado pelas portas do Paraíso.”
Se você ainda se sente um pecador indigno de entrar na presença de Deus, seja confortado e encorajado a caminhar daqui em diante colocando a base da sua vida em Jesus Cristo, e somente nEle.
O hino 155 dos nossos hinários, Castelo Forte, é conhecido como o Hino da Reforma, foi escrito por Lutero. Eu vejo a essência do Evangelho na segunda estrofe do hino:
“A força do homem nada faz, sozinho está perdido! Mas nosso Deus socorro traz em Seu Filho escolhido. Sabeis quem é? Jesus, o que venceu na cruz, Senhor dos altos céus, e sendo o próprio Deus, triunfa na batalha”.
PONTE CRISTOCÊNTRICA: E é isto mesmo! O homem não pode nada sem Deus! A cruz é escandalosa, gritante aos ouvidos daquele que entende como injustiça. O Evangelho ofende a autonomia humana por quatro coisas:
1. A salvação é gratuita e imerecida, nossas obras não são eficazes;
2. Somos tão maus que não podemos nos salvar sozinhos, precisamos de um Salvador;
3. Ser moral e correto, apenas, não salva, não adianta apenas ser bondoso se não possuir a Cristo; e
4. Cristo obteve nossa salvação por meio de sacrifício e serviço, e não por conquista e destruição, o que significa que, ligados a Ele, também precisamos sofrer e servir, não há vida segura e confortável.
CONCLUSÃO: Somos gratos pela salvação que recebemos. Louvamos a Deus por vivermos esta vida de excelência na Sua presença. Excelência não por nós, mas por causa de Cristo.
Temos confiança no Evangelho da salvação por dois motivos: o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, e é revelado na justiça de Deus, que justifica o pecador pela fé em Cristo Jesus.
Que você viva pela fé em Jesus, que Ele faça morada sempre no seu coração, e que suas atitudes sejam de acordo com a salvação que recebeu. Que Jesus abençoe sua vida!
Related Media
See more
Related Sermons
See more
Earn an accredited degree from Redemption Seminary with Logos.